Como está a rede de atenção básica de saúde da capital um mês depois das mudanças?

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25 de abril de 2020

A chegada do novo coronavírus na capital paulista fez com que a Prefeitura de São Paulo editasse a Portaria 154/2020, em vigor desde 23 de março, determinando a suspensão parcial e temporária de consultas, exames, procedimentos e cirurgias de rotina nos ambulatórios hospitalares e na rede de atenção básica na cidade de São Paulo.

Desde então, seja por ligação telefônica, seja por comunicações nas unidades hospitalares, as pessoas têm sido avisadas sobre a suspensão dos procedimentos.

A Prefeitura assegura que a medida é necessária para garantir o atendimento adequado à população e “diminuir a cadeia de transmissão do novo coronavírus, por meio do distanciamento social” e “pela necessidade de prevenir e reduzir os riscos de infecção pelo novo coronavírus de servidores e usuários que frequentam os equipamentos de saúde”.

Nem todos os atendimentos, porém, estão suspensos. Na atenção básica continuam as consultas de Pré-Natal, de puerpério, o acompanhamento de doenças infecto-contagiosas, como tuberculose, sífilis e HIV; além das urgências clínicas e odontológicas, coleta de exames, curativo, inalação e medicação. Também as farmácias permanecem em funcionamento durante todo o horário de atendimento de cada unidade.

Na rede hospitalar de atendimento, de acordo com a Prefeitura, continuam os atendimentos que chegam via SAMU, as urgências e emergências, a atenção a gestantes, parturientes, pacientes oncológicos, além das cirurgias e procedimentos de urgência e emergência e as avaliações ambulatoriais pós-cirúrgicas ambulatoriais.

Medo de ser infectado

Médicos ouvidos pela reportagem do O SÃO PAULO, sob a condição de anonimato, contaram detalhes de como tem sido esse período de trabalho após a edição da Portaria 154.

Uma das constatações é a menor quantidade de pessoas que procuram os serviços nas unidades básicas de saúde (UBS). “O fluxo de atendimento está baixo nos postos de saúde, por isso, recebemos uma convocação de remanejamento para ir para UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] e AMAs [Assistência Médica Ambulatorial], que tem maior procura de pessoas com suspeita do novo coronavírus”, relata uma médica que atua na zona Sul da cidade.

“Muitas gestantes estão com medo de ir ao posto de saúde. O movimento caiu muito. De uma agenda que eu tenho de, em média, 16 pessoas para atender por dia, tem ido 8, 9 gestantes”, conta um obstetra que atende em uma UBS na zona Noroeste.

Atendimento a crianças e gestantes

Na Portaria 154 consta que as consultas de puericultura, voltadas para crianças com até 2 anos de idade, devem ser realizadas em domicílio a cada dois meses pelas equipes das UBSs.

Mulheres grávidas continuam sendo atendidas na rede de atenção básica em consultas mensais, quinzenais ou semanais, conforme a fase de gestação. Para as com gravidez de alto risco ou que estejam prestes a dar à luz, os médicos ouvidos pela reportagem dizem que precisam comunicar a Secretaria Municipal de Saúde para saber onde essas mulheres serão atendidas, pois muitos hospitais de referência, sejam municipais, sejam estaduais, têm a maioria das estruturas voltadas para pacientes com a COVID-19.

Um dos médicos obstetras citou o caso de uma gestante em trabalho de parto que foi a três hospitais da zona norte, mas só conseguiu dar à luz em um hospital público na zona Sul. 

O Diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), José Erivalder Guimarães de Oliveira, afirma ser compreensível que a maior parte da estrutura de saúde esteja voltada para o atendimento dos casos de COVID-19, mas ressalta que deve haver um equilíbrio.

“Temos dialogado com a Prefeitura para que haja leitos específicos para a COVID-19 e outros para as demais emergências. No caso do infarto agudo do miocárdio, de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), por exemplo, os hospitais precisam suprir essa demanda. Os leitos não podem ser apenas para COVID-19”, afirmou Oliveira.

Grupos vulneráveis e pacientes crônicos

Em nota à reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que “foram instituídos mecanismos para monitoramento semanal das populações mais vulneráveis, dentre elas, as pessoas com doenças crônicas, através de contatos telefônicos ou presencialmente, com o intuito de dar continuidade a este acompanhamento e identificar precocemente situações de risco que necessitam de intervenção ou atendimento para avaliação clínica. Se acontecer essa necessidade, o paciente é atendido e todas as medidas para o seu cuidado são tomadas”.

Segundo a SMS, neste grupo de monitoramento estão idosos, gestantes, puérperas, recém-nascidos, pessoas com deficiência física ou com doença mental, pessoas em risco nutricional, pacientes em assistência domiciliar e as emergências em odontologia.

“Eu tenho uma relação dos meus doentes crônicos. No posto de saúde, fazemos a renovação de receita médica deles, mas se precisarem de um exame de sangue, temos pedido para que só façam daqui 30, 60 dias, exceto se for um caso muito urgente. A receita dos crônicos foi postergada, passando a ter validade de 6 meses para 9 meses. Já uma receita dada para um paciente crônico hoje, vale por um ano, pra evitar que ele venha à unidade de saúde apenas para isso”, relatou a médica que atua na zona Sul.

O diretor do Simesp aponta que "no caso de doenças crônicas com necessidade de acompanhamento, as consultas não podem ser canceladas. Uma pessoa que tem um problema cardíaco, por exemplo, ou um diabético, eles precisam de medicamento, devem ir à unidade de saúde pra isso. O mesmo vale para alguém com problema psiquiátrico”. Ele também observa que “cada caso é um caso, e o médico que está acompanhando o paciente precisa avaliar. Por exemplo, o atendimento de alguém com um cisto de ovário simples não é nenhuma urgência, pode aguardar, mas de alguém com um câncer não pode ser cancelado”, complementa.

Teleatendimento

Em muitas situações, para evitar o aumento do fluxo de pessoas nas unidades de saúde, o teleatendimento têm sido uma das opções.

