Liturgia e Vida

Alegrar-se com o bem do outro

Por que não ficar feliz quando outro vai bem? Por que não se alegrar com o colega de trabalho elogiado pelo patrão? Um fazendeiro contratou peões para o corte da cana-de-açúcar a R$ 300,00 por dia. Apareceu gente até quase no fim da tarde. Na hora do pagamento, o patrão deu R$ 300,00 a cada um, a quem começou a trabalhar cedo e a quem começou no fim do dia. João, que começou cedo, deu um abraço em Pedro que tinha chegado às quatro da tarde, e lhe disse: “Rapaz. Você tem sorte. E que patrão bom. Bom e justo. Pagou a cada um o que tinha sido combinado. Fico feliz por você.” Pedro estava sem emprego. Ficou sabendo naquele dia que o fazendeiro estava à procura de cortadores de cana. Correu, mas só conseguiu chegar no começo da tarde. André, ao contrá- rio, não ficou feliz. Não disse nada, mas pensou, resmungando: “Esse aí é mais um brasileiro esperto. Faz corpo mole e ganha o mesmo que eu, que trabalhei o dia inteiro.”

É verdade que entre nós tudo tem um lado claro e um lado obscuro, e vivemos de interpretações. Não somos intuitivos. Temos que fazer abstrações para chegarmos a uma ideia clara sobre a realidade que vemos. Em todo caso, é importante e até necessário deixar-se levar pelo Amor que habita em nós, que é o Espírito de Deus, e ter o hábito de se alegrar com o bem dos outros. O primeiro impulso não pode ser o da inveja, que anima a concorrência. O primeiro pensamento deve ser positivo. Depois, vamos verificar a verdade dos fatos, sobretudo quando causam estranheza: “Que bom que em seu apartamento você encontrou cinco malas cheias de dinheiro. Fico feliz por você.” Fico feliz também que haja alguém que busque a verdade e a justiça e verifique a origem desse dinheiro. Veja, porém, o jogo de luzes e sombras em nossas vidas. Eu mesmo poderia perguntar, interessado, como é que a gente faz para encher malas de dinheiro sem ser pego e sem ter que dar explicações! 

Procure o Senhor enquanto pode ser achado. Abandone o ímpio o seu caminho e o corrupto as suas trapaças. Deus é bom. Ele não quer ver você sofrer. Ele quer a sua conversão. E a sua conversão não é para Ele. É para o outro, que você prejudicou. Deus não prejudica a ninguém e trata a todos com bondade e generosidade, para que aprendamos a pensar e agir como Ele. “Os meus pensamentos não são como os vossos pensamentos”, diz o Senhor. São Tiago nos ensina que a inveja e as preocupações egoísticas são demoníacas e produzem desordens e toda sorte de más ações (Tg 3, 13-18). Alegremo-nos, pois, com o bem dos outros.
 

Cônego Celso Pedro
 

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