Papa Francisco: é revolucionário amar o cônjuge assim como Cristo amou a Igreja

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31 de outubro de 2018

Quarta-feira é dia de Audiência Geral no Vaticano. Cerca de 20 mil fiéis participaram na Praça São Pedro do encontro semanal com o Pontífice.

Nesta quarta-feira (31/10), o Papa Francisco completou a catequese sobre o sexto mandamento, “não cometer adultério”, evidenciando que o amor fiel de Cristo é a luz para viver a beleza da afetividade humana. O amor se manifesta na fidelidade, no acolhimento e na misericórdia.

Revolução

Este mandamento, recordou o Papa, refere-se explicitamente à fidelidade matrimonial. Francisco definiu como “revolucionário” o trecho da Carta de São Paulo aos Efésios lido no início da Audiência, em que o Apóstolo afirma que o marido deve amar a esposa assim como Cristo amou a Igreja. Levando em consideração a antropologia da época, disse o Papa, “é uma revolução. Talvez, naquele tempo, é a coisa mais revolucionária dita sobre o matrimônio”.

Por isso, é importante refletir profundamente sobre o significado de esponsal, estando ciente, porém, de que o mandamento da fidelidade é destinado a todos os batizados, não só aos casados.

Amar é descentralizar

De fato, o caminho do amadurecimento humano é o próprio percurso do amor, que vai desde o receber cuidados até a capacidade de oferecer cuidados; de receber a vida à capacidade de dar a vida. Tornar-se adultos significa viver a atitude esponsal, ou seja, capaz de doar-se sem medida aos outros.

O infiel, portanto, é uma pessoa imatura, que interpreta as situações com base no próprio bem-estar. “Para se casar, não basta celebrar o matrimônio!”, recordou o Papa. É preciso fazer um caminho do eu ao nós. De pensar sozinho, a pensar a dois. A viver sozinho, a viver a dois. Descentralizar é uma atitude esponsal.

Por isso, acrescentou Francisco, “toda vocação cristã é esponsal”, pois é fruto do laço de amor com Cristo mediante o qual fomos regenerados. O sacerdote é chamado a servir a comunidade com todo o afeto e a sabedoria que o Senhor doa.

A Igreja não necessita de aspirantes ao papel de sacerdotes, “é melhor que fiquem em casa”, mas homens cujo coração é tocado pelo Espírito Santo com um amor sem reservas para a Esposa de Cristo. No sacerdócio, se ama o povo de Deus com toda a paternidade, ternura e a força de um esposo e de um pai. O mesmo vale para quem é chamado a viver a virgindade consagrada.

O corpo não é um instrumento de prazer

“O corpo humano não é um instrumento de prazer, mas o local da nossa chamada ao amor, e no amor autêntico não há espaço para a luxúria e para a sua superficialidade. Os homens e as mulheres merecem mais!”

O Papa concluiu recordando que o sexto mandamento, mesmo em sua forma negativa – não cometer adultério – nos oriente à nossa chamada originária, isto é, ao amor esponsal pleno e fiel, que Jesus Cristo nos revelou e doou.

Dia de Finados

Ao final da Audiência, o Papa recordou a celebração do Dia de Finados. “Que o testemunho de fé dos que nos precederam reforce em nós a certeza de que Deus acompanha cada um no caminho da vida, jamais abandona alguém a si mesmo, e quer que todos sejamos santos, assim como Ele é santo.”

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Audiência Geral: "não amar é o primeiro passo para matar"

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17 de outubro de 2018

Cerca de 20 mil fiéis participaram esta quarta-feira (17/10) da Audiência Geral na Praça São Pedro.

Sob um céu nublado, o Papa fez a alegria dos peregrinos passando de papamóvel entre a multidão antes de pronunciar a sua catequese, dando prosseguimento ao ciclo sobre os 10 mandamentos.

Como na semana passada, Francisco aprofundou a quinta palavra do Decálogo: ‘não matarás’, recordando que aos olhos de Deus a vida humana é preciosa, sagrada e inviolável.

Desprezar é matar

Jesus no Evangelho revela um sentido ainda mais profundo para este Mandamento: a ira, o insulto e o desprezo contra um irmão é uma forma de assassinato. “Nós estamos acostumados a insultar. Isso faz mal, é uma forma de matar a dignidade de uma pessoa. Seria belo se este ensinamento de Jesus entrasse na mente e no coração. Não insultar mais ninguém: seria um bom propósito. Para Jesus, se você despreza, insulta e odeia, isso é homicídio.”

