Comportamento

Para educar com eficácia: bons exemplos e estímulo de conduta

Educar os filhos é uma tarefa bastante complexa e exigente. Costumo dizer que, para além de um dever, é uma grande oportunidade e um privilégio. Temos em mãos uma experiência de encontro, de ressignificação, aprendizagem, transformação, amadurecimento e crescimento incalculável, além da possibilidade de transformarmos o mundo num lugar melhor. 

Frequentemente, ouvimos que se educa com exemplos. Sem dúvida nenhuma o exemplo é fundamental para ensinarmos valores e atitudes para nossos filhos. A palavra sem exemplos concretos se esvazia e cai no descrédito.  Como dizer a um filho para não mentir se ele observa nossas pequenas mentiras cotidianas? Como ensiná-lo a ajudar nas tarefas domésticas se nos vê pouco envolvidos com elas? Até mesmo naquilo que não fazemos tão bem, podemos dar exemplo: exemplo de luta, de persistência, de humildade. Aliás, o exemplo atrai e arrasta quando vem de alguém significativo, próximo, que amamos. Alguém que se importa conosco, que convive conosco, que estabelece laços. 

Porém, nesse campo dos exemplos, também acontecem enganos – é comum alguns pais adotarem a postura de servir aos filhos incansavelmente, como exemplo de serviço. Outros renunciam a quase tudo pelos filhos, pensando oferecer exemplo de generosidade e as sim por diante. Creem, com isso, estarem dando exemplos que serão seguidos com o tempo – ao ver uma mãe extremamente generosa, o filho será no futuro uma pessoa generosa também. Porém, essa lógica não funciona bem assim. Alguns, ao crescerem ao lado de pais que historicamente renunciaram a tudo na tentativa de serem exemplos de generosidade, aprendem que são dignos de que os outros renunciem a tudo por eles sempre, afinal, acabaram aprendendo a receber e não a dar. Ou ao terem sempre pessoas envolvidas com as tarefas domésticas mantendo a casa ordenada e agradável, aprendem que os outros têm a obrigação disso para que eles tenham um ambiente bom para viver, ou seja, aprenderam a serem servidos e não a servir. 

Para que o exemplo possa ser bem aproveitado, ele deve vir acompanhado de um outro passo importantíssimo, que é o de propiciar aos filhos, desde pequenos, o exercício de atitudes que os ajudem a adquirir a virtude que estamos almejando ensinar. Por exemplo: estimularmos a criança a deixar o bombom que o papai gosta reservado para ele, mesmo que ela também goste; atribuir uma pequena tarefa doméstica a ela (compatível com sua idade e capacidades) e dizer o quanto essa tarefa ajuda na dinâmica da casa; proporcionar que ela deixe de assistir algo que gosta na TV para que outro  membro da família possa escolher o programa naquele dia... enfim, trata-se de promover o envolvimento e o exercício das virtudes, atraindo a criança para praticá-las. 

Vendo que nós pais praticamos essas atitudes (fornecendo o exemplo) e experimentando, por meio  do nosso estímulo, a prática delas, aí sim, iremos formar nossos filhos de modo mais consistente e eficaz. É muito importante dedicarmos tempo para estabelecer algumas tarefas para cada um, estimular, com afeto, que se responsabilizem por elas, propor pequenas metas individuais naquilo que percebemos que precisam crescer. Ao nos dedicarmos a isso, além de formarmos nossos filhos, estaremos nos transformando e, juntos, nos tornando pessoas melhores.

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