No caminho sinodal arquidiocesano até aqui percorrido, com a realização das assembleias paroquiais para o sínodo (2018) e, agora, com a realização das assembleias sinodais nas regiões episcopais e vicariatos ambientais, qual é o “lugar” que estamos dando para a Eucaristia e para a espiritualidade que dela emana, a fim de que possamos “sentir” a presença de Cristo no meio de nós, de “testemunhar” a todos essa presença na cidade “comunicando” o amor que celebramos?

Essa pergunta é muito pertinente porque podemos correr o risco de, reunidos em assembleias, permanecermos naquilo que é muito rotineiro entre nós, que é “fazer grandes listas de pontos negativos, de perigos, de defeitos, de objetivos não alcançados e de buscar culpados ou justificativas para a nossa frágil ação evangelizadora missionária na cidade”.

No caminho sinodal que estamos percorrendo, é necessário que façamos uma profunda análise da vida e missão da Igreja que somos em São Paulo. No entanto, essa análise deve nos animar a realizar o “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” que o Espírito Santo nos pede, para que sejamos Igreja: sinal sacramental de salvação na cidade.

Daí a pertinência de refletirmos sobre o que é essencial: a Eucaristia, fonte e ápice da vida e missão da Igreja.

A Arquidiocese de São Paulo, Igreja Particular, porção do povo de Deus nesta cidade, é uma “comunidade eclesial”, comunidade de fé, comunidade de comunidades, que tem como centro a “mesa eucarística”, e que, para ser uma casa aberta para todos, exercendo o acolhimento ativo de todos e ser uma Igreja “em saída” missionária evangelizadora, precisa se nutrir do essencial, do “Pão da vida” (Jo 6,35) que revigora para a caminhada rumo ao Reino definitivo.

Assim, no caminho sinodal arquidiocesano, que a Igreja em São Paulo, em todos os seus âmbitos, reforce a sua espiritualidade eucarística, que não é apenas a participação na missa e a devoção ao Santíssimo Sacramento, mas abraça a vida inteira de todos os seus fiéis cristãos. Essa espiritualidade leva-os a “viver segundo o Espírito” (Rm 8,4s), para que não se conformem com este mundo e se renovem em mentalidade e possam discernir, segundo a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito (cf. Rm 12,2).

A comunidade eclesial autenticamente eucarística é uma comunidade eclesial missionária que se lança para levar o Evangelho às periferias existenciais e geográficas, superando todos os desafios que pode encontrar. 

Padre José Arnaldo Juliano dos Santos é

Teólogo-Perito do sínodo arquidiocesano