Sínodo Arquidiocesano

Igreja, Povo de Deus, chamada a ser “casa e escola de comunhão”

Dando sequência à nossa reflexão sobre o caminho sinodal arquidiocesano, o primeiro passo, e largo passo, que devemos dar é o de fazer da Igreja de São Paulo a “casa e a escola da comunhão”. Este empenho missionário começa objetivamente na paróquia, comunidade de comunidades, e, sem dúvida, deve ser a primeira dimensão a ser considerada pela comunidade paroquial na avaliação de si mesma e da sua ação evangelizadora missionária. 

Para iluminar, assim, as comunidades paroquiais no caminho sinodal arquidiocesano e rumo às assembleias paroquiais do sínodo, tendo como essencial pergunta “a paróquia está sendo casa e escola da comunhão?”, aqui trazemos os ensinamentos de São João Paulo II sobre essa dimensão, contidos em sua Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, n. 43. 

1.  Fazer da Igreja “a casa e a escola da comunhão” é o grande desafio no milênio presente, se quisermos ser fiéis ao desígnio de Deus e às expectativas do mundo.

2. Que significa, concretamente, fazer da Igreja “casa e escola de comunhão”? Aqui o nosso pensamento poderia fixar-se imediatamente na ação, mas seria errado deixar-se levar por tal impulso.

3.  Antes de programar iniciativas concretas, é preciso “promover uma espiritualidade da comunhão” que seja vivida por todos os membros da comunidade cristã.

4.  Espiritualidade de comunhão significa, em primeiro lugar, ter o olhar do coração voltado para o mistério da Trindade Santíssima, que habita em nós e cuja luz há de ser percebida também no rosto dos irmãos que estão ao nosso redor.

5.  Significa também a capacidade de sentir o irmão de fé na unidade profunda do Corpo Místico de Cristo, isto é, como “um que faz parte de mim”, para saber partilhar as suas alegrias e os seus sofrimentos, para intuir os seus anseios e dar remédio às suas necessidades, para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda amizade.

6.  Significa ainda a capacidade de ver, antes de mais nada, o que há de positivo no outro, para acolhê- -lo e valorizá-lo como dom de Deus: um “dom para mim”, como o é para o irmão que diretamente o recebeu.

7.  Espiritualidade de comunhão é saber “criar espaço” para o irmão, levando “os fardos uns dos outros” (Gal 6, 2) e rejeitando as tentações egoístas que geram competições, ciúmes, invejas, exclusões, preconceitos, atitudes autoritárias e tantas outras que afastam as pessoas do convívio da comunidade cristã. 

Por fim, São João Paulo II se expressa com rigor dizendo: “Que não haja ilusões! Sem esta caminhada espiritual, de pouco servirão os instrumentos exteriores da comunhão, pois estes se revelariam mais como estruturas sem alma, máscaras de comunhão, do que como vias de sua expressão e crescimento!”. 

Que estes ensinamentos sejam “luzes” para o caminho sinodal das comunidades paroquiais e de toda a Arquidiocese de São Paulo em vista da conversão e renovação pastoral, missionária e evangelizadora na Cidade.

 
Padre José Arnaldo Juliano dos Santos é Teólogo-Perito do sínodo arquidiocesano 

 

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.