Na Itália, missas públicas voltarão a ser celebradas no dia 18

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07 de mai de 2020

A Conferência Episcopal Italiana informou que a partir do próximo dia 18, será possível voltar a celebrar a Eucaristia com a presença de fiéis nas igrejas de um dos países mais atingidos pela pandemia de COVID-19.

O protocolo que permite retomar as missas públicas na Itália foi assinado no Palácio Chigi, em Roma, pelo presidente da CEI, Cardeal Gualtiero Bassetti; pelo primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte; e pela ministra dos Assuntos Internos, Luciana Lamorgese.

O acordo define medidas que devem ser observadas para o acesso às igrejas e a celebração das missas e a preservação da saúde das pessoas. 

Segundo o Cardeal Bassetti, o protocolo é “fruto de uma profunda colaboração e sinergia, onde cada um fez a sua parte com responsabilidade”, por foi redigido com a colaboração da CEI, da presidência do Conselho de Ministros, representantes do governo e do Comitê Técnico-Científico.

A Igreja se compromete a contribuir no processo, observando as orientações concordadas referentes à higienização dos lugares de culto e dos objetos; à atenção dada durante as celebrações litúrgicas e nos Sacramentos; e à comunicação para repassar aos fiéis.

PRECAUÇÕES

No detalhe, se fala de acesso às igrejas de modo organizado e contingenciado com a ajuda de voluntários, e permitida a presença de fiéis somente usando máscaras e respeitando as distâncias de segurança por “ao menos um metro lateral e frontal”. Quem apresentar sintomas respiratórios ou de gripe, febre igual ou superior a 37,5º, ou tiver entrado em contato com pessoas infectadas com a COVID-19, fica proibido de participar das celebrações.

Tanto os acessos de entrada e de saída de pessoas deverão ser distintos, e o local de culto deverá prever lugares especiais para deficientes. Os ambientes ainda devem ser higienizados ao final de cada cerimônia, bem como todos os objetos utilizados.

LITURGIA

Por razões de segurança sanitária, será reduzida ao mínimo a presença de concelebrantes e ministros. Não será permitida a participação do coro, mas é prevista a possibilidade da presença de um músico para tocar o órgão. Além disso, saudação de paz deve ser omitida e, para os ritos da Comunhão, o celebrante deve higienizar as mãos, usar luvas e máscara, e não entrar em contato com as mãos dos fiéis.

As regras valem para todos os tipos de celebração, além da Eucaristia, e devem estar visíveis na entrada das igrejas, esclarecendo ainda sobre o número de fiéis permitidos em base à capacidade do local.

Para coleta das ofertas, não será permitido passar com a cesta por entre os bancos.

As normas são válidas para missas em geral, assim como para funerais, casamentos e batismos.

O protocolo também orienta que o Sacramento da Confissão deve acontecer somente em lugares amplos e arejados. Onde as condições locais não se enquadrarem a essas regras, pode ser avaliada a possibilidade de celebrações ao ar livre.

SEGURANÇA DE TODOS

As exigências de proteção à saúde pública, com indicações fáceis e acessíveis a todas as comunidades eclesiais, também foram enaltecidas no protocolo. O primeiro-ministro enfatizou que “as medidas de segurança previstas no texto expressam os conteúdos e as modalidades mais idôneas para garantir que a retomada das celebrações litúrgicas com o povo aconteça na maneira mais segura”. O chefe do governo também agradeceu à CEI o suporte moral e material que “está dando à inteira coletividade nacional neste momento difícil para o país”.

Da sua parte, a ministra Lamorgese concluiu o encontro ressaltando o bom trabalho feito com a colaboração de todos, “que deu um ótimo resultado”. E acrescentou que o mesmo empenho está orientando as tratativas com as outras confissões religiosas.

‘FASE 2’

Primeiro país a decretar a quarentena nacional, a Itália começou a flexibilização do chamado lockdown na segunda-feira, 4, após mais de dois meses.

Conhecida entre os italianos como “Fase 2” do isolamento social, a medida prevê a liberação gradual das restrições à circulação de pessoas e a retomada da atividade econômica. Ao todo, mais de 4,5 milhões de pessoas poderão voltar ao trabalho.

Em entrevista ao jornal La Stampa publicada no domingo 3, o primeiro-ministro Giuseppe Conte pediu cautela à população, afirmando que a nova fase da quarentena não significa uma liberação de total. Ele lembrou que o vírus continua circulando e que o país ainda está em plena pandemia.

Até esta quinta-feira, a Itália contabilizou mais de 216 mil casos de COVID-19 e 29.958 mortes.

(Com informações de Vatican News e La Stampa)

 

 

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A Eucaristia sustenta a vida da Igreja durante a pandemia

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07 de mai de 2020

Desde o agravamento da pandemia de COVID-19, os fiéis católicos brasileiros, assim como os de muitas partes do mundo, enfrentam o desafio de não poderem participar presencialmente das missas e comungarem sacramentalmente a Eucaristia.

Essa limitação se une a tantas outras enfrentadas pela população em todos os níveis, com um único objetivo: conter o rápido avanço do novo coronavírus e, consequentemente, salvar vidas.

Algumas pessoas devem se perguntar, porém, como a Igreja pode sobreviver sem a Eucaristia. É preciso ter claro, contudo, que a quarentena não suspendeu a celebração do sacramento central da vida cristã. O que há é a suspensão temporária da participação do povo nas missas.

EM FAVOR DO POVO

Diariamente, os sacerdotes de diversos cantos do mundo oferecem o santo sacrifício da missa em favor de todo o povo de Deus, a começar pelo Papa Francisco, que todas as manhãs preside a Eucaristia na Capela da Casa Santa Marta, transmitida para todo o mundo pela internet. E pela fé, cada cristão é alcançado pela eficácia salvífica desse sacramento.

Essa não é a primeira vez na história que o povo fica privado dos sacramentos. Em situações de grandes guerras e conflitos armados que impossibilitavam a circulação de pessoas nas ruas, os fiéis foram dispensados das obrigações sacramentais. No entanto, como acontece agora, os padres continuavam a celebrar as missas em favor desse povo e pediam a Deus que a ordem e a paz fossem restabelecidas.

“É bonito ver o amor por Jesus e, consequentemente, o amor pelos sacramentos. É necessário, porém, fazer uma distinção quando lidamos com a não participação sacramental. Trata-se do motivo pelo qual esta não participação acontece. A diferença está entre querer e poder participar”, ressaltou Dom Joel Portella Amado, Secretário- Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em entrevista ao O SÃO PAULO (leia a íntegra aqui).

RESPONSABILIDADE

“Não são os bispos que estão privando a recepção dos sacramentos. Os bispos estão seguindo as orientações de saúde pública. Sofrem com isso. Tenho acompanhado o testemunho de vários bispos, angustiados por não poderem dar ao seu povo o atendimento deseja- do. É o que se pode fazer, no entanto, em um momento em que não existem remédio, vacinas e condições de tratamento (leitos, respiradores etc.)”, enfatizou o Secretário-Geral.

Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação, reforçou que a suspensão das missas públicas é um ato de responsabilidade da Igreja diante da emergência sanitária e de cuidado com a vida dos fiéis.

“O mundo vive uma situação de pandemia, e é preciso compreender que a Igreja não está isolada deste mundo. Neste momento, não podemos ter aglomerações e, por isso, não podemos realizar as nossas celebrações, que, geralmente, acontecem com a participação de muitas pessoas”, explicou, recordando as palavras da Constituição Gaudium et spes, do Concílio Vaticano II, que diz que “a Igreja partilha das do- res e das angústias, das alegrias e das esperanças do mundo”.

