Liturgia e Vida

Aceita a correção

O Evangelho e o profeta Ezequiel nos falam da importância, e até mesmo da necessidade, da correção fraterna. Na carta aos Romanos, São Paulo afirma que não devemos ter nenhuma dí- vida com ninguém, a não ser o amor. Quem pratica o amor pratica todos os mandamentos. É, portanto, por amor que corrigimos nossos irmãos, para que não caiam no pecado e, se caírem, para que não permaneçam nele. A permanência no pecado pode nos acostumar a ele e cauterizar a nossa consci- ência. A permanência no pecado pode fazer-nos desistir de praticar o bem. É, pois, um ato de caridade corrigir-nos mutuamente.

A correção fraterna tem dois lados. O lado de quem corrige e o lado de quem é corrigido. Quem corrige, deve saber fazê-lo. Qualquer atitude cristã deve ter a marca do amor e da misericórdia. O cristão nunca, em hipótese alguma, busca humilhar o seu próximo, seja ele quem for. Cristo já se rebaixou uma vez para elevar a humanidade dacaída. Ele aceitou ser rebaixado para que a humanidade não fosse ainda mais rebaixada pelo poder do pecado. Quem é corrigido, deve saber aceitar a corre- ção. Aceitar ser corrigido é caminho para a paz, para o bom entendimento, para que a vida vá adiante, ande, progrida. Fechar-se sobre si mesmo e não aceitar a correção paralisa a existência. Todos somos passíveis de erro. Todos podemos e devemos ser corrigidos. Todos devemos aceitar a correção, independentemente de nossa posição social.

São Lucas escreve: “Se teu irmão pecar, repreende-o, e se ele se arrepender, perdoa-lhe. E caso ele peque contra ti sete vezes por dia e sete vezes retornar, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu lhe perdoarás” (17, 3-4). São Mateus coloca toda a questão dentro da comunidade cristã. As divergências se resolvem em Igreja e em Igreja se reza. Rezando juntos em nome de Jesus, isto é, querendo fazer a sua vontade como Ele espera de nós, sua presença está garantida em nosso meio. Com Ele entre nós, para que não se impeça a transparência da Igreja, atualizamos o poder de ligar e desligar em nossas relações para que não haja entre nós nenhum pecador contumaz. São Mateus insiste na rela- ção comunitária. Ninguém é importante sozinho. Nossas qualidades e nossas limitações acontecem em nossas rela- ções. Por isso, conversamos e ouvimos.

“Se teu irmão pecar contra ti”, ou simplesmente “se teu irmão pecar”, como se lê nos melhores manuscritos, ajuda-o, ama-o, tenta levantá-lo, dá-lhe tempo e espaço. E pede a Deus que em teu caminho apareça sempre alguém para te corrigir. Pede a graça de saber ouvir!

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