Quando vamos à missa, prosseguiu o Papa, deveríamos ter esta atitude de reconciliação com as pessoas com as quais tivemos problemas. “Mas às vezes falamos mal das pessoas enquanto esperamos o sacerdote. Isso não é possível. Vamos pensar na importância do insulto, do desprezo, do ódio. Jesus os insere na linha do assassinato.”

Para aniquilar uma pessoa, portanto, basta ignorá-la.

“ A indiferença mata. É como dizer ao outro: você é um morto para mim, porque você o matou em seu coração Não amar é o primeiro passo para matar; e não matar é o primeiro passo para amar. ”

De fato, desprezar o irmão é fazer como Caim que, quando Deus lhe perguntou onde estava seu irmão Abel, respondeu: “Por acaso sou guardião do meu irmão?” “Somos sim os guardiões dos nossos irmãos, somos guardiões uns dos outros!”, respondeu o Pontífice.

Precisamos de perdão

A vida humana necessita de amor, disse ainda o Papa, reiterando que o amor autêntico é o que Cristo nos mostrou, isto é, a misericórdia. Não matar é incluir, valorizar, perdoar.

Não podemos viver sem o amor que perdoa, que acolhe quem nos fez mal. Nenhum de nós sobrevive sem misericórdia, todos necessitamos do perdão. Não basta “não fazer nada de mal”, do homem se exige mais, ele deve fazer o bem, significa viver segundo o Senhor Jesus, que deu a vida por nós e por nós ressuscitou.

“Uma vez, repetimos todos juntos uma frase de um santo sobre isto: não fazer mal é coisa boa, mas não fazer o bem não é bom. Precisamos sempre fazer o bem, ir além”, disse ainda Francisco.

Eis então que a Palavra “não matarás” se torna um apelo essencial: é um apelo ao amor.

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Papa: Domingo é dia de fazer as pazes com a vida

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05 de setembro de 2018

O verdadeiro sentido do repouso. Dando continuidade a sua série de catequeses sobre o Decálogo, o Papa falou nesta quarta-feira aos mais de 13 mil fiéis presentes na Praça São Pedro sobre o repouso como “momento de contemplação e louvor”, “é a bênção da realidade”. Francisco recordou ainda a necessidade de nos reconciliarmos com nossa própria história, pois a verdadeira paz, não é mudá-la, mas dar as boas-vindas e valorizá-la.”

“O dia do repouso” de que fala o Livro do Êxodo “parece um mandamento fácil de ser cumprido – observa - mas é uma impressão errada”, pois “existe o repouso falso e o repouso verdadeiro. Como reconhecê-los?”, pergunta o Papa.

“A sociedade de hoje está sedenta por entretenimento e férias. A indústria da distração – escutem bem, a indústria da distração - é muito florescente e a publicidade desenha o mundo ideal como um grande parque de diversões onde todos se divertem. O conceito de vida dominante hoje não tem o centro de gravidade em atividade e compromisso, mas na evasão. Ganhar dinheiro para divertir-se, satisfazer-se. A imagem-modelo é a de uma pessoa de sucesso que pode permitir-se amplos e diversos espaços de prazer”.

 

Divertimento que não é repouso

“Mas essa mentalidade – chama a atenção o Santo Padre -  desliza para a insatisfação de uma existência anestesiada pelo divertimento que não é repouso, mas alienação e fuga da realidade. O homem nunca repousou tanto quanto hoje, e ao mesmo tempo o homem nunca experimentou tanto vazio como hoje! As possibilidades de divertir-se, sair, cruzeiros, viagens. Tanta coisa...não te dão a plenitude do coração, mais ainda, não te dão repouso.”

Neste sentido, as palavras dos Decálogo lançam uma luz sobre o que é o repouso. “O mandamento – explica o Papa – tem um elemento peculiar: fornece uma motivação. O repouso no nome do Senhor tem um motivo preciso”. Depois de ter trabalhado por seis dias, no sétimo repousou, “por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou”.

