Papa Francisco: ‘A oração é o respiro da fé’

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06 de mai de 2020

"A fé é um grito, a falta de fé é sufocar aquele grito, é como um 'silêncio'. A fé é um protesto contra uma condição dolorosa da qual não entendemos o motivo; a falta de fé é aceitar viver uma situação à qual nos adaptamos. A fé é esperança de ser salvo; a falta de fé é habituar-se ao mal que nos oprime", disse Francisco.

Na Audiência Geral desta quarta-feira, 6, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, por causa da pandemia de COVID-19, o Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses, desta vez dedicado à oração.

“A oração é o respiro da fé, é a sua expressão mais apropriada. Como um grito que sai do coração de quem acredita e confia em Deus”, disse o Pontífice, convidando a pensar na história do cego Bartimeu, que ficava sentado na rua pedindo esmola na periferia de Jericó. “Não é um personagem anônimo, ele tem um rosto, um nome: Bartimeu, o filho de Timeu”, disse o Papa.

A ORAÇÃO DE BARTIMEU

O Santo Padre lembra, ainda, que este homem entra nos Evangelhos como uma voz que grita com toda a força. Ele não vê. Ele não sabe se Jesus está perto ou longe, mas entende isso por meio da multidão, que a um certo ponto aumenta e se aproxima, mas ele está completamente sozinho e ninguém se importa com isso.

Bartimeu, por sua vez, usa a única arma que tem, a voz, e, então, grita. O Papa frisou que os gritos insistentes daquele homem incomodam e muitos o repreendem, dizendo-lhe para ficar quieto. “Bartimeu não se cala, pelo contrário, grita ainda mais forte: ‘Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!’ Essa expressão: ‘Filho de Davi’ é muito importante, significa ‘o Messias’. É uma profissão de fé que sai da boca daquele homem desprezado por todos”.

O Pontífice enfatiza que a oração de Bartimeu toca o coração de Jesus, o coração de Deus, e as portas da salvação se abrem para ele. Jesus o chama. Ele se levanta e aqueles que antes lhe disseram para ficar calado agora o conduzem ao Mestre. Jesus fala com ele, pede para que expresse o seu desejo e então o grito se torna um pedido: ‘Mestre, eu quero ver de novo’.

A FÉ QUE SALVA

Jesus disse a Bartimeu: “Vai, a tua fé te salvou”. O Papa destacou que o Senhor “reconhece a força da fé daquele homem pobre, indefeso e desprezado, que atraiu a misericórdia e o poder de Deus”,  recordando que o Catecismo da Igreja Católica afirma que “a humildade é o fundamento da oração”.

“A oração nasce da terra, do húmus, de onde vem o ‘humilde, a  ‘humildade’; vem do nosso estado de precariedade, da nossa sede contínua de Deus.”

Em seguida, Francisco acrescentou que a fé é um grito, a falta de fé é sufocar aquele grito, é como um “silêncio”. A fé é um protesto contra uma condição dolorosa da qual não entendemos o motivo; a falta de fé é aceitar viver uma situação à qual nos adaptamos. A fé é esperança de ser salvo; a falta de fé é habituar-se ao mal que nos oprime.

Segundo o Papa, “Bartimeu é um homem perseverante. Ao seu redor havia pessoas que diziam que implorar era inútil, que era um grito sem resposta, que era um barulho que incomodava e basta: mas ele não ficou em silêncio. E no final, conseguiu o que queria”.

VOZ NO CORAÇÃO

“Mais forte do que qualquer argumento contrário, no coração humano tem uma voz que invoca. Uma voz que sai espontaneamente, sem que ninguém a comande, uma voz que questiona o significado de nosso caminho aqui em baixo, sobretudo quando nos encontramos na escuridão: “Jesus, tem piedade de mim! Jesus, tem piedade de todos nós!” Talvez essas palavras não estejam gravadas em toda a criação? Tudo invoca e suplica para que o mistério da misericórdia encontre sua realização definitiva”, sublinhou ainda Francisco.

O Papa concluiu sua catequese, dizendo que “os cristãos não apenas rezam, mas partilham o grito da oração com todos os homens e mulheres”. Segundo Francisco, “o horizonte ainda pode ser ampliado, pois Paulo afirma que toda a criação “geme e sofre as dores do parto”.

 

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Papa Francisco: ‘A cruz é a cátedra de Deus’

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08 de abril de 2020

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, 8, o Papa Francisco fez um convite à contemplação da dor e do sofrimento de Jesus, indicando o crucifixo e a o Evangelho como os grandes sinais da liturgia doméstica dos cristãos nesta Semana Santa.

Realizada na biblioteca do Palácio Apostólico devido às medidas de isolamento social para conter a pandemia de COVID-19, a Audiência Geral foi transmitida para todo o mundo pelas plataformas digitais do Vaticano.

“Nessas semanas de apreensão por causa da pandemia que está fazendo o mundo sofrer, entre as muitas perguntas que nos fazemos, também pode haver perguntas sobre Deus: o que Ele faz diante de nossa dor? Onde está quando tudo dá errado? Por que não resolve os problemas rapidamente?”, destacou o Pontífice.

