Liturgia e Vida

‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano!’(Lc 13,8)

Fomos colocados no mundo por Deus para “dar frutos”! Uma árvore frutífera não é plantada apenas para ocupar espaço, absorver nutrientes do solo e fazer alguma sombra, mas para alimentar os homens. Ela cresce, alimenta-se e vive para que um pouco da sua própria vida seja dada aos outros. Serve para beneficiar o entorno e propagar, por meio dos frutos, a sua boa semente.

Também nós fomos criados para ser fecundos e alimentar os demais. Se desejássemos apenas nutrir-nos, ocupar espaço e proteger-nos, perderíamos o sentido de nossa própria existência. “Não fostes vós que me escolhestes, Eu é que vos escolhi e estabeleci, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16). Mas em que consiste a fecundidade e os frutos?

Para quem recebe a graça da paternidade-maternidade, essa fecundidade é inclusive física: “Sede fecundos e multiplicai-vos!” (Gn 1,28). Pelo sacramento do Matrimônio, um casal povoa a terra e o Céu, aumentando a Igreja em tamanho e amor e cooperando com Deus na obra da criação. Os “frutos” gerados por sua união serão, por toda a eternidade, filhos de Deus. É impossível imaginar a alegria que os pais terão no Céu ao contemplar a glória dos filhos que eles, a custo de sacrifícios, aceitaram e educaram para Cristo e que, sem a sua generosidade, simplesmente não existiriam!

Mas todos nós, cristãos, somos chamados a dar frutos espirituais: amor, fé, esperança na vida eterna, arrependimento, obras de misericórdia e apostolado. São Paulo ainda especifica: “O fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, continência” (Gl 5,22-23). Porém, tais “frutos” não consistem em uma teoria ou bons sentimentos; são obras concretas que o Senhor e os homens colherão no tempo oportuno. Por isso, o Batista adverte: “O machado está posto na raiz das árvores; toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo!” (Lc 3,9).

No Evangelho deste domingo, Jesus conta a parábola de uma árvore sem frutos. O dono do campo se impacientava: “Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por-que ela está inutilizando a terra?” (Lc 13,7). Mas um bom agricultor lhe pediu mais uma chance: “Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás” (Lc 13,8).

A Quaresma é essa nova chance para que demos fruto: “Buscai o Senhor enquanto Ele pode ser achado, clamai por Ele agora que está perto!” (Is 55,6). Por meio de um exame de consciência mais atento, da oração mais vigilante, da penitência mais intensa e de um maior zelo pelo próximo, descobriremos o que é preciso fazer (ou deixar de fazer) para que nossa vida seja fecunda. O Senhor é paciente! Confiemos e sejamos sinceros; Ele mesmo nos tornará fecundos. Peçamos que Ele mude o nosso interior e nos faça dar frutos de verdadeiro amor e conversão.

 

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