 

Dia da contemplação e da bênção

Ou seja, no sétimo dia, “inicia o dia do repouso, que é a alegria de Deus por aquilo que criou. É o dia da contemplação e da bênção”. Assim, o repouso segundo este mandamento é “o momento da contemplação, do louvor, não da evasão. É o tempo para olhar a realidade e dizer: como é bela a vida!”. Assim, “ao repouso como fuga da realidade, o Decálogo opõe o repouso como bênção da realidade”:

“Para nós, cristãos, o centro do Dia do Senhor, o domingo, é a Eucaristia, que significa "ação de graças". É o dia para dizer a Deus: obrigado, obrigado Senhor, obrigado pela vida, pela sua misericórdia, por todos os seus dons. O domingo não é o dia para esquecer os outros dias, mas para recordá-los, abençoá-los e fazer as pazes com a vida, fazer as pazes com a vida. Tantas pessoas, tantas, que têm a possibilidade de divertir-se, e não vivem em paz com a vida. Domingo é dia de fazer as pazes com a vida dizendo: a vida é preciosa! Não é fácil, às vezes é doloroso, mas é preciosa”.

 

Reconciliar-se com a própria história

Ser introduzido no repouso autêntico é uma obra de Deus em nós, afirma o Papa,  mas exige que nos afastemos da maldição e do seu encanto. Inclinando o coração para a infelicidade, de fato, enfatizar as razões do descontentamento é muito fácil. Bênção e alegria implicam uma abertura para o bem que é um movimento adulto do coração. O bem é afável e nunca se impõe. Deve ser escolhido:

“A paz se escolhe, não pode ser imposta e não pode ser encontrada por acaso. Afastando-se das dobras amargas de seu coração, o homem tem necessidade de fazer as pazes com aquilo de que ele foge. É necessário reconciliar-se com a própria história, com fatos que não se aceitam, com as partes difíceis da existência. A verdadeira paz, de fato, não é mudar a própria história, mas dar as boas-vindas e valorizá-la, assim como aconteceu.”

O Pontífice recorda que muitas vezes encontramos cristãos doentes e que nos consolam “com uma serenidade que não é encontrada nos alegres e hedonistas”.

Da mesma forma, “vimos pessoas humildes e pobres alegrarem-se por pequenas graças, com uma felicidade que sabia de eternidade”.

 

A vida torna-se bela quando começamos a pensar bem dela

Maria fez a escolha pela vida, que tornou-se o seu “fiat”, “uma abertura ao Espírito Santo que nos coloca nas pegadas de Cristo, Aquele que se entrega ao Pai no momento mais dramático e assim segue o caminho que leva à ressurreição.

A vida se torna bela – disse o Papa ao concluir – “quando se começa a pensar bem dela, seja qual for a nossa história (...) quando o coração está aberto à Providência e o que o Salmo diz é verdade: "Somente em Deus repousa a minha alma".

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‘Que a catequese seja, de fato, um processo de inserção na comunidade’

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04 de setembro de 2018

“A nós, padres, cabe o trabalho constante de ser pedagogos da fé no caminho da vida cristã, mas vocês, catequistas, têm um momento privilegiado na vida das crianças e adolescentes que estão com vocês. Esse é o momento de vocês exercerem a função de pedagogos da fé”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo aos Catequistas. 

No último sábado, 25, os catequistas da Arquidiocese estiveram reunidos para um encontro formativo realizado na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na Região Episcopal Ipiranga. Em toda igreja no Brasil se comemora o mês vocacional, e o 4º domingo é dedicado à vocação leiga, com destaque à missão do catequista.

Dom José Roberto Fortes Palau, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga e Referencial da Pastoral da Animação Bíblico-Catequética, em sua fala de acolhida, destacou o protagonismo dos leigos no caminhar da igreja e a responsabilidade a que todos somos chamados: “O Bispo precisa ser o primeiro catequista em sua Diocese. O Padre precisa se o primeiro Catequista em sua Paróquia. Todos nós somos catequistas”, declarou.

Dom Odilo refletiu sobre a importância da família e da catequese na iniciação da vida cristã e recordou que o catequista precisa estar inserido na comunidade de fé e caminhar com a igreja. “É importante fazer com que a catequese seja, de fato, um processo de inserção na comunidade de fé, porque a nossa fé se apaga se não estiver inserida, de fato, em uma comunidade.” 

O Arcebispo de São Paulo agradeceu o trabalho dos catequistas nas Paróquias e Comunidades e destacou a importância da participação de todos no primeiro sínodo arquidiocesano, que iniciou este ano e vai até 2020.

“A palavra ‘sínodo’ significa caminhar juntos, e isso é um convite, uma convocação para o povo da nossa Arquidiocese de São Paulo, para fazer juntos uma nova tomada de consciência da nossa igreja e daquilo que somos como Igreja Católica”, afirmou.

