Comportamento

Aborto descriminalizado: pena de morte para inocentes

“A questão da criança concebida e não nascida é um problema particularmente delicado e, no entanto, claro. A legalização da interrupção da gravidez não é nada mais do que a autorização dada ao homem adulto, com o aval da lei instituída, para privar da vida o ser humano não nascido e, por isso, incapaz de defender- -se. É difícil pensar numa situação mais injusta, e é realmente difícil aqui falar em obsessão, a partir do momento em que entra em jogo um imperativo fundamental de toda consciência íntegra: ou seja, a defesa do direito à vida de um ser humano inocente e inerme”. Essas palavras de São João Paulo II no capítulo “A defesa de toda vida” em seu livro Cruzando o Limiar da Esperança , editado pelo jornalista Vittorio Messori, sintetizam, sem margens a argumentações contrárias, o que é o aborto. Na conclusão do capítulo, é possível compreender o sofrimento do Papa nas suas palavras: “Sobre tema tão doloroso, talvez seja melhor não dizer mais do que isto”. 

Infelizmente, mais uma vez, o tema explode no noticiário. Caminhando por atalho, que foge do anseio da população brasileira, é levado pela bandeira de um partido político à cúpula do Supremo Tribunal Federal, composto por 11 pessoas, não representantes do povo, dispostas a seguir cada uma a própria consciência, que poderá manter ou desviar o rumo da história de milhões de brasileiros. 

O tema, demasiado e exaustivamente discutido nas dimensões individuais, sociais, psicológicas, científicas, jurídicas e políticas, apresenta prós e contras em relação à escolha do que se queira seguir. Porém, em nenhuma dessas escolhas se pode negar que o aborto premeditado e provocado é um ato direcionado contra um inocente. 

Toda vida é de valor inestimável, a do feto e da mulher que o abriga. A morte de uma mulher por aborto não é, e nunca será, jubilo para qualquer homem com dignidade. Contudo, argumentações propaladas levianamente multiplicam, sem base factual, a morte de mulheres em decorrência do aborto. Oferecer total segurança de riscos aos abortos hospitalares e omitir as sequelas físicas e psicológicas que as mulheres carregarão em toda sua vida; inferir que a descriminalização favoreceria a diminuição dos casos de abortos; e outros tanto argumentos a favor do aborto não correspondem a verdade e apenas objetivam sensibilizar a população. A dignidade da mulher merece maior respeito do que a criação de dados sem bases na verdade. 

Defender a mulher e protegê- -la está em primeiro lugar. Portanto, nas circunstâncias de ansiedade e sofrimento, que a levem a solucionar o “problema” pelo aborto, o profissional da saúde (médico, enfermeira, psicóloga) está a seu serviço para ajudá-la a avaliar a condição melhor e não se deixar levar pelo seu desespero, que sabidamente acarretará danos futuros. Assim como não se empurra o suicida do beiral do prédio, não se pode conduzir uma mulher psicologicamente abalada pelos seus sentimentos a realizar um aborto. O alívio imediato, eventual, não será definitivo para a maioria; pelo contrário, poderá ser a semente de uma dor a se enraizar e crescer por toda a vida. A morte é uma decisão sem volta.

Devemos, sim, pensar na mulher. Pensar na sua capacidade de superação. Pensar na solidariedade que possam ter entre elas, e para com elas, quando a gestação se originou e manifesta caminhos difíceis, como o estupro e doenças congênitas. Devemos pensar na sua capacidade de generosidade ilimitada diante do poder da maternidade. Devemos pensar na sua coragem, que supera a todo desespero com fé na verdadeira esperança. Devemos pensar na mulher que sabe que no seu ventre está alguém (desde a concepção) que ela pode amar e com quem pode viver para a eternidade. “Sobre tema tão doloroso, talvez seja melhor não dizer mais do que isto”.

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