O Vigário Episcopal reiterou que as pessoas não estão privadas da comunhão com Cristo. “Estão privadas da comunhão sacramental, que é muito importante, mas que no momento não é possível devido a esta grave situação”.

CUIDAR DA VIDA

Dom Devair lembrou ainda que, neste ano, a Campanha da Fraternidade teve como tema a proteção da vida. Nessa perspectiva, “o distanciamento e a ausência das celebrações públicas têm o sentido de cuidar da vida das pessoas agora, para que depois possamos nova- mente nos encontrar e, assim, voltar a celebrar nas comunidades”, sublinhou.

A preocupação com a proteção da vida também foi destacada por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. “O isolamento social é uma medida importante, no critério de prudência para cuidar da vida de todos. Não somos melhores que os outros, não somos melhores que os demais segmentos da sociedade, nem temos uma proteção especial, o vírus ataca a todos. Com isso, estamos fazendo o que Jesus fez e nos recomenda que façamos também: ‘Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância’”, disse.

IGREJA VIVA

Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, ressaltou que a Igreja nunca fecha, o que está fechado é apenas o local de culto. “Todos nós somos Igreja e, portanto, a Igreja não pode fechar nunca, porque onde há um cristão que reza, que tem fé em Deus, que tem consciência de ser filho de Deus, de ser discípulo missionário no seu coração, a Igreja está viva. Só que nós não estamos reunidos, mas estamos unidos como sempre estivemos na comunhão dos santos, que é uma realidade muito viva”, afirmou.

“Ninguém nos tirou a missa, ela está acontecendo”, completou Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, comentando que tem acompanhado pelas mídias digitais inúmeras lives das celebrações que mostram uma Igreja viva e uma multidão de sacerdotes celebrando ininterruptamente pelo seu povo, confirmando a promessa de Jesus: ‘Eu estou convosco até o fim dos tempos’”.

VIVER A FÉ

Dom Joel Portella destacou que um dos aspectos que mais o fascinam é a possibilidade de viver a fé em qualquer situação. “Tenho pensado muito nos cristãos perseguidos, impedidos por longos anos de portar consigo até mesmo um pequeno sinal de fé. Lembro dos padres e bispos que, na prisão, não podem celebrar a Eucaristia. Nem por isso deixaram de viver a fé. Ao contrário, santificam-se porque se agarram ao que lhes é possível fazer”, afirmou.

Já Dom Devair propôs uma reflexão sobre o que significa temer e não tentar a Deus, colocando a vida em risco. “Tenho visto algumas pessoas que, acre- ditando que, por serem protegidas por Deus, podem fazer qualquer coisa. Nós, de fato, estamos nas mãos de Deus e tudo gira em torno da sua vontade, mas não podemos arriscar as coisas como se Deus fosse fazer uma mágica. Temer a Deus também significa que nós devemos fazer a nossa parte, ou seja, cuidar de nós mesmos e uns dos outros.”

(Colaboraram: Flavio Rogério Lopes e Jenniffer Silva)

LEIA TAMBÉM: 

Secretário-geral da CNBB reitera que os bispos não estão privando os fiéis dos sacramentos

 

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Católicos dão testemunho de solidariedade em meio à pandemia

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06 de mai de 2020

Na quarentena, as igrejas estão fechadas, missas públicas suspensas, mas a fé e a solidariedade dos católicos continuam ativas. Da mesma maneira que os fiéis continuam cultivando sua vida espiritual em casa, com o auxílio das plataformas digitais, também não faltam iniciativas de solidariedade para ajudar aqueles que sofrem com mais intensidade os impactos da pandemia.

Adaptando-se às medidas de distanciamento social, os inúmeros serviços caritativos das paróquias e comunidades da Arquidiocese de São Paulo continuam atuantes, além de outras iniciativas que surgiram em decorrência da crise do novo coronavírus.

Um desses exemplos é o da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro do Tatuapé, zona Leste. Todos os domingos e segundas-feiras, são distribuídas cerca de 900 marmitas, com o objetivo de amenizar a dor e o sofrimento dos mais pobres, sobretudo das pessoas em situação de rua.

Também são distribuídas cestas básicas para as famílias mais carentes da região. Segundo o Pároco, Padre José Mário Ribeiro, todos são convidados, como Igreja, a olhar para os mais necessitados, especialmente nestes momentos de maior dificuldade.

“A Paróquia decidiu realizar essa ação e com isso estamos levando um pouco além da comida: também levamos um pouco de esperança e fé para as pessoas. A iniciativa não surgiu agora, a comunidade já vem realizando um trabalho e um acompanhamento social, lembrando dos mais necessitados. Com essa pandemia, no entanto, tornou-se mais acentuado”, disse ao O SÃO PAULO.

COMUNIDADE CONSCIENTE

Muitos paroquianos e comerciantes locais contribuem com a doação de alimentos, tanto para a elaboração das marmitas quanto para as cestas básicas, que são distribuídas para as famílias do bairro e para outras paróquias mais necessitadas. Isso sem falar na equipe que realiza toda a preparação da comida e a distribuição dos alimentos.

“A consciência das pessoas é muito interessante e bonita. É muito gratificante a gente perceber uma comunidade paroquial consciente, que não tem medido esforços em preparar, buscar, integrar, e ter a sensibilidade de poder ajudar e levar, junto com o alimento, uma palavra de conforto e esperança, também por intermédio dos meios de comunicação”, completou o Padre.

Todos os que desejarem podem realizar a doação de alimentos, legumes, pro- dutos de limpeza, de higiene pessoal e embalagens descartáveis para marmitex. A Paróquia fica na Praça Sílvio Romero, s/no, no bairro do Tatuapé, e a entrega pode ser feita de segunda-feira a sábado, das 8h às 17h, e, aos domingos, das 8h às 14h. Também é possível entrar em con- tato para retirada de doações, por meio do número (11) 2093-1920.

CAFÉ DA MANHÃ

Em outro ponto da cidade, na zona Norte, a Paróquia Sant’Ana tem sido uma referência para as pessoas em situação de rua e famílias carentes. Quem sai da es- tação Santana do Metrô já avista a longa fila que se forma todas as manhãs na es- quina da Rua Doutor Gabriel Piza com a Avenida Cruzeiro do Sul: são centenas de pessoas que aguardam para tomar o café da manhã oferecido pela comunidade há mais de 20 anos.

Segundo o Pároco, Padre José Roberto Abreu de Mattos, a Pastoral do Café da Manhã costumava atender diariamente uma média de 500 pessoas. Desde que começou a pandemia, a demanda aumentou e o serviço tem atendido cerca de 800 pessoas.

O modo de distribuição do café da manhã também sofreu adaptações para respeitar as medidas de distanciamento social recomendadas pelas autoridades sanitárias.

Agora, os copos com café são colocados em uma mesa, assim como os pães, embalados individualmente para que cada um pegue o seu alimento sem ter contato físico com outras pessoas. Os voluntários também reforçaram os cuidados com a higiene e estão usando máscaras e luvas.

Para atender a essa demanda, a comunidade conta com a ajuda dos fiéis e de alguns benfeitores.

Além do café da manhã, a Paróquia Sant’Ana está distribuindo cestas básicas para as famílias mais necessitadas. Nas duas últimas semanas de abril, foram distribuídas cerca de mil cestas básicas, graças à solidariedade dos paroquianos e das pessoas que têm atendido aos pedi- dos que o Pároco tem feito por meio das redes sociais da Paróquia.

“Nós precisamos continuar essa campanha, pois a nossa igreja está numa região central e, por isso, a demanda é muito grande”, acrescentou o Sacerdote.

