Liturgia e Vida

Fomos criados para as boas obras

4º DOMINGO DA QUARESMA 11 DE MARÇO DE 2018

Na catequese quaresmal, o Livro das Crônicas nos ajuda a olhar para a vida como ela é, a olhar os acontecimentos da história humana e ver neles a ação de Deus. Dois reis entram na vida do povo de Israel como agentes do plano de Deus. Nabucodonosor, rei da Babilônia, destrói Jerusalém e o Templo, e aqueles que não foram mortos foram levados como escravos para a Babilônia. Os sacerdotes e o povo tinham profanado o Templo do Senhor com práticas abomináveis das nações pagãs. Zombavam dos enviados de Deus que os advertiam e desprezavam suas palavras. Veio, então, a punição por meio dos babilônios. Naquele momento, tudo parecia terminado. Tinha-se a impressão de que a nação judaica chegara ao fim. No entanto, Deus fez surgir um novo rei, Ciro da Pérsia, a quem encarregou de reconstruir o Templo em Jerusalém. Ciro fez um decreto permitindo o retorno dos cativos judeus à Terra Santa. Assim, Deus mostrou sua presença na história humana e sua vontade de refazer o que tinha sido desfeito.

Entendemos, então, no Evangelho, o que Jesus diz a Nicodemos: que Ele não veio a este mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Jesus se refere a uma ação concreta de salvação. Algo está sendo feito, há uma ação em andamento, que aparece à luz do dia e cura o ser humano de seus males. No deserto, a serpente de bronze levantada por Moisés curava os que tinham sido picados por serpentes venenosas. Jesus, levantado no madeiro da cruz, dá a vida eterna aos que n’Ele creem. 

A vida é movimento, e no movimento da vida, praticamos ações, fazemos coisas, agimos, fazemos o bem e fazemos o mal. Fugimos da luz quando não queremos que nossas ações sejam denunciadas por serem más. Nabucodonosor e Ciro aceitaram ser instrumentos da vontade de Deus em ações aparentemente contrárias. Não nos orgulhamos das nossas ações, porque as boas ações foram preparadas por Deus de antemão para que nós as praticássemos. Tudo é graça, sem dúvida alguma, e pela graça somos salvos mediante a fé. A fé, porém, deixa-se ver nas boas obras que praticamos. A grande boa obra de Jesus foi a nossa salvação. As nossas boas obras se multiplicam em muitas ações de libertação como a de Ciro ou de cura do veneno mortal como a da serpente de bronze. Agindo conforme a verdade, estamos na luz, e nossas ações são realizadas em Deus. A ação punitiva de Nabucodonosor, aparentemente violenta, revela a gravidade da culpa. A ação é igual à reação? É possível mostrar a gravidade do mal cometido sem uma punição violenta?
 

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.