O esporte entra em ação para melhorar a vida das pessoas com deficiência

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23 de setembro de 2019

Reabilitação, resgate da autoestima e inclusão social são alguns dos benefícios observados na prática esportiva para as pessoas com deficiência. Especialistas incentivam a realização de atividades físicas regulares, que, além de prevenir doenças, promovem a integração social e mostram que, mesmo com as limitações da deficiência, é possível ter uma vida normal e saudável. 


“A atividade física gera inúmeros benefícios para todas as pessoas, tenham elas ou não alguma deficiência. Mas quando pensamos em uma pessoa com algum tipo de deficiência, ela terá uma considerável melhora na agilidade, equilíbrio, força, coordenação motora, e todas as capacidades físicas serão desenvolvidas dentro do aspecto e limitação que ela possui”, disse o professor e preparador físico Lucas Vilas Boas ao O SÃO PAULO.

SUPERAR LIMITES

 
O esporte adaptado surgiu no início do século XX, para deficientes auditivos, e a partir de 1920 muitas modalidades esportivas passaram a ser adaptadas. O grande pioneiro que utilizou o esporte como meio de reabilitação física foi o médico alemão Ludwig Guttmann, que em 1944 abriu um centro especializado em lesões na coluna, o Stoke Mandeville Hospital, a pedido do governo britânico.


O local foi utilizado para a recuperação dos soldados feridos após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), e passou a valer-se do esporte como meio de reabilitação física. Guttmann começou a promover competições locais com os militares recuperados. Devido ao grande sucesso, outros países se juntaram às competições, que culminaram na realização dos primeiros Jogos Paralímpicos, em Roma, na Itália, em 1960.

INCLUSÃO E AUTOESTIMA


No Brasil, o primeiro esporte adaptado praticado foi o basquete em cadeira de rodas. Enquanto realizavam tratamento médico nos Estados Unidos, brasileiros com deficiência conheceram a modalidade e a trouxeram ao País. Em 1958, foi fundado o Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro, por iniciativa de Robson Sampaio de Almeida e pela ação do técnico Aldo Miccolis, dois pioneiros do paradesporto no Brasil.


A exclusão da sociedade é um dos principais desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência, e fator gerador de desânimo e baixa autoestima. Segundo Rodrigo Scialfa Falcão, psicólogo especialista em Psicologia do Esporte, a atividade física é um importante instrumento, mas convém que seja acompanhada por um profissional especializado. 


“Uma das principais contribuições é com relação à autoestima de quem pratica esporte e possui alguma deficiência. Além de melhorar a saúde em geral, há toda essa questão da superação dos limites e confiança. Caso seja praticado um esporte coletivo, também há a inclusão social e a integração”, afirmou Falcão à reportagem.

BASE PARA A FELICIDADE


Por proporcionar reabilitação, desenvoltura, autoestima e inclusão social, o esporte é uma ferramenta extremamente útil para a superação dos desafios existenciais que podem advir de uma deficiência, uma vez que auxilia o deficiente a compreender que suas limitações não o impedem de encontrar um autêntico sentido para sua existência. A superação de si mesmo e a doação ao outro, isto é, a realização dos valores fundamentais para a felicidade do ser humano, estão ao alcance de qualquer pessoa, como bem mostrou o psiquiatra austríaco Viktor Frankl, fundador da Logoterapia. Apoiando-se nas bases proporcionadas pelo esporte, a pessoa com deficiência pode abrir-se a uma nova esperança, e vir a descobrir na sua deficiência uma oportunidade, mais do que uma limitação.

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O gesto da escuta faz toda a diferença

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15 de setembro de 2019

As estatísticas apontam que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no planeta, o que resulta numa média de 800 mil mortes por ano. O problema é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade, sendo que para cada suicídio há 26 tentativas. 
Os números fazem parte de um levantamento efetuado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e ganham relevância mundial em decorrência do Dia de Prevenção do Suicídio, lembrado todos os anos em 10 de setembro. 
De acordo com o organismo internacional, todos os países, sejam ricos ou pobres, registram casos de suicídio. No entanto, quase 80% desses óbitos são identificados em nações de renda baixa e média. A maioria das ocorrências acontece em zonas rurais e agrícolas, sendo que o envenenamento por pesticida é o método usado em 20% de todas as mortes. Outros meios comuns são o enforcamento e o uso de arma de fogo.
A OMS lembra que, nos países de renda alta, já foi reconhecido um vínculo entre suicídio e problemas de saúde mental, como depressão e transtornos de uso de álcool. Contudo, muitos suicídios, aponta a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), são cometidos por impulso, em momentos de crise.

SETEMBRO AMARELO
A fim de intensificar esforços na prevenção do suicídio em nível mundial, teve início, em 2003, a campanha “Setembro Amarelo”. Articulada pela Organização Mundial da Saúde, Federação Mundial para a Saúde Mental e pela Associação Internacional de Prevenção do Suicídio, está presente em cerca de 40 países. No Brasil — cujas estatísticas apontam que a cada 45 minutos uma pessoa põe fim à própria vida —, as entidades responsáveis por sua organização e divulgação, desde 2015, são o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

SAÚDE PÚBLICA
A OMS considera a prática do suicídio um problema de saúde pública e recomenda que países identifiquem os principais métodos que algumas pessoas usam para pôr fim à própria vida. Com isso, é possível restringir o acesso a tais meios. Outras medidas para prevenir esse tipo de morte é a implementação de políticas para limitar o consumo abusivo de álcool e drogas.
O organismo internacional defende ainda o fornecimento de serviços de saúde mental eficazes. Analogamente, governos também devem oferecer acompanhamento médico após tentativas de suicídio.
Na avaliação da agência das Nações Unidas, é necessária uma abordagem integrada, que mobilize não apenas a saúde, mas também a educação, os meios de comunicação, instituições trabalhistas e o setor agrícola.
Cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros, afirma a OMS. Em muitos países, o tema é um tabu — o que impede pessoas que tentaram se suicidar de procurar ajuda. Até hoje, apenas alguns países incluíram a prevenção do suicídio em suas prioridades de saúde e apenas 28 nações relataram ter uma estratégia nacional de prevenção.

