'Família como um dom de Deus é uma riqueza para o mundo, para a humanidade toda', diz o dom Bosco

Por
10 de agosto de 2018

Domingo, 12, a Igreja no Brasil inicia a 27ª edição da Semana Nacional da Família (SNF), que tem como tema “O Evangelho da Família, alegria para o mundo”, a mesma temática do IX Encontro Mundial das Famílias com o Papa Francisco, que acontece de 22 a 26 de agosto, em Dublin, na Irlanda.

O bispo de Osasco (SP) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom João Bosco Barbosa de Sousa, explica que: “o tema ressalta o lado positivo da Família como um dom de Deus e que não é apenas um aspecto da doutrina, um valor para os cristãos ou para as pessoas religiosas. É uma riqueza para o mundo, para a humanidade toda”.

Até o dia 18 as comunidades têm como guia para as celebrações, reflexões, roteiros de oração e cantos o subsídio “Hora da Família”, que já está disponível. A Pastoral Familiar encoraja os leigos e leigas a participar, dialogar, acreditar, se doar, testemunhar e se fortalecer por meio do Evangelho que é fonte de alegria quando vivenciado com amor e convívio familiar.

Amoris Leatitia continua sendo a maior inspiração das páginas do Hora da Família 2018. Com seu conteúdo sempre fiel à Palavra divina e à doutrina da Igreja consegue levar a fé e a esperança a todos que se mantinham distantes do amor de Deus.

Divulgação

“O material oferece inúmeras ocasiões de encontros, celebrações, ações missionárias, palestras e eventos sobre os temas ligados à família para serem feitos nas comunidades”, destaca o bispo.

Este ano, o “Hora da Família” traz uma relação especial com o 9º Encontro Mundial das Famílias. Trata-se de uma ocasião privilegiada para agradecer a Deus, valorizar, defender a família, cultivar os valores familiares. Além de integrar todas famílias na grande família que é a Igreja.

“Esperamos que esse encontro chame a atenção do mundo para a importância da família, construída segundo a vontade de Deus, pois só assim ela pode ser alegria para o mundo”, ressalta dom Bosco.

Desde junho, a Pastoral Familiar anima os agentes e grupos paroquiais e diocesanos para fazer um trabalho conjunto dentro das comunidades em todo o país. A celebração da Semana da Família é preparada pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF).

Para o Encontro Mundial das Famílias, no Brasil, além das famílias que se inscreveram no encontro, estarão presentes o presidente da Comissão para a Vida e Família da CNBB, dom João Bosco Barbosa de Sousa, o assessor nacional da comissão, padre Jorge Alves Filho e o casal coordenador nacional da Pastoral Familiar, Luiz Zilfredo Stolf e Carmen Rodrigues Stolf.

Comente

Curta as férias de janeiro em São Paulo

Por
11 de janeiro de 2018

Vai passar as férias de janeiro em São Paulo? A Capital Paulista oferece uma série de atrações de lazer e cultura para todas as idades. Visitar exposições, assistir espetáculos, praticar uma nova atividade são algumas das opções que O SÃO PAULO apresenta a seguir. 

Museus   

São muitos os museus na cidade. Os que são mantidos pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo têm entrada gratuita aos sábados (exceto o MIS-SP, que oferece entrada livre às terças-feiras). Para quem gosta de ciências, o Museu Catavento, no centro, é uma boa opção. Já os amantes de esportes vão gostar de conhecer o Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu.  O MIS-SP é um local para os amantes de música. Também são boas dicas no roteiro a Pinacoteca Luz/ Estação Pinacoteca, a Casa das Rosas, a Casa Guilherme de Almeida, o Museu Afro Brasil, o Museu da Imigração, o Museu da Casa Brasileira, o Paço das Artes, o Memorial da Resistência e o Museu de Arte Sacra.

No Museu Catavento, por exemplo, além da exposição “Biomas do Brasil”, há muitas atividades voltadas para crianças, como a exposição “O Mundo das Abelhas”.