“Eu ligo para o paciente, converso com ele, vejo se está sentindo algo e o oriento. Se for preciso mudar a medicação, faço a receita e a agente comunitária de saúde leva na casa dele. Em alguns casos, mais extremos, o médico vai nas residências. Portanto, não está se deixando de fazer o acompanhamento dos crônicos, mas buscando se evitar que venham na unidade de saúde”, diz a clínica geral que atua na zona sul.

Outra médica que trabalha em hospitais da rede pública avalia que o teleatendimento é também uma medida de proteção aos pacientes em tempos de pandemia: “Boa parte dos médicos não faz só o ambulatório. O médico trabalha na emergência, é plantonista em algum lugar, então o risco de ele ser uma pessoa que transmita a COVID-19 para esses pacientes da consulta ambulatorial é muito grande”.

Triagem nas unidades de saúde

A maioria dos médicos e outros profissionais da saúde ouvidos pela reportagem asseguraram que tem havido redobrados cuidados para que nos ambientes de espera para atendimentos ocorra a separação entre as pessoas com suspeitas da COVID-19 e as que chegam com outras demandas, como para se vacinar ou fazer a retirada de medicamentos.

Uma das medidas é a entrada por portas diferentes da unidade de saúde, sempre que possível. Outra é o enfermeiro da triagem avisar prontamente o médico quando alguém apresenta sinais e sintomas da COVID-19.

“Os pacientes que procuram a rede de atenção básica ou hospitalar passam por serviço de triagem de profissionais treinados quanto aos critérios para identificação dos casos suspeitos para a COVID-19. São recepcionados por funcionários que lhes entregam uma máscara e os encaminham para área separada até o atendimento, que será prioritário, limitando sua movimentação fora da área de isolamento. Eles são orientados a fazer higienização das mãos com sabonete líquido ou álcool em gel 70%, evitando tocar os olhos, nariz e a boca com as mãos antes de lavá-las. Também recebem informações adicionais sobre a etiqueta da tosse (cobrir a boca com a parte interna do braço ao tossir ou espirar). O fluxo do atendimento é otimizado, possibilitando menor tempo de presença do usuário na unidade”, informou a Secretaria Municipal de Saúde à reportagem.

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CNBB emite nota contra a descriminalização do aborto em infectadas por zika vírus

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21 de abril de 2020

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em sintonia com segmentos, instituições, homens e mulheres de boa vontade, convocou a todos, por meio de uma nota oficial, pelo empenho em defesa da vida, contra o aborto. A entidade se dirigiu, publicamente, como o faz em carta pessoal, aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para compartilhar e ponderar argumentações, e considerar, seriamente, pelo dom inviolável da vida.

CLIQUE E LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA

Reiterando que a fé cristã compromete, de modo inarredável, na defesa da vida, em todas as suas etapas, desde a fecundação até seu fim natural, a nota salienta que este compromisso de fé é também um compromisso cidadão, em respeito à Carta Magna que rege o Estado e a Sociedade Brasileira, como no seu artigo quinto, quando reza sobre a inviolabilidade do direito à vida.

No texto, a presidência da CNBB demonstra a preocupação e perplexidades, no grave momento de luta sanitária pela vida, neste tempo de pandemia, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de pautar para este dia 24 de abril, em sessão virtual, o tratamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 5581, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos – ANADEP, que pede dentre outras questões relacionadas ao zika vírus, a descriminalização do aborto caso a gestante tenha sido infectada pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti.

Na oportunidade, a Conferência reiterou sua imutável e comprometida posição em defesa da vida humana com toda a sua integralidade, inviolabilidade e dignidade, desde a sua fecundação até a morte natural comprometida com a verdade moral intocável de que o direito à vida é incondicional, e disse que o mesmo deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana.

“Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto. São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto”, diz um trecho da nota.

A CNBB reafirma, ainda, fiel ao Evangelho de Jesus Cristo, o repúdio ao aborto e quaisquer iniciativas que atentam contra a vida, particularmente, as que se aproveitam das situações de fragilidade que atingem as famílias. “São atitudes que utilizam os mais vulneráveis para colocar em prática interesses de grupos que mostram desprezo pela integridade da vida humana. (S. João Paulo II, Carta Encíclica Evangelium Vitae, 58)”.

A entidade espera e conta que a Suprema Corte, pautada no respeito à inviolabilidade da vida, no horizonte da fidelidade moral e profissional jurídica, finalize esta inquietante pauta, fazendo valer a vida como dom e compromisso, na negação e criminalização do aborto, contribuindo ainda mais decisivamente nesta reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça, do respeito incondicional à dignidade humana e na reorganização da vivência na Casa Comum, segundos os princípios e parâmetros da solidariedade.

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Paróquia no Brás cria Operação Saúde diante do novo coronavírus

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08 de abril de 2020

Devido à atual pandemia do novo coronavírus, a Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, no Setor Pastoral Brás, implementou uma comissão de saúde. A chamada Operação Saúde é composta por paroquianos profissionais de várias áreas que colocam à disposição seu conhecimento e seu tempo para levar informação para a comunidade.

São oito equipes, divididas por áreas: Medicina (formada por médicos e estudantes de Medicina), Enfermagem e cuidados práticos (com enfermeiros e cuidadores), Nutrição (com nutricionistas), Saúde Mental dos Adultos (com psicólogos), Atividade Física (com educadores físicos), Medicamentos (composto por farmacêuticos), Saúde das Crianças (com pedagogas) e Saúde Espiritual (por conta do pároco).

Os vídeos com os conteúdos produzidos estão sendo divulgados pelo Facebook da Paróquia (facebook.com/nsaparecidaferroviarios), por grupos de WhatsApp oficiais da comunidade no site da Região Sé.

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Governo de São Paulo não descarta adoção de medidas mais restritivas

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26 de março de 2020

Em coletiva de imprensa no início da tarde desta quinta-feira, 26, no Palácio dos Bandeirantes, o governador de São Paulo, João Doria Junior, disse que não está descartada a possibilidade de restringir a circulação de pessoas com mais de 60 anos, diante do aumento dos casos do novo coronavírus.