MISERICÓRDIA 
Em 16 de outubro de 2018, o Papa Francisco falou para a televisão da Conferência Episcopal Italiana sobre o suicídio e a misericórdia de Deus. Na ocasião, o Santo Padre afirmou: “O suicídio seria como fechar a porta à salvação, mas tenho consciência de que nos suicídios não há plena liberdade. Pelo menos acredito nisso. Ajuda-me o que o Cura D’Ars disse à viúva cujo esposo se suicidou jogando-se de uma ponte em um rio. Disse: ‘Senhora, entre a ponte e o rio está a misericórdia de Deus”.
É fazendo desta misericórdia uma inspiração divina que, cada vez mais, a Igreja demonstra preocupação com os altos números de suicídio e vem, juntamente, com seus fiéis buscando maneiras de contribuir para que a vida seja cultivada. 
Em Divinópolis (MG), Janaina Nunes é missionária consagrada da Comunidade Católica Missão Maria de Nazaré. Todos os dias, ela e outros missionários da comunidade atendem pessoas com o serviço de escuta por meio do projeto “Eu quero você vivo”.
A comunidade foi fundada há 14 anos e, desde então, realiza o trabalho de ouvir e rezar por aqueles que a procuram. Entretanto, o aumento no número de suicídios na cidade mineira fez com que os missionários percebessem a necessidade de organização e divulgação do projeto.

ESCUTA
“Todas as pessoas são, carinhosamente, muito especiais. Para mim, o que marca é poder fazer algo tão simples, que é escutar. Algo extremamente simples e que faz uma enorme diferença para as pessoas, tanto que elas desejam voltar”, continuou a missionária. 
Janaina reforçou que não se trata de um tratamento profissional, mas que diariamente pessoas com sintomas de depressão frequentam o local. Em geral, os atendimentos ocorrem uma vez por semana, mas em casos mais complexos é possível a escuta mais de uma vez por semana. 
Ela recordou, ainda, o caso de um homem que já frequentava o espaço e que, ao se divorciar da esposa, pensou em interromper a própria vida, mas, graças à ajuda dos missionários, não cometeu o suicídio. 

CONVERSA EM GRUPO
A Paróquia Pessoal Nipo-Brasileira São Gonçalo, localizada na Praça Doutor João Mendes, no centro histórico de São Paulo, abre suas portas todas as quartas-feiras, das 14h às 16h, para quem deseja atendimento profissional.
A inciativa partiu do então Pároco, Padre Lourenço Gomes, já falecido, há oito anos, para que a Paróquia pudesse oferecer uma ação social para a comunidade. Doutor Bruno Predomo, psicanalista que, a pedido do Padre Lourenço, iniciou o trabalho, contou ao O SÃO PAULO que os atendimentos ocorrem por meio do diálogo em grupo e, em casos específicos, há o tratamento individual. 
Para ele, o principal de um tratamento é a permanência nos encontros, o que, ainda, é uma dificuldade no atendimento realizado na paróquia do centro da capital paulista. Não há requisitos para a participação e não é necessária inscrição prévia.

Algumas Paróquias que têm Pastoral da Escuta

PARÓQUIA SANTÍSSIMA TRINDADE
Avenida Marechal Fiuza de Castro, 861 - Vila São Domingos – Telefone: 3735-0461
Segundas e sextas-feiras, das 18h às 20h30
Quartas-feiras, das 18h30 às 20h30
Quintas-feiras, das 14h às 20h30


PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Praça Silvio Romero, S/N - Tatuapé - Telefone: 2093-1920
Segundas-feiras, das 10h às 12h e das 14h às 17h
Terças-feiras, das 9h às 12h
Quartas-feiras, das 13h às 16h
Quintas-feiras, das 9h às 11h e das 13h às 15h
Sextas-feiras, das 14h às 18h30


PARÓQUIA SÃO GERALDO
Largo Padre Péricles, S/N – Perdizes - 3667-0660
Terças e quintas-feiras das 15h às 18h

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Estado de São Paulo regulamenta direito das gestantes a cesáreas

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06 de setembro de 2019

Gestantes a partir da 39ª semana de gravidez, no estado de São Paulo, têm o direito de optar pelo parto cesariana, mesmo sem indicação médica, seja na rede pública de saúde, seja em hospitais particulares. A definição está na Lei 17.137/2019, sancionada pelo governador João Doria (PSDB), em 23 de agosto, a partir de um projeto de lei da deputada estadual Janaina Paschoal (PSL), aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado  de São Paulo. 


A medida é alvo de polêmicas entre os que defendem que se dê autonomia à gestante para escolher o parto normal ou a cesárea e aqueles que apontam as possíveis complicações desse procedimento obstétrico para a mulher e o bebê. 

Igualdade de condições e preservação da vida


De acordo com Janaina Paschoal, a lei dá igualdade de condições para a autonomia das parturientes no Sistema Único de Saúde (SUS), onde há, conforme já afirmou em entrevistas, uma “ditadura do parto normal”.


“O projeto atende, num primeiro momento, as mulheres, mas garante a vida e a integridade física das famílias. Muitos bebês morrem em virtude da imposição de um parto normal que, muitas vezes, é inviável; e, também, para preservar a saúde psicológica, física e emocional das mulheres. Atendi muitas mulheres que não tiveram seus desejos respeitados e perderam seus bebês, perderam seu desejo de ser mães”, afirmou Janaina, na cerimônia em que a lei foi sancionada. 