TESTEMUNHO DO CENTURIÃO

O Santo Padre afirmou que a narrativa da Paixão de Jesus ajuda a responder a essas perguntas. “O povo, depois de acolher Jesus triunfante em Jerusalém, se perguntava se ele finalmente libertaria o povo de seus inimigos. Esperavam um Messias poderoso e triunfante com a espada. Em vez disso, chega um homem manso e humilde de coração, que convida à conversão e à misericórdia”, disse, acrescentando que, aquela mesma multidão, que antes gritava “Hosana ao Filho de Davi!”,  seguida grita: “Crucifica-o!”.

“Aqueles que o seguiram, confusos e assustados, o abandonam. Pensaram: se o destino de Jesus é esse, o Messias não é Ele, porque Deus é forte e invencível”, completou o Papa, ressaltando, no entanto, que o testemunho de um pagão, que aparece na sequência do texto, mostra outra perspectiva. “Quando Jesus morre, o centurião romano, que era um pagão, que o viu sofrer na cruz, o ouviu perdoar a todos e tocou com as mãos o seu amor sem medida, confessa: ‘De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!’ Diz o contrário dos outros. Diz que Deus está ali realmente”, afirmou Francisco.

A FACE DE DEUS

O Santo Padre propôs uma nova questão: “Qual é a verdadeira face de Deus?”, enfatizando que o ser humano, geralmente, projeta em Deus o que é, o seu sucesso, senso de justiça assim como sua indignação.

“Porém, o Evangelho nos diz que Deus não é assim. É diferente e não podemos conhecê-lo com as nossas próprias forças. Foi por isso que ele se fez próximo, veio ao nosso encontro e se revelou completamente na Páscoa. Onde? Na cruz. Nela aprendemos os traços do rosto de Deus. Porque a cruz é a cátedra de Deus”, disse Francisco.

CRUCIFIXO E EVANGELHO

E seguida, o Pontífice recomendou: “Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos; que não nos esmaga com a sua glória, mas se despe por nós; que não nos ama em palavras, mas nos dá a vida em silêncio; que não nos obriga, mas nos liberta; que não nos trata como estranhos, mas assume os nossos males, os nossos pecados. Para nos libertar dos preconceitos sobre Deus, olhemos o crucifixo e depois abramos o Evangelho”.

Nesse sentido, o Papa convidou todos a, nesses dias de quarentena, fechados em suas casas, tomem crucifixo e suas mãos e abra o Evangelho. “Isso será para nós, digamos assim, como uma grande liturgia doméstica, pois não podemos ir à igreja nesses dias”, completou.

Por fim, o Pontífice reforçou Deus é onipotente no amor. “É o amor de Deus que curou o nosso pecado na Páscoa com seu perdão, que fez da morte uma passagem da vida, que transformou o nosso medo em confiança, a nossa angústia em esperança”, afirmou, acrescentando: “Jesus mudou a história, tornando-se próximo de nós e fez dela, embora ainda marcada pelo mal, uma história de salvação”.

(Com informações de Vatican News e fotos de Vatican Media)

 

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Quaresma: tempo para desligar o celular e conectar-se com o Evangelho

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27 de fevereiro de 2020

Na manhã desta Quarta-feira de Cinzas, 26, durante a Audiência Geral, na Praça São Pedro, o Papa Francisco fez uma catequese na qual refletiu sobre a relação da Quaresma com o deserto, recordando que Jesus, no início de seu ministério, retirou-se no deserto por 40 dias para rezar e jejuar, sendo tentado pelo diabo.

“No deserto, encontra-se a intimidade com Deus, o amor do Senhor. Jesus gostava de retirar-se todos os dias para lugares desertos para rezar. Ele nos ensinou a procurar o Pai, que nos fala no silêncio”, disse Francisco.

DAR ESPAÇO PARA A PALAVRA

“A Quaresma é o tempo propício para abrir espaço à Palavra de Deus. É o tempo para desligar a televisão e abrir a Bíblia. É o tempo para se desligar do telefone celular e conectar-se com o Evangelho. É o tempo de renunciar a palavras inúteis, conversinhas, fofocas, mexericos e se aproximar do Senhor. É o tempo de se dedicar a uma ecologia saudável do coração, fazer uma limpeza nele”, acrescentou o Papa, reforçando que: “Jesus, chamando-nos no deserto, nos convida a prestar atenção no que interessa, no que é importante, no essencial”.

O Santo Padre ressaltou, ainda, que vive-se em um ambiente poluído pela violência verbal, por muitas palavras ofensivas e nocivas, que a rede amplifica. Hoje, insulta-se como se dissesse ‘Bom dia’. Somos submergidos de palavras vazias, publicidades e anúncios falsos. Acostumamo-nos a ouvir tudo sobre todos e corremos o risco de cair num mundanismo que atrofia os nossos corações. Custamos para distinguir a voz do Senhor que nos fala, a voz da consciência, do bem. Jesus, chamando-nos no deserto, nos convida a prestar atenção no que interessa, no que é importante, no essencial”, completou.

LUGAR DO ESSENCIAL

“O deserto é o lugar do essencial”, sublinhou o Papa, convidando todos a olharem para suas vidas e observarem quantas coisas inúteis os circundam. “Seguimos mil coisas que parecem necessárias, mas na realidade não são. Nos fará bem nos libertar de muitas realidades supérfluas a fim de redescobrir o que interessa e reencontrar o rosto de quem está ao nosso lado.”