Para aqueles que queiram doar ali- mentos para o café da manhã ou para as cestas básicas, basta entrar em contato com a Paróquia Sant’Ana pelo site paroquiasantana.org.br, pelo telefone (11) 2979-5558 ou se dirigir diretamente à igreja, na Avenida Voluntários da Pá- tria, 2.060, Santana.

VICENTINOS

A Paróquia Imaculado Coração de Maria, no Jardim Princesa, na periferia da zona Norte, é composta por dez comunidades que vivem em meio a uma realidade marcada pela pobreza. Lá, o trabalho da Sociedade São Vicente de Paulo (Vicentinos) sempre foi essencial, e se torna ainda mais neste momento.

São atendidas cerca de cem famílias cadastradas. No entanto, para o Pároco, Padre José Carlos Rodrigues, nos últimos dois meses tem sido um desafio atender essas famílias, uma vez que a maior parte das doações eram levadas pelas pessoas que iam às missas. “Graças às mídias sociais, no entanto, temos conseguido arrecadar alimentos para continuar a distribuição”, completou.

Outro desafio é que aumentou o número de pessoas procurando a Paróquia em busca de alimento e, no momento, há uma fila de espera de famílias.

Informações para colaborar com a Paróquia Imaculado Coração de Maria podem ser obtidas pelo telefone (11) 3981-3107.

EM CASA

Os Vicentinos da Paróquia São José do Belém, no Belenzinho, zona Leste, também se adaptaram para continuar o atendimento às famílias do bairro. A maioria da população vive em moradias coletivas e cortiços, em condições precárias, e, devido à quarentena, muitos ficaram sem trabalho e não conseguiram o auxílio emergencial do Governo Federal.

Por isso, além de pedir ajuda pelas redes sociais, o Pároco, Padre Marcelo Maróstica, escreveu uma carta aos paroquia- nos pedindo a solidariedade deles, que já costumavam colaborar com a doação de alimentos nas missas e agora estão em isolamento social.

A carta foi distribuída nas casas e edifícios do bairro. Em alguns condomínios, os próprios moradores se encarregaram de fazer a arrecadação ou orientaram os moradores a deixar sua ajuda na portaria, para que alguém da comunidade passe para apanhá-las.

As doações para a Paróquia podem ser entregues às quartas e quintas-feiras, das 14h às 17h, no Largo São José do Belém, 37.

APELO DO ARCEBISPO

Nas missas diárias que tem celebrado em sua residência, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, reitera seu apelo para que os católicos procurem suas paróquias, estejam unidos espiritualmente às suas comunidades e busquem ajudá-las em suas necessidades materiais e no socorro aos mais pobres.

“A Igreja não parou na quarentena, ela continua a sua missão de evangelização e serviço da caridade em suas mais variadas obras”, afirmou em uma das celebrações.

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A peste negra e o chamado à santidade pessoal

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03 de mai de 2020

Após a chamada Praga de Justiniano, que teve fim no século VIII, a Europa apenas veio a sofrer um epidemia de peste novamente no século XIV, na chamada Peste Negra, que durou até o século XVI e dizimou, no mínimo, 30% da população europeia.

A Peste originou-se no Oriente, provavelmente na Mongólia. Espalhou-se para o Oeste tanto pela migração de animais infectados bem como por meio das rotas de comércios estabelecidas nos séculos XII e XIII. No fim dessas rotas que vinham da Ásia, encontravam-se mercadores Italianos, que traziam produtos do Mar Negro e da parte oriental do Mar Mediterrâneo.

Normalmente, afirma-se que o primeiro documento da Peste Negra na Europa foi redigido pelo advogado Gabriel de’ Mussis, que, em 1346, num assentamento italiano na Crimeia, descreveu que “um incontável número de Tártaros e Sarracenos foram abatidos por uma misteriosa doença”. Os Tártaros morreram aos milhares e os corpos eram lançados por cima dos muros da cidade para infectar os italianos, seus inimigos. Em pouco tempo, estes também se infectaram.

Depois, a peste espalhou-se para Constantinopla, capital do Império Bizantino, que tinha uma população de aproximadamente 100 mil pessoas. Dali, espalhou-se para o Reino da Hungria, Sicília e Itália Continental.

O frei franciscano Michele da Piazza descreveu a chegada da Peste na Sicília. Em outubro de 1347, 12 navios genoveses embarcaram na ilha. Os genoveses a bordo, segundo o Frei, “carregavam uma doença em seus corpos que qualquer um que se atrevesse a conversar com qualquer um deles se infectaria e não poderia evitar a morte”.

Chegada à Itália Continental, a peste foi responsável pela diminuição de 30% a 40% da população na cidade de Pisa e Genova. Mais de 70% dos infectados pela peste morriam. Chegada à Toscana, a região mais próspera da Itália, a praga tornou-se mais mortífera. Em Florença, as estimativas chegam a afirmar que 75% da população foi dizimada pela doença.

Da Itália, a doença atingiu outros países europeus. A mortalidade nas cidades francesas ao sul foi, em média, de 40%. Avignon, a cidade que, momentaneamente, era a sede do Papa, foi atingida pela peste em 1348, e o Papa Clemente VI, aconselhado por seu médico, saiu da cidade para se proteger contra a doença.

Do sul da França, a peste se interiorizou e atingiu profundamente o maior reino cristão da época, com uma população entre 18 e 24 milhões de pessoas. No pico da doença, reportavam-se 800 mortes por dia apenas em Paris, que, à época, tinha uma população de aproximadamente 100 mil pessoas. Da França, a Peste espalhou-se aos países baixos e à Inglaterra.

Um frei carmelita do século XIV, Jean de Venette, explicou, em suas Crônicas, que “um tal número de pessoas morreu em 1348 e 1349, que nada como isso havia sido visto ou conhecido” e que “em muitos lugares, nem dois homens ficavam vivos entre vinte”.

Nas cidades espanholas de Barcelona e Valência, a peste matou entre 30% e 40% da população. O Rei Afonso XI de Castela foi o primeiro e único rei europeu a morrer pela peste. 

Desse pico no século XIV, grandes surtos da doença ocorreram até o século XIV, em 17 grandes ondas epidêmicas, que voltavam aproximadamente a cada 11 anos.

Exemplos de santidade

Em qualquer período da história em que reina a desordem, o caos e a morte, os extremos da alma humana se mostram. Há aqueles que abandonam seus entes queridos para se proteger; há os que criam bodes expiatórios para achar culpados; há outros, porém, que demonstram grande amor ao próximo e auto sacrifício. No tempo da Peste Negra, não foi diferente.

Maridos abandonavam suas esposas moribundas, e pais, por medo de contágio, faziam o mesmo com seus filhos. Ondas de antissemitismo buscavam culpar os judeus pela peste, e muitos atos violentos foram feitos contra eles, apesar da admoestação constante dos papas à época que condenaram abertamente qualquer violência contra os judeus. 

Entretanto, há exemplos de heroísmo e amor em épocas turbulentas. Religiosos que cuidavam dos doentes (os hospitais eram, à época, quase que exclusivamente religiosos); padres que não abandonavam o seu rebanho para lhes dar o conforto; pessoas que vendiam tudo o que tinham para doar aos pobres e doentes.

Neste texto, queremos ressaltar dois exemplos de pessoas que doaram sua vida ao cuidado dos doentes, por amor ao próximo e amor a Deus: São Bernardino de Siena e São Carlos Borromeu. 

São Bernardino de Siena (1380-1444)

Da mesma cidade de Santa Catarina, Doutora da Igreja, São Bernardino nasceu numa família nobre, mas ficou órfão de ambos os pais aos 6 anos de idade. Cuidado por tias piedosas, Bernardino recebeu uma educação aristocrática e demonstrou desde cedo um grande apreço pela virtude e pelo amor ao próximo.