Também o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) defende a medida, por entender que “a avaliação de qualidade da assistência perinatal é multifatorial e não deve se basear nos ‘índices ideais de cesáreas’, desconsiderando as indicações médicas e a vontade materna”. 


Ainda segundo nota da instituição divulgada em julho, “o Cremesp tem instruído e julgado vários processos ético-profissionais em que os eventos adversos foram decorrentes da demora em se realizar cesariana e pelas complicações da insistência em ultimar partos vaginais”. 

Não recomendado pela OMS


A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o procedimento cirúrgico da cesariana seja feito apenas com indicação médica e quando a opção pelo parto normal represente risco para a saúde da parturiente e do bebê.


Em 2018, a OMS publicou um guia para incentivar a redução na quantidade de cesarianas em todo o mundo, com a meta de que se chegue a um percentual que não seja superior a 15%. No Brasil, a taxa de partos cirúrgicos do SUS é de 40%, enquanto na rede particular chega a 84%. Conforme dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, o Brasil possui a segunda maior taxa de cesáreas do planeta, 55,6% do total de partos, atrás apenas da República Dominicana (58,1%). 

Procedimento arriscado


Uma das entidades contrárias à nova lei é a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp). 


“A cesárea traz mais risco de morte materna, mais risco de hemorragia, de infecção, de mais sequelas para futuras gestações da mulher. É por isso que os países que têm as mais baixas taxas de mortalidade materna, como a Noruega, Suécia e Dinamarca, encontram-se com taxa de cesárea de 12% a 15%, e acham um percentual alto. Uma lei como essa vem na contramão de todo o trabalho para reduzir as taxas de cesárea, tanto no âmbito privado quanto no âmbito público”, avaliou, ao O SÃO PAULO, o obstetra André Malavasi, diretor da Sogesp. 


Para o médico, o único ponto benéfico da nova lei é a garantia de que a gestante possa receber analgesia durante o trabalho de parto. “Muitas vezes, por medo da dor, a mulher opta pela cesárea, que é uma cirurgia de médio porte, quando, na verdade, ela deveria estar recebendo uma analgesia para esta dor”, comentou, defendendo, ainda, que se promova a visita prévia da gestante ao hospital onde dará à luz, e a ela seja informado o direito de, no momento de uma contração dolorosa, receber uma analgesia farmacológica, popularmente conhecida como anestesia, ou contar com métodos não farmacológicos, como acupuntura ou massagens, por exemplo. 

Prejudicial ao bebê
Malavasi também alertou sobre os prejuízos que a cesárea traz ao bebê, como o acúmulo de mais líquido nos pulmões, pelo fato de não sofrer a compressão da bacia pélvica da mãe, como se dá no parto normal. Também pode haver problemas decorrentes da dificuldade de ingestão do leite materno.


“O bebê que nasce de cesariana tem uma pega de amamentação de qualidade inferior à criança que nasce de parto normal. Isso pode fazer, em alguns casos, que a mãe desista de amamentar. Sem a amamentação, a criança é mais propensa a infecções, a ter desnutrição e outras complicações, como um retardo do desenvolvimento neuromotor”, detalhou à reportagem. 

Sem estrutura para mais cesáreas?
O obstetra também avaliou que, com a nova lei, haverá aumento na quantidade de cesáreas no SUS: “Não haverá leito nem para as parturientes nem para os recém-nascidos, especialmente na rede pública. Não existe hoje uma estrutura no serviço público que dê conta de um aumento no número de cesáreas. Além disso, deve-se considerar as complicações que haverá, já que uma parte desses partos pode evoluir para infecção, as  pacientes precisarão ser internadas para tratamento ou para fazer uma nova cirurgia”. 


O secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, garantiu, na cerimônia de sanção da lei, que a rede pública de saúde em São Paulo está preparada para um eventual crescimento do número de cesáreas, mas considerou ser precoce prever um grande aumento: “Hoje, temos 43% de cesáreas [na rede pública estadual]. Dizer que vai para 60%, 65%, eu não acredito”. 


Doria também garantiu que a rede pública de saúde estadual está preparada para mais cesáreas, porém assegurou que a lei não tem o objetivo de incentivar esse procedimento. “A ideia não é que se faça a cesárea indiscriminadamente, mas que ela seja uma opção. O ideal é que, tanto quanto possível, o parto seja natural, comprovadamente melhor para a mãe e o bebê. A analgesia peridural é uma forma de a mulher vivenciar a experiência de ser mãe de maneira mais humana e indolor, com mais conforto e, o melhor, na companhia do pai do bebê ou outro acompanhante de sua escolha”, afirmou. 

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Surto de sarampo preocupa autoridades em São Paulo

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15 de agosto de 2019

O número de casos de sarampo no Brasil não para de subir. Segundo o Ministério da Saúde, 43 cidades dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia estão com surtos ativos da doença. 


Em São Paulo, o balanço divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde mostra que até 31 de julho foram registrados 967 casos de sarampo nas cidades paulistas. O número saltou 53% em relação à semana anterior, que tinha 633 registros.


A maioria dos casos é de pessoas de 15 a 29 anos e bebês de 6 meses a 11 meses e 29 dias. Por isso, a campanha de vacinação foi intensificada. Contudo, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, apenas 71% do público-alvo foi imunizado. 

HISTÓRICO
Embora no passado fosse considerado algo comum da infância, o sarampo é uma doença grave e altamente contagiosa. Com histórico de surtos em 2013, em Pernambuco, e em 2014, no Ceará, o Brasil recebeu em 2016 o Certificado de Eliminação do Sarampo, emitido pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), após o controle dos surtos com as medidas de bloqueio vacinal. 


