Comportamento

A mudança que depende de cada um de nós

Estamos nos aproximando das eleições e, novamente, começo a perceber no ar um clima de desânimo, de “não adianta”, de “esse país não muda”. 

É mesmo, pura verdade, o país não muda, mas quem é o país? Não se trata de uma “entidade”, alguém com personalidade, subjetividade e poder de ação por si mesmo. O país somos todos nós, e quando digo todos, quero dizer todos mesmo. Todos e cada um. 

Esse movimento que nos leva a “culpar” os outros pelos males e dificuldades trata-se de um movimento muito imaturo, próprio das crianças.  Quem já não viu uma criança pequena brigando com a cadeira por ter batido o pé nela, ou brigando com a mãe por ter colocado uma cadeira próxima à mesa? A responsabilidade é de todos e de tudo menos dela que, por pura empolgação e traquinagem, não viu a cadeira em seu caminho. 

Precisamos tomar um grande cuidado com isso, pois, enquanto acreditarmos que a responsabilidade do Brasil estar nessa situação lastimável é externa a nós, verdadeiramente nada mudará. 

Sim, a corrupção tomou conta do poder público, nossas leis não estão sendo respeitadas, somos roubados o tempo todo e nada ou quase nada é feito. Mas me pergunto: somente o poder público é corrupto? Será que podemos dizer que somos um povo que age com honestidade sempre, em qualquer circunstância, estejam ou não “nos olhando”? Quantas vezes atrasamos em nossos compromissos de trabalho, inventamos uma pequena mentira diante de um compromisso não cumprido, cobramos algo que não era justo, delegamos aos outros responsabilidades que seriam nossas, nos aproveitamos de uma situação ou circunstância em benefício próprio, mesmo que isso traga o prejuízo de um número grande de pessoas? Essas ações não podem ser consideradas também corruptas? Como podemos denunciar e acusar o governo de corrupção, se não tratamos de encarar com seriedade essas situações que destroem nossa moral, nossa cidadania, nossa possibilidade de estarmos limpos para exigir o que devemos e podemos? Como vamos formar pessoas de bem, com critérios e valores sólidos se não somos em nossas casas e no nosso trabalho exemplo de conduta reta, moralmente correta, comprometida socialmente? Claro, erros acontecem, porém não é disso que estou tratando, afinal, erros são facilmente identificados e corrigidos quando a intenção é moralmente reta. 

Para além disso, quantas vezes nos envolvemos nas lutas que não nos dizem respeito diretamente? Lutar pelos pobres, ou pelos que sofrem fome no sertão do Nordeste, lutar pelas injustiças, pela melhoria efetiva da educação no país, lutar contra a ignorância que assola nosso povo e influencia diretamente no processo de eleição... Na maioria das vezes, aquilo que não mexe diretamente em nosso bolso e nossa dignidade parece não nos interessar. Somos um povo pacífico, é verdade. Mas me questiono se, para além de “pacífico”, não somos um povo egoísta, acomodado, que não sai da zona de conforto para lutar pelo bem maior, para se impor com atitudes e posturas concretas  diante do governo e da justiça, mostrando nossa força e nossa posição. 

Mudar é um processo, uma construção.  Requer ideais claras, fortes, requer o objetivo de buscar o bem, mesmo que não tenhamos tempo hábil de vê-lo, buscar o bem do país que será deixado para os nossos filhos e netos. Esse compromisso de mudança convida-nos a  olharmos corajosamente para nossa vida e examiná-la para identificar em que momentos ela está sendo, em alguma instância, corrupta, injusta e, com coragem, retificar. 

É verdade, estamos chegando ao fundo do poço, estamos vivendo um momento difícil e turbulento, mas não podemos perder as esperanças. Precisamos decidir lutar, nos encher de força, de coragem e iniciar esse processo de dentro para fora. Afinal, toda e qualquer mudança efetiva começa dentro de nós!

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro, Fonoaudióloga e educadora blog Educando Nação
 

 

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