Endereço: Praça Cívica Ulisses Guimarães, s/nº  (Avenida Mercúrio), no Parque Dom Pedro II, centro.
Horários: Terça-feira a domingo (fechado às segundas), das 9h às 17h (bilheteria até às 16h)
Entrada: R$ 6,00 (grátis aos sábados).
Contato: (11) 3315-0051 ou www.cataventocultural.org.br.

Até o dia 28, o Museu do Futebol promove, das 10h às 17h, o “Férias no Museu”, espaço instalado no avesso das arquibancadas do Estádio do Pacaembu destinado a brincadeiras, oficinas e atividades variadas, com mesas de pebolim, futebol de botão e ping-pong, além de recreadores que oferecerão dinâmicas para toda a família. O acesso ao espaço é gratuito.

Endereço: Praça Charles Miller, s/nº, Pacaembu.
Horários: Terça-feira a sexta-feira, das 9h às 17h (bilheteria até às 16h); sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (bilheteria até às 17h).
Entrada: R$ 10,00 (grátis aos sábados).
Contato: (11) 3664-3848 ou www.museudofutebol.org.br.

A Pinacoteca promove das 10h às 17h, o espaço “Educateca”, com jogos para pessoas de todas as idades que podem ser retirados gratuitamente na recepção do museu. Em todos os sábados de janeiro, das 11h às 15h, acontece também o “JogaJunto”.

Endereço: Praça da Luz, 2, Luz.
Horários: Quarta-feira a segunda-feira (fechado às terças-feiras) das 10h às 17h (com permanência até às 18h).
Entrada: R$ 6,00 (grátis aos sábados).
Contato: (11) 3324-1000 ou www.pinacoteca. org.br.

Leitura   

Para quem gosta de ler, as bibliotecas de São Paulo, na zona Norte, e do Parque Villa-Lobos, na zona Oeste, são boas opções. Além do grande acervo de livros de diversos gêneros literários, as instituições contam com atividades culturais para todas as idades, como oficinas, clubes de leitura, bate-papos com autores, luaus e jogos

BIBLIOTECA DE SÃO PAULO 

Endereço: Avenida Cruzeiro do Sul, 2.630, Carandiru (Parque da Juventude).
Horários: Terça-feira a domingo e feriados, das 9h30 às 18h30.
Entrada: Gratuita.
Contato: (11) 2089-0800 ou www.bsp.org.br.

BIBLIOTEAA PARQUE VILLA-LOBOS

Endereço: Avenida Queiroz Filho, 1.205, Alto de Pinheiros.
Horários: Terça-feira a domingo e feriados, das 9h30 às 18h30.
Entrada: Gratuita.
Contato: (11) 3024-2500 ou www.bvl.org.br.

Concertos   

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) realiza concertos na Sala São Paulo, na Luz, todas as semanas. Aos domingos, às 11h, acontece o concerto matinal, que tem entrada gratuita. Não deixe de prestigiar também os concertos da Orquestra Jazz Sinfônica, com um repertório de composições de grandes nomes da música brasileira.

Endereço: Praça Julio Prestes, 16, Luz.
Contato: (11) 3367-9500 ou www.osesp.art.br.

Prática Esportiva   

Para quem deseja realizar alguma atividade esportiva nas férias, o Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp) oferece, em janeiro e fevereiro, aulas gratuitas de modalidades como canoa canadense, defesa pessoal, condicionamento físico, pilates, natação, caiaque, polo, capoeira, hidroginástica, entre outras.

As inscrições começaram no dia 8 de janeiro e devem ser feitas exclusivamente pelo site do Cepeusp. As aulas serão realizadas entre 15 de janeiro e 9 de fevereiro e são abertas a todas as pessoas, sem a necessidade de pertencer à comunidade USP. 

Endereço: Praça 2, Prof. Rubião Meira, 61, Cidade Universitária.
Contato: (11) 3091-3361. 

Igrejas   

No centro da Capital Paulista, é possível visitar diversos templos que têm importância e grande significado sob os pontos de vista arquitetônico, histórico, cultural e artístico. Além disso, em cada uma dessas igrejas, é possível renovar a fé e se encontrar com Deus. O portal da Arquidiocese de São Paulo publicou uma lista de dez igrejas da cidade para serem visitadas nas férias (arquisp.org.br/10-igrejas-em-sao-paulo-para-visitar-nasférias), como a Catedral da Sé, o Pateo do Collegio e o Mosteiro São Bento.

