Espiritualidade

Os diáconos nos Atos dos Apóstolos - exemplo de serviço para toda a Igreja

O sacerdócio de Cristo constitui a fonte dos ministérios da Igreja. Na continuidade de sua missão, a Igreja, a exemplo de Cristo, se faz ministerial, servidora, diaconal. No Novo Testamento, há três passagens que nos remetem ao ministério diaconal. O prólogo da Carta aos Filipenses menciona “epíscopos e diáconos” (Fl 1,1); a Primeira Carta a Timóteo descreve as qualidades de quem quer ser admitido na função de diácono (cf. 1Tm 3,8-13); e a controversa instituição dos sete, nos Atos dos Apóstolos (cf. At 6,1-6). As duas primeiras passagens mostram que a presença de diáconos na Igreja já era uma realidade no mundo paulino na segunda metade do primeiro século de nossa era. No entanto, a terceira perícope merece uma atenção maior.

Desde os Padres da Igreja, como Santo Inácio de Antioquia e Santo Irineu de Lião, capítulo 6o dos livro dos Atos foi considerado o testemunho da instituição do diaconato na Igreja-mãe de Jerusalém, quando sete homens foram chamados pelos apóstolos e aprovados pela comunidade para servirem as mesas. Isto aconteceu porque em Jerusalém, com o crescimento da comunidade cristã, era preciso organizar a distribuição dos alimentos destinados à comunidade, sobretudo porque as viúvas que pertenciam ao grupo dos cristãos de língua grega estavam sendo esquecidas. Os biblistas contemporâneos têm sido mais cautelosos em identificá-los como os primeiros diáconos. De fato, São Lucas, autor do terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos, mesmo escrevendo a sua obra depois que já existiam os diáconos, não identifica os sete de Atos 6 como os primeiros diáconos. Em nenhum momento os sete são denominados diáconos. O que se diz é que eles receberam dos apóstolos a nomeação e a imposição das mãos para o serviço, a diaconia. O verbo “servir” aqui utilizado não designa somente o serviço das mesas, mas também o serviço da Palavra (At 6,4). Os apóstolos decidem continuar realizando o serviço da Palavra graças à ajuda dos sete, que assumem o outro ministério eclesial de servir as mesas (At 6,2).

A narrativa do desafio ministerial em Jerusalém não é casual. Lucas provavelmente quer recordar uma ajuda histórica dada aos apóstolos como exemplo e importância para a diaconia existente na época em que o texto dos Atos foi escrito. A instituição de um grupo cristão, formado por homens cheios de fé e do Espírito Santo, com finalidade caritativa, em um número simbólico e de grande significado, o número sete, nas origens do Cristia- nismo, marca a necessidade constante que a Igreja tem de realizar a caridade como compromisso vital no seguimento de Cristo. A narrativa dos Atos dos Apóstolos nos compromete neste sentido.

O surgimento dos diáconos, como ministério específico na vida da Igreja primitiva, corresponde à sua missão específica. O diaconato pode ser definido como o sacramento de “Cristo servidor da humanidade” e como expressão da Igreja servidora. O Novo Testamento, em seus textos, mostra que o diaconato é uma riqueza na Igreja.

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