Papa Francisco: "não há lugar para o egoísmo na alma do cristão"

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26 de junho de 2019

O Papa Francisco se reuniu com cerca de 15 mil fiéis e peregrinos na Praça São Pedro para a Audiência Geral desta quarta-feira (26/06) – a última antes da pausa de verão. De fato, o Pontífice retomará seu encontro semanal no dia 7 de agosto.

Sob um forte sol - os doentes foram acomodados na Sala Paulo VI -, o Papa deu continuidade ao seu ciclo sobre os Atos dos Apóstolos e hoje comentou a vida da primeira comunidade cristã de Jerusalém.

O extraordinário se faz ordinário

Esta primeira comunidade nasceu no dia de Pentecostes com a efusão do Espírito Santo e é considerada o paradigma de toda a comunidade. Cerca de três mil pessoas ingressaram naquela fraternidade, que é o “habitat” dos fiéis e o fermento eclesial da obra de evangelização. “O extraordinário se faz ordinário e a cotidianidade se torna o espaço da manifestação de Cristo vivo”, explicou o Papa.

A narração de Lucas permite observar dentro dos muros da “domus” onde os primeiros cristãos se recolhem como família de Deus, espaço da “koinonia”, isto é, da comunhão de amor entre irmãos e irmãs em Cristo.

Eles vivem de uma maneira bem clara: “perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, na fração do pão e nas orações” (2, 42).

Eis os traços do bom cristão: ouvir assiduamente o ensinamento apostólico, praticar uma alta qualidade de relações interpessoais, fazer memória do Senhor através da Eucaristia e dialogar com Deus na oração.

Divisões não têm vez

Diferentemente da sociedade humana, onde se tende a fazer os próprios interesses, inclusive em detrimento dos outros, a comunidade dos fiéis baniu o individualismo para favorecer a compartilha e a solidariedade. Autorreferencialidade, antagonismos e divisões não têm vez.

“ Não há lugar para o egoísmo na alma do cristão. Se o seu coração é egoísta, você não é cristão. Você é um mundano que pensa no próprio lucro. A proximidade e a unidade são o estilo dos redimidos. ”

Francisco recordou a importância de se colocar no lugar do outro, de se preocupar, não para fofocar, mas para ajudar, dar esmola, visitar os doentes e quem necessita de consolação.

E nessa estrada de comunhão e partilha com os necessitados, os primeiros cristãos eram capazes de seguir uma autêntica vida litúrgica.

O Papa então concluiu: “Peçamos ao Espírito Santo para que faça de nossas comunidades locais nas quais acolher e praticar a vida nova, as obras de solidariedade e de comunhão, locais em que as liturgias sejam encontro com Deus, que se torna comunhão com os irmãos e irmãs, locais que sejam portas abertas sobre a Jerusalém celeste.”

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Papa Francisco: "Espírito Santo, artífice da comunhão e artista da reconciliação"

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19 de junho de 2019

Praça São Pedro, aquecida pelo calor do verão e lotada de fiéis, turistas, peregrinos e romanos, foi o palco da audiência geral do Papa nesta quarta-feira (19/06). Depois de dar uma longa volta com o papamóvel saudando de perto as pessoas, Francisco proferiu uma catequese baseada no relato de Pentecostes.

Cinquenta dias depois da Páscoa, os Apóstolos, reunidos em oração no Cenáculo de Jerusalém, vivenciam uma experiência muito além de suas expectativas: experimentam a irrupção de Deus. De repente veio do céu um ruído como de um vento forte como um sopro primordial; apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ao vento somou-se então o fogo, que na tradição bíblica, acompanha a manifestação de Deus. É a expressão simbólica de sua obra de aquecer, iluminar e tocar os corações e seu cuidado com as obras humanas.

 

Amor, sinceridade, verdade, gestos: linguagem universal

A palavra dos Apóstolos fica impregnada do Espírito do Ressuscitado e se torna uma palavra nova e diferente, mas que pode ser compreendida como se fosse traduzida simultaneamente em todas as línguas: de fato, cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua.