Em 1400, quando o Santo contava apenas com 20 anos de idade, a peste visitou a cidade de Siena pela terceira vez. Este surto epidêmico foi maior do que os anteriores, favorecido pela passagem de peregrinos a Roma devido às comemorações do jubileu secular.

Siena possuía uma hospital antiquíssimo dedicado a Santa Maria dela Scala, cujo prédio está de pé até hoje e fica diante da famosa Catedral da cidade. No século XIV, o Scala era um centro de caridade conhecido, a que recorriam muitos doentes. Muitos santos e beatos lá exerceram sua caridade. São Bernardo Tolomei (1272-1348), por exemplo, faleceu no hospital por contrair a peste.

Na epidemia de 1400, cada dia, numerosos doentes faleciam no hospital, e os que deles cuidavam também contraíam a peste e morriam. O diretor do hospital, João Ghiandaroni, não sabendo como reagir, pois perdera boa parte da equipe que lá trabalhava, não achou outra saída do que recorrer à intercessão de Nossa Senhora para encontrar alguma solução.

Pouco depois, o jovem Bernardino se apresentou ao diretor propondo assumir o cuidado total do hospital junto com alguns amigos. O diretor, apesar de comovido com a proposta do jovem, hesitou em conceder-lhe o que pretendia. Como um jovem moço, com poucos amigos, poderia assumir um hospital inteiro? Além do mais, Bernardino, sendo de família nobre, não poderia arriscar-se e expor-se a tamanho perigo.

 Nenhuma dessas admoestações moveu o jovem, que respondeu, com firmeza: “Se Deus quiser que eu morra, aceitarei a morte alegremente”. Ghiandaroni, então, reconhecendo a seriedade do desejo de Bernardino, entrega-lhe as chaves e toda a direção da instituição.

Reunidos algumas dezenas de jovens, Bernardino os incentivava à caridade, lembrando constante da caridade de Cristo e da necessidade de imitá-lo.

Antes do grupo entrar no hospital, o jovem lhes fez uma exortação para que perseverassem no desejo de doar-se pelos doentes: “Quem de vós pode gabar-se de prolongar sua vida quando vemos os outros morrerem diariamente, quando nossos mais amados companheiros sucumbiram aos primeiros ataques do flagelo? Se morrermos, cumprindo os deveres de caridade, iremos ao Senhor; se, ao contrário, a morte nos poupar, regozijar-nos-emos a vida inteira de termos prestado a Deus tantos serviços na pessoa de seus pobres. Portanto, que vivamos ou que morramos, somente podemos lucrar neste ministério”.

Dia e noite, Bernardino se consagrou ao serviço dos doentes. Consolou-os, ajudou-os a morrer quando não havia mais esperança, sepulto-os pessoalmente. Realizou os serviços mais repugnantes e preocupou-se com a higiene do hospital, com a limpeza e a ordem. Sempre admitiu novos doentes, por mais lotada que estivesse a casa. Muitos de seus companheiros morreram, mas sempre foram substituídos por outros que desejavam voluntariar-se no hospital.

Quatro longos meses, com noites mal dormidas, convivendo constantemente com a morte, foi o tempo do trabalho incansável do jovem Bernardino. Debelada a peste, o jovem deixa o hospital e se entrega à vida religiosa, tornando-se um frei franciscano.

São Carlos Borromeu (1538-1584)

Carlos Borromeu foi um cardeal de grande influência no Concílio de Trento. Seu tio, o Papa Paulo IV, o encarregou como responsável de pôr fim aos trabalhos conciliares, que se estendiam por quase 18 anos.

Arcebispo de Milão, Borromeu implementou em sua diocese as reformas exigidas pelo Concílio, como a moralização do clero. Percebeu, entretanto, que a reforma na Igreja deveria partir antes da conversão pessoal do que de uma mera mudança nas instituições. Assim, a vida de Borromeu foi a grande responsável pelo sucesso de aplicação das reformas do Concílio em sua diocese. Sua vida contrariou tanto determinados clérigos de sua diocese, que Borromeu sofreu duas tentativas de homicídio, das quais escapou.

São Carlos Borromeu já era conhecido pela sua humildade e caridade com os pobres. Em uma grande carestia de comida, em 1571, ele foi o responsável por alimentar diariamente 3 mil pessoas. Entretanto, o maior testemunho de sua santidade ocorreu na epidemia de 1576, que vitimou 25 mil pessoas apenas em Milão.

No começo da epidemia, o governo civil e a nobreza fugiram da cidade, obrigando a população a enfrentar sozinha a epidemia. Borromeu garantiu, entretanto, à população que, como bispo, não fugiria, e pediu para que os padres fizessem o mesmo. “Temos apenas uma vida e devemos gastá-la em favor de Jesus e das almas – não como desejamos, mas no tempo e na forma que Deus desejar”, afirmou São Carlos.

A maioria do clero permaneceu em Milão e mais que uma centena morreu por causa da doença. O sacrifício e a morte heroica desses padres demonstram quão profundas foram as reformas implementadas por Borromeu, que se enraizaram em seu clero.

O Arcebispo em pessoa esteve na linha de frente para assistir os doentes durante a peste. Ele organizou hospitais e cuidou dos órfãos. Levou pessoalmente a Eucaristia para centenas de doentes e moribundos em quarentena em suas casas. Rezou missas em praças e ruas para que as pessoas pudessem participar dentro de suas casas. Vendeu móveis e adereços do palácio episcopal para angariar fundos para os pobres. A cara tapeçaria foi usada para costurar roupas para os desvalidos durante o inverno. Terminada a peste, quase nada restou no palácio episcopal.

Quando os cadáveres não podiam ser enterrados no tempo oportuno, devido a grande quantidade de mortos, o Arcebispo foi visto, certa vez, escalando uma pilha de corpos para dar o Viático a um homem que ainda estava consciente.

Em suma, São Carlos Borromeu viveu uma vida heroica em meio à epidemia e foi exemplo para seu clero de uma admoestação que fizera, certa vez, para todos os seus padres: “Não esqueçais do vosso sacerdócio a ponto de preferirdes uma morte mais tardia a uma morte santa”.

Pandemia: um chamado à santidade pessoal

Uma verdadeira reforma exige santificação pessoal. Os exemplos de São Bernardino e São Carlos Borromeu são luz para nós, que vivemos, também, um tempo de epidemia. Talvez a epidemia do novo coranavírus não seja tão mortífera quanto a peste negra; talvez não sejamos capazes de viver vidas heroicas como esses dois grandes santos. Podemos, porém, de certa forma, aprender deles que, em cada tempo confuso, como o nosso, Deus nos pede uma resposta e nos chama, ainda mais, para uma santidade pessoal.

Fontes: São Bernardino de Sena – Paulo Thureau-Dangin; Chalers Borromeu - Selected Orations, Homilies and Wrtings – Editado por John R. Clark; Encyclopedia of Pestilence, Pandemics and Plagues, Greenwood Press; The medical response to the Black Death – Joseph A. Legan; The Great Mortality – Jonh Kelly

 

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Igreja se faz próxima daqueles que sofrem com o luto na pandemia

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30 de abril de 2020

O distanciamento social e as medidas restritivas para conter o avanço da pandemia de COVID-19 impactam a vida da sociedade em diversos aspectos.

Nesse contexto, a assistência espiritual às pessoas, sobretudo àquelas que sofrem por ter alguém doente na família ou até pela perda de um ente querido em decorrência dessa doença, tem sido imprescindível.

Contudo, com as igrejas fechadas, missas com o povo suspensas, velórios abreviados ou até proibidos, como manifestar a fé na vida eterna, despedir-se dignamente de um familiar e, sobretudo, receber o apoio e o conforto da Igreja nesse momento de dor?