RIO SÃO FRANCISCO

No Convento São Francisco de Assis, no centro, será aberta no domingo, 14, a exposição “Canta e Chora Francisco”, do Antropólogo e Artista Plástico Sandoval Ferreira, natural da região da Serra da Canastra, local da nascente do “Velho Chico”. 

A mostra traz 50 obras, divididas em 25 telas – estas com uma visão abstrata, realista ou figurativa, e que retratam a realidade do rio no período de cheia e seca –, e 25 esculturas, todas confeccionadas a partir de madeiras extraídas do fundo do rio, submersas, por muitos anos, e que foram reveladas na seca de 2014. Também são apresentados os trabalhos de José Limonti Junior, Historiador e Artista Plástico de Ibiraci (MG), e Magda Belato, Arquiteta e Urbanista de Franca (SP). 

Exposição: Canta e Chora Francisco.
Artista: Sandoval Ferreira e convidados.
Endereço: Largo São Francisco, 133, centro.
Abertura: 14 de janeiro, às 10h30.
Contato: (11) 3291-2400 ou santuariosaofrancisco.com.br.
 

Comente

Congresso da Pastoral Familiar recebeu mensagem do Papa Francisco

Por
12 de setembro de 2017

Na abertura do XV Congresso Nacional da Pastoral Familiar, que aconteceu de 8 a 10 de setembro, em Cuiabá (MT), após discursos dos bispos e casais coordenadores do regional Oeste 2 e nacional, o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Jorge Alves Filho, surpreendeu os presentes com uma carta enviada pelo papa Francisco para o encontro.

O papa Francisco exortou os participantes a abrirem-se “às luzes e moções do Espírito Santo, lembrando que ‘cada família, mesmo na sua fragilidade, pode tornar-se uma luz na escuridão do mundo’ (Amoris laetitia, 66), deixando-se transfigurar sempre mais pela luz do Senhor Ressuscitado, através de um contínuo e perseverante caminho de conversão que permita viver uma verdadeira comunhão de amor”. Leia a carta na íntegra.

CNPF/Luiz Lopes | Bênção apostólica do papa Francisco para o Congresso

Para o pontífice, é desse modo que as famílias, com o testemunho da palavra, “falam de Jesus aos outros, transmitem a fé, despertam o desejo de Deus e mostram a beleza do Evangelho e do estilo de vida que se propõe. Assim os esposos cristãos pintam o cinzento espaço público, colorindo-o de fraternidade, sensibilidade social, defesas das pessoas frágeis, fé luminosa, esperança ativa. A sua fecundidade alarga-se, traduzindo-se em mil e uma maneiras de tornar o amor de Deus presente na sociedade” (Amoris laetitia, 184). O Congresso também recebeu uma bênção apostólica do papa Francisco.

O Congresso Nacional da Pastoral Familiar reuniu mais de mil agentes de todos os regionais da CNBB. O tema que animou o encontro foi “Família, uma luz para a vida em sociedade”.

Também foi recebida pelo congresso uma carta do secretário do Dicastério para o Leigos, a Família e a Vida do Vaticano, o padre brasileiro Alexandre Awi Mello. O presbítero iniciou há uma semana as atividades no organismo da Santa Sé criado em agosto do ano passado e manifestou alegria pelas temáticas em pauta no evento em Cuiabá (MT): “Temas como os idosos, a adoção, a dimensão missionária da família, e a parceria entre a Pastoral Familiar e os Tribunais Eclesiásticos são de grande interesse também deste dicastério”.