Sobre isso, Jesus dá o exemplo por meio do jejum. “Jejuar é saber renunciar às coisas vãs, supérfluas, para ir ao essencial. Jejuar não é apenas para emagrecer, jejuar é ir ao essencial, é buscar a beleza de uma vida mais simples”, disse Francisco.

Por fim, o Papa  afirmou que o deserto “é o lugar da solidão”. “Ainda hoje, perto de nós, existem muitos desertos, muitas pessoas sozinhas. São pessoas sós e abandonadas. Quantos pobres e idosos estão ao nosso lado e vivem em silêncio, sem fazer barulho, marginalizados e descartados! Falar sobre eles não faz audiência. Mas o deserto nos leva a eles, àqueles que, em silêncio, pedem a nossa ajuda em silêncio. Muitos olhares silenciosos que pedem a nossa ajuda. O caminho no deserto quaresmal é um caminho de caridade para com os vulneráveis. Oração, jejum e obras de caridade: eis o caminho no deserto quaresmal”, concluiu o Pontífice.

(Com informações de Vatican News - foto Vatican Media)

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Papa Francisco publica mensagem para a Quaresma

 

 

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Francisco: aprender a ir além, olhar a pessoa e as intenções de seu coração

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16 de outubro de 2019

O Papa Francisco prosseguiu o ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, na Audiência Geral, desta quarta-feira (16/10), que teve como tema “Deus não faz diferença entre as pessoas. Pedro e a efusão do Espírito Santo sobre os pagãos”.

“A viagem do Evangelho no mundo, que São Lucas narra nos Atos dos Apóstolos, é acompanhada pela suprema criatividade de Deus que se manifesta de forma surpreendente”, frisou o Papa, destacando que o Senhor “deseja que os seus filhos superem toda particularidade para se abrirem à universalidade da salvação. Este é o objetivo, pois Deus quer que todos sejam salvos”.

 

Sair de si e se abrir aos outros

Aqueles que renasceram da água e do Espírito são chamados a “saírem de si mesmos e se abrirem aos outros, a viverem a proximidade, o estilo do viver juntos que transforma toda relação interpessoal em experiência de fraternidade”, disse ainda Francisco.

Pedro é testemunha desse processo de “fraternização que o Espírito quer desencadear na história. Pedro, protagonista nos Atos dos Apóstolos junto com Paulo, “vive um evento que dá uma virada decisiva na sua existência. Enquanto reza, tem uma visão que é como uma provocação” divina que desperta nele uma mudança de mentalidade.

“Ele vê uma toalha grande que desce do alto com vários animais: quadrúpedes, répteis e pássaros, e ouve uma voz que o convida a comer aquelas carnes. Como um bom judeu, Pedro reage, dizendo que nunca comeu nada de impuro, conforme pedido pela Lei do Senhor. Então a voz rebate com força: «Não chame de impuro o que Deus purificou».

“ Com esse fato, o Senhor quer que Pedro não avalie mais os eventos e as pessoas de acordo com as categorias de puro e impuro, mas que aprenda a ir além, a olhar a pessoa e as intenções de seu coração. ”

"O que torna o homem impuro, de fato, não vem de fora, mas de dentro, do coração. Jesus disse isso claramente.”

Segundo o Papa, depois dessa visão, Deus envia Pedro à casa de um estrangeiro incircunciso, Cornélio, “centurião da coorte chamada itálica, religioso e temente a Deus”, que dá muitas esmolas ao povo e orava sempre a Deus, mas não era judeu. Naquela casa de pagãos, Pedro prega Cristo crucificado e ressuscitado e o perdão dos pecados a quem Nele crê. Enquanto Pedro fala, o Espírito Santo desce sobre Cornélio e seus familiares. Pedro os batiza em nome de Jesus Cristo.

 

Um evangelizador não pode ser um empecilho 

“Esse fato extraordinário fica conhecido em Jerusalém, onde os irmãos, escandalizados pelo comportamento de Pedro, o repreendem severamente. Pedro fez algo que estava além do costume, além da lei! Por isso, eles o censuram”, sublinhou Francisco.

"Depois do encontro com Cornélio, Pedro está mais livre de si mesmo e mais em comunhão com Deus e com os outros, porque viu a vontade de Deus na ação do Espírito Santo. Ele entendeu que a eleição de Israel não é a recompensa pelo mérito, mas sinal do chamado gratuito para ser mediação da bênção divina entre os povos pagãos.”

O Papa convidou os fiéis a aprenderem do "príncipe dos Apóstolos que um evangelizador não pode ser um empecilho para a obra criativa de Deus que quer que todos se salvem, mas alguém que favoreça o encontro dos corações com o Senhor".

A seguir, Francisco perguntou: “Como nos comportamos com os nossos irmãos, sobretudo com aqueles que não são cristãos. Somos um empecilho para o encontro com Deus? Somos um obstáculo para o seu encontro com o Pai ou o facilitamos?”