Nesse sentido, os padres têm buscado alternativas para continuar a realizar essa missão. Nunca os meios de comunicação e as plataformas digitais foram tão úteis para os sacerdotes e as comunidades realizarem esse serviço pastoral.

AMIZADE

A família Gios experimentou isso há pouco mais de um mês, quando seu patriarca, Mateus Gios, 75, começou a passar mal e foi levado ao hospital, onde foi diagnosticado com uma forte pneumonia. Com problemas renais, seu estado de saúde se agravou e ele não resistiu, falecendo em 21 de março. Somente nove dias depois do seu sepultamento, veio a confirmação de que Mateus estava infectado pelo novo coronavírus. Devido à suspeita de COVID-19, o velório teve apenas uma hora de duração e foi restrito a familiares próximos.

O Sacerdote amigo de longos anos da família, Padre José Ferreira Filho, conseguiu chegar ao cemitério quando já estava acontecendo o sepultamento e pôde fazer as últimas orações. Diante da situação, a família acabou não celebrando a missa de sétimo dia, pois também havia a preocupação com o cuidado da saúde da esposa de Mateus, Zilda D’Angelo Gios, 73, que também foi infectada pela COVID-19, porém não teve complicações de saúde.

ORAÇÃO

Padre José se ofereceu para celebrar a missa do 30º dia de falecimento. No entanto, como a matriarca da família estava em isolamento e seguindo as recomendações médicas, a celebração não pôde acontecer com a presença dos familiares. “Então, eu celebrei a missa na Paróquia, transmiti via Facebook e os familiares acompanharam a celebração em casa”, destacou o Padre José, que é Administrador Paroquial da Paróquia São José Operário, no Jardim Damasceno.

No mesmo dia em que a missa foi celebrada, Padre José recebeu a notícia de que uma jovem de sua Paróquia, Maiara Cabral, com 28 anos, também havia morrido em decorrência da COVID-19 e, por isso, a Eucaristia foi celebrada também em sua intenção.

CONSOLO

O Padre Roberto Fernando Lacerd viveu experiência semelhante na Paróquia Santa Rosa de Lima, no Jardim Tremembé. No sábado, 25, uma paroquiana chamada Carmelita Goulart de Souza faleceu após ser internada com suspeita do novo coronavírus. “Foi um momento muito difícil para a família, sem a oportunidade da celebração das exéquias”, relatou o Pároco, pois, desde essa data, os velórios de vítimas e suspeitos de COVID-19 estão suspensos na capital.

O Sacerdote, então, entrou em contato com a família por telefone para manifestar sua proximidade e celebrar a missa na intenção da paroquiana. “Não pudemos realizar o velório e rezar por minha irmã, mas, ouvir suas palavras de fé, confortam minha família neste difícil e triste momento”, testemunhou a irmã de Carmelita, Sebastiana Pierini, em mensagem enviada ao Padre.

Para se fazerem próximas das pessoas que necessitam de um amparo maior em situações dolorosas como essas, as paróquias estão se organizando com o apoio e a participação efetiva dos leigos da comunidade.

COMUNIDADE

Por estar em recuperação de uma recente cirurgia, Padre Roberto também tem que seguir rigorosamente a quarentena. Na Semana Santa, o médico o autorizou a celebrar o Tríduo Pascal na matriz paroquial com a ajuda de poucos auxiliares e seguindo as recomendações preventivas. Nos outros dias, ele tem celebrado diariamente na casa paroquial e mantém constante contato com os paroquianos para atender às suas necessidades.

“Nós organizamos o território de nossa paróquia em 12 grupos para dar suporte e estar em contato com o máximo possível de paroquianos. Como mais da metade dos nossos fiéis não têm acesso às mídias sociais, os coordenadores desses grupos telefonam com frequência para animá-los e procurar saber do que precisam”, disse.

Padre Osvaldo Bisewski, Administrador Paroquial da Paróquia Santa Luzia, na Água Fria, também ressaltou que a pandemia tem sido uma ocasião para aprofundar o sentido de corresponsabilidade da comunidade no cuidado de uns para com os outros.

“Como a maioria dos meus contatos acaba sendo por telefone ou WhatsApp, eu percebo que as pessoas da comunidade de fé têm assumido esse papel de se fazerem próximas daquelas mais necessitadas de uma atenção”, afirmou o Padre, destacando que várias famílias manifestam preocupação e atenção para com os doentes que moram próximos ou pessoas que necessitam de um amparo afetivo, espiritual e, inclusive, material.

CUIDADO MÚTUO

“Percebo que mudou o sentido de cuidado pelo outro nesse período. A comunidade não é só o Padre. As pessoas estão sentindo a presença da Igreja junto delas também por meio daqueles que estão mais próximos”, acrescentou o Sacerdote.

Ainda no caso das famílias que sofrem com o luto em meio a essa situação excepcional da pandemia, os padres e agentes de pastoral as ajudam a compreender a importância da oração pelos falecidos e que, mesmo que não possam participar presencialmente da missa, a Igreja Católica crê e ensina sobre a eficácia da Eucaristia oferecida em sufrágio das almas.

OBRA DE MISERICÓRDIA

Sepultar os mortos e rezar por eles é uma obra de misericórdia. Quando não é possível realizar o ritual de exéquias por um sacerdote ou ministro no cemitério, a Igreja sempre aconselhou que a família faça um momento de oração antes do sepultamento, manifestando a fé na vida eterna e na misericórdia de Deus.

Orações da piedade cristã, como o Terço, também são propícias nessas circunstâncias. Nos rituais e manuais de oração cristã, existem várias pequenas orações que podem ser feitas não somente no funeral como também depois dele, sempre que as pessoas se lembrarem de seu ente falecido. Uma delas é esta:

Pai Santo, Deus Eterno e Todo-Poderoso,
nós vos pedimos por (nome do falecido),
que chamastes deste mundo.
Dai-lhe a felicidade, a luz e a paz.

Que ele, tendo passado pela morte,
participe do convívio de vossos santos na luz eterna,
como prometestes a Abraão e à sua descendência.

Que a sua alma nada sofra,
e vos digneis ressuscitá-lo com os vossos santos
no dia da ressurreição e da recompensa.

Perdoai-lhe os pecados,
para que alcance junto a Vós
a vida imortal no Reino eterno.
Por Jesus Cristo, Vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo. Amém.

(Rezar Pai-Nosso e Ave-Maria)

Dai-lhes, Senhor, o repouso eterno e brilhe para eles a vossa luz! (3 vezes).

(Fotod: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

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Pela comunhão dos santos, o cristão vive sua pertença à Igreja

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27 de abril de 2020

Este período de pandemia e isolamento social é um convite para os cristãos renovarem a fé e aprofundarem o seu sentido de pertença à Igreja de Cristo. Desse modo, os artigos da profissão de fé, o “Creio”, ajudam a enfrentar estes dias difíceis em uma perspectiva sobrenatural.

Mais do que nunca, a afirmação “Creio na comunhão dos santos” é uma dessas verdade de fé que possibilitam ao fiel compreender que a Igreja é uma realidade que vai além do tempo e do espaço, e cuja ação não pode ser limitada por uma quarentena.

IGREJA

No artigo publicado pelo jornal O SÃO PAULO em 15 de abril, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, propôs uma reflexão a partir da pergunta: “Onde anda a Igreja?”, destacando que estes dias de igrejas vazias o levaram a pensar muito na realidade da comunhão dos santos.

“Essa ‘comunhão dos santos’ diz respeito ao próprio ser da Igreja, que é a comunidade dos discípulos de Cristo do passado, presente e futuro, dos santos e dos pecadores, que se reúnem para as celebrações e dos ausentes delas.”