Compromisso

 

CNPF/Luiz Lopes | Casal coordenador nacional da Pastoral Familiar

Para o casal coordenador nacional da Pastoral Familiar, Khátia e Luiz Stolf, que atua no regional Sul 4 da CNBB, a urgência para o trabalho de evangelização com as famílias é sair do comodismo e “ir para o meio da sociedade que a cada dia se afasta mais dos valores morais e éticos, e também dos valores religiosos”. Um compromisso que pode ser assumido após o evento aponta que a missão que se coloca sobre cada agente é retornar para suas comunidades como anunciadores da Boa Nova, “não só para as comunidades, também, mas principalmente para a sociedade, sendo assim a igreja em saída que o Papa Francisco insiste tanto”.

Próxima edição
Ao final do encontro, foi anunciado o regional que irá sediar a próxima edição, que será realizada em 2020. O escolhido foi o Sul 4, com a cidade de Florianópolis (SC) como anfitriã. O anúncio foi feito pelo bispo de Sinop (MT) e referencial da Pastoral Familiar do regional Oeste 2 da CNBB, dom Canísio Klaus.

Coleta nacional
Atendendo ao convite para colaborar com a coleta “Juntos com a CNBB pela Evangelização”, o arcebispo de Cuiabá, dom Milton dos Santos, que presidiu a missa de encerramento, convidou os congressistas a manifestarem a comunhão eclesial na participação generosa na coleta nacional para a reforma da sede da CNBB, em Brasília (DF). Os casais da Pastoral Familiar dos 18 regionais da Conferência corresponderam com a doação de mais de quatro mil reais para a campanha.

 

Comente

Desde sempre, pai!

Por
20 de julho de 2017

Victor Hugo Santos Kabaka nasceu no dia 26 de junho às 21h20 e fará 50 dias de vida no domingo, dia dos pais. Filho de Dido Kabaka e Maria Auxiliadora dos Santos, ele estava dormindo quando a reportagem do O SÃO PAULO chegou ao apartamento onde a família mora, na zona sul da capital paulista.

Dido, que perdeu o pai quando ainda era criança e morava na capital do Con- go, na África, disse que chorou por horas quando soube que seria pai e logo depois aquela emoção se transformou também em cuidado, pois sua esposa engravidou quando as notícias sobre o risco do zika virus estavam bastante difundidas e, segundo ele, muitas pessoas davam opiniões que deixavam o casal ainda mais preocupado.

“Senti uma enorme responsabilidade e, a partir daquele dia, percebi que precisava cuidar ainda mais da Maria Auxiliadora e do nosso filho que crescia dentro dela”, afirmou Dido. Por uma intercorrência médica, ela fez uma cirurgia cesariana de emergência e demorou alguns dias para se recuperar. Desse modo, foi Dido que aprendeu com as enfermeiras do hospital os primeiros cuidados com o recém-nascido. “Na primeira semana de vida dele eu dava banho, trocava fraldas, curava o umbigo e depois ensinei tudo para ela”, contou o pai “de primeira viagem”.

Talvez uma situação semelhante fosse bastante incomum há algumas décadas, quando a mulher era quase exclusiva- mente assistida pela própria mãe ou outra figura feminina da família. Hoje vê-se uma maior participação dos pais, seja durante a gestação, seja nestes primeiros meses ou anos da infância dos filhos.

“O modelo paternalista, onde o filho era propriedade do pai, ou este era apenas o provedor financeiro, vem sendo substituído pelo modelo de cuidado compartilhado com a figura materna, principalmente após a entrada da mulher no mercado de trabalho. Em muitas situações do dia a dia do pediatra, pode- se notar que os pais participam ativamente das consultas, trazendo informações relevantes sobre seus filhos. Muitos passam boa parte do dia com as crianças, por vezes até mais tempo que as mães”, afirmou Geiza César Nhoncanse, médi- ca residente em Pediatria do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP.

