Liturgia e Vida

‘Acreditai: Eu estou no Pai, e o Pai está em mim’ (Jo 14,11)

5º DOMINGO DA PÁSCOA 10 DE MAIO DE 2020

Na Última Ceia, Jesus mostrou claramente que viera do Pai e para o Pai retornaria. Esclareceu e confortou os apóstolos com algumas afirmações preciosas.

“Na casa de meu Pai há muitas moradas, vou preparar um lugar para vós” (Jo 14,2). Ele morreria na cruz para nos dispor um lugar no céu. Segundo Santo Agostinho, as “muitas” moradas são “as diversas dignidades dos méritos dos homens na vida eterna”. Todos os que forem salvos terão uma mesma recompensa: a união com Deus. Contudo, assim como nesta vida podemos possuir um maior ou menor amor a Cristo e ao próximo, também no céu haverá diferentes capacidades de fruição da única visão do Criador. Diversamente deste mundo, no entanto, no céu “não haverá inveja, pois reinará a unidade do amor” (Santo Agostinho). “Cada um receberá a glória que lhe basta” (São Gregório); a felicidade será plena e infinitamente maior do que toda a alegria desta vida.

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). São Tomás diz que, como Deus, Jesus é a verdade e a vida; e o caminho, como homem. Para se ir ao Pai, é preciso passar pelo caminho que é o Deus-Humanado. Ele é caminho, pois a sua vida narrada no Evangelho responde a um profundo anseio: “Ensina-me, Senhor, os teus caminhos, e caminharei segundo a tua verdade” (Sl 86,11). Além disso, a humanidade de Cristo presente na Eucaristia é a via pela qual nos unimos a Deus já neste mundo: “Quem come minha carne tem a vida eterna” (Jo 6,54). Não por acaso, os cristãos eram chamados “aqueles que são do caminho” (At 9,2).

“Quem me viu viu o Pai” (Jo 14,9). Jesus é o Filho de Deus, pois é o “o esplendor da glória do Pai e a expressão de sua substância” (Hb 1,3). Ele é “a imagem de Deus invisível” (Cl 1,15)! Desde toda a eternidade, é um com o Pai (por quem é gerado) e o Espírito Santo! Por isso, diz que “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30). Para se saber quem é Deus, é preciso se contemplar, conhecer e amar Jesus Cristo. No Batismo, recebemos uma identificação com Jesus que nos torna também semelhantes ao Pai e, assim, nos tornamos “filhos no Filho”.

“Quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores” (Jo 14,12). As obras que Jesus realizou são o sinal de que Ele veio do Pai. Ora, o sinal de que também nós fomos gerados espiritualmente “de Deus” (Jo 1,13) é, portanto, que façamos obras semelhantes às de Cristo. A primeira delas é o amor a Deus e ao próximo, exercitado com atos concretos. Os santos ao longo da história testemunharam a divindade de Cristo fazendo as “suas obras”: amaram profundamente, sofreram o martírio, morreram pelo próximo, converteram indivíduos e nações, realizaram milagres de todas as espécies, perdoaram ofensas, tiveram uma sabedoria e uma força que não pertencem a este mundo.

Peçamos ao Senhor que o conheçamos e amemos e, assim, realizemos obras como as suas e passemos a eternidade na casa do nosso Pai.

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