“Peçamos a graça de nos deixar surpreender pelas surpresas de Deus, de não impedir a sua criatividade, mas de reconhecer e favorecer os caminhos sempre novos pelos quais Cristo Ressuscitado derrama o seu Espírito no mundo e atrai os corações”, concluiu o Pontífice.

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Papa Francisco: atacar um membro da Igreja é atacar o próprio Cristo

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09 de outubro de 2019

O Santo Padre encontrou-se na manhã desta quarta-feira (09/10) na Praça São Pedro, no Vaticano, com milhares de fiéis e peregrinos, provenientes da Itália e de diversos países, inclusive do Brasil, para a habitual Audiência Geral.

Em sua catequese semanal, o Papa refletiu sobre o Apóstolo São Paulo, que se converteu de perseguidor a evangelizador. Este foi o instrumento que o Senhor escolheu.

Partindo deste trecho dos Atos dos Apóstolos, o Papa citou o episódio de apedrejamento de Santo Estevão, comparando-o a um jovem chamado Saulo, uma figura que, ao lado de Pedro, é a mais presente e incisiva nos Atos dos Apóstolos.

Saulo, disse Francisco, é descrito, no início, como alguém que aprovou a morte de Santo Estevão e queria "destruir a Igreja". Mas, depois, se tornou o instrumento escolhido por Deus para proclamar o Evangelho às nações.

Com a autorização do Sumo Sacerdote, Saulo começou a perseguir e a prender os cristãos, pensando que estava servindo a Lei do Senhor. E aqui o Papa recordou os perseguidos pelas ditaduras no mundo, e explicou:

O jovem Saulo é apresentado como uma pessoa intransigente, isto é, alguém intolerante com os que pensavam diferente dele, absolutiza a própria identidade política ou religiosa e reduz o outro a um inimigo potencial a ser combatido. Um ideólogo. Em Saulo, a religião é transformada em ideologia: ideologia religiosa, ideologia social, ideologia política”.

Somente depois de ter sido transformado por Cristo, então ensinará que a verdadeira batalhar não é contra homens de carne e sangue, mas contras os dominadores deste mundo tenebroso e contra os espíritos do mal que inspira as suas ações.

Aqui, Francisco convidou cada um a interrogar-se sobre como vive a própria fé: "Vou de encontro ao outro ou sou contra os outros?  Pertenço à Igreja universal (bons e maus, todos) ou tenho uma ideologia seletiva? Adoro a Deus ou adoro as formulações dogmáticas? Como é a minha vida religiosa? A fé em Deus que professo me torna mais amigável ou hostil em relação a quem é diferente de mim?"

Mas enquanto Saulo tem a intenção de acabar com a comunidade cristã, o Senhor o segue para tocar seu coração e convertê-lo a ele. "É o método do Senhor: toca o coração", recordou o Pontífice. O Ressuscitado, então, apareceu-lhe no caminho para Damasco, evento narrado três vezes no Livro dos Atos dos Apóstolos.

Pelo binômio "luz" e "voz", típico das teofanias - explica Francisco - o Ressuscitado aparece a Saulo e lhe pede contas de sua fúria fratricida: "Saulo, Saulo, por que me persegues?":

"Aqui, o Ressuscitado manifesta seu ser 'um só' com os que nele creem: atacar um membro da Igreja é atacar o próprio Cristo! Também esses que são ideólogos, porque querem a "pureza" - entre aspas - da Igreja, atacam Cristo."

Levantando-se, Saulo não viu mais nada, pois tinha ficado cego; aquele homem forte, autoritário e independente tornou-se fraco, carente e dependente dos outros porque não enxergava. Aquele encontro com Cristo o ofuscou! E Francisco ponderou:

Daquele encontro ‘corpo a corpo’ entre Saulo e o Senhor Jesus Ressuscitado, tem início uma transformação que mostra a ‘Páscoa pessoal’ de Saulo, a sua passagem da morte para a vida: aquilo que antes era glória torna-se "lixo" a ser lançado fora, para adquirir o verdadeiro ganho que é Cristo e a vida nele".

Paulo recebe o Batismo, marcando para ele, assim como pra cada um de nós, o início de uma vida nova, e é acompanhado por um novo olhar em relação a Deus, sobre si mesmo e sobre os outros, que de inimigos tornam-se agora irmãos em Cristo. 

O Papa concluiu a sua catequese pedindo ao Pai para que "faça experimentar também a nós o impacto de seu amor, que somente pode fazer de um coração de pedra um coração de carne, capaz de acolher em si, os mesmos sentimentos de Cristo."

Ao término da sua catequese semanal, o Santo Padre passou a saudar os grupos de peregrinos em diversas línguas, inclusive aos fiéis de língua portuguesa, concedendo a todos a sua Bênção Apostólica.

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Papa Francisco: "projetos humanos sempre falham, somente a força de Deus permanece"

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18 de setembro de 2019

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, na Audiência Geral desta quarta-feira (18/09), realizada na Praça São Pedro, na qual participaram doze mil pessoas.

O tema da catequese do Papa foi extraído do Capítulo 3, 39 dos Atos dos Apóstolos: “Cuidado para não se meterem contra Deus! Os participantes do Sinédrio aceitaram o parecer de Gamaliel”.

