Dica de Leitura

“Queríamos falar aqui da outra vida e de sua luz para nós, considerando sobretudo a profundeza da alma, primeiramente na vida presente, e depois em relação ao juízo particular, no instante em que a alma se separa do corpo. Assim, veremos melhor o que é o inferno: um vazio imenso que não será nunca preenchido, as profundezas da alma privadas para sempre do Bem Supremo, único capaz de saciá -las. Apreenderemos melhor o que é o purgatório: o estado da alma que ainda não pode possuir Deus e está privada, por um tempo mais curto ou mais longo, de sua visão, porque, por sua culpa, não veio ao seu encontro. Enfim, estimaremos melhor o que é o instante da entrada no céu, instante que não passa: a vida eterna ou a visão beatífica, a possessão imediata e imperdível de Deus visto face a face, único que pode saciar a profundeza sem medida de nossa vontade. Essa profundeza provém, como veremos, do fato de que nossa vontade já é, na ordem natural, esclarecida, não apenas pelos sentidos e pela imaginação, mas pela inteligência que concebe o ser em sua universalidade e, consequentemente, o bem universal e sem limites, que, portanto, só pode ser realizado concretamente em Deus, bem infinito. (...) 

Este livro tem por objetivo iluminar as almas e fazê-las tomar consciência da extensão de suas responsabilidades; busca afastar da perdição aquelas que estão no caminho da condenação; instruir pela doutrina do Purgatório as que cometem freqüentemente o pecado venial de
liberado, e não pensam em expiar suas faltas mortais já perdoadas pelo tribunal da Penitência. Pretende dar, principalmente, uma idéia elevada do Céu, da beatitude eterna, seja por oposição ao Inferno, seja pelo atraso da visão beatífica que faz sofrer tanto as almas do Purgatório, seja, enfim, pela elevação infinita de nosso fim último sobrenatural: o próprio Deus, visto claramente como Ele se vê e amado como Ele se ama, Deus possuído sem que haja qualquer possibilidade de o perder.”