Quando Fabiana do Valle Smith nasceu, há pouco mais de 40 anos, era a mais velha dos quatro filhos de Joaquim e Vera Helena Ribeiro do Valle, e o contexto familiar brasileiro certamente era outro. Mas ela se recorda bem da presença constante do pai. “Lembro- me dos inúmeros passeios nos fins de semana, para brincar em parques, ir ao teatro, ao museu”, contou Fabiana. “Ele sempre trabalhou bastante, mas conseguia tempo para acompanhar cada um dos filhos. Sempre foi muito jeitoso com bebês, lembro da minha mãe contando que algumas vezes, quando eu chorava à noite e ela estava muito cansada, era ele quem se levantava, ia me buscar no ber- ço, entregava para ela me dar de mamar, depois trocava a minha fralda e me colocava para dormir novamente. Esse é o sonho de toda a mãe de recém-nascido”, enfatizou a esposa de Fernando Berzoini Smith e mãe do Lucas, 14, da Stella, 11 e da pequena Alice, de 4 anos.

A presença do pai de Fabiana, contudo, não se limitou aos primeiros anos da infância; durante a adolescência e juventude ele esteve sempre ali, junto dos fi- lhos. “Ele nos falava o que era certo e er- rado, mas não era intransigente. Sempre disposto a me buscar nas festinhas, tanto é que era o ‘tio’ que dava carona para todas as minhas amigas. E ele adorava”.

Para Fabiana, Manoel “foi um pai di- ferente na época dele” e sua mãe, Vera, sabendo disso, valorizava muito toda essa dedicação. “Nada como uma parce- ria, certo? Ainda mais quando se trata de criar filhos”, exclamou.

Dora Barrientos, terapeuta familiar e de casal, doutora em enfermagem e docente no Curso de Obstetrícia e de Psi- cologia na USP, destacou que “esta participação vai se tornando um momento prazeroso de muitas reflexões, desde que exista uma boa comunicação entre os ca- sais e ambos tenham plena consciência de que as necessidades devem ser com- partilhadas por todos os membros. De fato, incluir o pai fortalece os vínculos na família e a torna um ambiente de conví- vio mais saudável para todos e principal- mente para as crianças, que aprendem com o exemplo dos pais”.

Já Fabiola de Souto, advogada, doula [profissional que acompanha gestantes durante a gravidez e o parto], professora de yoga e mãe do Davi há quase 8 anos, acredita que “a participação dos pais vem com a mudança de paradigmas acerca da responsabilidade na criação dos filhos. Não há como manter a família sem con- dições igualitárias, considerando que, muitas vezes, as mulheres participam também trabalhando fora de casa. Acre- dito muito no lema ‘pai não ajuda, pai cumpre sua parte’. Meu marido diz que ‘pai não fica de babá, ou ajuda a cuidar, pai faz papel de pai’.”

Dido, que trabalha como economista e professor de francês autônomo, sai de casa antes das 7h e chega depois das 19h. Assim, aos fins de semana, faz questão de realizar todas as tarefas relacionadas ao filho, como trocar fraldas, dar banho e ainda ajudar Maria Auxiliadora no cui- dado com a casa. “É o tempo que tenho para estar com Victor Hugo e não que- ro fazer nada mais além disso”, afirmou Dido, que recebeu o nome do pai e lem- bra de como seu pai cozinhava para os filhos e brincava sempre com eles.

 

Nasceu, e agora?

Fernando Berzoini Smith havia aca- bado de perder sua mãe quando veio a notícia de que seria pai do Lucas. “Durante a gravidez a mãe acaba tendo um contato maior com o bebê. O parto é um momento muito marcante. Pegar o filho pela primeira vez é uma emoção para o resto da vida, mas me senti pai realmente nas primeiras semanas com o Lucas”. Logo após o nascimento do primeiro filho, ele percebeu que sua vida havia mudado para sempre. “A proximidade com os filhos é conquistada somente com o convívio, desde muito pequenos e acompanhando a cada momento. Eles precisam sentir que estamos sempre pre- sentes para conversas, dividir as vitórias, preocupações e perdas na vida, demons- trar a nossa fé, mostrar aos nossos filhos que antes de nós, nosso Pai no céu cuida e olha por nós”, afirmou Fernando.

Geiza orientou que compartilhar o cuidado é importante para a harmonia do ambiente familiar. “Para o pai, participar do cuidado do filho pode ajudá-lo a compreender o seu papel na família e o do bebê recém-chegado. Tira a sobrecarga de funções antes colocada na figura materna acaba por fazer com que o casal atravesse as turbulências do período de uma forma menos desgastante”.

