Opinião

Tempo de Advento: escuta e solicitude

“Irmãos ... é hora de despertar [...] a salvação está perto de nós ...” (Rm 13,11). Estamos no tempo litúrgico do Advento, momento de esperança, escuta e solicitude. Esperemos sempre no Senhor; escutemos o que Ele nos tem a dizer. Sejamos solícitos para com o Altíssimo e, para vivermos intensamente essa oportunidade, quer pessoal quer comunitariamente, a Igreja nos indica a Sagrada Escritura como fonte segura para a nossa vida e as nossas ações humano-cristãs. Estejamos continua-
mente atentos. Assim nos diz Cristo Jesus: “Vigiai e orai” (Mt 26,41).  
Vivemos tempos de enorme tarefismo. Fazer é o verbo mais utilizado e o mais conjugado. Buscamos fazer segundo a lógica humana. Como poderíamos propor “realizar teus trabalhos com mansidão” (Eclo 3,19)? Mansidão pressupõe um período reflexivo e momento de parada. Como encontrar tempo para parar e reflexionar num ambiente assaz célere? Onde encontrar lugar propício para nos abastecer do silêncio, para nos sentirmos mais encorajados para o dia a dia? 
Quando ouvimos da Sagrada Escritura “Vós não vos aproximastes de uma realidade palpável” (Hb 12,18), imediatamente nos vem a pergunta: qual lógica queremos viver? A lógica humana ou a lógica de Deus? Da humanidade, estamos eivados de conhecimento, quer pelos livros, quer pela vivência. A lógica do ver para crer e de ocupar os primeiros lugares; da barganha e da troca por igual repartição – “ofereço, porque sei que vou receber”. Portanto, estamos habituados a nos aproximarmos de 
realidade palpáveis.
Para conhecer a lógica de Deus, em primeiríssimo lugar, precisamos ouvir a Deus. Evidentemente, Deus também fala no turbilhão das muitas vozes e em todos os ambientes. No entanto, conseguimos escutá-lo? Por isso, necessitamos de tempos de parada, reflexão e espiritualidade. 
Afinal, o que significa a espiritualidade cristã? Significa um momento de silêncio para ouvir e entender o que Deus está dizendo. Significa dar um tempo para escutarmos a Revelação, contida na Sagrada Escritura. De fato, espiritualidade cristã é estarmos atentos ao Evangelho de Jesus Cristo, para sermos seus seguidores. Em última análise, espiritualidade é subir ao monte, onde Deus se encontra, e descer à planície, onde vive a humanidade. 
Nos momentos dedicados à espiritualidade, subimos ao monte para escutar Deus falar. Somos envolvidos em um silêncio operoso. Assim como Maria Santíssima, atentos, “sua mãe guardava todas estas coisas no coração” (Lc 2,51), e solícitos, “Maria partiu apressadamente [...] e saudou Isabel” (Lc 1,39-40).  Ouvindo e guardando a Palavra, ganhamos forças para que, descendo à planície, sigamos, em nossas ações na família, no trabalho, na comunidade ou na sociedade, a lógica de Deus.
Estamos, no agora da História, vivendo mais uma oportunidade para escutarmos Deus falar aos nossos corações. Atentos e comprometidos com a sua Palavra, sejamos movidos e impulsionados para o bem que possamos fazer. Seja nossa atitude um dispor alegre e solícito para com o outro. O tempo do Advento sugere esperança, confiança, alegria e festa pela vinda do Filho de Deus – mas, também, é, para todos nós, cristãos, e para os homens e mulheres de boa vontade, tempo favorável de escuta e solicitude. Seja no turbilhão das vozes da grande cidade, seja na vida da Igreja em São Paulo, que vive seu momento de sínodo arquidiocesano, seja no silêncio das nossas casas e comunidades eclesiais, é momento oportuno para ouvir Deus falar e se mostrar presente no presépio. “Vigiai e orai” (Mt 26,41).

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