 “Ontem falei com o prefeito Bruno Covas sobre essa perspectiva, e devo informar que ela é real. Se nós continuarmos ainda vendo nas ruas e em áreas de circulação de pessoas que visivelmente têm mais de 60 anos, elas poderão ser abordadas por policiais militares ou agentes da Guarda Civil Metropolitana, recomendando que sigam para suas casas”, afirmou o governador.

Doria disse que ainda não há condições de avaliar se será preciso prorrogar a quarentena sanitária em todo o Estado de São Paulo, que, inicialmente, seguirá até 7 de abril. O governador afirmou que analisa a situação diariamente e toma decisões com base em indicadores e recomendações dos grupos de trabalho.

O Estado de São Paulo registra 862 casos da doença, que nacionalmente já infectou 2.433 pessoas até o começo da tarde desta quinta-feira, um mês após o primeiro caso do novo coronavírus no pais.

O Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann, lembrou que no início São Paulo concentrava cerca de 90% dos casos, hoje são aproximadamente 30% do total, o que indica a expansão da epidemia por todo o país. Para ele, a situação só não é ainda pior graças às medidas de restrição de mobilidade.

O Secretário disse que talvez sejam necessárias medidas de maior restrição de circulação de pessoas: “Hoje não se está fazendo um isolamento, mas sim um distanciamento social. O próximo passo, se houver necessidade, será o isolamento domiciliar ou social, e se tiver de apertar este cinto ainda mais, teríamos o lockdown, que é o uso da força policial para manter as pessoas em casa. Não estamos nessa situação ainda, mas não sei se estaremos um dia, mas se mantivermos os idosos em casa tal qual um lockdown, nós teremos um comportamento da crise que, talvez, nos favoreça para não colapsar o sistema de saúde”, analisou.

Doria voltou a pedir às famílias que convençam os idosos a permanecer em suas casas e que protejam os grupos mais vulneráveis à doença.

Repasse de verbas

O governador também anunciou que o Estado de São Paulo vai repassar R$ 218 milhões para enfrentamento ao novo coronavírus em 80 cidades paulistas com mais de 100 mil habitantes. O dinheiro será usado para a instalação de centros de referência e hospitais de campanha.

Na sexta-feira, 27, será feito o anúncio de repasses específicos para programas contra o avanço da COVID-19 na cidade de São Paulo; e na segunda-feira, 30, vai ser apresentado o repasse que será feito aos demais municípios do Estado.

Encontros religiosos

Mesmo diante do decreto do Governo Federal que declara as atividades religiosas como essenciais, Doria voltou a pedir aos líderes religiosos que se atentem para a gravidade da pandemia e mantenham os cultos e missas sem a presença de pessoas.

“Eu tenho certeza que aqueles que são dirigentes de Igrejas católicas, evangélicas, anglicanas e de todas as manifestações religiosas, todos eles têm bom senso, equilíbrio e a capacidade de compreender a gravidade da situação em que estamos. Boa parte das igrejas já iniciou missas e cultos não presenciais, estimulando o uso da televisão e de outros canais pela internet, permitindo que os milhões de fiéis possam seguir processando sua fé. Faço um apelo para que os dirigentes de igrejas compreendam a gravidade e as igrejas possam fazer seus cultos virtualmente e não presencialmente”, afirmou Doria.

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O novo coronavirus, nós combatemos juntos!

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26 de março de 2020

O número de casos de COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus, no Brasil passou os 1.500 no domingo, 22. A chegada do vírus no Brasil traz grandes desafios à sociedade e precisamos combatê-lo juntos. Para isso, informação é essencial.

Como começou?

Tudo começou em dezembro de 2019 em Wuhan, na China, com um surto de quadros de pneumonia. Logo identificou-se o causador: um tipo de coronavírus. O vírus que agora contamina os humanos tem origem natural e provavelmente surgiu de mutações em vírus que antes infectava apenas animais como morcegos e pangolins.

Como o vírus se espalha?

O novo coronavirus se espalha rapidamente. Em média, uma pessoa infectada (apresentando sintomas ou não) transmite a doença a três outras pessoas. A transmissão se dá por contato pessoal. Gotas de saliva podem cair próximo a boca e nariz da outra pessoa e serem inaladas. Ou então, ao colocar as mãos em superfícies contaminadas e depois levá-las à boca ou nariz.

Quem é atingido?

O vírus atinge toda as faixas etárias e o maior grupo de risco são os idosos, diabéticos e hipertensos. Entre todos os infectados, cerca de 20% apresentam quadros severos que exigem hospitalização. Cerca de 38% dos pacientes hospitalizados nos Estados Unidos têm entre 20 e 54 anos, mostrando que mesmo os jovens devem tomar as precauções necessárias.

Por que é tão grave assim?

Devido a sua rápida disseminação, o vírus pode atingir uma grande quantidade de pessoas em pouco tempo. Quanto mais pessoas infectadas, maior o número de pessoas precisando de internação hospitalar. No entanto, a capacidade do sistema de saúde é limitada. O controle do número de infectados é crucial para garantir o atendimento a todos os pacientes em casos graves. É a sobrecarga do sistema de saúde que eleva as taxas de mortalidade, como visto recentemente na Itália.

Como combater?

O combate ao vírus exige medidas extremas de isolamento social a fim de evitar que muitos pacientes necessitem de atendimento médico ao mesmo tempo. Na China, foram registrados mais de 80 mil casos e cerca de 3.400 mortes, um número relativamente baixo considerando sua população total de 1,3 bilhões de habitantes. Isso só foi possível graças a medidas extremas de isolamento social adotadas rapidamente pelo governo chinês, bem como os altos investimentos na construção de hospitais para atender os infectados nas regiões mais afetadas. Um bom exemplo de como o isolamento social pode funcionar foi dado por Taiwan. A ilha se localiza à apenas 130 quilômetros de distância da China, e possui apenas 169 casos até o momento.

O que podemos fazer?

Individualmente, devemos evitar proximidade com pessoas e lavar as mãos frequentemente. É essencial que as pessoas permaneçam em casa para evitar a disseminação do vírus.

A pandemia pede que pensemos coletivamente. É importante termos responsabilidade na hora de fazer as compras. Compras além do necessário levam à falta de produtos aos que precisam. Para os empresários, se possível, dispensem os funcionários e os continuem pagando. Eles também precisam ficar isolados e continuar com suas responsabilidades financeiras. Solidariedade e empatia são necessárias em tempo de crises.