No entanto, a partir de 2018, alguns casos começaram a vir da Venezuela, causando surtos nos Estados do Amazonas e Roraima, regiões onde a cobertura vacinal estava muito abaixo dos 95% recomendados. Com isso, o Pará também registrou aumento de casos em janeiro de 2018, e agora a doença tem se espalhado de forma muito rápida, o que levou o Brasil a perder o certificado emitido pela Opas.  

VACINAÇÃO
Para evitar o crescimento do surto, desde 10 de junho acontece uma campanha de vacinação nas regiões onde há aumento de casos. A campanha, que já havia sido lançada na Capital Paulista, em Guarulhos, Osasco, São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano do Sul, também passou a abranger as cidades de Barueri, Carapicuíba, Diadema, Mairiporã, Mauá, Santana de Parnaíba, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Taboão da Serra, todas na região metropolitana.


A campanha, que termina na sexta-feira, 16, prevê a vacinação de 4,4 milhões de jovens, de 15 a 29 anos, em todo o Estado, 2,9 milhões só na Capital. Além das unidades básicas de saúde, a vacinação também está acontecendo nas creches e escolas da rede pública estadual e municipal, para alunos e funcionários. 


O Ministério da Saúde pediu que bebês de 6 meses a 1 ano tomem vacina, em caso de viagem para cidades com surto da doença, com antecedência de 15 dias. 

INFORMAÇÕES 
Roberta de Castro, especialista em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal Fluminense, afirmou que a única forma de se prevenir do sarampo é por meio da vacinação: “Na rede pública, são utilizadas vacinas tríplices que protegem, inclusive, contra rubéola e caxumba. No caso de crianças com menos de 1 ano de idade, os pais devem evitar levá-las para ambientes aglomerados”, recomendou. 


 A Médica explicou, ainda, que as doses da campanha e dos bloqueios vacinais não substituem as do calendário de imunização nacional, pois são um reforço pontual. Ela ressaltou que os pacientes que não conhecem o histórico de vacinas também devem ser vacinados. “Para amenizar o risco de novos casos, todas as pessoas devem procurar a vacinação, especialmente as crianças pequenas e a população de 15 a 29 anos”, disse. 


Roberta também chamou a atenção para o hábito de não vacinação que tem se propagado entre algumas famílias. “Há pessoas que propagam informações sobre a não eficácia da vacina e acabam defendendo a ideia de que as vacinas causem efeitos colaterais sérios. Porém, esses efeitos são raros, e as complicações que podem ser ocasionadas pelo sarampo são muito maiores que qualquer efeito colateral da vacina”, reforçou. 

SINTOMAS
Os primeiros sintomas do sarampo podem incluir febre, tosse e coriza, como se fosse um resfriado. A perda de apetite também se manifesta e surgem manchas esbranquiçadas na boca, como se fossem grãos de sal. Após os primeiros sintomas, muitos pacientes apresentam conjuntivite (olhos vermelhos, lacrimejantes e fotofobia), manchas vermelhas que começam no rosto e se espalham para o corpo, além de dor de garganta.

COMPLICAÇÕES
As complicações mais comuns ocorrem em crianças e pacientes que estão comprometidos imunologicamente. A diarreia é a mais frequente, porém o sarampo também é capaz de causar otite aguda, pneumonia, hepatite e inflamações no cérebro. 

TRATAMENTO
A Especialista afirmou que não há um tratamento específico para o sarampo. Repouso e ingestão de líquidos é bastante importante, além de medicamentos para dor e febre. “Os casos que forem reconhecidos como sarampo devem ser isolados em casa de 4 a 6 dias após o início da erupção”, enfatizou a Médica.

(Com informações de pebmed.com.br)

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Bebês devem ser imunizados contra o sarampo em 39 cidades de SP

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12 de agosto de 2019

A partir desta segunda-feira (12), São Paulo vai vacinar contra o sarampo bebês com idade entre 6 meses a menores de 12 meses de 39 cidades paulistas que registraram casos da doença. A lista de municípios pode ser conferida abaixo.

Vale lembrar que a medida também inclui a aplicação de doses em crianças nessa faixa etária que vão se deslocar para essas cidades. Nesses casos, a vacinação deve ser feita pelo menos 15 dias antes das viagens.

A vacina tríplice viral protege contra sarampo, rubéola e caxumba. A aplicação da chamada “dose D” tem o objetivo de proteger as crianças e não será contabilizada no calendário nacional de vacinação. Ou seja, os pais ou responsáveis deverão levar as crianças aos postos para receber a tríplice viral aos 12 meses e também aos 15 meses para aplicação do reforço com a tetraviral, que protege também contra varicela.

Após a aplicação da “dose D”, é preciso aguardar pelo menos 30 dias para aplicação da tríplice aos 12 meses, como prevê o calendário. A relação dos municípios com indicação será atualizada semanalmente, com base na situação epidemiológica. Se necessário, novas cidades serão incluídas na estratégia.

Casos

As notificações entre crianças menores de 12 meses de idade representam 13,6% dos 967 casos existentes no Estado hoje. É importante frisar que 80% do total de casos se concentram na capital, com 778.

Paralela a essa nova medida, segue a campanha de vacinação contra sarampo focada em jovens de 15 a 29 anos em 15 municípios da Grande São Paulo. Desde 10 de junho, 1,2 milhão de pessoas nessa faixa etária foram imunizadas. A meta é vacinar 4,4 milhões até o dia 16 de agosto, data de encerramento da campanha.