“ Trata-se da linguagem da verdade e do amor, que é universal: mesmo os analfabetos podem compreendê-la. Todos entendem a linguagem da verdade e do amor. Se você usar a verdade, a sinceridade e o amor, todos entendem, até um gesto amoroso… ”

O Papa deu uma explicação bastante clara deste fenômeno: o Espírito Santo não se manifesta apenas mediante uma sinfonia de sons que une e compõe harmonicamente as diversidades, mas é também o maestro de uma orquestra que executa partituras das grandes obras de Deus. O Espírito Santo é o artífice da comunhão, o artista da reconciliação que sabe remover as barreiras entre judeus e gregos, escravos e libertos, e fazer deles um único corpo.

 

Todos ficam tão maravilhados que se pensa que estejam embriagados

“Então Pedro intervém em nome de todos os Apóstolos, definindo o ocorrido como a ‘sóbria embriaguez do Espírito’, que acende no povo a profecia com sonhos e visões. E este é um dom de todos os que invocam o nome do Senhor”, assegurou o Papa.

A palavra de Pedro, frágil e capaz até de renegar o Senhor, quando fica permeada pelo fogo do Espírito ganha força, torna-se capaz de tocar os corações e movê-los à conversão. A Aliança nova e definitiva está fundada, já não sobre uma lei escrita em tábuas de pedra, mas na ação do Espírito de Deus.

“O Espírito opera a atração divina: Deus nos seduz com seu Amor e assim nos envolve, para mover a história e iniciar processos através dos quais filtra a vida nova. Só o Espírito de Deus tem o poder de humanizar e confraternizar cada contexto, a partir de quem o recebe. Peçamos ao Senhor que nos faça experimentar um novo Pentecostes, que abra os nossos corações e sintonize os nossos sentimentos com os de Cristo, para que possamos anunciar sem vergonha a sua palavra transformadora e testemunhar a força do amor que chama à vida tudo o que encontra".

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Papa Francisco: "abandonar o egocentrismo e não temer a diversidade"

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12 de junho de 2019

Cerca de 20 mil pessoas foram à Praça São Pedro participar da audiência geral do Papa Francisco nesta quarta-feira, 12 de junho. Dando continuidade ao ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, o Papa iniciou afirmando que a Ressurreição de Cristo não foi um evento entre outros, mas a fonte da vida nova.

A 'viagem' do Evangelho

Seus discípulos sabiam e por isso, ficaram unidos a Maria, perseverantes na oração e fortalecidos na comunhão. Os apóstolos buscaram recompor o seu corpo que, após os eventos dolorosos da Paixão do Senhor, ficara reduzido a 11 membros.

Judas Iscariotes, muito embora recebera a grande graça de ser parte do círculo íntimo de Jesus e de participar do seu ministério, num determinado momento isolou-se, apegando-se ao dinheiro e caindo no orgulho ao ponto de preferir a morte à vida.

Recompor o corpo, fechar a ferida

Os Apóstolos, ao contrário, escolheram a vida e a bênção e, para tal, decidiram eleger alguém para o lugar de Judas. Pedro indica que deveria ser um discípulo de Jesus desde o Batismo no Jordão até a Ascensão de Jesus ao Céu.

Elegeu-se Matias através do discernimento comunitário, ou seja, procurando olhar a realidade com os olhos de Deus segundo a ótica da unidade e comunhão.

“ O novo corpo dos Doze é um sinal de que a comunhão vence sobre as divisões e o isolamento, que a comunhão é o primeiro testemunho oferecido pelos Apóstolos da obra de salvação de Cristo e da ação de Deus na história, na fidelidade às palavras do Senhor. ”

Eles não expressam ao mundo uma presumível perfeição, mas através da graça da unidade, fazem emergir um Outro, que vive de um modo novo em meio a seu povo: o Senhor Jesus.
Ao terminar sua reflexão, o Papa exortou: “Nós também precisamos redescobrir a beleza de testemunhar o Ressuscitado, abandonando atitudes egocêntricas, renunciando a apropriar-nos dos dons de Deus e não cedendo à mediocridade. A recomposição do colégio apostólico demonstra que no DNA da comunidade cristã existem unidade e liberdade de si mesmos. Isto permite não temer a diversidade, não apegar-se às coisas e dons e tornarmo-nos mártires testemunhas luminosas do Deus vivo e atuante na história". 