Estamos passando por um período delicado e é muito importante mantermos a calma e discernimento. Portanto, cuidado com o compartilhamento de informações, verifique as fontes antes de compartilhar para não gerar pânico. Valorizem a ciência! A gravidade do vírus tem sido menosprezada por muitas nações. Os cientistas vêm alertando e aconselhando qual melhor forma de agir. É preciso confiar neles!

O que fazer se ficarmos doente?

Com o aparecimento de sintomas semelhantes à gripe o aconselhado é se auto isolar por 14 dias. Apenas em caso de piora dos sintomas é recomendado procurar um médico, inicialmente por telefone. Não se automedique.

Como lidar com o isolamento?

O isolamento social forçado pode afetar nossa saúde mental. Usem as redes sociais para manter seus círculos de amizade ativos, estabeleça uma rotina saudável em casa com exercícios físicos e boa alimentação. Aproveitem o tempo livre para aquelas atividades que adiamos há anos, para aprender coisas novas, investir na meditação...

Por fim, pratiquem a gratidão aos profissionais de saúde, eles enfrentarão dias difíceis pela frente e merecem todo o nosso respeito e admiração. Ficar em casa é a nossa melhor forma de contribuir.

 

Gabriela Molinari Roberto

Gustavo Borges

Lara Elis Alberici Delsin

Biólogos com Graduação e Mestrado pela Universidade de São Paulo, atualmente desenvolvem pesquisa em Biologia Molecular na Universidade de Montreal, Canadá.

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A alimentação pode ajudar na fertilidade

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06 de março de 2020

A maior parte das mulheres, ao descobrir a gravidez, procura dicas de nutricionistas, sites e outros meios para compreender como ter uma alimentação saudável durante a gestação. Médicos aconselham diminuir o consumo de açúcar e sal e ingerir em maiores quantidades verduras e carnes que contenham ferro, por exemplo. O que muitas pessoas não sabem, porém, é que a ingestão de alguns alimentos específicos é fundamental para a melhoria da saúde reprodutiva e essencial para a fertilidade.
Em entrevista ao O SÃO PAULO, Nayara Massunaga Okazaki, nutricionista doutoranda em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional e Fitoterapia Funcional, explicou que a fertilidade envolve sistemas reprodutores, tanto masculino quanto feminino, que devem funcionar de forma saudável. 
“Esses sistemas são responsáveis pela produção de hormônios, que, por sua vez, atuam na produção de óvulos e espermatozoides. Para que tais processos aconteçam, são extremamente necessários alguns nutrientes, como zinco, magnésio e vitamina D, especialmente. A alimentação anti-inflamatória também é indicada, uma vez que o estresse oxidativo atrapalha o bom funcionamento destes sistemas”, disse. 
Nayara recordou que existe, ainda, um contexto de alimentação que pode não ser saudável e dificulta a atuação dos hormônios envolvidos na fertilidade. Essa foi a experiência vivida por Rachel Terra Costa Rosatti, que, aos 30 anos, está grávida do segundo filho. 

FORÇA E FOCO
Formada em Educação Física e Fisioterapia, Rachel contou à reportagem que, embora esteja ligada ao universo da saúde desde jovem, nunca cuidou da própria saúde e chegou a pesar 142kg.  
“Sempre fui mais gordinha. Depois que entrei na faculdade e comecei a trabalhar, engordei ainda mais. Embora sonhasse em formar uma família e ter filhos, percebi tarde o quanto o estilo de vida que levava até então poderia dificultar a gestação”, contou.
Casada e após meses sem usar nenhum tipo de método para impedir a gravidez, Rachel percebeu que a obesidade era, realmente, um causador de infertilidade. 
“Nunca fiz uso de anticoncepcionais e não usava nenhum tipo de dispositivo para evitar a gravidez nas relações com meu esposo. Com 142kg eu me considerava uma pessoa infértil. Tentei emagrecer, sem sucesso. Então, decidi fazer cirurgia bariátrica. O pós-operatório foi extremamente difícil para mim e, em dezembro de 2016, comecei o processo de emagrecimento. Em julho de 2017, descobri que estava grávida. No entanto, a orientação era que a gestação ocorresse somente dois anos após a cirurgia, devido aos déficits alimentares e, por isso, fiquei muito preocupada. Foi uma gravidez acompanhada, e, como eu ainda estava em processo de emagrecimento, perdi 17kg, que não foram só de gordura, mas também de músculos, o que me deixou muito fraca”, contou.
Internada, Rachel passou por uma cirurgia cesariana de emergência com 38 semanas de gestação.
“Graças a Deus, meu filho nasceu bem e agora já estou no quarto mês de uma segunda gestação. Hoje, tenho uma alimentação muito melhor e procuro, cada vez mais, mudar os hábitos, cotidianamente. Já estamos até pensando em um terceiro filho”, disse Rachel, sorridente. 

HÁBITOS SAUDÁVEIS
Thatiana Galante, nutricionista funcional, com amplos conhecimentos em medicina tradicional chinesa com foco em saúde da mulher, afirmou à reportagem que a alimentação não é apenas uma aliada, mas essencial para a fertilidade do casal. 
“Todas as nossas células necessitam de nutrientes, e não é diferente com os óvulos e espermatozoides. Células pobres em nutrientes produzem óvulos de baixa qualidade, e assim também acontece com os espermatozoides. Por exemplo, para a cauda do espermatozoide se movimentar rapidamente, é necessária a presença de zinco. Na minha prática, é muito comum avaliar homens com baixa quantidade de zinco no organismo. Isso é apenas um exemplo de falta de um nutriente que afeta diretamente a fertilidade”, explicou Thatiana.
A nutricionista salientou que todos os alimentos não industrializados são aliados quando o assunto é gravidez e que cada pessoa deve ser vista especificamente. O mesmo ocorre durante a gestação, cuja avaliação deve ser feita a cada trimestre. 
Acerca dos alimentos que prejudicam a fertilidade, Thatiana ressaltou que “existem hábitos alimentares que afetam a fertilidade, tais como o consumo de café, bebidas alcoólicas, fumo e frituras. Esses são exemplos de hábitos que devem desaparecer da rotina de quem quer engravidar”. 