Após a formação, houve missa presidida pelo Cardeal e concelebrada por Dom José Roberto, pelo Padre Adilson Gomes dos Passos Miranda, Pároco, e pelo Padre Marcelo Delcin, Assessor Eclesiástico Pastoral da Animação Bíblico-Catequética.

Em sua homilia, Dom Odilo concluiu sua reflexão afirmando que os sacerdotes e os catequistas precisam sempre apontar o caminho para os catequizandos se alimentarem do verdadeiro pão da vida: “Somos nós, hoje, aqueles que temos que ajudar o povo a aproximar-se e saciar-se do verdadeiro pão, para que ninguém precise ir embora”, concluiu.
 

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A vivência comunitária que nasce da catequese

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25 de agosto de 2018

Em 13 de Julho de 1553, um jovem jesuíta, de apenas 19 anos, chamado José de Anchieta, desembarcou no Brasil, atendendo ao pedido do provincial da Companhia de Jesus, Padre Manoel da Nobrega, que necessitava de mais missionários para catequizar o povo brasileiro. 

O mesmo chamado que ardeu no coração desse santo e o fez viajar por dias até o Brasil, com o objetivo de evangelizar, hoje inspira os catequistas de diversas paróquias e comunidades, que recebem o chamado do próprio Jesus e dedicam sua vida para ensinar o caminho da salvação às crianças, adolescentes, adultos e, enfim, a todos que necessitam. 

 

SER CATEQUISTA

Magali Gayjutz Simões é coordenadora da Pastoral da Catequese de Primeira Eucaristia, em parceria com Hélio Ramos, na Paróquia Bom Jesus dos Passos, na Freguesia do Ó, Região Episcopal Brasilândia. A catequista relatou, em entrevista ao O SÃO PAULO, sua experiência.

“Falar de Jesus e de seus ensinamentos é maravilhoso, apesar de difícil e desafiador nos dias de hoje. Anunciar o amor ao próximo e trabalhar a partilha e o perdão está cada vez mais difícil. Anunciar a Palavra me faz uma pessoa melhor. Poder ajudar na evangelização faz meu amor por Jesus crescer e desejar que todos conheçam esse amor”, afirmou.

Todos os anos os catequistas da comunidade participam das formações promovidas pela Região Episcopal Brasilândia, além dos encontros formativos que são realizados na própria Paróquia. 

 

INTEGRAR NA COMUNIDADE

 Nos últimos dois anos a Pastoral da Catequese passou por uma reformulação e algumas iniciativas foram criadas a fim de aproximar as crianças e os familiares da comunidade. A missa das crianças, realizada todos os sábados de manhã, após os encontros da catequese, é a ação que mais envolve os catequizandos, pois todas as funções litúrgicas como leituras, coleta e ofertório são realizadas pelas crianças.

 “Elas se sentem integradas à comunidade, importantes, respeitadas, e acredito também que essas atividades desenvolvem seu senso de responsabilidade”, concluiu a catequista. 

Um coral foi formado com os catequizandos e jovens que já receberam a Primeira Eucaristia e tem gerado ótimos frutos de perseverança. Outra iniciativa que teve um resultado surpreendente foi o dízimo mirim: por meio de uma pequena contribuição espontânea, as crianças aprendem a importância do gesto para a construção da comunidade. 

A distribuição dos minipães, que são trazidos pelas próprias crianças ao fim da celebração, também incentiva a partilha. Os pais participam da celebração e de encontros mensais promovidos pelos catequistas. No período do Natal, a Pastoral arrecada alimentos e brinquedos que são destinados às crianças carentes. 

 

ACOLHIDOS NAS PASTORAIS 

Além das ações citadas, os 74 catequizandos, com faixa etária de 8 a 13 anos, também são convidados a participar da Pastoral dos Coroinhas, bastante popular na comunidade. Grande parte dos membros deste grupo surgiu por meio de sua participação na catequese. 

A Infância e Adolescência Missionária (IAM) acolhe crianças que já receberam a Primeira Eucaristia e desejam continuar o processo de evangelização por meio de encontros semanais e visitas a orfanatos, instituições que auxiliam crianças carentes e asilos.

Segundo Magali, todas essas ações foram pensadas para integrar as crianças e seus familiares à comunidade. O principal objetivo é mostrar que elas não precisam esperar a fase adulta para se sentir participantes.

“Foi uma forma de tornar a catequese mais dinâmica, mais próxima da realidade, despertar também o amor e o compromisso pela comunidade, e pelo trabalho pastoral na Paróquia”, concluiu. 

