Espiritualidade

O que é preciso mudar na Igreja?

Estamos em pleno período de pesquisa sinodal: nestas semanas, um grupo de voluntários está percorrendo as casas e aplicando um questionário sobre o perfil religioso e social das pessoas. Não sabemos se os pesquisadores baterão à nossa porta durante o sínodo. Em todo caso, isso me fez lembrar o que aconteceu há anos, quando uma jovem jornalista entrevistou a Madre (hoje Santa) Teresa de Calcutá. Perguntou-lhe muitas coisas sobre a sua vida, o seu trabalho com os mais pobres dos pobres em muitos lugares do mundo, sobre a sua congregação religiosa etc. No final da entrevista, animada com a sinceridade da Santa, a jornalista lançou uma pergunta comprometedora:
- Madre Teresa, na sua opinião, o que é preciso mudar na Igreja?
E a resposta foi imediata:
- Você e eu! Vamos procurar fazer essa pergunta a nós mesmos. O período sinodal é um tempo para realizar um exame pessoal, procurar uma nova conversão, uma renovação missionária. Assim, penso que seria interessante se cada um de nós se perguntasse: “o que eu preciso mudar na minha vida?” Trata-se de uma pergunta muito salutar. Você e eu temos essa disposição de mudar? Algo muito difícil de responder, porque exige a sinceridade de admitir que há aspectos de nossas vidas em que necessitamos de uma conversão, ou porque não são coerentes com a vida do cristão, ou porque – apesar do nosso desejo de melhorar – ainda estamos longe de viver como verdadeiros filhos de Deus. Para isso, precisamos fazer um exame semelhante ao da pessoa que se olha no espelho: para ver onde se feriu, para fazer um curativo etc. A tradição cristã recomenda fazer o exame de consciência, especialmente no final de cada dia. Muitas pessoas já fazem algo parecido em seu trabalho profissional: o comerciante calcula os resultados das vendas, o estudante planeja suas horas de estudo, quem tem um pequeno negócio acompanha o seu desempenho etc.
Deveríamos fazer o mesmo em relação ao “negócio” da nossa vida espiritual, profissional e apostólica. O exame de consciência diário permite enxergar um pouco melhor o andamento da nossa vida: aquilo que saiu bem (para agradecer a Deus), as coisas que fizemos mal (para pedir perdão e retificar) e aquilo que poderia ter sido melhor (para crescermos). Esse exame nos ajuda a ganhar o conhecimento de nós mesmos, o que não é fácil, porque tendemos a olhar para os outros, para fora de nós, e sentimos dificuldade de enxergar a nossa própria conduta.
Há pessoas que fazem o exame de consciência seguindo o roteiro dos sete pecados capitais: soberba, avareza, luxúria, inveja, gula, ira e preguiça. Outros revisam seus deveres com Deus (oração, cumprimento dos mandamentos, da missa dominical etc.); deveres com o próximo (atenção, respeito, consideração, paciência etc.); e deveres pessoais (trabalho, serviço à família, amizade etc.). Cada um de nós deve experimentar o sistema mais adequado para fazer o exame de consciência diário, mas o importante é que tenhamos a coragem e a humildade de reconhecer nossas falhas, defeitos e pecados, pedir perdão a Deus (muitas vezes, confessando-nos) e ter a disposição de mudar.
Assim, o sínodo arquidiocesano atingirá a sua finalidade, na medida em que todos nos empenharmos em examinar as nossas vidas e lutarmos para mudar realmente naquilo que Deus espera de nós. Se cada um de nós se corrigir e melhorar, toda a paróquia, toda a Arquidiocese, a Igreja e o mundo também serão melhores.

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