Bioética e defesa da vida

A mãe como um ser de cuidados paliativos

Cuidados Paliativos é o exercício do cuidar, onde o valor central é a dignidade humana.

Resgata o ser humano como ser bio-psico-sócio-espiritual e também a família é amparada durante o tratamento e após a morte do paciente, no período de luto.

Quando acontece a gestação de uma criança com curta perspectiva de vida, também aí está um paciente que pode ser considerado em seu estágio terminal. Para falarmos de Cuidados Paliativos em feto malformado, devemos pensar a Pessoa Humana em toda sua Essência. A Pessoa Humana é sempre um ser único e irrepetível, não reduzido à medida circunstancial do próprio homem, colocada no centro dos valores morais.

Dignidade é qualidade ligada à essência do Homem, mesma para todos, não dependente de seu maior ou menor desenvolvimento, de sua saúde física ou psíquica; não é sinônimo de autonomia pois se assim fosse, os indivíduos sem completa autonomia não teriam dignidade alguma.

A genética comprova que no momento da fecundação se forma uma novidade biológica e o embrião torna-se determinado e individualizado em processo de formação contínuo; é um indivíduo humano, merecendo o mesmo direito que se deve a todo homem. Diante desta realidade o embrião/feto ou recém-nascido malformado devem ser considerados em seu valor humano único, irrepetível e não relativizado conforme opiniões subjetivas.

Os Cuidados Paliativos consideram o enfermo em toda sua dignidade humana e a morte como um processo natural inevitável; o mesmo conceito é adequado e necessário também junto ao feto em gestação ou junto ao recém-nascido condenado a pouco tempo de vida.

A mãe pode ser o ambiente físico de oferta destes Cuidados Paliativos durante a gestação ou pós parto. O suporte, tecnicamente competente, dará à Mãe, o apoio psicológico e emocional que necessita neste momento existencial tão difícil.

Quando um sofrimento inevitável se apresenta como limite da perfeição física ou do tempo previsto de vida, a cultura atual propõe eliminar o sofrimento, eliminando sua causa, mesmo que isto signifique abreviar a vida ou anular a existência daquele a quem somos chamados a amar. A mentalidade do “direito ao filho perfeito” e a cultura da qualidade da vida, conquistou na sociedade, espaço para o aborto provocado como resolução desta situação no mundo ocidental, aparentemente como uma conquista de direitos da mulher. 

A experiência vivida por tantos afirma ser possível um caminho de descoberta de que “a própria vida tem sentido até o seu último suspiro” em qualquer circunstância existencial, como afirma Frankl, porque sempre podem ser realizados valores; para isso é fundamental convocar os serviços de profissionais de saúde que exerçam sua função para além do tecnológico, colocando-se a serviço da Pessoa em sua unidade existencial.

O convite à mãe para constituir-se como um Ser de Cuidados Paliativos, propor a ela, a oportunidade de ser uma Unidade Amorosa dos Cuidados Paliativos, inicialmente em si mesma enquanto gestante e depois, na atenção que se fizer necessária após o parto, respeitando o binômio afetivo-espiritual entre a mãe e seu filho traz a oportunidade de viver com seu filho enquanto ele aí está, de elaborar gradativamente o luto e de evitar os riscos e consequências de um aborto provocado para a mãe. E, sobretudo, edifica-se uma sociedade menos utilitarista e mais verdadeiramente humana.

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