 

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‘Maria é elevada aos Céus, alegrem-se os coros dos anjos!’

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22 de agosto de 2018

No domingo, 19, a Igreja no Brasil festejou solenemente a Assunção da Virgem Maria. Nessa Solenidade, os cristãos recordam o dia em que a “imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.

Essa festa, celebrada já desde o século IV, mas somente declarada dogma no Ano Santo de 1950, pelo Papa Pio XII, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, apresenta seu fundamento mais profundo nas Sagradas Escrituras, de forma muita clara na primeira leitura da Santa Missa: São João, o discípulo amado, em sua visão apocalíptica, vê a Arca da Aliança adentrar o mais alto dos  Céus, e se assentar no meio do Templo  celestial. Não falava, contudo, da antiga Arca da Aliança, que continha as tábuas da Lei, o maná vindo do Céu e a Vara de Aarão, mas, sim, da Arca da Nova Aliança, a Virgem Maria, que trouxe ao mundo o autor da própria Lei, o Pão vindo dos Céus, o grande milagre em favor da humanidade: Jesus Cristo, Deus encarnado.

Porque, então, uma festa tão antiga quanto esta, crida por tanto tempo na fé da Igreja e com sólida fundamentação bíblica, foi somente reconhecida como divinamente revelada em meados do século XX?

 

O ANO DE 1950

O século passado pode ser considerado como um dos tempos mais belicosos da humanidade: tendo se iniciado com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), abalado por diversas revoluções na sociedade e arrasado pelos horrores da Segunda Grande Guerra (1939-1945), esse século foi marcado por uma série de eventos contra a dignidade do próprio homem, que levaram a um pensamento pessimista em relação a si mesmo, não encontrando um sentido em sua própria existência, caindo no erro do materialismo ateu; da negação de Deus e da perda do sentido sobrenatural da vida humana; e do consequente surgimento de diversas ideologias que diminuíam o homem a mero produto da natureza, sem fim à eternidade.

Diante dessa realidade, o Papa Pio XII, através da proclamação do dogma, esperava “que, ao meditarem nos exemplos gloriosos de Maria, mais e mais se persuadam todos do valor da vida humana, se for consagrada ao cumprimento integral da vontade do Pai celeste e a procurar o bem do próximo. Enquanto o materialismo e a corrupção de costumes que dele se origina ameaçam subverter a luz da virtude, e destruir vidas humanas, suscitando guerras, é de esperar ainda que este luminoso e incomparável exemplo, posto diante dos olhos de todos, mostre com plena luz qual o fim a que se destinam a nossa alma e o nosso corpo.” (Munificentissimus Deus, 42.)

Esse fim referido pelo Sumo Pontífice não era outro que o proclamado no dogma em relação à Santíssima Virgem: que, após o fim da vida terrestre, todos os homens que praticaram a virtude e buscaram a santidade, teriam o mesmo destino da Mãe de Deus: participar, em corpo e alma, da beatitude eterna. Num período marcado pelo desencanto e desespero, contemplar a vida de Maria Santíssima iluminava a existência humana e permitia ao homem encontrar seu fim último, a vida em Deus.

 

OS PRIVILÉGIOS DE MARIA

Contudo, mais ainda, a proclamação deste dogma torna clara a vida de excelsa santidade e união com Cristo que Maria teve nesta terra. Assim disse o Papa Pio XII: “É de esperar também que todos os fiéis cresçam em amor para com a Mãe celeste, e que os corações de todos os que se gloriam do nome de cristãos se movam a desejar a união com o corpo místico de Jesus Cristo, e que aumentem no amor para com aquela que tem amor de Mãe para com os membros do mesmo augusto corpo.” (Munificentissimus Deus, 42.)

O amor à Virgem leva os cristãos todos a aprofundar no conhecimento de sua vida, e, assim, louvar a Deus por ter feito obra tão perfeita em sua Santa Mãe. D fato, a vida de Nossa Senhora foi marcada por uma série de privilégios da parte de Deus: desde toda a eternidade o Criador olhou para a Virgem Maria com particular complacência, adornando-a de diversos dons, dentre os quais, a própria Conceição Imaculada, preservando- -a de toda mancha do pecado original. Além disso, recebendo a embaixada do anjo, teve a dita de ser Mãe do próprio Deus. Mais ainda, preservando em seu corpo e alma a integridade e santidade, Maria Santíssima teve uma terceira grande graça, a de permanecer virgem antes, durante e depois do parto. Toda a vida de Maria se dirige a um único fim: unir-se a Jesus Cristo! Para isso Deus preparou sua alma e seu corpo; para isso, Deus a santificou e a tornou cheia de graça; para isso ela foi criada, e foi assim que ela respondeu à sua vocação, devotando toda sua vida à vida de Jesus, do nascimento à Cruz.