De fato, depois de afirmar “Creio na Santa Igreja Católica”, o Símbolo dos Apóstolos acrescenta “na comunhão dos santos”. “Este artigo é, em certo sentido, uma explicitação do anterior: pois ‘que é a Igreja, se não a assembleia de todos os santos?’. A comunhão dos santos é precisamente a Igreja”, explica o Catecismo da Igreja Católica (CIC), 946.

CORPO DE CRISTO

Para compreender melhor esse dogma, é preciso voltar à definição que o Apóstolo São Paulo faz da Igreja como o corpo do próprio Cristo, especialmente no capítulo 12 da Primeira Carta aos Coríntios.

Ao comentar sobre essa natureza da Igreja, o Papa Francisco, na Catequese de 19 de junho de 2013, afirmou que a Igreja não é uma associação assistencial, cultural ou política, mas é um corpo vivo, que caminha e age na história. “E este corpo tem uma cabeça, que é Jesus, que o guia, nutre-o e sustenta-o”, disse.

Nesse sentido, o Catecismo ressalta que a expressão comunhão dos santos tem dois significados estreitamente ligados: “comunhão nas coisas santas (sancta) e comunhão entre as pessoas santas (sancti) ... Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo (sancta), para crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinonia) e a comunicarem ao mundo” (CIC, 948).

CÉU E TERRA

A comunhão dos santos também ajuda a compreender os três estados que constituem a Igreja de Cristo: 

  • Igreja militante: constituída por todos aqueles batizados que estão vivos e peregrinam neste mundo e caminham para a eternidade celeste;
     
  • Igreja padecente: formada por aqueles que “morreram na graça da amizade, mas não estão de todo purificados, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu”, isto é, o purgatório (CIC, 1030).
     
  • Igreja triunfante: constituída por todos aqueles bemaventurados que estiverem purificados e contemplam Deus face a face no céu, “o estado de felicidade suprema e definitiva” (CIC, 1024).

“Nós cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo: dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja; e cremos que, nesta comunhão, o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre atento às nossas orações”, afirmou São Paulo VI, na Carta Apostólica Sollemnis professio fidei (1968).

A Constituição Dogmática Lumen gentium, do Concílio Vaticano II, destaca que: “Todos, porém, comungamos, embora de modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de glória. Com efeito, todos os que são de Cristo e têm o seu Espírito, formam uma só Igreja e Nele estão unidos uns aos outros”.

PARTICIPAÇÃO

Na terra, os cristãos participam dessa comunhão por meio da fé comum, pelos sacramentos, pelos carismas distribuídos pelo Espírito Santo, pela partilha dos bens espirituais e materiais e pela caridade.

A comunhão com aqueles falecidos que são purificados no Purgatório se dá por meio da oração da Igreja militante, que oferece continuamente suas preces e sacrifícios, especialmente o santo sacrifício da missa, em sufrágio dessas almas.

“Reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam venerou, com muita piedade, desde os primeiros tempos do cristianismo, a memória dos defuntos; e, ‘porque é um pensamento santo e salutar rezar pelos mortos, para que sejam livres de seus pecados’ (2Mc 12,46), por eles ofereceu também sufrágios” (CIC, 958).

Já aqueles que habitam a Igreja triunfante, os santos, participam dessa comunhão por meio da sua intercessão junto a Deus. “Assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e cabeça, toda a graça e a própria vida do povo de Deus” (CIC, 957).

EUCARISTIA

Portanto, estar em comunhão com a Igreja é estar unido a todos aqueles irmãos que estão nessas três realidades. E um dos meios mais eficazes de experimentar essa união é a Eucaristia, memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

“É por este sacramento que nos unimos a Cristo, o qual nos torna participantes de seu Corpo e de seu Sangue para formarmos um só corpo”, destaca o Catecismo, afirmando, ainda, que a comunhão eucarística é  “o sentido primário da comunhão dos santos... pão dos anjos, pão do céu, remédio de imortalidade, viático...” CIC, 1331).

Desse modo, cada vez que um sacerdote preside uma missa e oferece, na pessoa de Jesus Cristo, o único e eterno sacrifício redentor, unindo o céu e a terra, o faz em favor de toda a Igreja, ou seja, dos santos, dos falecidos e de todos os fiéis que estão isolados em suas casas, unidos em oração e comunhão espiritual.

POVO DE CRISTO

“A Igreja é esse imenso povo que Cristo reuniu mediante o anúncio do Evangelho e que adere a Ele pela fé. Os santos no céu são, certamente, a parte mais numerosa e bela dessa imensa comunhão comunidade e já vivem na ‘Jerusalém celeste’, participando plenamente da vida e da glória do Ressuscitado. Somos os que chegaram por último e ainda peregrinamos nesta vida, à espera do cumprimento pleno das promessas de Deus. Enquanto isso, voltamos nosso olhar, cheio de esperança, para Jesus Cristo, Senhor da Igreja”, ressaltou o Cardeal Scherer.

 

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Cardeal Scherer: ‘Nós somos a Igreja Católica Apostólica’

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25 de abril de 2020

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo presidiu a missa na manhã deste sábado, 25, festa litúrgica de São Marcos Evangelista. A Eucaristia celebrada na capela de sua residência foi transmitida pela rádio 9 de Julho e pela página da Arquidiocese no Facebook.

EVANGELISTA

Na homilia, Dom Odilo explicou que embora São Marcos não tenha sido um dos 12 apóstolos, fui muito próximo deles, tanto que São Paulo e São Pedro manifestam sua estima por ele em suas cartas.

Primo de Barnabé, São Marcos acompanhou o Apóstolo São Paulo em sua primeira viagem e depois o seguiu até Roma. Foi discípulo de São Pedro e foi a partir de sua pregação que escreveu o Evangelho. Também é atribuída a ele a fundação da Igreja de Alexandria.

“Celebrando a festa do evangelista, lembramos de algo fundamental: Nós somos a Igreja Católica Apostólica. Ela se edifica sobre o fundamento dos apóstolos, por isso, não se inventa ou se reinventa a cada instante. A Igreja se renova, porém a sua fé é a mesma em qualquer parte do mundo”, ressaltou o Arcebispo.

ÚNICO FUNDADOR

Recordando uma das primeiras descrições da Igreja relatada no livro dos Atos dos Apóstolos, Dom Odilo reforçou que a comunidade dos cristãos “perseverava na doutrina dos apóstolos, nas orações e na fração do pão”.

Mantenhamos unidos na nossa fé. Não vamos atrás de qualquer pregador ou fundador de igrejas. Temos um único fundador que é Jesus Cristo, todos os outros somos suas testemunhas e servidores.

ROMARIA ARQUIDIOCESANA

No fim da missa, Dom Odilo reforçou seu convite para a realização da 119º Romaria da Arquidiocese de São Paulo a Aparecida no dia 3 de maio.

Este ano, devido às medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia de COVID-19, a romaria não contará com a presença dos fiéis. Apenas irão o Arcebispo e os bispos auxiliares, acompanhados de alguns padres, que celebrarão uma missa no Santuário Nacional às 12h, transmitida pela TV Aparecida, rádio 9 de Julho e mídias sociais da Arquidiocese.

O Cardeal motivou todo o povo estar em comunhão com esse momento de fé e devoção, acompanhando a celebração de suas casas, reunidos em família.

ROSÁRIO EM FAMÍLIA

Em carta enviada a toda a Arquidiocese no dia 21, Dom Odilo pediu que haja uma preparação para a romaria, por meio da oração do Rosário e da Ladainha de Nossa Senhora, em família, nos dias que antecedem o evento: 29 e 30 de abril e 1º de maio.