 

Obediência da fé

“Diante da proibição dos judeus de ensinar no nome de Cristo, Pedro e os Apóstolos respondem com coragem que não podem obedecer aos que desejam interromper a viagem do Evangelho no mundo. Os Doze mostram que possuem a “obediência da fé” que eles desejam despertar em todos as pessoas. A partir de Pentecostes, eles deixam de ser pessoas sozinhas. Vivem uma sinergia especial que os descentraliza de si mesmos e os leva a dizer: «nós e o Espírito Santo». Sentem que não podem dizer “eu” sozinho, mas “nós”, o «Espírito Santo e nós»”, disse Francisco, acrescentando:

Na força desta aliança, os Apóstolos não se deixam assustar por ninguém. Tinham uma coragem impressionante. Pensamos que eram covardes: todos fugiram, fugiram quando Jesus foi detido pela polícia. Todos. Mas, passaram de covardes a corajosos. Por quê? Porque o Espírito Santo estava com eles. O mesmo acontece conosco: se tivermos o Espírito Santo dentro nós, teremos a coragem de seguir em frente, a coragem de vencer muitas lutas, não por nós mesmos, mas pelo Espírito que está conosco.

 

Os mártires de hoje

Segundo Francisco, os Apóstolos “não recuam em sua marcha como testemunhas intrépidas do Ressuscitado, como os mártires de todos os tempos, inclusive o nosso".

Os mártires dão a vida, não escondem que são cristãos. Pensemos, alguns anos atrás, hoje também existem muitos mas, pensemos nos cristãos coptas ortodoxos verdadeiros, trabalhadores que foram todos degolados na praia da Líbia, quatro anos atrás. A última palavra que disseram foi “Jesus, Jesus”. Eles não venderam a fé, porque o Espírito Santo estava com eles. São os mártires de hoje.

“Os Apóstolos são os megafones do Espírito Santo, enviados por Jesus ressuscitado a difundir com prontidão e sem hesitação a Palavra que salva. Esta determinação deles faz tremer o sistema religioso judaico, que se sente ameaçado e responde com violência e condenações à morte. A perseguição dos cristãos é sempre a mesma: as pessoas que não querem o cristianismo sentem-se ameaçadas e levam os cristãos à morte.”

Mas, no Sinédrio, eleva-se a voz de Gamaliel, um fariseu diferente que escolhe conter a reação dos demais, “um homem prudente, doutor da lei estimado por todo o povo”. Na escola de Gamaliel, São Paulo aprendeu a observar “a Lei de nossos pais”, conforme ele diz no Capítulo 22 dos Atos dos Apóstolos. Gamaliel toma a palavra e convida os seus correligionários a exercer a arte do discernimento, diante de situações que excedem os padrões usuais.

 

A força que os homens têm em si não é duradoura

“Ele mostra, citando alguns personagens que se fingiram Messias, que todo projeto humano pode primeiro receber elogios e depois naufragar, enquanto tudo o que vem do alto e tem a “assinatura” de Deus está destinado a durar.”

Os projetos humanos sempre falham; eles têm um tempo, como nós. Pensem em tantos projetos políticos, e como eles mudam de um lado para o outro, em todos os países. Pensem nos grandes impérios, pensemos nas ditaduras do século passado. Sentiam-se poderosos, que podiam dominar o mundo. Depois todos desabaram. Pensem também nos impérios de hoje: desabarão, se Deus não estiver com eles, porque a força que os homens têm em si não é duradoura. Somente a força de Deus permanece. Pensemos na história dos cristãos, incluindo a história da Igreja, com tantos pecados, tantos escândalos, tantas coisas ruins nesses dois milênios. E por que não desabou? Porque Deus está ali. Nós somos pecadores e muitas vezes escandalizamos. Mas Deus está conosco. Deus sempre salva. A força é “Deus conosco.

“Portanto, Gamaliel conclui que, se os discípulos de Jesus de Nazaré creram num impostor, são destinados a desaparecer; se ao invés seguem alguém que vem de Deus, é melhor desistir de combatê-los; e adverte: “Cuidado para não se meterem contra Deus. Nos ensina a fazer esse discernimento”, sublinhou Francisco.

 

Hábito do discernimento

As palavras de Gamaliel, são palavras pacatas e sensatas, que nos permitem ver o evento cristão com uma nova luz. Tocam os corações e obtêm o efeito desejado: os outros membros do Sinédrio aceitam o seu parecer e renunciam aos propósitos de morte, ou seja, matar os apóstolos.

O Papa concluiu a sua catequese, convidando-nos a pedir ao Espírito Santo para agir em nós a fim de que possamos “adquirir o hábito do discernimento”.

Que o Espírito Santo nos ajude a “ver sempre a unidade da história da salvação através dos sinais da passagem de Deus em nosso tempo e nos rostos daqueles que nos rodeiam, e a aprender que o tempo e os rostos humanos são mensageiros do Deus vivo”.

