Comportamento

Violência nas igrejas

Ninguém pode ficar indiferente às recentes notícias do Chile sobre igrejas católicas invadidas, depredadas e profanadas pelo vandalismo, que está em onda crescente naquele país. No entanto, não é de hoje, e não somente no Chile, que este comportamento social contra a Igreja Católica tem sido registrado. Igrejas em diferentes países na Europa, na Ásia e aqui no Brasil têm sofrido perseguições constantes nos últimos tempos, sem que haja divulgação na grande mídia. Em algumas localidades, os católicos tiveram necessidade de fugir, praticamente na sua totalidade, para evitar massacres, que não poupam mulheres, crianças ou idosos. 
O Cristianismo nasceu do sangue de Cristo, e suas primeiras sementes brotaram do sangue dos mártires nas arenas romanas por mais de três séculos. Portanto, a dor não é tema novo para todo batizado que quer continuar cristão. Contudo, isto não significa que tenhamos que conviver, após 20 séculos, com a perseguição dos primeiros tempos. A passividade nunca foi ou será o comportamento do católico. Pacificação nada tem a ver com passividade. A paz é o objetivo da mensagem do Evangelho; mas ser passivo é ficar acomodado aos fatos. 
As imagens quebradas e igrejas queimadas não surgiram sem antecedentes. Temos escrito nesta coluna a respeito de diferentes aspectos que têm colaborado para a ocorrência desta crescente onda de vandalismo. Mudanças na educação para o comportamento infantil, a ética profissional aviltada, as novidades no relacionamento de namoro e vida conjugal, atitudes sem compromisso, a idolatria às drogas e à pornografia e a falta de sentido de vida são alguns dos aspectos que foram sendo cuidadosamente trabalhados na sociedade, para que hoje se rasgassem as cortinas e se mostrasse o verdadeiro objetivo destas ações: uma sociedade sem Deus! 
Sob o título de uma laicidade demagógica, com verniz de respeitos humanos democráticos, com alto-falantes para a dita diversidade homogeneizada, assumiu-se a ditadura das minorias, com incrível participação ativa da maioria dos órgãos de divulgação do noticiário oficial.  O fato não se tornou mais forte, e ainda mais tirano, devido aos crescentes e incontroláveis meios de comunicação atuais da mídia informal (ainda que pesem os inconvenientes deste espaço). 
É preciso agir. O compromisso batismal não permite que nos sintamos encurralados. E as nossas armas são as de sempre: a oração, a Palavra, o jejum e o perdão. Todo cristão sabe que tudo na Igreja vive pela oração, manifestada na união com os sacramentos. A Palavra é a força da Verdade, contra a qual não há argumento vencedor; o jejum (para os que podem) como alimento para o crescimento das forças do coração; o perdão, pela caridade que acolhe a todos para uma mudança pela paz. 
E onde faremos isso? Começando dentro de cada um de nós e pelos que estão ao nosso redor mais próximos, que é a família. Depois aos vizinhos e ambiente profissional, em qualquer trabalho digno e nas horas de lazer. Somos, na Comunhão dos Santos, a Igreja militante. Cabe a cada um crescer na autoestima como um filho de Deus, ainda que com todos os pecados possíveis, nesta luta cotidiana. Da criança que recebe a primeira Eucaristia ao sacerdote que celebra a Santa Missa, é preciso falar do que está acontecendo. Em cada lar católico, somos uma “Igreja doméstica”, dizia São João Paulo II. Fortalecer as virtudes cristãs e valores morais na educação. Contestar, se necessário, nos colégios. Escrever aos políticos que necessitam de apoio. Colaborar nas paróquias e instituições nas iniciativas formadoras. Aumentar os núcleos de oração, a exemplo do Terço dos Homens. Organizar romarias. No que você está participando hoje? Está acamado? Reze mais o Terço a Nossa Mãe. Um valor incomensurável!
O martírio não é um desejo do cristão, mas uma consequência, se necessário for, pelo amor a Cristo. Assim, a violência não poderá ser derrotada por armas, mas por atitudes que revelem um mundo melhor, na busca pela paz. Deixemos o conforto do sofá, como nos dizia o Papa Francisco, e saiamos a campo. Vamos limpar e reconstruir as igrejas violentadas, mas o façamos com o espírito de São Francisco de Assis. Devemos reconstruir a Igreja do Senhor em cada uma das pessoas e não dos seus tijolos. E para isso o cimento nos foi deixado por Jesus: “Isto vos mando: amai-vos uns aos outros.” (Jo 15,17). Que no Advento que se aproxima, peçamos a Maria e a José a intercessão diante do Pai, para que possamos tomar atitudes que construam nesta sociedade um berço para Aquele que não tinha onde nascer.
 

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