 

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Papa Francisco: "alimento não é propriedade privada"

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27 de março de 2019

Alimento não é propriedade privada, mas providência a compartilhar, com a graça de Deus: palavras do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, na Praça São Pedro.

Na catequese, o Pontífice começou a analisar a segunda parte da oração do Pai-Nosso, aquela em que apresentamos a Deus as nossas necessidades. E a súplica analisada foi: o pão nosso de cada dia nos dai hoje.

Jesus não está indiferente

Esta oração provém de uma evidência que frequentemente esquecemos, isto é, de que não somos criaturas autossuficientes e que precisamos nos nutrir todos os dias.  Jesus não exige súplicas refinadas. Nos Evangelhos, há uma multidão de mendigos que suplicam libertação e salvação: há quem pede pão, cura, purificação, a visão... Jesus jamais passa indiferente ao lado desses pedidos e dores.

Jesus, portanto, nos ensina a pedir o pão cotidiano:

“ Quantas mães e pais, ainda hoje, vão dormir com o tormento de não ter no dia seguinte pão suficiente para os próprios filhos! Imaginemos esta oração rezada não na segurança de um cômodo apartamento, mas na precariedade de um quarto onde as pessoas se adaptam, onde falta o necessário para viver. As palavras de Jesus assumem uma força nova. ”

A oração cristã começa deste nível. Não é um exercício para ascetas, mas parte da realidade, do coração, da carne de pessoas que estão na necessidade.

Nem mesmo os mais altos místicos cristãos podem prescindir da simplicidade deste pedido: e o pão significa também água, remédio, casa, trabalho... O pão que o cristão pede na oração não é o “meu”, mas o “nosso”. Jesus quer assim. Ele nos ensina a pedi-lo não só para si mesmo, mas para toda a fraternidade do mundo. Se não for rezado assim, o “Pai-Nosso deixa de ser uma oração cristã. Se Deus é nosso Pai, como podemos nos apresentar a Ele senão de mãos dadas?”

Empatia e solidariedade

E se o pão que Ele nos dá o roubamos entre nós, como podemos declarar-nos seus filhos? Esta invocação contém uma atitude de empatia e de solidariedade. Na minha fome sinto a fome das multidões, e então rezarei a Deus até que o pedido não seja realizado.

Francisco convidou os fiéis a pensarem nas crianças famintas nos países que estão em guerra:

“ Crianças famintas no Iêmen, na Síria, em muitos países onde não há pão, no Sudão do Sul. Pensemos nessas crianças e vamos rezar juntos: Pai, nos dai hoje o pão nosso de cada dia. ”

Alimento não é propriedade privada

Jesus nos educa a pedir a Deus as necessidades de todos e nos repreende o fato de não estarmos acostumados a dividir o pão com quem está próximo de nós.

“Era um pão entregue a toda a humanidade e, ao invés, foi consumido somente por alguns: o amor não pode tolerar isto. O amor de Deus também não pode tolerar este egoísmo”, disse o Papa, acrescentando:

“ Alimento não é propriedade privada, vamos colocar isso na cabeça, mas providência a compartilhar, com a graça de Deus. ”

Ao multiplicar os pães e peixes, Jesus realiza o milagre da compartilha. Ele próprio, multiplicando aquele pão oferecido, antecipou a oferta de Si no Pão eucarístico. De fato, somente a Eucaristia é capaz de saciar a fome de infinito e o desejo de Deus que anima o homem, inclusive na busca do pão cotidiano.

 

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Papa Francisco: "Na oração cristã não há espaço para o eu"

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13 de fevereiro de 2019

Na catequese pronunciada esta quarta-feira (13/02), o Papa propôs uma reflexão sobre o ‘Pai Nosso’, explicando como rezar melhor a oração que Jesus nos ensinou.
A Sala Paulo VI, dentro do Estado do Vaticano, ficou repleta de fiéis, romanos e turistas que receberam o Papa com o carinho de sempre, cantos e aplausos e em seguida, ouviram suas palavras com atenção.

Introspecção do diálogo com Jesus

Para rezar - iniciou o Papa - são necessários silêncio e introspecção.