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Catequistas do Regional Sul 1 da CNBB realizam assembleia em Jundiaí (SP)

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10 de setembro de 2019

Nos dias 7 e 8, o Centro de Convivência Mãe do Bom Conselho, em Jundiaí, no interior da capital paulista, recebeu a Assembleia de Catequistas do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Formado por 42 dioceses e seis regiões episcopais, o Regional Sul 1 da CNBB recordou nos dois dias de encontro, os 40 anos Catechesi Tradendae, uma Exortação Apostólica pós-sinodal, do Papa João Paulo II, de 16 de outubro de 1979, “sobre a catequese do nosso tempo”

O Padre Paulo Cesar Gil, que é Coordenador da Animação Bíblica Catequética do Regional Sul I e Coordenador da Pastoral Catequética da Arquidiocese de São Paulo, assessorou a assembleia que teve como tema: “A atividade catequética como tarefa primordial da missão da Igreja: celebrando os 40 anos da Catechesi Tradendae”.

A Região Episcopal Santana representou a Arquidiocese de São Paulo e enviou catequistas de diversos setores pastorais.

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Campo aberto para a evangelização

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06 de setembro de 2019

Os dados dos levantamentos da realidade religiosa e pastoral da Arquidiocese mostram não apenas os desafios, mas também as oportunidades para a animação bíblico-catequética na Igreja em São Paulo.  


Se, por um lado, a pesquisa de campo mostra que 55% dos entrevistados não católicos já professaram a fé católica um dia, por outro, 17% dos católicos afirmam ter um dia professado outra religião, o que confirma um movimento inverso de adesão ao catolicismo e, por isso, a importância da catequese. Outro dado que chamou a atenção é que a catequese de adultos aumentou 57% em dez anos. 


As questões referentes ao conhecimento dos católicos sobre a doutrina dos sacramentos e dos mandamentos da Lei de Deus também chamam a atenção para a necessidade de formação catequética: 23,87% dos entrevistados que se declararam católicos afirmaram não saber quais são os sete sacramentos e 11,45% desconhecem os Dez Mandamentos. O levantamento apontou, ainda, que 59,08% desses católicos não conhecem o Catecismo da Igreja Católica. 

URGÊNCIA
O levantamento também confirmou que existe um campo aberto para a evangelização e transmissão da fé, pois 63,54% dos católicos afirmaram que gostariam de conhecer melhor a fé católica. Já 34,83% acrescentaram que gostariam de participar de iniciativas voltadas para um maior conhecimento da fé católica. 


Dentre as iniciativas indicadas pelos entrevistados, destacam-se estudos bíblicos (59,27%), encontros de formação (42,12%) e catequese para adultos (37,31%). 
Tais números confirmam o que já é apontado pelo 12º Plano de Pastoral da Arquidiocese: “Temos necessidade urgente de retomar a catequese sistemática e as demais ações e metodologias voltadas à iniciação à vida cristã e ao testemunho da fé”. 

INICIAÇÃO 
Entende-se como iniciação à vida cristã o processo pelo qual uma pessoa é introduzida no mistério de Jesus Cristo e na vida da Igreja, por meio da Palavra de Deus e da mediação sacramental e litúrgica. Um dos principais modelos de iniciação é o catecumenato de adultos, que remonta à Igreja primitiva. 


Em 2017, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou o Documento “Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos-missionários”. 


Na ocasião do lançamento do documento, Dom José Antônio Peruzzo, Arcebispo de Curitiba (PR) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, destacou que há bastante tempo se constata que o modelo atual de catequese não corresponde mais aos desafios do tempo presente. 


“Nossa catequese tem um estilo muito escolar. Não se trata apenas de conteúdos a ensinar, de disciplinas a propor, mas transmitir a pessoa de Jesus e proporcionar um encontro pessoal com Ele”, destacou o Arcebispo.

RICA
O grande referencial para a Igreja desse modelo de catequese é o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (Rica). O Documento da Santa Sé, publicado em 1972 a pedido do Concílio Vaticano II e reeditado no Brasil em 2001, descreve os ritos do catecumenato e retoma a unidade dos sacramentos da iniciação cristã: o Batismo, a Eucaristia e a Crisma.


O processo de iniciação é desenvolvido no Rica por meio de etapas que visam ao conhecimento e à adesão da pessoa à fé cristã: “tempo de conversão” (querigma, pré-catecumenato); “tempo da preparação” (catequese, eleição) e “tempo da recepção dos sacramentos” (purificação/iluminação/mistagogia). 


 “Há muitos católicos que precisam de uma ‘nova iniciação’. Isso não é somente para aqueles que ainda não receberam os sacramentos”, afirmou Dom Peruzzo. Essas pessoas não receberiam os sacramentos novamente, mas fariam um caminho de catequese semelhante ao dos catecúmenos em vista de um aprofundamento na fé e para uma renovação convicta de suas promessas batismais. (FG)

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Catequistas: ‘Sintam-se sempre no coração da Igreja’

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05 de setembro de 2019

Reunidos para celebrar e refletir sobre a catequese no contexto do sínodo arquidiocesano, no sábado, 31 de agosto, a Coordenação Pastoral da Animação Bíblico-Catequética da Arquidiocese de São Paulo promoveu o Encontro Anual de Catequistas, no Colégio Liceu Coração de Jesus, no bairro Campos Elísios.  