“No começo da vida do bebê, é im- portante o papel do pai apoiador, protetor, que acolhe a mulher-mãe, que respeita seu tempo, que a protege dos meios externos, palpites e interferências negativas, permitindo que a amamentação flua, que a conexão com o bebê seja intensa e tranquila. Vai além do trocar fralda e dar o banho no bebê. E é gostoso ter a companhia nos momentos de des- coberta e crescimento que são a gestação e o nascimento do filho. É certo que no caso dos companheiros que acompa- nham a gestação, o parto e trabalho de parto, que participam com consciência, existe uma troca melhor, inclusive no pós-parto, e uma chance de maior satisfação com o nascimento. Nas rodas de gestantes e mães que organizamos, quando o companheiro participa, a mulher se sente muito mais apoiada e segura de que vai conseguir o parto que deseja e criar o filho como acredita ser o correto porque ambos estão munidos de infor- mações e estão já buscando o ‘acordo’, contou Fabiola.

 

benefícios pArA o desenvolvimento dA criAnçA

“Entre 6 e 12 meses de vida do bebê, não é tão destacado na literatura médica, a figura paterna assim como acontece com a materna. No entanto, o contato corporal entre o bebê e o pai é referência na organização e desenvolvimento psíquico da criança, com função de es- truturação do ego. Durante o segundo ano já existe a imagem de pai e mãe e a figura paterna fica mais acentuada e tem a função de apoiar o desenvolvimento social da criança, auxiliando-a nas dificuldades peculiares neste período e no desprendimento necessário aos costumes da situação familiar man- tidos pela mãe. O pai aparece como ter- ceiro imprescindível para que a criança elabore a perda da relação inicial com a mãe e passa a representar o princípio de realidade e de ordem na família. A criança começa a perceber que não é a única a compartilhar a atenção da mãe. Ocorre o desprendimento do binômio mãe-bebê com a figura do pai e abre- se o horizonte de novas possibilidades, num grupo agora de três pessoas. O pai ensina o filho a existir em sociedade, assim como a mãe o ensinou a existir em seu próprio corpo”, explicou a pediatra Geiza.

Dora, por sua vez, salientou que “não se trata de ter um pai simplesmente morando no mesmo teto, pois sabemos que existem pais que mesmo estando juntos são completamente ausentes e, muitas vezes, os pais precisam trabalhar longe da família e se reencontrarem somente aos finais de semana. Nessas circunstâncias, a tecnologia tem ajudado a suprir o distanciamento”.

E, se por um lado, parece haver uma evolução na qualidade da presença paterna, sobretudo nos primeiros anos de vida dos filhos, por outro lado, verifica- se um despreparo de alguns profissionais para considerar o papel do pai tanto quanto o da mãe. Geiza disse ainda que, durante a formação do pediatra, esse tema é bastante abordado como uma forma cultural de agir, depositando na fi- gura materna as responsabilidades sobre a criança. “Quando a criança é levada a consulta médica pelo pai, na ausência da mãe, logo perguntamos por que a mes- ma não pôde comparecer. Quando o pai falta à consulta, geralmente não questio- namos sua ausência. Com a mudança do modelo familiar que vem historicamente acontecendo, cada vez mais o pediatra é questionado e treinado para uma melhor abordagem, visto que informações for- necidas pela figura paterna são tão im- portantes quanto as trazidas pelas mães”. “Uma questão indispensável é con- tinuar fortalecendo a formação dos futuros profissionais a focar no atendi- mento da família sem excluir ninguém. Que todos sejam valorizados para evi- tar momentos de crise familiar, comuns inclusive durante o primeiro ano de vida da criança, quando não são toma- dos os devidos cuidados com o casal e as necessidades desta nova família”, disse Dora à reportagem. Fabiola também questionou que muitos pediatras se dirigem à mãe quase que exclusiva- mente. “É raro um pai ir ao consultório sozinho, mas lá em casa meu marido já fez isso muitas vezes e ainda é causa de estranhamento. ”

 

 

Comente

Páginas

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.