“A verdadeira oração se realiza no segredo na consciência, do fundo do coração: com Deus é impossível fingir, é como o olhar de duas pessoas, o homem e Deus, quando se cruzam”. Mas apesar disso, Jesus não nos ensina uma oração intimista ou individualista. Não deixamos o mundo fora da porta do nosso quarto... levamos as pessoas e situações em nosso coração!

“ Na oração do Pai Nosso, há uma palavra que brilha pela sua ausência: uma palavra que em nossos tempos – como talvez sempre – todos consideram importante: a palavra ‘eu'. ”

Primeiramente nos dirigimos a Deus como a Alguém que nos ama e escuta (seja santificado o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade) e, depois, quando lhe apresentamos uma série de petições (dai-nos hoje o nosso pão cotidiano, perdoai as nossas ofensas, não nos deixeis cair em tentação, livrai-nos do mal), as fazemos na primeira pessoa do plural – “nós” – isto é, rezamos como uma comunidade de irmãos e irmãs.

“Até as necessidades mais elementares do homem – como ter alimento para saciar sua fome – são todas feitas no plural. Na oração cristã, ninguém pede o pão para si, mas o suplica para todos os pobres do mundo”, disse Francisco.

Pedir a Jesus que nos faça ter compaixão

Na oração, o cristão leva todas as dificuldades e sofrimentos de quem está ao seu lado, tanto dos amigos como de quem lhe faz mal, imitando a compaixão que Jesus sentia pelos pecadores.
Mas pode acontecer – ressalvou o Papa – que alguém não perceba o sofrimento a seu redor, não sinta pena pelas lágrimas dos pobres, fique indiferente a tudo. Isto significa que seu coração está petrificado. Neste caso, seria bom pedir ao Senhor que o toque com o seu Espírito e sensibilize seu coração.

“ Cristo não ficou alheio às misérias do mundo. Toda vez que percebia uma solidão, uma ferida no corpo ou no espírito, sentia forte compaixão. ”

Às 7 mil pessoas presentes, o Papa perguntou: “Quando rezamos, nos abrimos ao grito de tanta gente, próxima ou distante? Ou penso na oração como uma espécie de anestesia, para ficar mais tranquilo? Isto seria um terrível equivoco”.

A oração deve abrir o coração ao próximo para que amemos com um amor compassivo e concreto, sabendo que tudo aquilo que fizermos “a um destes meus irmãos mais pequeninos, -afirma Jesus - foi a mim mesmo que o fizestes”

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Papa Francisco: "com Jesus, aprender a rezar com humildade"

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05 de dezembro de 2018

“Senhor, ensina-nos a rezar”: na Audiência Geral desta quarta-feira (05/12), o Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses dedicado ao “Pai-Nosso”.

Concluída a série sobre os Dez Mandamentos, o Pontífice se concentra agora na figura de Jesus como homem de oração.

Todos te buscam!

Diante de milhares de fiéis na Sala Paulo VI, o Papa partiu sua explicação do Evangelho de Marcos.

Desde a primeira noite de Cafarnaum, Jesus demonstra ser um Messias original. Na última parte da noite, quando o alvorecer se anuncia, os discípulos ainda o buscam, mas não conseguem encontrá-lo. Até que Pedro finalmente o encontra num lugar isolado, completamente absorto em oração. E lhe diz: “Todos te buscam!” (Mc 1,37).

Mas Jesus diz aos seus que deve ir além; que não são as pessoas a buscá-Lo, mas é antes de tudo Ele a buscar os outros. Por isso, não deve fincar raízes, mas permanecer continuamente peregrino pelas estradas da Galileia. “E também peregrino em relação ao Pai, isto é, rezando. Em caminho de oração.”

“Tudo acontece numa noite de oração”, notou o Papa. “Em alguma página das Escrituras, parece ser a oração de Jesus, a sua intimidade com o Pai, a governar tudo”, explicou.

Jesus, homem de oração

“Eis o ponto essencial: Jesus rezava.” Jesus rezava com intensidade nos momentos públicos, mas buscava também locais apartados que lhe permitissem entrar no segredo de sua alma. Rezava com as orações que a mãe lhe havia ensinado.