CURA PELA NATUREZA
Priscila Coelho de Oliveira, 36, está muito feliz em seu quinto mês de gestação. Em janeiro de 2019, ela começou um processo de mudança de hábitos, mas não sabia que isso seria tão importante nos meses que seguiriam. 
“Quando meu esposo e eu decidimos tentar engravidar, fomos juntos à ginecologista. Fiz exames de sangue, e, fisicamente, tudo parecia estar bem. Após o segundo mês de tentativas, a médica sugeriu fazer um acompanhamento da ovulação com ultrassom. Foi então que descobrimos que eu não estava ovulando. Ela falou sobre as possibilidades de tratamento médico, e eu perguntei se antes poderia tentar um tratamento natural. Então, priorizei isso e comecei a cozinhar mais e cuidar melhor dos alimentos que consumíamos, tentando aumentar a quantidade de orgânicos e eliminar ao máximo os agrotóxicos. Além disso, fiz o acompanhamento com uma terapeuta integrativa”, contou Priscila.
Foram vários meses com uma dieta específica e uso de elementos como argila, óleos medicinais, tinturas e outros compostos para ajudar a regular a produção de hormônios e estimular a ovulação. “Além disso, comecei a consumir sementes como linhaça e girassol, que são adequadas para cada fase do ciclo. Sabemos, no entanto, que os tratamentos naturais são mais demorados e, por isso, em setembro, a médica me deu um ultimato e falou sobre opções medicamentosas. Após conversar com meu esposo, decidimos que começaríamos com os remédios em outubro”, recordou. 
O casal, porém, fez ainda um último tratamento, com ingestão, em jejum, de um composto que continha canela e mel. Foi grande a surpresa quando, em outubro, na consulta médica seguinte, receberam a notícia de que a ovulação de Priscila tinha se normalizado. “A gravidez veio em novembro e não precisamos de nenhum outro medicamento”, contou, feliz.

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Coronavírus leva Governo Federal a elaborar PL sobre quarentena sanitária

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05 de fevereiro de 2020

O Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional, na terça-feira, 4, um Projeto de Lei (PL) com regras para a adoção de quarentenas sanitárias no Brasil. 


A medida acontece dois dias após ser anunciada a repatriação de brasileiros que vivem em Wuhan, na China, cidade mais atingida pela epidemia de coronavírus, que já infectou, ao menos, 20 mil pessoas naquele país e resultou em mais de 400 mortes. Também há casos confirmados em outras 26 nações.


“A lei trará todos os detalhes técnicos da quarentena. Ela vai harmonizar e colocar [o Brasil] em um patamar de igualdade com a legislação de outros países que possuem mecanismos similares. Temos que aprender com o que está acontecendo e nos preparar, porque isso pode acontecer no nosso quintal”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista coletiva na segunda-feira, 3. 


No Brasil, nenhum caso de coronavírus havia sido confirmado até a tarde da terça-feira, 4. No entanto, 14 pacientes estão sendo monitorados, em quatro estados. 


Ainda que o Projeto de Lei não seja aprovado pelo Congresso, o Governo Federal já definiu que os brasileiros que estão em Wuhan passarão por exames prévios para checagem das condições clínicas de viagem. Ao retornarem ao Brasil, irão permanecer em um período de quarentena. O prazo de isolamento e local onde ficarão ainda não está definido.


“Não podemos trazer quem esteja com febre e gripado dentro do avião, junto com aqueles que não apresentam sintomas de gripe. A pessoa tem que estar em boas condições clínicas de viajar, para segurança dela e dos outros passageiros”, informou Mandetta.


Na China, pesquisadores já descobriram que o novo tipo de coronavírus contagia seres humanos por meio de um receptor celular idêntico ao que causou a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) no país, há 17 anos. Por isso, já avaliam que drogas e vacinas criadas para a SARS poderiam ser utilizadas para tratar pacientes com o novo coronavírus. 
 

Fontes: Ministério da Saúde, Agência Brasil e G1
 

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‘A poliomielite não é uma doença pontual’

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06 de dezembro de 2019

Doença contagiosa aguda [agudas são as doenças que têm um curso acelerado, terminando com convalescença ou morte em menos de três meses] que pode ser contraída por crianças e adultos, a poliomielite é responsável por provocar, nos casos graves, paralisia dos membros. De acordo com o Ministério da Saúde, o último caso de infecção por este poliovírus selvagem no Brasil ocorreu em 1989, na cidade de Sousa (PB). 
Em todo o território nacional, existe uma estratégia de prevenção pautada em campanhas de vacinação em massa. Essa é a única forma de evitar a contaminação. Entretanto, seguundo a pasta, atualmente, cem municípios brasileiros apresentam coberturas vacinais abaixo de 50%, muito inferior aos 95% recomendáveis. 
O médico infectologista do Hospital Emílio Ribas, Jamal Suleiman, falou ao O SÃO PAULO sobre como os baixos índices de vacinação preocupam e devem servir de alerta para um possível retorno da doença no País. 

O SÃO PAULO – Em termos gerais, como pode ser definida a poliomielite?
Jamal Suleiman – É uma doença viral, de transmissão entre pessoas, fundamentalmente orofecal, ou seja, pelo contato com águas contaminadas ou fezes. Uma situação de mau saneamento básico aumenta, substancialmente, o risco de transmissão entre pessoas. Essa doença pode comprometer os movimentos por meio de uma paralisia flácida, quando o sujeito perde a capacidade de se movimentar, e provocar a impossibilidade de respiração.

QUAIS SÃO AS CAUSAS E SINTOMAS MAIS COMUNS
Pode ser uma perda súbita ou gradual dos movimentos musculares em qualquer localização, que compromete o sistema nervoso. O sujeito perde a movimentação, dependendo do nível de comprometimento. Pode ocorrer na parte inferior do corpo – da cintura para baixo –, ou superior – da cintura escapular [dos ombros para baixo].
É uma doença relacionada ao saneamento básico precário. A reemergência, em um primeiro momento, diz respeito às crises humanitárias ao redor do mundo [guerra civil, revoluções, desastres naturais], em que a população necessita se descolar de um lugar para outro. 
Algumas pessoas têm o vírus e podem não sofrer nenhum tipo de problema, mas, a partir do momento em que ele chega à comunidade e ocorre o contato com os indivíduos suscetíveis [que são muitos], a infecciosidade se torna relativamente grande.

