Liturgia e Vida

“Esta palavra é dura!”

O Senhor continua o grande “discurso sobre o Pão da Vida”. São João diz que, depois que Jesus prenunciou claramente a Eucaristia - “a Minha Carne é verdadeira comida; o Meu Sangue é verdadeira bebida” (Jo 6, 55) -, muitos O abandonaram. Chocados, diziam “Esta palavra é dura” (Jo 6, 60)… Lamentavelmente, “a partir daquele momento, muitos voltaram atrás e não andavam mais com Ele” (Jo 6,66). Afinal, a ideia de que Jesus daria a Si mesmo como alimento contrariava toda expectativa humana. 

Às vezes, a Palavra de Deus pode parecer dura! Rompe com a “sabedoria” puramente humana, carnal. Além disso, o próprio Cristo diz que Suas palavras “são espírito e vida” (Jo 6,64). Deste modo, quem as ouve sem ter fé, isto é, sem haver recebido o dom do Espírito Santo, jamais as acolherá! Sobretudo, ao se tratarem de assuntos contrários à lógica mundana, o Senhor mesmo adverte: “Nem todos são capazes compreender, mas somente aqueles a quem foi dado” (Mt 19, 11). 

Olhemos hoje ao nosso redor...! Há uma infinidade de temas em que o ensinamento de Cristo contrasta radicalmente com o pensamento dominante ou da moda. A presença de Jesus na Eucaristia; o amor aos inimigos; o perdão das ofensas; a necessidade de tomar a cruz de cada dia; a indissolubilidade do Matrimônio; o celibato; a eternidade do inferno; a existência do demônio; a moral sobre o aborto, a sexualidade, a família... Quanta diferença entre o pensamento de Deus e aquele que é propagado no mundo!

Pode ser que muitas pessoas, ao ouvirem a Palavra de Cristo sobre estes e outros temas também digam: “-Estas palavras são duras! Quem as consegue escutar?” (Jo 6,60). Ressoa ainda hoje a advertência de Deus a Isaías: “os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos; e os vossos caminhos não são os Meus caminhos…” (Is 55,8). Por isso, devemos nos perguntar: confiamos realmente na Palavra de Deus? Acolhemos a voz da Igreja, que é a voz de Cristo? Aceitamos mesmo aquilo que Ele ensina e que contraria a nossa “intuição”? Ora, “Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé” (Jo 6, 64), pois “Ele bem sabe o que há no homem” (Jo 2, 25). 

Peçamos ao Senhor o dom da fé! A virtude teologal da fé dá-nos a capacidade de crer em tudo o que Cristo nos revela e nos propõe acreditar por meio da Igreja. Que jamais nos escandalizemos de Suas palavras, sobretudo quando contrariarem nossa inclinação natural, nossos hábitos ou nosso critério pessoal. Que amemos a Sua santa doutrina que nos conduz à salvação! E, mesmo quando o Evangelho nos parecer difícil de aceitar ou demasiado exigente, digamos com o Salmista: “Vossa Palavra é uma luz para os meus passos” (118,105); e “é doce ao paladar Vossa Palavra, mais doce do que mel na minha boca” (118, 103)!

 

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