Jesus rezava como reza qualquer homem do mundo. E mesmo assim, no seu modo de rezar, estava contido um mistério, algo que certamente não passou desapercebido aos olhos dos seus discípulos, a ponto de dizerem: “Senhor, ensina-nos a rezar”. Eles viam Jesus rezar e tinham vontade de aprender.

“ E Jesus não recusa, não tem ciúme da sua intimidade com o Pai, mas veio justamente para nos introduzir nesta relação. E assim se torna mestre de oração dos seus discípulos, como certamente quer ser para todos nós. ”

Sempre aprender a rezar

Mesmo rezando há muitos anos, devemos sempre aprender!, exclamou o Papa. A oração do homem, este anseio que nasce de modo assim tão natural da sua alma, é talvez um dos mistérios mais intensos do universo. E não sabemos nem mesmo se as orações que endereçamos a Deus são realmente as que Ele quer ouvir de nós.

Há orações inoportunas, afirmou Francisco, citando aquela narrada na parábola do fariseu e do publicano. O fariseu era orgulhoso, fazia de conta que rezava, mas seu coração era frio.

“O primeiro passo para rezar é ser humilde. Ir ao Pai, a Nossa Senhora: ‘Olhe, sou pecador, fraco, malvado’, cada um sabe o que dizer. Mas sempre se começa com a humildade. O Senhor escuta, a oração humilde é ouvida pelo Senhor.”

Por isso, iniciando este ciclo de catequeses sobre a oração de Jesus, a coisa mais bela e mais justa que todos devemos fazer é repetir a invocação dos discípulos:

“ Será belo no tempo de Advento repetir: Senhor, ensina-nos a rezar. Todos podemos ir além e rezar melhor e pedir ao Senhor, ‘ensina-nos a rezar’. Façamos isso neste tempo de Advento. Ele certamente não deixará cair no vazio a nossa invocação. ”

Imaculada

Ao final da catequese, ao saudar os peregrinos poloneses, o Pontífice saudou os redatores da seção polonesa da Rádio Vaticano, que celebram 80 anos de fundação. “Eu lhes agradeço pelo serviço ao Papa e à Igreja.”

Francisco recordou ainda a celebração no próximo domingo, na Polônia, da 19ª Jornada de oração e de Ajuda à Igreja no Leste. “Com reconhecimento penso a todos aqueles que com a oração e as obras concretas, apoiam as comunidades eclesiais dos países vizinhos.”

O Papa lembrou por fim a celebração no próximo sábado, 8 de dezembro, da solenidade da Imaculada Conceição. “Entreguemo-nos a Nossa Senhora! Ela, como modelo de fé e de obediência ao Senhor, nos ajude a preparar os nossos corações a acolher o Menino Jesus no seu Natal”, disse Francisco.

Como é tradição, no dia 8 o Papa vai até a Praça de Espanha para uma homenagem com flores a Nossa Senhora.

A Rádio Vaticano/Vatican News transmitirá o evento ao vivo, com comentários em português, a partir das 16h locais (13h no horário de Brasília).

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Papa Francisco: Decálogo é a "radiografia" de Cristo

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04 de dezembro de 2018

O Papa Francisco concluiu a série de catequeses sobre os Mandamentos iniciada na Audiência Geral de 23 de junho, usando o tema-chave dos “desejos”, que permite repassar o caminho feito e reassumir as etapas percorridas lendo o texto do Decálogo “à luz da plena revelação em Cristo”. Devido ao frio, o tradicional encontro das quartas-feiras foi realizado na Sala Paulo VI.

Falando aos 7 mil presentes, Francisco recordou que “partimos da gratidão como base da relação de confiança e de obediência: Deus não pede nada antes de ter dado muito. “Ele nos convida à obediência para nos resgatar das idolatrias que tanto poder têm sobre nós”, pois nos esvaziam e nos escravizam, enquanto que, aquilo “que nos dá estatura e consistência é a relação com Ele, que em Cristo nos torna filhos a partir de sua paternidade”.

