Espiritualidade

Tempo de acolher o ‘Ide’ do Senhor

No mês de outubro, a Igreja faz ressoar de maneira mais intensa aquele “Ide” do Senhor aos seus seguidores. O Papa Francisco, para este período, convocou um “Mês Missionário Extraordinário” com o tema “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”. É seu desejo despertar, em maior medida, a consciência da missio ad gentes e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral.

A Igreja desde o seu nascedouro é missionária, pois recebeu do Ressuscitado o mandato para se dirigir a todas as partes e anunciar a Boa-Nova recebida como dom do seu Senhor. Os Apóstolos (enviados) foram conduzidos a todas as partes pelo Espírito Santo, grande protagonista da Igreja e da missão, a fim de testemunhar o que viram e ouviram do Mestre, e corroborar essa mensagem com o martírio.

São Paulo Apóstolo, o grande evangelizador, traduz bem o sentimento dos primeiros enviados de Jesus Cristo após experimentarem a vida nova gerada pelo seu Espírito: “Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; é, antes, necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9,16). 

A Igreja precisa deste entusiasmo propulsor, porque por sua natureza ela é missionária (Ad Gentes – AG, 2). Após o Concílio Vaticano II, São Paulo VI escreveu na Evangelii Nuntiandi (EN): “Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar”. São João Paulo II, ao proclamar a atividade evangelizadora como “o primeiro serviço que a Igreja pode prestar ao homem e à humanidade inteira” (Redemptoris Missio  – RMi, 2), também compartilhava dessa afirmação.

A abertura missionária da Igreja é um autêntico termômetro do dinamismo da vivência da fé nas comunidades, uma vez que “na História da Igreja, com efeito, o impulso missionário sempre foi um sinal de vitalidade, tal como a sua diminuição constitui um sinal de crise de fé” (RMi, 2). Por isso, São João Paulo II exortou a Igreja a um “renovado empenho missionário”, com a percepção de que a missio ad gentes é paradigma para a vida eclesial, pois o compromisso missionário da Igreja sempre tem necessidade de doações radicais e totais, de impulsos novos e corajosos (RMi, 66).

Diante disso, percebe-se como aquele elã para a disponibilidade missionária é fundamental para tornar a Igreja mais apta a anunciar o Evangelho à humanidade (EN, 2). Nesta perspectiva, os bispos na Conferência de Aparecida entenderam que a necessária ‘conversão pastoral’ (Documento de Aparecida – DAp, 370) da Igreja ocorreria pela via missionária (DAp, 365), e propuseram às comunidades a missão de modo permanente (DAp, 551).

O Papa Francisco retomou esta concepção da missão como paradigma para a Igreja (Evangelii Gaudium – EG, 15). No início de seu pontificado disse algo com grande significado programático, que vem ressoando cada vez mais forte na Igreja, “é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo” (EG, 23).

O “Mês Missionário Extraordinário” é mais um dos impulsos recentes para colocar discípulos, comunidades e organismos eclesiais em saída missionária. São alentadoras as notícias dos eventos de missão em paróquias na Arquidiocese, no contexto do sínodo, que contribuem para a construção de caminhos de comunhão e conversão.

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