Claro que Deus não poderia desfazer essa união perfeita entre Maria e seu Filho depois da vida terrestre daquela, uma vez que “Cristo, com a própria morte, venceu a morte e o pecado, e todo aquele que pelo batismo de novo é gerado, sobrenaturalmente, pela graça, vence também o pecado e a morte” (Munificentissimus Deus, 6). Maria, mais do que ninguém, venceu junto a Cristo sua própria morte, e, por isso, no final de sua vida terrestre, foi ressuscitada e glorificada pelo Pai Celeste, sem sofrer a corrupção do sepulcro, para assim participar plenamente da glória eterna.

Por isso, a solenidade da Assunção de Nossa Senhora pode ser considerada o coroamento da vida da Virgem e a grande esperança da humanidade: modelo universal de santidade, intercessora onipotente, indicadora da glória futura, Maria aponta o caminho aos peregrinos e enche de consolo os que lutam para ser fiéis a Deus nesta vida e receber, como ela, um dia, a glória da eternidade.

 

LEIA TAMBÉM: Nossa Senhora é o sinal do poder de salvação de Deus

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Audiência Geral: invocar o nome de Deus sem hipocrisias

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22 de agosto de 2018

A Sala Paulo VI acolheu cerca de sete mil peregrinos para a Audiência Geral desta quarta-feira (22/08). Dando continuidade às catequeses sobre os Dez mandamentos, o Papa comentou o segundo: “não pronunciarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão”. Trata-se de um convite a não ofender o nome de Deus e evitar um uso inoportuno, superficial, vazio ou hipócrita.

 

Nome é missão

Na Bíblia, o nome representa a verdade íntima das coisas e, sobretudo, das pessoas. Alguns personagens bíblicos recebem um novo nome ao serem chamados por Deus para realizar uma missão, como Abraão e Simão Pedro.

Em concreto, conhecer o nome de Deus significa experimentar a transformação da própria vida: pensemos no Batismo, onde recebemos uma vida nova, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.

O Pontífice então deu uma “tarefa” aos adultos: que ensinem as crianças a fazer bem o sinal da cruz. “É o primeiro ato de fé de uma criança”, reiterou.

 

 

Sem hipocrisias

Todavia, advertiu o Papa, é possível viver uma relação falsa com Deus, como faziam os doutores da lei. Portanto, esta Palavra do Decálogo é justamente o convite a uma relação com Deus sem hipocrisias, a uma relação na qual entregamos a Ele tudo aquilo que somos.

É preciso deixar de lado a teoria e tocar o coração, como fazem os santos e as pessoas que dão um testemunho de vida coerente. Assim, o anúncio da Igreja será mais ouvido e resultará mais crível.

 

Deus jamais diz "não"

A partir da cruz de Cristo, prosseguiu, ninguém pode desprezar si mesmo e pensar mal da própria existência. “Ninguém e nunca! Porque o nome de cada um de nós está sobre os ombros de Cristo.”

Francisco então concluiu: “Qualquer pessoa pode invocar o santo nome do Senhor, que é Amor fiel e misericordioso, em qualquer situação se encontre. Deus jamais dirá ‘não’ a um coração que O invoca sinceramente”.

 

Irlanda

Ao final da Audiência, ao saudar os peregrinos de língua italiana, o Papa manifestou sua solidariedade aos familiares dos excursionistas que perderam a vida numa enchente na região da Calábria nos dias passados.

O Pontífice pediu ainda orações para sua próxima viagem, nos dias 25 e 26 de Agosto, a Dublin, na Irlanda, para o Encontro Mundial das Famílias. “Que seja um momento de graça e de escuta da voz das famílias cristãs de todo o mundo.”

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Papa: "Sucesso, poder e dinheiro são ídolos que escravizam"

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08 de agosto de 2018

Dando continuidade às catequeses sobre os Dez mandamentos, nesta quarta-feira (08/08) o Papa Francisco aprofundou o tema da idolatria, refletindo sobre o bezerro de ouro, narrado no Livro do Êxodo.