AS CAMPANHAS NACIONAIS DE VACINAÇÃO MUDARAM O PANORAMA DE ENFRENTAMENTO DA POLIOMIELITE NO BRASIL?
O Brasil sempre teve campanhas extensas e maciças de vacinação. A poliomielite está no calendário vacinal, mas, ainda assim, realizam-se campanhas extras para, exatamente, quebrar completamente a cadeia de transmissão.
A doença dispõe de uma vacina altamente eficaz e simples há décadas – com apenas uma dose o cidadão está protegido. O problema é que, atualmente, vivemos uma situação muito grave: a redução intensa da cobertura vacinal desta e de outras doenças, o que aumenta o risco de reemergência.
O que acontece agora é uma negação das vantagens dessas vacinas. É um pensamento completamente equivocado, pois não se observa como a vida melhorou quando as pessoas começaram a se vacinar. 
Um problema muito sério é a incapacidade de uma leitura crítica de textos. Tem um filósofo que diz que a internet deu voz aos idiotas e, com isso, o sujeito publica algo sem nenhum embasamento técnico, científico ou humanitário, que encontra eco na sociedade e rompe todo um trabalho eficaz de proteção à população. As políticas públicas acabam ficando comprometidas em virtude da disseminação de notícias falsas. Isso é muito triste e não ocorre apenas com a vacina da poliomielite, pois o que aconteceu com o sarampo é o exemplo mais evidente em São Paulo. 
Além disso, algumas coisas mudaram. Durante muito tempo, para efetuar matrícula na rede pública de educação, era necessário levar a carteira de vacinação de seu filho atualizada. Com isso, havia um controle das escolas, e a família tinha cuidado nesse aspecto. Essa determinação caiu. Esse fato e as fake news colaboraram substancialmente para a baixa na imunização. 

MESMO APÓS TANTOS ANOS SEM REGISTRO DA DOENÇA, O BRASIL DEVE SE PREOCUPAR COM OS BAIXOS ÍNDICES DE VACINAÇÃO? 
O Brasil não é um destino procurado para populações que vivem situações de catástrofes. Entretanto, é bom lembrar que de 90% a 95% das infecções são assintomáticas, o que significa que não haverá nenhuma manifestação clínica, mesmo quando contraído o vírus. Ao considerar lugares onde a cobertura vacinal é ainda mais baixa, o risco é muito maior. 
Eu não tenho como prever, em um intervalo de tempo, qual será esse risco; o que se sabe é que as distâncias estão mais curtas. Mesmo que o Brasil não tenha muito contato com países da África, onde a doença não foi erradicada, o risco existe. 
A questão principal é que um único indivíduo doente deve ser considerado grave, pois a forma paralítica da poliomielite é extremamente limitante. Na minha geração, muitas pessoas contraíram o vírus, sobretudo crianças que passaram a vida inteira sofrendo com um déficit provocado por uma doença absolutamente prevenível. 

ALÉM DA PARALISIA, QUAIS OUTRAS COMPLICAÇÕES A PESSOA CONTAMINADA PODE SOFRER?
A doença pode ser abortiva, ou seja, uma mulher grávida, quando contaminada, corre o risco de sofrer um aborto espontâneo. Essa 
realidade corresponde a 5% dos casos. Outra fórmula clínica é a meningite, que soma 1% dos diagnósticos. Existe, ainda, a síndrome pós-pólio, que piora, substancialmente, a funcionalidade de um indivíduo, pois ele terá uma grande fraqueza, fadiga, artrite degenerativa, dores nas articulações etc. Um total de 2% dos casos de contaminação do vírus resulta na forma paralítica, com sequelas graves.
Os três sorotipos do vírus da poliomielite são capazes de promover a paralisia. Existe uma frequência maior de um sorotipo para outro, mas isso, do ponto de vista de impacto na população, não é considerado em relação à infecciosidade, pois os três se alojam e se multiplicam no organismo.
Existem os indivíduos que não apresentarão nenhuma manifestação ou, no máximo, uma diarreia nos primeiros dias de contaminação, pois eles contêm uma baixa patogenicidade, que é a capacidade de promover a doença logo na infecção. Deste grupo, a cada 100 infectados, apenas dois terão paralisia. 
Não é uma doença pontual, da qual o sujeito irá se recuperar. A poliomielite, quando provoca a paralisia, traz uma complicação que será para toda a vida. E, nesse caso, a taxa de mortalidade é de 60%.

CRIANÇAS E ADULTOS TÊM IGUAIS RISCOS DE CONTRAIR POLIOMIELITE?
As crianças sofrem um risco maior e, por isso, a vacinação ocorre nessa faixa etária. Quando o adulto está em contato com o vírus, pode desenvolver anticorpos, de acordo com determinantes genéticos, mas a criança exposta ao vírus não desenvolve imunidade. Quando infectada, pode vir a óbito ou sofrer com sequelas graves. Os adultos têm uma capacidade melhor de responder ao vírus do que as crianças.

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Definidas as diretrizes para a assistência espiritual e religiosa em saúde

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16 de outubro de 2019

“Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda a criatura” (Mc 16,15). Esse mandado de Nosso Senhor, destinado a todos os cristãos, traz consigo o compromisso de tornar concreto, nas mais variadas dimensões, o Evangelho na vida cotidiana de todos os homens. 


Tal imperativo se baseia no próprio exemplo de Jesus: durante sua vida terrena, dentre as mais diversas situações vividas por Ele que demonstram a observância da prática evangélica, estão o apreço e o cuidado para com as pessoas enfermas. A elas Jesus se dirigia e as acolhia a todo instante, proporcionando-lhes a cura dos males, de maneira a lhes devolver não somente a saúde do corpo e da alma, mas também a própria dignidade.