Relação das cidades que requerem imunização de bebês de 6 meses a menores de 12 meses:

Atibaia
Barueri
Caçapava
Caieiras
Campinas
Capital – São Paulo
Carapicuíba
Diadema
Embu
Estrela D’Oeste
Fernandópolis
Francisco Morato
Guarulhos
Hortolândia
Indaiatuba
Itapetininga
Itaquaquecetuba
Jales
Jundiaí
Mairiporã
Mauá
Mogi das Cruzes
Osasco
Peruíbe
Pindamonhangaba
Praia Grande
Ribeirão Pires
Ribeirão Preto
Rio Grande da Serra
Santo André
Santos
São Bernardo do Campo
São Caetano do Sul
São José do Rio Preto
São José dos Campos
Sorocaba
Sumaré
Taboão da Serra
Taubaté

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Com empréstimo do BID, Prefeitura estrutura melhorias em saúde

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10 de agosto de 2019

Em até cinco anos, os moradores da Capital Paulista devem contar com melhorias nos serviços de saúde, a partir da adoção de inovações tecnológicas, capacitação de profissionais e construção e reforma de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além da inauguração de um hospital municipal. 


Esses são os principais pontos do programa “Avança Saúde São Paulo”, que começou a ser estruturado em 2018, mas só agora dá os primeiros passos. 


Em julho, a Prefeitura conseguiu assinar um contrato de empréstimo de US$ 100 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no qual também se comprometeu a destinar igual montante para o programa, totalizando, assim, um investimento de US$ 200 milhões (R$ 800 milhões), em cinco anos. 


Na semana passada, equipes técnicas da Secretaria Municipal de Saúde participaram de um workshop de três dias promovido pelo BID em São Paulo. Ainda este mês, deve ocorrer a formalização do cronograma de implantação das etapas do “Avança Saúde”. 

Quatro eixos
O programa está estruturado em quatro bases: apoio à modernização, reorganização e integração das redes locais de atenção à saúde; melhoria da eficiência e da qualidade do sistema de saúde; fortalecimento da gestão da informação e incentivo à inovação e ao uso de novas tecnologias em saúde; e administração e validação do projeto. 


“O contrato com o BID também estabelece melhorias de índices e metas de saúde a serem atingidas no setor da Saúde nos próximos cinco anos. Entre elas, redução da taxa de mortes prematuras em decorrência de doenças como Acidente Vascular Cerebral (AVC), doenças coronarianas e diabetes em homens e mulheres. Também é esperado redução do tempo médio de internações hospitalares”, informa a Prefeitura em seu site.

Investimento necessário
Em conversa com jornalistas, em 31 de julho, o prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou que, apesar de a Prefeitura já gastar com saúde mais do que o mínimo estabelecido pela Constituição e a Lei Orgânica do Município, não tem sido possível atender todas as demandas nessa área. 


Na avaliação do médico Stephan Sperling, especialista em Medicina de Família e Comunidade, que atua no Sistema Único de Saúde (SUS), os eixos do “Avança Saúde São Paulo” contemplam as principais urgências, e o investimento chega em um momento oportuno.

 “Uma das coisas que mais temos enfrentado no SUS é o subfinanciamento das ações em saúde, em especial após a Emenda Constitucional 95 [que limita os investimentos federais pelos próximos 20 anos, em algumas áreas, como a saúde]. Isso é preocupante, porque o orçamento acaba ficando refém de medidas provisórias, emendas parlamentares e dos gestores”, observou.


Sperling considerou que o ideal é que as ações em saúde sejam estruturadas em projetos de lei e planos de gestão, que transpassem governos e levem à produção de uma política pública em saúde, para que “quando o dinheiro se extinguir, não acabe o projeto e a educação continuada. Deve-se ver o que a Prefeitura tem feito para amarrar uma política que dê sustentabilidade a essas mudanças que vão ocorrer com esse dinheiro, para que não seja um investimento pontual e isolado na rede de atenção à saúde no município”. 

Novas tecnologias e capacitação profissional
Segundo o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, o programa contempla a aquisição de equipamentos para a rede hospitalar municipal, investimento em tecnologias como prontuário eletrônico, telemedicina e compartilhamento de dados clínicos, além da capacitação de 60 mil funcionários. 


“É por meio das pessoas que trabalham na rede, com foco na integralidade da assistência e na promoção à saúde da população paulistana, que se dará a maior transformação promovida pelo Avança Saúde”, escreveu Edson Aparecido, em artigo publicado no site do PSDB paulista. 


Para Paulo Moura, conselheiro municipal de saúde e membro da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo, a ampliação do uso da telemedicina – que permite, por meio de computadores, tablets e smartphones conectados à internet, monitorar os pacientes, trocar informações médicas e analisar resultados de diferentes exames em tempo real – “irá enxugar a fila por exames. Há algumas pessoas que hoje estão nesta fila e que não precisariam estar. Vai se dar rapidez àquilo que o paciente precisa”, opinou. 


Sperling enalteceu o fato de o projeto contemplar o uso do prontuário eletrônico. Sobre a capacitação dos profissionais, lembrou que a Prefeitura não precisa reinventar métodos, pois já existem bons projetos oferecidos em âmbito federal: “Soluções mágicas não se sustentam, são mais caras, não atingem o objetivo e acabam virando mais casos para descrever que se tentou mudar alguma coisa na realidade de saúde do município”.  

Ouvir a comunidade local
Paulo Moura acredita que o sucesso do “Avança Saúde São Paulo” passará por uma escuta atenta do governo à população, para saber sobre as urgências específicas de cada região da cidade. 


“Há lugares que, de fato, necessitam de mais uma UBS, em outros não: o que a população, precisa é que sejam dadas condições de qualidade para as unidades que já existem, para que supra o que é indispensável: bom atendimento, atenção básica e todos os meios possíveis de informação para que a população entenda o que é, como, e de que forma ocorre o atendimento em saúde”, comentou. 