O evento contou com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano; de Dom José Roberto Fortes Palau, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga e Referencial da Animação Bíblico-Catequética; do Padre Paulo Gil, Assessor Eclesiástico para a Animação Bíblico-Catequética; e dos padres referenciais nas regiões episcopais. Participaram do encontro aproximadamente 650 catequistas. 

O SÍNODO E A CATEQUESE

Em sua saudação inicial, Dom Odilo destacou que a renovação missionária é o fio condutor do sínodo arquidiocesano, que se encontra em seu segundo ano, e fez uma retomada histórica da importância e motivações para a convocação do caminho sinodal.  

O Arcebispo recordou que o chamado à conversão e à Nova Evangelização é um convite constante da Igreja e que o próprio Concílio Vaticano II, há mais de 50 anos, trouxe essa proposta. Frente a um tempo em que se observa a indiferença religiosa, em que muita gente acaba perdendo a fé ou vive em trânsito religioso, é necessária uma compreensão mais profunda da fé cristã. “Não podemos simplesmente fazer uma evangelização para dentro. Todo mundo é campo de missão e tem direito de conhecer a verdade do Evangelho”, frisou.  

O Cardeal explicou que é na escuta do Espírito Santo e guiadas por Ele que as paróquias, neste momento do sínodo arquidiocesano, poderão discernir sobre sua vida e missão em vista da renovação evangelizadora na cidade. Nesse sentido, a Catequese deve ajudar os cristãos a seguir num caminho de santificação. “Santidade é a vida conforme o Evangelho, isto está ao alcance de todos e também é meta da evangelização”, disse o Arcebispo.  

Aos catequistas, Dom Odilo recomendou a leitura e reflexão da pesquisa de campo sobre a situação religiosa e pastoral da Arquidiocese, bem como o levantamento sobre a realidade da vida paroquial, feito pelos párocos, na perspectiva da renovação missionária. “A Igreja existe para a missão, e, se perdemos isso de vista, perdemos a meta de existência da Igreja. A partir desse princípio, a catequese como processo pedagógico de iniciação, aprofundamento e amadurecimento na vida cristã é absolutamente fundamental.”

LEVANTAMENTO SINODAL 

O Arcebispo apontou, ainda, algumas quespesquisa de campo realizada em 2018 e que dialogam diretamente com a missão do catequista. O dado aferido da pesquisa, de que 70% dos católicos não vão à missa, aliado à resposta de que a maioria indica a Celebração Eucarística como fonte principal de formação cristã, tem consequências muito práticas que requerem uma urgente resposta.  Dom Odilo citou ainda que o levantamento paroquial feito pelos párocos mostrou com fidelidade as mudanças aceleradas e preocupantes que estão em curso – no que se refere à adesão e transmissão da fé católica –, como o decréscimo do número de batizados e casamentos em dez anos, respectivamente, de 20% e 50%.   

Diante desse contexto urbano desafiador, Dom Odilo deixou sua palavra de encorajamento aos educadores da fé e da esperança cristã na comunidade, para que comunguem com a Arquidiocese essa preocupação missionária e colaborem com os momentos sinodais nas 
regiões, partilhando suas experiências, para que “a catequese seja missionária”. 

CATEQUESE RENOVADA

De acordo com o Padre Paulo Gil, o momento vivido é de intensificação do processo de Iniciação à Vida Cristã em todas as regiões, com os catequistas e as equipes regionais. “O foco do nosso trabalho é justamente a formação permanente dos nossos catequistas, para que eles se sintam cada vez mais sujeitos desse processo e estejam nas suas comunidades favorecendo a acolhida e o acompanhamento dos que vão iniciar sua caminhada para a vida cristã.”

Um grande desafio para os dias de hoje, segundo o Padre, é a catequese de adultos. “De fato, tem crescido o número de adultos que buscam os sacramentos. O que nós queremos é que os catequistas ajudem os catequizandos adultos a descobrirem como podem assumir a sua vida cristã e que a Igreja pode oferecer muito mais do que eles vêm pedir. Precisamos fazer uma caminhada que vá além dos sacramentos”, pontuou. 

MISSÃO NA IGREJA E NA SOCIEDADE

Maria Inês de Oliveira Forte atua na catequese de adultos na Paróquia Santa Inês, no Lauzanne Paulista, e diz perceber que, por meio do conhecimento do Evangelho, muitas vidas têm sido transformadas. “As pessoas realmente vêm sentindo sede de Deus e, em meio às dificuldades, buscam ter essa presença de Jesus no dia a dia”, disse Maria Inês.

A catequista afirmou que em um mesmo grupo costuma atender gerações de uma mesma família, pois “um adulto convertido converte toda a família”. 

Já a religiosa peruana, Irmã Milda Fustamante Coronel, da Congregação Filhas do Santíssimo Salvador, no Brasil há quatro anos, contou que, na Paróquia Natividade do Senhor, na Região Santana, vive uma “experiência muito enriquecedora na Catequese de Crisma, pois é uma realidade muito diferente da minha de origem, e com os jovens estou sempre aprendendo”.

Com sorriso no rosto, próprio de um alegre mensageiro, Fábio Fernando Dias, catequista de Primeira Eucaristia e Crisma na Paróquia Nossa Senhora do Retiro, na Região Brasilândia, afirmou que entende seu chamado como “uma experiência muito alegre”. “Eu tenho amor em ser catequista e poder contribuir na evangelização na cidade de São Paulo”, disse. 