A tradicional audiência geral foi realizada na Sala Paulo VI, onde o ar condicionado aliviou o calor do Papa e das 7 mil pessoas participantes. Ilustrando o trecho bíblico do Êxodo, apresentado no início do encontro, o Papa disse que o Povo de Israel estava no deserto, angustiado sem água e alimentos, esperando Moisés que subira ao monte para encontrar o Senhor.

Assim como o deserto é uma imagem da vida humana incerta e sem garantias, a natureza humana, para fugir da precariedade, procura uma religião com a qual se orientar: é a eterna tentação de fazer um ‘deus sob medida’.

 

As tentações de sempre!

Araão não sabe dizer ‘não’ e cria o bezerro de ouro, que tinha um duplo sentido no Oriente antigo: por um lado, representava fecundidade e abundância; por outro, energia e força. 

“São as tentações de sempre! O bezerro de ouro é o símbolo de todos os desejos que oferecem a ilusão da liberdade, mas acabam por escravizar”.

“Tudo isso – completou Francisco – nasce da incapacidade de confiar antes de tudo em Deus, de depositar Nele nossas inseguranças, de deixar que seja Ele a dar a verdadeira profundidade aos anseios de nosso coração. Sem o primado de Deus, facilmente cai-se na idolatria e contenta-se de poucas seguranças”.

 

A escravidão do pecado

O bezerro de ouro representa, desse modo, a falta de confiança em Deus, deixando-se levar pelas tentações que conduzem à escravidão do pecado: poder, liberdade, riqueza, etc.
“Quando acolhemos o Deus de Jesus Cristo, descobrirmos que reconhecer a nossa fragilidade não é a desgraça da vida humana, mas a condição para abrir-se Àquele que é realmente forte. A liberdade do homem nasce justamente permitindo que o verdadeiro Deus seja o único Senhor. Isto nos faz aceitar nossa fragilidade e rechaçar os ídolos do nosso coração”.

 

Reconhecer a nossa fragilidade e receber a força do Alto

Terminando a catequese, o Pontífice concluiu que “como nos mostrou Jesus, o Deus verdadeiro é Aquele que se faz pobre para nos tornar participantes da sua riqueza. É um Deus que se mostra fraco, pregado na Cruz, para nos ensinar que devemos reconhecer a nossa fragilidade, pois é ali onde encontramos a força do Alto que nos enche com o seu amor misericordioso”.

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Papa: os Mandamentos são um caminho de libertação

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27 de junho de 2018

Cerca de 15 mil fiéis enfrentaram o calor do verão romano para participar da Audiência Geral na Praça S. Pedro.

A primeira etapa da Audiência foi na Sala Paulo VI, onde os doentes foram acomodados justamente devido ao sol e ali puderam saudar o Pontífice. “O Senhor reserva um lugar especial no seu coração para quem apresenta qualquer tipo de deficiência e assim é para o Sucessor de São Pedro”, disse o Papa.

Já na Praça, Francisco deu continuidade ao ciclo sobre os Mandamentos, falando do texto inicial do Decálogo. Os Dez Mandamentos começam com a seguinte frase: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair do Egito, da casa da servidão” (Ex, 20,2).

 

Deus salva, depois pede

O Decálogo, explicou o Papa, começa com a generosidade de Deus. “Deus jamais pede sem dar antes. Primeiro salva, depois pede. Assim é o nosso Pai”, afirmou.

“Eu sou o Senhor teu Deus.” Há um possessivo, uma relação. Deus não é um estranho: é o teu Deus. Isso ilumina todo o Decálogo e revela também o segredo do agir cristão, porque é a mesma atitude de Jesus, que diz: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei” (Gv 15,9). Ele não parte de si, mas do Pai.

 

Quem parte de si mesmo….chega a si mesmo!

“Nossas obras podem ser uma falência quando partimos de nós mesmos e não da gratidão. E quem parte de si mesmo….chega a si mesmo! É incapaz de progredir, volta para si, é uma atitude egoísta.”

Antes de tudo, prosseguiu Francisco, a vida cristã é a resposta grata a um Pai generoso. Os cristãos que somente seguem “deveres” mostram que não têm uma experiência pessoal daquele Deus que é “nosso”. O fundamento deste dever é o amor de Deus Pai, que antes dá e depois manda. Colocar a lei antes da relação não ajuda o caminho de fé.

 

Caminho de libertação

“Como um jovem pode desejar ser cristão se o ponto de partida são obrigações, empenhos, coerência e não a libertação?”, questionou o Papa. Ser cristão é um caminho de libertação e os Mandamentos nos libertam do nosso egoísmo. A formação cristã não está baseada na força de vontade, mas no acolhimento da salvação. Primeiro salva no Mar Vermelho, depois liberta no Monte Sinai. A gratidão é um elemento característico do coração visitado pelo Espírito Santo, disse o Papa, propondo um “pequeno exercício em silêncio”.