Stephan Sperling, assim como Moura, enfatizou que os cidadãos devem participar mais do controle social da saúde. “A população precisa se articular nos conselhos locais, distritais e no conselho municipal de saúde, e aprender a debater para além das questões mais específicas da unidade de saúde e de um projeto que a Prefeitura irá implantar. Deve-se pensar no orçamento municipal e em toda política pública”, avaliou o médico.

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Obesidade no Brasil cresce em 12 anos

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01 de agosto de 2019

A taxa de obesidade no Brasil passou de 11,8% para 19,8%, entre 2006 e 2018, conforme dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada pelo Ministério da Saúde, no dia 24.


Foram ouvidas, por telefone, 52.395 pessoas acima de 18 anos, entre os meses de fevereiro e dezembro de 2018, nas 26 capitais do País, mais o Distrito Federal.


Em sete anos, houve um crescimento no índice de obesidade em duas faixas etárias: em pessoas com idades que variam de 25 a 34 anos e de 35 a 44 anos. 


Apesar do aumento significativo de pessoas obesas, os brasileiros têm seguido uma linha de hábitos mais saudável. A mesma pesquisa revelou que o consumo regular de frutas e hortaliças passou de 20% para 23,1%, entre 2008 e 2018, uma variação de 15,5%.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão de, ao menos, cinco porções diárias desses alimentos, cinco vezes por semana. 


Fonte: Agência Brasil

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Sábado (dia 29) é o “DIA D” contra o sarampo em São Paulo

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27 de junho de 2019

Neste sábado (29) a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) promove o Dia D contra o sarampo, com uma grande mobilização dos profissionais da área para vacinar os jovens entre 15 e 29 anos, o público alvo da campanha. Todas as pessoas dessa faixa etária devem comparecer aos postos de vacinação levando a caderneta de imunizações, se possível.  As 464 Unidades Básicas de Saúde (UBS) estarão funcionando das 8h às 17h, além de postos espalhados por todas as regiões da cidade.

O sarampo é  altamente contagioso e pode levar à morte. A vacina tríplice viral, que protege contra essa doença, além da caxumba e da rubéola, é a única forma de prevenir a ocorrência desta enfermidade na população e comprovadamente eficaz em cerca de 97% dos casos.

A SMS intensificou as ações de vacinação contra o sarampo em razão da baixa adesão à campanha municipal iniciada em 10 de junho. Até o dia 19, apenas 12.265 mil jovens procuraram os postos de vacinação. A Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA) estima que a população de 15 a 29 anos é composta de 2,9 milhões de pessoas, sendo necessário que, no mínimo, que 95% do público alvo esteja vacinado para interromper a transmissão da doença em São Paulo.  

O ressurgimento do sarampo nos últimos anos é um fenômeno global. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que, até o final de março de 2019, 170 países haviam notificado 112.163 casos à Organização. No mesmo período do ano passado, foram 28.124 ocorrências da doença em 163 nações. Mundialmente, isso significa um aumento de quase 300%. Na Europa, mais de 41 mil pessoas foram infectadas nos primeiros seis meses de 2019, ultrapassando o total registrado ao longo dos últimos anos desta década. Em abril de 2019, Nova Iorque chegou a entrar em alerta contra o sarampo, após ter registrado 285 casos no período de seis meses .

Embora ainda não exista um estudo que determine o impacto individual dos fatores que contribuíram para o surgimento do vírus em países onde a doença já havia sido eliminada, a circulação de informações falsas ou infundadas nas redes sociais é apontada como uma das causas para a baixa adesão à vacinação.

O vírus do sarampo está circulando no Brasil. Em 2018, os estados do Amazonas e Roraima confirmaram, respectivamente, 9.778 e 355 casos . Além destes,  nove Unidades Federadas (UF) confirmaram pessoas acometidas pela enfermidade: 61 no Pará, 45 no Rio Grande do Sul, 19 no Rio de Janeiro, quatro em Pernambuco, quatro em Sergipe, três  em São Paulo, três na Bahia, dois em Rondônia e um no Distrito Federal, totalizando 10.274 casos confirmados de sarampo neste ano.

 Em 2019, foram 123 casos confirmados no Brasil, até 15 de junho. Na capital paulista, há 32 casos confirmados de sarampo, sendo oito importados e 24 em fase de investigação quanto ao provável local de infecção. Não há registros de morte causada pela doença na cidade.

O município tem mantido a cobertura vacinal alta na primeira dose da vacina tríplice viral, na população de um ano de idade, registrando 95,66% em 2018 e  mais de 100% no primeiro quadrimestre de 2019 (o que ocorre quando a vacinação supera a estimativa inicial da população a ser imunizada). Já a cobertura da segunda dose foi de 44,10% em 2018, e ficou em 79,67% no 1° quadrimestre deste ano. Em 2018, o município de São Paulo realizou a campanha de vacinação contra o sarampo voltada para a população entre um  e quatro anos de idade e atingiu 95,6% de cobertura vacinal, acima da meta estabelecido pelo Ministério da Saúde.

De acordo com a coordenadora do Programa Municipal de Imunizações (PMI), da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo, Maria Lígia Nerger, a definição do público-alvo da campanha foi em conjunto com o órgão estadual e contempla a faixa-etária com menor chance de ter recebido as duas doses da vacina tríplice viral. A coordenadora relata, ainda, que o calendário atual recomenda que pessoas de um a 29 anos de idade tenham recebido duas doses da vacina para efetiva imunização. “O objetivo da Campanha de Vacinação Contra o Sarampo é aumentar a cobertura vacinal nesta faixa etária  e interromper a circulação da doençano município”, disse a coordenadora.