“Colocaremos nas mãos e no coração de Nossa Senhora Aparecida as nossas paróquias e comunidades, as famílias e cada pessoa. Rezaremos especialmente pelos pobres e os doentes e por aqueles que cuidam deles. Pediremos a Nossa Senhora, ‘Auxílio dos Cristãos’ e ‘Saúde dos Enfermos’, que olhe por todos com carinho maternal”, afirmou o Cardeal, na carta.

ASSISTA AO VÍDEO DA MISSA DESTE SÁBADO: 

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Indulgências: participação dos benefícios da redenção de Cristo

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18 de abril de 2020

Neste período de pandemia, o tema das indulgências ganhou destaque entre os católicos e curiosidade entre os que têm uma ideia distante do real significado dessa antiga prática da Igreja de grande valor espiritual para a vida dos fiéis.

No dia 27 de março, o mundo acompanhou a histórica oração do Papa Francisco pelo fim da pandemia na Praça São Pedro, vazia, onde concedeu, no final, a bênção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo) com o Santíssimo Sacramento, por meio da qual concedeu aos fiéis a possibilidade de obter a indulgência plenária. O mesmo aconteceu no domingo de Páscoa, 12, quando conferiu novamente essa bênção, já tradicional nesta data, assim como no dia de Natal.

Dias antes, a Santa Sé publicou um decreto por meio do qual concede a possibilidade de obter indulgência plenária aos doentes com a COVID-19, assim como aos profissionais da saúde e familiares que colocam sua vida em risco para cuidar dos infectados.

O QUE É?

Ao contrário do que alguns meios de comunicação erroneamente noticiaram, as indulgências concedidas pelo papa não são o “perdão total dos pecados”, algo que só pode ser obtido por meio da absolvição sacramental na Confissão.

A doutrina da Igreja ensina que a indulgência é “a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja”, como explica do Manual das Indulgências, da Penitenciaria Apostólica, tribunal da Santa Sé responsável pelas questões referentes ao foro interno, como o sacramento da Reconciliação e as indulgências.

“Apesar do perdão, carregamos na nossa vida as contradições que são consequência dos nossos pecados. No sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos nossos comportamentos e pensamentos permanece”, explicou o Papa Francisco, na bula Misericordiae vultus, na proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, em 2015.

O Pontífice acrescentou que a misericórdia de Deus por meio da Igreja, “alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a agir com caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado”.

“A indulgência é experimentar a santidade da Igreja que participa em todos os benefícios da redenção de Cristo, para que o perdão se estenda até as últimas consequências aonde chega o amor de Deus”, completou o Santo Padre.

CONSEQUÊNCIAS DO PECADO

O Catecismo da Igreja Católica explica que, para entender essa prática da Igreja, é preciso compreender que o pecado tem uma dupla consequência na vida da pessoa.

“O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, portanto, torna-nos incapazes da vida eterna, cuja privação se chama ‘pena eterna’ do pecado. Por outro lado, todo o pecado, mesmo venial, traz consigo um apego desordenado às criaturas, o qual precisa ser purificado, quer nesta vida quer depois da morte, no estado que se chama Purgatório”, diz o Catecismo (1472).

No entanto, o Catecismo ressalta que estas duas penas não devem ser consideradas como “uma espécie de vingança, infligida por Deus, do exterior, mas como algo decorrente da própria natureza do pecado”, e indica que “uma conversão procedente de uma caridade fervorosa pode chegar à total purificação do pecador, de modo que nenhuma pena subsista”.

Desse modo, o perdão divino recebido pela absolvição sacramental restabelece no fiel a comunhão com Deus e o livra das penas eternas do pecado. No entanto, as penas temporais subsistem. Essas, por sua vez, podem ser redimidas por meio de práticas espirituais cujos méritos são as indulgências.

PARCIAL OU PLENÁRIA

Essas indulgências podem ser parciais ou plenárias na medida que liberta, em parte ou no todo, da pena temporal devida em consequência dos pecados. Desse modo, o cristão pode cultivar orações e práticas cotidianas que purificam seu coração e sua alma de tais penas e o aproximam cada vez mais da graça de Deus e da santidade.

Devido à fé da Igreja na comunhão dos santos, as indulgências podem ser obtidas não apenas em próprio favor dos fiéis, como em favor da purificação daqueles que já faleceram, ou seja, das almas do purgatório.

Para obter a indulgência plenária é preciso fazer uma das práticas indicadas pela igreja, como orações, obras, práticas de piedade e bênçãos recebidas, sempre observando as seguintes condições: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice. “Requer-se, além disso, rejeitar todo o apego ao pecado, qualquer que seja, mesmo venial”, ressalta o manual.

EXCEÇÕES NA PANDEMIA

Nesse período de pandemia, contudo, em que as pessoas estão impossibilitadas de participar da missa e receber a comunhão sacramental, a Penitenciaria Apostólica publicou um decreto em que concede a indulgência plenária aos fiéis que:

“Oferecerem uma visita ao Santíssimo Sacramento, ou a adoração eucarística, ou a leitura da Sagrada Escritura durante pelo menos meia hora, ou a recitação do santo rosário, ou o exercício piedoso da via-sacra, ou a recitação do rosário da Divina Misericórdia, para implorar de Deus Todo-Poderoso o fim da epidemia, alívio para os aflitos e salvação eterna para aqueles que o Senhor chamou a si”.

O decreto determina, ainda, que para obter a indulgência plenária, os doentes de coronavírus, os que estão em quarentena, os profissionais de saúde e familiares que se expõem ao risco de contágio para ajudar quem foi afetado pela COVID-19, também poderão simplesmente recitar o Credo, o Pai-Nosso e uma oração a Nossa Senhora.

Na impossibilidade de se confessar e de receber a absolvição sacramental, a Penitenciaria Apostólica recordou, por meio de uma nota, que “a contrição perfeita, vinda do amor de Deus amado acima de tudo, expressa por um sincero pedido de perdão (aquilo que o penitente é atualmente capaz de expressar) e acompanhada do votum confessionis, ou seja, da firme resolução de recorrer à confissão sacramental o mais rápido possível, obtém perdão dos pecados, até mortais”.

MEIOS PARA OBTÊ-LAS

São vários os meios e circunstâncias pelas quais uma pessoa pode obter indulgências parciais ou plenárias. Leia, a seguir, os meios mais comuns indicados pela Igreja:

Concede-se indulgência plenária ao fiel que:

  • Visitar com devoção uma das quatro basílicas patriarcais de Roma e lá recitar o Painosso e o Creio:

1) no dia da festa do titular;
2) em qualquer festa de preceito;
3) uma vez no ano, em dia à escolha do fiel.

  • Receber com piedade e devoção a bênção dada pelo Sumo Pontífice a Roma e ao mundo (Urbi et Orbi), ou dada pelo bispo aos fiéis confiados ao seu cuidado;
  • Passar pela porta santa de um santuário durante um Ano Santo Jubilar;
  • Visitar devotamente um cemitério, entre os dias 1 e 8 de novembro, e rezar pelos falecidos, sendo aplicável somente às almas do purgatório;
  • Participar da adoração da cruz na celebração da Paixão do Senhor na Sextafeira Santa;
  • Participar com devoção do solene rito de conclusão de um congresso eucarístico;
  • Realizar exercícios espirituais aos menos por três dias;
  • Visitar a igreja paroquial na festa do titular;
  • Visitar a igreja ou o altar no próprio dia da dedicação e aí piedosamente rezar o Painosso e o Creio;
  • Visitar piedosamente urna, igreja ou oratório de religiosos na festa de seu fundador e aí rezar o Painosso e o Creio.