O Senhor confiou à Igreja o zelo por aqueles que estão com a saúde debilitada: “Estive enfermo e me visitastes...” (Mt 25,36). Essa atividade se constitui, portanto, como parte do anúncio de Sua mensagem, além de ser uma das obras de misericórdia corporais. 

RESPALDO NA LEI


De forma paralela ao que estabelece a Igreja, a vida em sociedade requer que se leve em consideração o que determina o Estado a esse respeito. Dessa forma, sabe-se que ao Estado democrático cabe a tutela das condições que garantam o pleno exercício da cidadania. Nesse contexto, incluem-se também as políticas voltadas à saúde pública, de forma a salvaguardar que a assistência médica e hospitalar seja acessível a todas as camadas da população, independentemente de sua condição social.  


Analogamente, a assistência espiritual àqueles que se encontram internados em unidades de saúde é assegurada por lei, uma vez que tal atividade se enquadra na inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença de cada cidadão, garantindo o seu livre exercício.


Nesse sentido, a legislação é bastante abrangente, não somente com dispositivos nos âmbitos municipal, estadual e federal, como também na própria Constituição Federal, a fim de garantir os direitos e deveres, tanto de quem recebe quanto de quem oferece a assistência espiritual e religiosa.

ORGANIZAÇÃO


A fim de organizar o serviço de assistência religiosa e espiritual católica nas unidades de saúde presentes na Arquidiocese, oferecer formação aos agentes da Pastoral da Saúde e promover a proximidade e o diálogo entre esta pastoral e as unidades de saúde, foram elaboradas e publicadas recentemente, com a aprovação do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, as Diretrizes da Arquidiocese de São Paulo para a Assistência Espiritual e Religiosa nas Unidades Hospitalares. 


Essas diretrizes determinam que os interessados em integrar a Pastoral da Saúde, além da ciência de que exercerão um trabalho voluntário, devem fazer um curso de formação de, no mínimo, três meses, contando um período de experiência, treinamento e acompanhamento. Além disso, após esse curso, devem estar em contato permanente com as atividades propostas pela Pastoral, de forma a ter uma formação constante. 


Entre os requisitos pessoais, devem possuir idoneidade moral e participação ativa na Igreja, ter mais de 18 anos, estar no exercício de seus direitos e responsabilidades civis, ser maduros, equilibrados e compassivos diante do sofrimento do próximo. 

DISPOSIÇÕES


Cumprir as deliberações e o regimento das unidades de saúde, saber dialogar com os profissionais da saúde – sem interferir nos seus trabalhos –, respeitar a individualidade e as crenças religiosas de cada paciente, evitar o proselitismo, bem como orações, gestos e outros sacramentais sem que haja o consentimento do enfermo, além de não prometer curas milagrosas: essas são algumas das disposições estabelecidas pelas diretrizes.  


Além dessas, vale destacar que a visita aos enfermos deve ser realizada com espírito colaborativo, sem o desejo de domínio ou imposição. A postura de escuta, a simplicidade, a atenção e o respeito para com os enfermos são fundamentais para a realização de um ótimo trabalho, bem como saber respeitar seus momentos de descanso e alimentação. 

FUTURO DE ESPERANÇA


A reflexão e o enfoque que vêm sendo dados à saúde como qualidade de vida, bem-estar integral e direito fundamental de toda pessoa evidenciam as condições essenciais para o desenvolvimento pessoal e comunitário.


No âmbito da Igreja, há um despertar de iniciativas e trabalhos organizados para promover a humanização dos serviços de saúde, das estruturas e das instituições hospitalares e educativas, fomentando a formação, a capacitação e a atualização dos profissionais da saúde em nível humano, ético e bioético.


Torna-se motivo de satisfação o surgimento de grupos de pastoral da saúde, de associações de enfermos, de organizações populares de saúde comunitária que formulam propostas no âmbito das políticas públicas de saúde, conforme estimula a Campanha da Fraternidade deste ano, como requisito indispensável para melhorar as condições de vida dos cidadãos.


A presença evangelizadora da Igreja por meio de numerosos leigos comprometidos, profissionais da saúde, sacerdotes e religiosos é fundamental para que se promovam, animem e apoiem essas iniciativas. 

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‘A mulher que conhece o próprio corpo pode identificar alterações nas mamas’

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16 de outubro de 2019

Até o fim deste ano, 60 mil pessoas no Brasil, em sua maioria mulheres, serão diagnosticadas com câncer de mama, conforme projeções do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Em todo o mundo, 2 milhões de casos são descobertos por ano, e 627 mil mulheres morrem vítimas da doença. Em 2017, no Brasil, o câncer de mama foi a causa de óbito de 16,7 mil mulheres.


O maior conhecimento da mulher sobre o próprio corpo e a adoção de hábitos de vida saudáveis são armas fundamentais na luta contra o câncer de mama, como destaca nesta entrevista a oncologista Fabiana Baroni Makdissi, diretora do Departamento de Mastologia do A.C. Camargo Cancer Center, hospital referência em tratamento e diagnóstico de câncer.

O SÃO PAULO – QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS FATORES QUE EXPLICAM A QUANTIDADE DE CASOS DE CÂNCER DE MAMA NO BRASIL?


Fabiana Baroni Makdissi – O câncer de mama é extremamente frequente na população feminina. O risco de uma mulher ter câncer de mama é cem vezes maior do que de um homem. A segunda questão é que o câncer é uma doença degenerativa. Assim, conforme a população envelhece e mais tem acesso aos métodos diagnósticos, haverá mais registros. Hoje, um grande número de mulheres sobrevive e continua tendo filhos. O que a gente sempre lamenta é a mortalidade. A incidência crescente acontece e a mortalidade depende de como se está  tratando as pacientes. Em países onde há uma incidência maior da descoberta de casos mais precocemente, a mortalidade é menor.

EM 15 ANOS, O BRASIL AVANÇOU DE UM PERCENTUAL DE 17,3% DE DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER DE MAMA, EM 2000, PARA 27,6%, EM 2015. O QUANTO AS INICIATIVAS COMO O ‘OUTUBRO ROSA’ COLABORAM PARA ESSA MELHORIA?