O sarampo é uma enfermidade de notificação obrigatória e imediata, em todos os casos suspeitos identificados, a vigilância epidemiológica desencadeia ações de bloqueio vacinal para interromper a transmissão. As ações são realizadas em todos os locais frequentados pela pessoa com suspeita de ter contraído a doença como a vizinhança da residência, locais de trabalho, e estudo, a unidade de saúde e os meios de transporte utilizado em viagens no período de transmissão . Desta forma um único caso suspeito pode desencadear múltiplos bloqueios em diferentes regiões da cidade, eventualmente até em outros municípios ou estados.

A COVISA realizou 259 ações de bloqueio de sarampo na cidade de São Paulo, até 8 de junho e conta com ações, como o Dia D, em 29 de junho, para sensibilizar a população de 15 a 29 anos sobre a necessidade da vacina. “É importante que todo o paulistano saiba da campanha. Mesmo que esteja fora da faixa etária da campanha, as pessoas podem contribuir, incentivando seus familiares e amigos a tomar a vacina”, explica a Coordenadora de Vigilância em Saúde da cidade de São Paulo, Solange Saboia.

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Síndrome de burnout: quando o trabalho consome a vida

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26 de junho de 2019

Longos 11 anos de trabalho dedicados a uma grande instituição bancária, sendo a última metade deles em cargo de gerência de relacionamento empresarial: ambiente de intensa pressão e competitividade, com constantes metas a bater e ritmo insano de trabalho. Era essa a rotina profissional de Acácio Alberto Brito Marcelino, 35, casado e pai de três filhas, atualmente corretor de seguros e missionário da Comunidade Católica Instrumento de Deus.

Em abril de 2014, Acácio foi passar as férias em Parati (RJ) com a esposa, Christianne, ocasião em que ele comemorou 30 anos de vida. Depois de vários dias de descanso e relaxamento, ao retornar ao trabalho, sentiu que o ambiente de cobranças lhe traria consequências nefastas: teve um torcicolo fortíssimo, com muita rigidez na região da nuca. Naquela noite, não conseguiu dormir direito e, na manhã seguinte, sua esposa já havia saído para trabalhar quando ele se levantou para fazer o mesmo. Sentindo-se muito mal, com sensação de angústia profunda, trocou de roupa aos prantos e dirigiu-se à empresa. Ao chegar lá, seu corpo literalmente “desligou”: teve tremedeira incessante, enrijecimento do corpo inteiro, seguido de encurvamento, com escurecimento da visão, o que o levou a ser encaminhadoimediatamente ao pronto-socorro.

“Ali percebi que algo de errado acontecia, pois até então tudo parecia normal. Fui encaminhado a psicólogos e psiquiatras para receber tratamento e passei a entender a profundidade da estafa profissional que me acometia, em virtude do excesso de trabalho e das cobranças. A situação de burnout somente se caracterizou quando o corpo desligou”, detalha Acácio.

A DOENÇA

A síndrome de burnout (do Inglês, “queimar por completo, consumirse”), também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 pelo psicanalista norte-americano de origem alemã Herbert J. Freudenberg, após constatá-lo em si mesmo. Caracterizado por tensão emocional, estresse e exaustão prolongados, provocados por condições de trabalho desgastantes (sejam elas físicas, emocionais ou psicológicas), o transtorno gera também diminuição do interesse em trabalhare apatia profunda às atividades profissionais. Em virtude do avanço nos estudos a seu respeito, a síndrome de burnout foi recentemente incluída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Código Internacional de Doenças (CID) como um dos transtornos que mais diretamente influenciam a saúde e o bem-estar das pessoas. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja atividade profissional exige alto grau de envolvimento interpessoal direto e intenso ou extrema cobrança por resultados e desempenho, como profissionais da área de Educação (professores), Saúde (médicos, enfermeiros e anestesistas), Finanças, TI, Assistência Social, Recursos Humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais militares, religiosos (sacerdotes), controladores de tráfego aéreo, taxistas e pilotos, entre outros.

SINTOMAS

A síndrome de burnout acarreta diversos sintomas, como nervosismo constante, sofrimentos psicológicos e distúrbios físicos, como dor de barriga, cansaço excessivo (físico e mental) e tonturas. Pode ocasionar, também, dor de cabeça frequente, alterações no apetite, insônia, dificuldades de concentração, sentimentos de fracasso, insegurança, derrota, desesperança e incompetência, negatividade constante, alterações repentinas de humor, irritabilidade, isolamento, fadiga, pressão alta, dores musculares, alterações gastrointestinais e nos batimentos cardíacos.

COMO DEVE SER VISTA

Vale destacar a necessidade de secombater a ideia de que o problema surge em consequência de uma falha pessoal. A síndrome revela apenas uma incompatibilidade entre o relacionamento do indivíduo com seu trabalho. Parece existir uma falta de conexão nas esferas que englobam volume de trabalho, controle, reconhecimento, equipe, justiça e valores. O distúrbio representa um desgaste no empenho e nas qualidades como autoconfiança, perseverança e dedicação. Muitas vezes, a estrutura da empresa, a carga horária e o modo como os gestores conduzem a equipe não favorecem o melhor aproveitamentodas competências dos funcionários. O início dos sintomas pode se dar pelo acúmulo de tarefas, responsabilidades, exigências e pressões sofridas pela alta demanda de trabalho. Há três componentes principais: esgotamento físico e mental, sensação de impotência e falta de expectativas. Pode-se dizer que é um colapso físico e emocional e, em muitas vezes, há a necessidade de atenção médica imediata, até mesmo pelo risco de suicídio.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da síndrome de burnout é feito por profissional especialista após análise clínica do paciente. No entanto, muitas pessoas não buscam ajuda médica por não saber ou não conseguir identificar todos os sintomas e, muitas vezes, acabam negligenciando a situação sem imaginar que algo mais sério pode estar acontecendo. Amigos próximos e familiares podem ser bons pilares no início, ajudando a pessoa a reconhecer sinais de que precisa de ajuda. O psiquiatra e o psicólogosão os profissionais de saúde indicados para identificar o problema e orientar a melhor forma do tratamento, conforme cada caso. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) está apta a oferecer, de forma integral e gratuita, todo tratamento, desde o diagnóstico até o tratamento medicamentoso. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), um dos serviços que compõe a RAPS, são os locais mais indicados.

