Fé e Cidadania

Dia Mundial do Migrante e do Refugiado

O Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, celebrado no domingo, 29 de setembro, expõe uma das maiores chagas da atualidade. Hoje, contam-se aos milhões os migrantes e refugiados obrigados a abandonar seu país ou região devido à pobreza, às catástrofes climáticas e às guerras, sejam estas de caráter político, sejam de caráter ideológico, sejam de caráter étnico-cultural.

Um exemplo para ilustração: no decorrer deste ano, até agora, cerca de 800 pessoas perderam a vida nas águas do Mar Mediterrâneo, na vã tentativa de alcançar o Velho Continente. Já no complexo fronteiriço entre México e Estados Unidos, o número de mortes gira em torno de 600.

Temos aí um retrato vivo da política antimigratória praticada em nossos dias, tanto na Europa quanto na América do Norte. Na contramão da economia globalizada, enquanto as fronteiras se abrem para o capital, a tecnologia, as mercadorias e as informações, fecham as portas para os trabalhadores. A xenofobia, entretanto, não vem somente das autoridades e governantes. Fortes setores da sociedade se revelam intolerantes diante do outro, do estrangeiro. Também neste caso, avançam na contramão de um mundo cada vez mais plural e multiétnico.

A mensagem do Papa Francisco para este Dia Mundial do Migrante e do Refugiado tem como título “Não se trata só de migrantes!” O Pontífice alerta para o fato de que toda a sociedade está envolvida no drama da mobilidade humana. A presença do migrante, de fato, interpela a todos e a cada um em particular. Está em jogo nossa própria identidade de cidadãos e de cristãos. A identidade não é algo estático e definitivamente acabado. Ao contrário, representa um processo dinâmico de abertura e mútuo crescimento. É no confronto com o outro que ela se desenvolve. Cada pessoa e cada cultura são portadores de valores que podem nos ajudar a depurar e purificar nossa própria visão de mundo. Daí a insistência do Santo Padre no desafio de ultrapassar a “globalização da indiferença” pela “cultura do encontro, diálogo e da solidariedade”.

Por isso, “não se trata só de migrantes!” Diante deles – diz o Papa – emergem nossos medos e ameaças, ao lado de nosso modo de praticar a caridade e de nossa forma de humanidade. Emergem também nossa apatia e intransigência mais profunda diante do fenômeno migratório, nossos mecanismos para excluir o diferente. E emerge, ainda, a exigência evangélica de “colocar os últimos em primeiro lugar” ou os princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja, tal como a “dignidade humana da pessoa toda e de todas as pessoas”.

De tudo isso decorre a necessidade de “abater os muros” e “erguer pontes”. De abrir o coração, as portas e os portos para os que, com fé e esperança, buscam um futuro que lhe foi negado pelo lugar de origem. De repensar as políticas públicas de acolhida e inclusão social, mas também de investimentos nos países de origem, buscando não apenas o crescimento econômico, mas sobretudo o desenvolvimento integral. Não basta aumentar o Produto Interno Bruto de determinado país, pois esse aumento das riquezas produzidas se encontra, em geral, viciado pelo crescimento desigual. “O desenvolvimento é o novo nome da paz”, proclamava a carta encíclica Populorum Progressio, de São Paulo VI, ainda em 1967.

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