Editorial

Páscoa com coronavírus na era digital

Neste ano, a celebração da Páscoa aconteceu de uma forma totalmente diferente; em nenhum outro período da história cristã se viu algo semelhante. A humanidade já passou por outras pandemias, como a chamada gripe espanhola, ou por momentos de guerra mundial, como no século passado. Nesses períodos, possivelmente, houve diminuição de celebrações ou mesmo dificuldades para que as pessoas fossem às igrejas e participassem. Mas, então, qual a diferença entre o tempo que estamos vivendo e os acontecimentos do passado?

Existe um elemento que é absolutamente novo em nossos dias, que é a comunicação em diversos formatos. Tanto os meios audiovisuais mais tradicionais, como o rádio e a televisão, quanto as diferentes plataformas digitais e redes sociais fazem deste nosso tempo uma ocasião única na capacidade humana de comunicar e espalhar uma notícia. Apesar do isolamento social, as pessoas continuam a falar umas com as outras, vendo, ouvindo ou mesmo compartilhando textos e mensagens. Foi nesse contexto que celebramos a Páscoa.

Em todo o mundo, as imagens de grandes catedrais vazias, com apenas algumas pessoas nas celebrações, certamente vão ficar marcadas na memória dos cristãos católicos. A desolação da Praça de São Pedro, em contraste com a figura do Papa Francisco caminhando solitário e depois rezando diante da imagem de Cristo crucificado, foi realmente algo comovente. A Praça de São Pedro nunca esteve tão vazia, e ao mesmo tempo nunca esteve tão cheia, pois, enquanto caminhava sozinho, o Papa foi acompanhado por milhares de pessoas em todo o mundo.

Essa nova forma de presença se repetiu também nas outras celebrações do Papa, dos bispos e dos padres. As igrejas vazias e ao mesmo tempo, de alguma forma, repletas de pessoas sedentas de poder ver ou ouvir o anúncio de uma palavra de esperança. Se no passado o isolamento era um sinônimo de falta de comunicação, hoje a realidade é bem outra, e a Igreja está buscando se adaptar a essa nova realidade para continuar a comunicar aquilo que é fundamental para toda a humanidade.

A ressurreição de Cristo é a mensagem que deve ser comunicada, e essa é a missão primordial da Igreja, pois ela existe para isso, como afirmou o Papa Francisco. Desse modo, a Igreja ocupou, largamente, os espaços virtuais, fazendo o anúncio da Boa-Nova do Evangelho nas mais diferentes línguas. Os acontecimentos do presente lembram, de alguma forma, o que aconteceu com os discípulos em Jerusalém. Quando, depois de receber a força do Espírito Santo, saíram pelas portas e anunciaram a BoaNova, e cada qual recebeu o anúncio na própria língua.

O Espírito é o verdadeiro comunicador, os discípulos e as línguas são apenas meios, como hoje o rádio, a televisão e as redes sociais o são. A mensagem é que Cristo está vivo, foi ressuscitado e venceu a morte, para nos dar a vida plena e redimir nossos pecados. Assim como no princípio do Cristianismo, o Espírito encontrou caminhos para desfazer os boatos dos que se recusavam a acreditar na ressurreição de Cristo, no presente Ele encontra caminhos para comunicar a verdade da ressurreição. No mundo real e no ambiente virtual, o Espírito desperta a esperança e confirma que Cristo ressuscitou e está entre nós.

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