Comportamento

Os livros de autoajuda e o Livro que ajuda

Ainda hoje, como nas últimas décadas, os livros de autoajuda ocupam muitas prateleiras nas livrarias que resistem em um mundo em que as pessoas optam cada vez mais pela leitura digital. Interessante saber que as estatísticas revelam que o público que compra os lançamentos dessa categoria literária é, em número significativo, formado pelas mesmas pessoas. Esse fato leva a uma pergunta: será que esses livros estão cumprindo seus objetivos, visto que o público acaba “colecionando” seus volumes?

Os diferentes autores procuram promover ideias que motivem o leitor a encontrar atitudes que possam oferecer uma saída a seus problemas. Alternativas muitos diferentes que variam desde o bem-estar espiritual pela meditação até o sucesso financeiro por meio de propostas de um comportamento obstinado pelo enriquecimento material. Nessas obras são frequentes os temas da saúde, com proposta de dietas para todos os paladares e objetivos da boa forma, até exercícios para que se adquira rapidamente um bem-estar jamais alcançado e que fará de você uma pessoa melhor. Não faltará falar de família, amizade, emprego, namoro, viagens e diversões, assim como virtudes e aspectos psicológicos. Desde sugestões inespecíficas até propostas com pontuações exatas e tabeladas poderão ser encontradas.

Nesse volumoso acervo, encontram-se, em tantos autores bem-intencionados, orientações que possam, de fato, ajudar as pessoas que vivem desnorteadas e solitárias à procura de uma solução que possa ajudá-los. Alguns conselhos são óbvios e repetitivos, mas, se adequados, devem ser insistentes nas suas publicações, de modo a mostrar uma luz àqueles que caminham na penumbra.

Nesse cenário, quero chamar a sua atenção para o mês de setembro que, no calendário católico, é dedicado à Bíblia. Esse é ainda o livro mais vendido no mundo inteiro, em milhares de idiomas diferentes ao longo dos séculos. Sua característica diferencial única está em não ter como autor um homem, mas ter sido revelado pelo próprio Deus. A Revelação não trata de uma ficção, de uma narrativa, de uma ciência, mas do estilo do próprio Deus em apresentar-se e manifestar ao homem o seu sentido para a existência humana.

Composto por dezenas de livros, divididos em duas partes distintas denominadas o Antigo e Novo Testamentos, apresenta a história da Criação e da Redenção, com ênfase na humanidade. Ao longo de seus capítulos, percorrem-se caminhos que orientam, com sabedoria, o comportamento que deve levar o homem ao seu destino: a felicidade. Essa orientação resume-se no Decálogo no Antigo Testamento e no conhecimento da vida de Jesus Cristo no Novo Testamento. Evidentemente, não se quer desprezar a riqueza dos demais livros, que cumprem em anunciar a Boa Nova a todos aqueles de boa vontade.

Seria a Bíblia mais um livro de autoajuda? Não. A Bíblia é, de fato, o livro que ajuda. Um caminho que conduz a um melhor autoconhecimento, segundo a vontade de Deus, com respeito à liberdade individual. Existem folhetos que, de maneira objetiva, recomendam a leitura deste ou daquele versículo, conforme a situação em que o indivíduo se encontra. Quase um pronto-socorro. Recomendase a leitura de um capítulo para que se possa dar uma resposta de melhor ânimo àqueles que passam por distintas dificuldades. São recursos válidos, sem dúvida, e indicados com boas intenções por aqueles que os elaboram. Contudo, quero deixar uma recomendação que levará ajuda a todos.

A Bíblia não deveria ser somente o livro mais vendido, mas o mais lido, para buscar, principalmente, nas palavras de Cristo, os caminhos que devem orientar o nosso comportamento. Surpreende que, em tão poucas páginas, possam estar compiladas todas as orientações para as realizações humanas e toda motivação necessária para se reerguer diante das quedas e continuar a lutar sempre. Parece mesmo mágico, algumas vezes, que nada falte nesse volume. Um livro para todas as épocas, todos os lugares, todas as circunstâncias e para cada um. Alguns minutos diários nesse encontro, renovado ao longo da vida, fará com que se tenha sempre à mão o livro que mais ajuda qualquer ser humano: a Bíblia. Boa leitura.

Dr. Valdir Reginato é médico de Família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. E-mail: vreginato@uol.com.br

 

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