“ Quantas coisas belas Deus fez por mim? Em silêncio, cada um responda. Essa é a libertação de Deus! ”

 

Clamar para ser socorrido

Todavia, pode acontecer que um cristão dentro de si encontre somente o sentido do dever, uma espiritualidade de servos e não de filhos. Neste caso, é preciso fazer como fez o povo eleito: devem clamar para que sejam socorridos.

A ação libertadora de Deus no início do Decálogo é a resposta a este clamor. Nós não nos salvamos sozinhos, mas de nós pode partir um pedido de ajuda. “Senhor, salve-me, indique-me o caminho, acaricie-me, dê-me um pouco de alegria.” Isso cabe a nós: pedir para sermos libertados.

O Papa então concluiu:

“Deus não nos chamou à vida para permanecer oprimidos, mas para ser livres e viver na gratidão, obedecendo com alegria Àquele que nos deu tanto, infinitamente mais daquilo que jamais poderemos dar a Ele. Isso é belo. Que Deus seja abençoado por tudo aquilo que fez, faz e fará em nós.”

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Papa propõe uma 'sã inquietude' para os jovens

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13 de junho de 2018

Nesta quarta-feira, 13, o Papa Francisco se reuniu com fiéis, turistas e romanos na Praça São Pedro e começou um novo ciclo de catequeses sobre os Mandamentos.

 

Praça lotada ouviu a catequese

Cerca de 20 mil pessoas participaram do encontro e ouviram as palavras do Pontífice, resumidas em seguida em várias línguas, inclusive português.

Para introduzir o tema, o Papa começou repassando um trecho do Evangelho de Marcos, lembrando o episódio daquele homem que, foi a Jesus e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”. Ele queria ter vida infinita. Jesus lhe respondeu citando os mandamentos; abriu um processo pedagógico procurando guiá-lo até àquilo que lhe faltava. Mas o homem respondeu: “Mestre, tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude”.

 

A busca da vida plena

“ Quantos jovens querem ‘viver’ e se destroem correndo atrás de coisas efêmeras? ”

“Alguns pensam que seja melhor apagar este impulso, pois é perigoso. Gostaria de dizer especialmente aos jovens: ‘Nosso maior inimigo não são os problemas concretos, mesmo sérios ou dramáticos. O maior perigo é o espírito de adaptação ruim, que não é mansidão ou humildade, mas mediocridade ou covardia. A vida do jovem é ir avante, ser inquieto: a inquietude salutar, a capacidade de não se contentar de uma vida sem beleza, sem cores.

“ Se os jovens não forem famintos de vida autêntica, para onde irá a humanidade? ”

Francisco explicou que a passagem da juventude à maturidade se dá quando iniciamos a aceitar nossos limites; quando tomamos consciencia daquilo que falta… E nos últimos séculos, a história nos mostra uma verdade que o homem muitas vezes se recusou a enxergar e que causou consequencias trágicas: a verdade de seus limites.

 

A resposta de Jesus

Mas para alcançar ‘aquilo que falta’, deve-se partir da realidade. E Jesus, fitando aquele homem com amor, lhe dá a resposta:

“Só te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”, ou seja, pára de viver de si mesmo, de suas obras e de seus bens, deixar tudo para seguir o Senhor: a perfeição, o pleno cumprimento.

 

Quem, podendo escolher entre o original e a cópia, opta pela cópia?

"Este é o desafio: encontrar o original. Jesus não oferece substitutos, mas vida verdadeira, amor verdadeiro, plenitude de vida. É preciso perscrutar o ordinário para nos abrirmos ao extraordinário”.

 

Copa da Rússia: saudação e apelo pela paz

Depois de pronunciar sua catequese, o Papa saudou os grupos presentes na Praça, inclusive os brasileiros e portugueses, e dirigiu uma saudação aos jogadores e organizadores da Copa do Mundo de Futebol, que será inaugurada quinta-feira (14/06) na Rússia.

Definindo o campeonato como ‘um evento social que supera todas as fronteiras’, Francisco disse:

“Que esta importante manifestação esportiva possa ser uma ocasião de encontro, diálogo e fraternidade entre culturas e religiões, favorecendo a solidariedade e a paz entre as nações”.

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