Concede-se indulgência parcial ao fiel que:

  • No cumprimento de seus deveres e na tolerância das aflições da vida, ergue o espírito a Deus com humilde confiança, acrescentando alguma piedosa invocação, mesmo só em pensamento;
  • Levado pelo espírito de fé, com o coração misericordioso, dispõe de si próprio e de seus bens no serviço dos irmãos que sofrem falta do necessário;
  • Absterse de coisa lícita e agradável, em espírito espontâneo de penitência;
  • Recitar atos de virtudes teologais (fé, esperança e caridade) e de contrição.
  • Visitar o Santíssimo Sacramento para adorálo; se o fizer por mais de meia hora, a indulgência será plenária;
  • Visitar devotamente um cemitério, em qualquer dia do ano, e rezar pelos falecidos. O mesmo se aplica na visita a um cemitério de antigos cristãos ou “catacumba”;
  • Fazer a comunhão espiritual, por meio de qualquer fórmula piedosa;
  • Recitar piedosamente o Creio, seja o símbolo apostólico, seja o nicenoconstantinopolitano;
  • Dedicarse a ensinar ou aprender a doutrina cristã;

Para saber mais detalhes sobre a obtenção de indulgências e os meios para consegui-las, acesse o Manual das Indulgências, da Penitenciaria Apostólica. 

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Igreja conectada

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27 de março de 2020

Para alguns padres, a possibilidade de transmitir celebrações e outros eventos religiosos via internet é uma novidade. De fato, basta ter um smartphone com acesso à internet para realizar uma transmissão. Contudo, são necessários alguns cuidados técnicos para que essas transmissões sejam bem sucedidas.

Por isso, o Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo e algumas agências católicas de comunicação divulgaram orientações técnicas para as transmissões.

  • Antes de iniciar a transmissão, verifique a bateria do celular e as condições da sua rede de wifi;
  • Coloque o celular em tripé e verifique antes se a imagem está enquadrada. Caso não tenha um tripé, apoie o celular em algo para a transmissão.
  • O enquadramento da imagem deve mostrar o altar de forma que permita enxergar o rosto e os gesto s do sacerdote. 
  • Para que possa ver a sua tela e controlala, faça as transmissões com a câmera frontal.
  • Evite todo e qualquer ruído externo ou próximo do local de transmissão.

(Com informações de Adora Comunicação)

OUTRAS DICAS

Para a captação de áudio, o ideal é o uso de um microfone conectado diretamente ao celular. Caso não seja possível, deixe o celular a uma distância que seja possível captar bem o áudio. No caso de haver sistema de som no ambiente, tente deixar o celular próximo de uma das caixas de som. Também não é recomendável que a transmissão seja feita de um ambiente onde haja muito eco e com pouca luminosidade ambiente. E, claro, faça sempre um teste prévio do som, captação da imagem e luminosidade.

Quanto as plataformas mais utilizadas para as transmissões de celebrações, as mais comuns são o Facebook, Instagram e Youtube. Todas essas plataformas são ao gratuitas. No entanto, é preciso estar atento a algumas observações.

Tanto o Facebook quanto o Instagram são redes sociais que possuem mais facilidade de acesso para quem já tem uma conta com um perfil em suas plataformas. A transmissão ao vivo via Instagram pode ter a duração máxima de uma hora, por isso, esteja atento ao horário.

Para as transmissões no Facebook ou no Youtube, recomenda-se que o celular esteja na posição horizontal, já a live no Instagram deve ser na posição vertical.

No caso do Youtube, basta divulgar o link com o endereço digital da transmissão que qualquer pessoa pode acessá-lo do computador, smarphone ou até smartv sem precisar ter uma conta pessoal na plataforma.

Porém, para realizar uma transmissão ao vivo por meio de um celular, é preciso que a conta do padre ou da paróquias na plataforma tenha no mínimo mil inscritos. O que nem sempre é possível.

Para solucionar essa dificuldade, a agência de Comunicação Parresia etem explicado às paróquias e agentes da Pastoral da Comunicação, que é possível fazer transmissões ao vivo pelo Youtube  a partir de uma webcam conectada a um computador de mesa ou notebook sem a limitação de número de inscritos. Porém somente quem tem conta no youtube (o que pode ser feito gratuitamente) e seguir o canal que relaaliza a transmissão, poderá assistir ao evento. Para isso, é preciso fazer uma solicitação ao youtube até 24 horas antes do evento para que seja liberado. As orientações passo a passo de como proceder estão disponíveis no blog da Parresia (https://blog.parresia.com/)

ENCONTROS INTERATIVOS

As plataformas citadas anteriormente permitam uma certa interatividade por meio de comentários e reações enviadas pelos fiéis. O recurso dos comentários é indicado para o envio de intenções de orações e preces. No caos do Instagram, existe a possibilidade e incluir uma pessoa que esteja em outros lugar para participar da transmissão. Porém, esse recurso é mais recomendado para momentos de oração, encontros catequéticos entre outros.

Para as reuniões de grupos de oração, partilhas ou encontros de catequese existem plataformas gratuitas para a realização de videoconferências, como Skype, Hangout e Zoom.

Já para o caso de conversas individuais para aconselhamentos ou direção espiritual, é possível utilizar os recursos de vídeo-chamada do Whatsapp, Facebook e Instagram.

ORIENTAÇÕES LITÚRGICAS E PASTORAIS

Além da orientações técnicas, a Arquidiocese de São Paulo orientou os sacerdotes e ministros sobre alguns cuidados em relação á liturgia das celebrações de suas paróquias e comunidades:

  • O Padre deve celebrar sozinho, sem ministros, acólitos, leitores ou presença de fiéis;
  • O Missal Romano [livro litúrgico que contém o rito da missa) prevê normas para a celebração sem povo;
  • A celebração deve acontecer em um espaço fechado, sem a presença física de outras pessoas;
  • Para a transmissão pode haver um auxiliar, no máximo, dois;
  • A comunhão de quem auxilia na transmissão deve ser feira após o fim da transmissão;
  • A celebração deve ser divulgada com antecedência;
  • Cuidado para manter o ritmo e a frequência das celebrações, criando uma rotina;
  • As leituras sejam feitas pelo celebrante ou concelebrante;
  • As respostas das orações eucarísticas podem ser omitidas;
  • Se mais de um sacerdote ou diácono estiver presente, cuidado com a higienização dos microfones.

Para as celebrações da Semana Santa, que também acontecerão sem a presença de fiéis, o Cardeal Odilo Pedro Scherer enviou uma carta com orientações específicas, que pode ser acessada no portal www.arquisp.org.br

 

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Sacerdotes continuam próximos aos doentes e pobres, diz Arcebispo

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25 de março de 2020

Mesmo diante da crise sanitária causada pelo novo coronavírus, a Igreja continua próxima dos doentes e pobres na Venezuela. Foi o que declarou cardeal Baltazar Porras, arcebispo de Mérida e administrador apostólico de Caracas. Em mensagem para os católicos de todo o país no domingo, 15, ele disse que os padres não podem “parar de servir os que mais precisam”, transmitindo mensagens de esperança e coragem, e pediu para que sejam deixadas de lado as diferenças políticas e ideológicas.

“Essas coisas não podem ser feitas por um único setor. Precisamos trabalhar de forma multidisciplinar, e é esperado que um comitê operacional possa ser formado, incluindo autoridades e especialistas”, disse.

Também em sua conta do Twitter, ele afirmou que precisamos “ajudar uns aos outros e não se preocupar somente com nós mesmos, mas pensar naqueles que mais precisam”. Ele elogiou o trabalho dos profissionais de saúde que se colocam na linha de frente do atendimento às vítimas do novo coronavírus.

Fonte: Agência Fides

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