Falar da doença já é um alerta. Por isso, é importante haver um mês em que este assunto seja mais valorizado, mais tratado na mídia, e em que haja mais discussões em relação às políticas públicas e mais acesso a exames. Hoje a vida é muito corrida, cheia de tarefas, de modo que marcar um mês para que o assunto seja abordado faz com que as pessoas prestem atenção à própria saúde. No meu consultório, disponibilizo um ímã de geladeira: eu coloco a data da próxima consulta e dou à paciente para que ela grude na própria geladeira e preste mais atenção naquilo. A cada Outubro Rosa, há uma procura muito maior aqui no A.C. Camargo, o que demonstra que, quando há uma visibilidade maior, as pessoas prestam atenção e os governos também, porque um número maior de mulheres vai procurar pelos seus direitos em relação ao diagnóstico e tratamento da doença. 

O QUANTO O AUTOEXAME DAS MAMAS É EFICAZ? HÁ UMA IDADE EM QUE SEJA MAIS RECOMENDADO?
O nome “autoexame” é uma referência para as pessoas, mas estamos tentando mudar esse conceito para “autoconhecimento”. Conhecer o próprio corpo faz sentido para todas as faixas etárias. A mulher que conhece o próprio corpo pode identificar alterações nas mamas, que, na maioria das vezes, são alterações benignas. Se essa mulher ainda não está na fase de rastreamento mamográfico – pois não se recomenda que a mulher com menos de 40 anos faça a mamografia anual –, o sinal de alerta de que algo está diferente poderá salvar a sua vida. Então, que ela conheça o próprio corpo, apalpe as mamas e identifique alguma eventual modificação é importante em qualquer fase e, talvez, mais importante antes da mamografia, e ainda mais importante antes dos 40 anos, pois, possivelmente, seja o único método que a mulher terá disponível. O autoconhecimento deve ser estimulado nas mulheres em qualquer idade, para que elas saibam reconhecer o que é normal ou não no seu corpo e para que, identificando alguma alteração – uma secreção, afundamento da pele, inchaço, vermelhidão, mudança no formato da mama, um nódulo –, usem esse alerta e procurem um médico, que é quem vai garantir se essa alteração é um câncer de mama ou não. 

OS HÁBITOS DE VIDA PODEM DEIXAR A MULHER MAIS PROPENSA AO CÂNCER DE MAMA?
Esse é um aspecto interessante. Muitas pessoas falam da mamografia como se fosse prevenção, mas na verdade é um diagnóstico precoce. Prevenção são os hábitos de vida. Escolher um horário do dia para fazer uma atividade física regular, por exemplo, isso sim é prevenção ao câncer. Outras prevenções são: não fumar, não beber em excesso, estar atenta à obesidade, que é um dos grandes fatores de risco para o câncer de mama. Se o objetivo é a prevenção de câncer, é importante fazer atividade física, comer de forma saudável – reduzindo a ingestão de alimentos processados, de açúcar, de carne vermelha e ingerindo uma maior quantidade de frutas, legumes e verduras. 

A GESTAÇÃO PROTEGE A MULHER DO CÂNCER DE MAMA? 
Como o câncer de mama está relacionado à quantidade hormonal e exposição hormonal, quanto mais tempo exposta a hormônios, maior o risco para a mulher. A gestação funciona como que uma pausa. Assim, as mulheres que têm filho, principalmente em uma idade mais precoce, têm risco menor de desenvolvimento de câncer, mas não significa que isso blinde a mulher de ter o câncer um dia. Mas, de fato, a gestação, em idade mais jovem, é fator de proteção, assim como a amamentação: quanto mais tempo de amamentação melhor. Não usar hormônios adicionais, ou seja, não usar anticoncepcional ou reposição hormonal também reduz riscos. 

O QUE HÁ DE NOVIDADES NOS PROCEDIMENTOS TERAPÊUTICOS ?
Há uma quantidade grande de possibilidades que vão sendo adicionadas ano a ano. Há muitas coisas relacionadas à própria cirurgia. No A.C. Camargo, nós fazemos um tipo de cirurgia com radioterapia intraoperatória, para algumas mulheres com mais de 50 anos com determinados tumores em estágio inicial: é a cirurgia mais a radioterapia no mesmo tempo operatório. Há, ainda, outras técnicas de radioterapia mais avançadas, aparelhagens que causam melhor tratamento com menor morbidade, com menos efeitos colaterais; além de métodos de imagem que podem adicionar melhorias. E há o uso de drogas específicas, conforme o tipo de tumor, além do apoio multidisciplinar, proporcionando uma jornada contínua de tratamento.

DE QUE MANEIRA O ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO PODE AUXILIAR A PACIENTE AO LONGO DO TRATAMENTO?
No A.C. Camargo, temos os grupos da mama, em que as mulheres participam de uma espécie de roda de conversa. Temos os apoios personalizados, seja quando as pessoas ficam internadas, seja durante o atendimento ambulatorial, seja na realização da quimioterapia.

Existe esse apoio do grupo da Psicologia em toda e qualquer fase do tratamento. Não são todos os pacientes que aceitam ou que precisam disso, pois depende muito do apoio que recebem no contexto familiar, de amizade e, mesmo, da sua bagagem no enfrentamento de problemas. Conforme identifiquemos uma mulher que tenha um pouco mais de ansiedade, que venha sempre sozinha, que peça esse auxílio psicológico ou que sintamos a necessidade, encaminhamos para a Psicologia. 

QUEM CONVIVE PRÓXIMO A UMA MULHER COM CÂNCER DE MAMA PODE AJUDÁ-LA DE QUE MANEIRA?
Muitas mulheres se queixam da falta de apoio, de compreensão. As mulheres já passam por esse momento de estresse, medo de perder o marido, de perder o trabalho, e existe uma necessidade de compreensão e apoio de toda a sociedade, das empresas também. Eu sempre falo para as minhas pacientes para que elas conversem abertamente com as pessoas próximas, colocando o que sentem e do que têm necessidade. Assim, os colegas, o marido e toda a família precisam participar, pois o câncer não é de uma pessoa, é de todos os que estão por perto. 

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