COMO TRATAR

O tratamento da síndrome de burnout é feito basicamente com psicoterapia, porém também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos). O tratamento normalmente surte efeito entre um e três meses, podendo, no entanto, perdurar por mais tempo, conforme cada caso. Mudanças nas condições de trabalho e, principalmente, mudanças nos hábitos e estilos de vida: a atividade física regular e os exercícios de relaxamento devem ser rotineiros, para aliviar o estresse e controlar os sintomas da doença. Após o diagnóstico médico, é fortemente recomendado que a pessoa tire férias e desenvolva atividades de lazer com pessoas próximas - amigos, familiares, cônjuge, entre outros.

COMO PREVENIR 

Prevenção da síndrome de burnout são estratégias que diminuam o estresse e a pressão no trabalho. Condutas saudáveis evitam o desenvolvimento da doença, assim como ajudam a tratar sinais e sintomas logo no início. São elas: Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal; Participe de atividades de lazer com amigos e familiares; Faça atividades que “fujam” à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema; Evite o contato com pessoas “negativas”, especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros; Converse com alguém de confiança sobre o que se está sentindo. Faça atividades físicas regulares, como academia, caminhada, corrida, bicicleta, remo, natação, entre outras; Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas; Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica.

(Com informações do Ministério da Saúde)

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Em encontro estadual, Pastoral da Saúde reforça sua identidade e missão

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05 de junho de 2019

O IV Congresso Estadual da Pastoral da Saúde reuniu cerca de 300 pessoas no domingo, 26, no auditório da Secretaria Estadual da Pessoa com Deficiência, na Barra Funda, zona Oeste de São Paulo.

Com o tema “A Pastoral da Saúde a serviço da vida e da esperança”, o evento teve o objetivo de aprofundar a identidade e missão desse serviço eclesial e promover a integração dos agentes das diferentes dioceses do Estado de São Paulo.

CONFERÊNCIAS

Um dos conferencistas foi o Padre Arlindo José Vicente Júnior, Assessor Eclesiástico da Pastoral da Saúde na Diocese de Limeira (SP). Ele falou sobre o significado do sacramento da Unção dos Enfermos e sua relação com a Pastoral da Saúde. Também apresentou a origem bíblica desse sacramento e a evolução do rito ao longo da história.  

Em seguida, o Padre refletiu sobre como os agentes da Pastoral, na maioria leigos, podem auxiliar na conscientização sobre a importância da Unção, bem como identificar o momento oportuno para chamar o sacerdote, que é quem ministra o sacramento.

Padre Walter Merlugo Junior, Assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), explicou como a Pastoral da Saúde se insere na estrutura da Igreja no Brasil. Ele destacou que os agentes devem ter consciência de que todas as pastorais sociais se articulam. “Quando o agente visita um doente, ele se depara com outras pessoas em situações [delicadas] que também precisam de atenção e cuidado da Igreja”, afirmou.

Na parte da tarde, houve uma mesa de debates sobre a conjuntura atual da saúde no País, que tratou das atuais políticas públicas para a área, bem como a situação do Sistema Único de Saúde (SUS).

A EXEMPLO DE JESUS

A missa de abertura do Congresso foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo. Na homilia, Dom Odilo enfatizou que o cuidado aos doentes está na origem da Igreja. “Entre as recomendações finais de Jesus estão: ‘Anunciai o Evangelho e cuidai dos doentes’”.

O Arcebispo recordou que, nos Evangelhos, Jesus se apresenta como a cura completa de todo mal. “Curar e salvar é a mesma palavra na língua de Jesus. Seu próprio nome, na língua Hebraica, significa ‘Deus salva’”.

MISSÃO DE AMOR

Sobre a missão da Pastoral da Saúde, o Cardeal destacou que, além do empenho pela melhoria das condições de saúde no País, há um aspecto da missão próprio de uma organização eclesial: “Sendo vocês enviados pela Igreja como encarregados de ir ao encontro dos doentes, tenham sempre presente que vocês são sinais e testemunhas da esperança e da confiança em Deus.”

“O trabalho de vocês não é uma rotina, é uma missão de amor às pessoas. Façam isso com a caridade de Cristo”, completou Dom Odilo.

A PASTORAL

A Pastoral da Saúde está nas 42 dioceses do Estado, com 35.860 agentes ativos. Em 2018, foram realizadas cerca de 9 milhões de visitas. “É um pequeno exército. Nós vivemos com amor e pelo amor. Como lembra São Camilo de Lellis [fundador da Ordem dos Ministros dos Enfermos], sempre estamos com o coração na mão, levando-o para o próximo”, afirmou, ao O SÃO PAULO, José Gimenes, Coordenador da Pastoral da Saúde no Estado e na Arquidiocese de São Paulo.

Padre João Inácio Mildner, Assessor Eclesiástico da Pastoral da Saúde da Arquidiocese, ressaltou que é importante sempre reavivar nos agentes o compromisso da Pastoral com a promoção da dignidade humana e com a defesa da vida. “A vida é um dom de Deus e, como lembrava São João Paulo II, a missão da Igreja é defender a vida desde o ventre materno até a morte natural”, afirmou.

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