Espiritualidade

Entre o impossível e o absurdo

A oração é uma expressão religiosa presente em todas as formas religiosas. O homem que busca um relacionamento com um “deus” quer falar, quer ser ouvido e ouvir, busca um consolo, precisa de esperança e quer entender os acontecimentos da sua vida à luz da sua fé. Por isso, a oração é um caminho de diálogo muito importante e necessário. Como prática religiosa, ela pode ser vivida num contexto pessoal e reservada ou comunitária. Apesar de existirem fórmulas estabelecidas e tradicionais, a oração deve nascer, sobretudo, do desejo de um coração desejoso de falar com Deus.
Os primeiros discípulos pediram a Jesus que os ensinassem a rezar, e foi neste contexto que Jesus os ensinou a chamar a Deus de Pai. Como Filho, o Senhor se dirigiu ao Pai e ensinou que essa é a forma mais própria para que os discípulos entrem em diálogo com Deus. O Pai nos recebe como filhos e está sempre pronto para nos dar em sua infinita misericórdia e amor. Ele não nos recusa nenhum bem, quando isso contribui para nossa salvação e para o bem dos outros. Sendo assim, a oração que agrada ao Pai é aquela que nasce de um coração contrito, que se derrama, esperando e confiando no Senhor.
Pela oração, o cristão espera o impossível e não o absurdo. Conhecendo nossas limitações, sabemos que existem realidades que não podemos mudar, que para nós é impossível, mas não para Deus. A pessoa que reza entrega sua causa a Deus, dizendo: “Senhor, tem piedade de mim, acolhe o meu pedido”, confia e espera por uma intervenção. São muitos os sinais da intervenção divina apresentados pelos Evangelhos, e, certamente, também existem acontecimentos assim em nossa vida, quando confiamos e esperamos em Deus.
Por outro lado, é absurdo rezar e esperar que Deus nos conceda benefícios ou favores que não sejam para o nosso crescimento ou para a glória do Seu Reino. É absurdo pedir que Deus nos garanta uma boa vida, dando-nos dinheiro, fama ou poder. É absurdo suplicar que o Pai nos tire do sofrimento, quando Jesus pregado na cruz não fez esse pedido. É absurdo pensar que Deus interfere, de forma mágica, aleatória e inconsequentemente na vida do homem. Pela oração, o cristão foge do absurdo, suplicando por aquilo que a ele é impossível e confiando que todo acontecimento concorre para realizar a vontade de Deus.
Mas no caminho da oração, às vezes, nossas forças parecem acabar. Sentimos o cansaço e o desânimo, uma grande vontade de desistir ou de voltar atrás. Como Moisés no deserto, nossos braços erguidos perecem muito pesados e nossos lábios não se movem mais. Nesse momento, precisamos de auxílio, precisamos de intercessão dos outros. Se a oração pessoal é importante, a oração da comunidade é igualmente importante. A pessoa que cresce na oração descobre que não reza apenas por si, mas também pelos outros. Entre a oração pessoal, a oração comunitária e o testemunho, edifica-se e consolida-se a vida cristã.

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