Andrea de Oliveira Cruz lida com grupos de Catequese de Perseverança, etapa entre a Primeira Eucaristia e a Crisma, na Paróquia Menino Deus, na Vila Formosa. Inserida na comunidade, com uma presença amiga e acolhedora, a catequista partilha da vida de seus catequizandos, que, ao entrarem na pré-adolescência e na adolescência, trazem as alegrias, mas também os sofrimentos vividos: “Ali eles se deparam com a Palavra de Deus, que existe um Deus que os ama, independentemente de sua história de vida, e nesse processo descobrem a Igreja e, depois disso, a chance de eles irem embora é menor”, relata. 

MISSA 
Após o momento formativo, Dom Odilo presidiu a missa na Igreja Sagrado Coração de Jesus, concelebrada por Dom José Roberto.  

Na homilia, o Arcebispo exortou os catequistas a sempre se sentirem no coração da Igreja como discípulos da Palavra de Deus e, portanto, participantes da sua missão, “de maneira que o patrimônio que recebemos da fé da Igreja, que está em nossas mãos, seja comunicado, que as pessoas o recebam, vivam e se alegrem com ele”. 

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Caminho sinodal aponta para desafios e oportunidades na iniciação cristã

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23 de agosto de 2019

No domingo, 25, será celebrado o Dia do Catequista e de todas as vocações dos cristãos leigos na Igreja. Em tempos de sínodo arquidiocesano, a data é ocasião para identificar desafios e possibilidades para o processo de iniciação à vida cristã na Arquidiocese.


“A catequese é uma pedagogia de iniciação prática à participação na vida eclesial dos filhos pequenos e adolescentes. Eles precisam aprender que são parte da Igreja, Corpo de Cristo e povo de Deus, e que essa grande família também é sua família”, escreve o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, no “Encontro com o Pastor”, que pode ser lido na página 3 desta edição. 

PESQUISA SINODAL 
De acordo com o 12º Plano de Pastoral da Arquidiocese, “‘a iniciação cristã’ não se esgota na preparação formal para os sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia, mas se refere, principalmente, à adesão pessoal a Jesus Cristo. A adesão que tal processo promove deve ser feita e refeita, fortalecida e ratificada tantas vezes quantas o cotidiano exigir” (nº 83).


Na pesquisa sinodal, foram constatados alguns dados preocupantes, como o baixo número de turmas de catequese e de catequistas nas paróquias e comunidades. Os números também mostram que metade das crianças batizadas não passa pela catequese ou pelos demais sacramentos.


“Isso nos leva a abordar outra questão importante ligada à catequese: o interesse dos pais e familiares em proporcionar formação cristã para os filhos. Os pais deveriam ser os primeiros catequistas, conforme promessa que fizeram diante do altar no dia do casamento: “Prometeis acolher com amor os filhos que Deus vos enviar, educando-os na lei de Cristo e da Igreja?” –, ao que os noivos responderam afirmativamente”, reforçou o Cardeal em seu artigo.

CATEQUESE EM SAÍDA’
Outro dado que chama a atenção é que 43,77% dos entrevistados responderam que desejavam fazer a primeira Comunhão.  


Segundo o Padre Marcelo Delcin, Assessor Eclesiástico da Pastoral Bíblico-Catequética na Região Episcopal Sé, que exerceu igual função em âmbito arquidiocesano por quatro anos, é necessária uma postura de convidar as pessoas para que se preparem para receber o sacramento da Comunhão. Ele afirma ser necessário “uma catequese em saída, uma evangelização que realmente leve o Evangelho até aqueles que hoje estão afastados da Igreja”.


“Nós temos uma dificuldade que parte da própria consciência vocacional de cada cristão. Hoje, a maior parte dos católicos não tem aquela consciência de vivência de fé como uma missão dada por Deus para nós. A cada cristão, Jesus chama não apenas para ser discípulo, mas discípulo-missionário, e essa consciência não foi gerada. Precisamos, de fato, de um processo de reevangelização, para que nós, católicos, possamos assumir essa missão”, disse o Padre ao O SÃO PAULO.

MANDATO EVAnGELIZADOR 
Há dados positivos também na pesquisa do sínodo. Grande parte dos entrevistados se declarou católica e participante da vida paroquial. Além disso, quase 75% das pessoas ouvidas afirmaram que seus filhos acima de 8 anos frequentam ou já frequentaram os encontros de catequese.


Segundo o Padre Marcelo, porém, o número daqueles que não são cristãos e nunca foram chamados pode ser bem maior. Assim, é necessário repensar estrategicamente uma nova evangelização para dar uma resposta diante dos dados da pesquisa. 


“Eu percebo que nossa evangelização só vai acontecer de verdade quando toda a Igreja assumir esse mandato evangelizador. Não que a Igreja não evangelize, mas, muitas vezes, nós costumamos esperar que as pessoas venham até nós e criamos esse hábito. Se quisermos, de fato, uma mudança na nossa Igreja, precisamos repensar a nossa ação evangelizadora para assumir, com coragem, esse mandato de Jesus para nós”, concluiu.
 

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