 

Chamado à beleza da fidelidade, generosidade e autenticidade

“Isto – observou – implica um processo de bênção e de libertação, que são o repouso autêntico”:

“Esta vida libertada torna-se a aceitação da nossa história pessoal e nos reconcilia com aquilo que vivemos da infância ao presente, fazendo-nos adultos e capazes de dar a justa medida às realidades e às pessoas de nossa vida. Por este caminho entramos na relação com o próximo que, a partir do amor que Deus mostra em Jesus Cristo, é um chamado à beleza da fidelidade, da generosidade e da autenticidade”.

 

Coração novo

Para isto, temos necessidade de “um coração novo”, que se realiza pelo “dom de desejos novos”, que são “semeados em nós pela graça de Deus, em particular pelos Dez Mandamentos levados ao seu termo por Jesus”, como ensinou no Sermão da Montanha.

“Na contemplação da vida descrita no Decálogo – uma existência agradecida, livre, autêntica, que abençoa,  custódia e amante da vida, fiel, generosa e sincera - nós, quase sem perceber, nos encontramos diante de Cristo”.

 

Decálogo, “radiografia” de Cristo

O Decálogo – disse o Pontífice – “é a sua “radiografia”, o descreve como um negativo fotográfico que deixa aparecer a sua face – como no Santo Sudário”.

Desta forma, “o Espírito Santo fecunda o nosso coração, colocando nele os desejos que são um dom seu, os desejos do Espírito. Os desejos do Espírito, desejar segundo o Espírito. Desejar no ritmo do Espírito, desejar com a música do Espírito". “E o Espírito gera uma vida que, seguindo esses desejos, suscita em nós a esperança, a fé e o amor”.

 

Com o Espírito, a lei torna-se vida

Assim, é possível descobrir o que significa que “o Senhor Jesus não veio para abolir a lei”, mas levá-la ao seu cumprimento, para fazê-la crescer."

Se a lei segundo a carne era uma série de prescrições e de proibições, "segundo o Espírito, a lei torna-se vida, “porque não é mais uma norma, mas a própria carne de Cristo, que nos ama, nos procura, nos perdoa, nos consola e no seu Corpo recompõe a comunhão com o Pai, perdida pela desobediência do pecado”:

"E assim (...), a negatividade na expressão do Mandamento: "não roubar, não insultar, não matar", aquele "não", transforma-se em uma atitude positiva: amar, dar lugar aos outros no meu coração, desejos que semeiam positividade. E esta é a plenitude da lei que Jesus veio nos trazer".

Somente em Cristo – explicou o Papa – o Decálogo deixa de ser condenação, tornando-se “a autêntica verdade da vida humana, isto é, desejo de amor. Aqui nasce um desejo de bem, de fazer o bem, desejo de alegria, de paz, de magnanimidade, benevolência, bondade, fidelidade, brandura, domínio de si. Daquele "não" passa-se a este "sim". Atitude positiva de um coração que se abre com a força do Espírito Santo".

 

Santos desejos

“Quando o homem segue o desejo de viver segundo Cristo, então está abrindo a porta à salvação (...). Deus Pai é generoso, tem sede que nós tenhamos sede dele”.

Em contraposição aos maus desejos que arruínam o homem, “o Espírito coloca em nosso coração os seus santos desejos, que são o germe da vida nova”.

A vida nova – disse o Papa – “não é um titânico esforço para sermos coerentes com uma norma, mas o próprio Espírito de Deus que começa a nos guiar até os seus frutos, em uma feliz sinergia entre a nossa alegria de ser amados e a sua alegria de amar-nos. Encontram-se as duas alegrias." 

“Contemplar Cristo para abrir-nos a receber o seu coração, os seus desejos, o seu Santo Espírito”, eis o que é o Decálogo para nós cristãos, disse o Santo Padre ao concluir.

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4ª Semana Brasileira de Catequese a serviço da Iniciação à Vida Cristã

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24 de novembro de 2018

A 4ª Semana Brasileira de Catequese a serviço da Iniciação à Vida Cristã aconteceu entre os dias 14 e 18, em Itaici (SP), com cerca de 425 representantes de dioceses de todo o Brasil. 

A Semana Brasileira de Catequese foi idealizada com o objetivo de marcar a vida da Igreja e impulsionar a evangelização no Brasil, a partir da aprovação do documento 107 da CNBB sobre a “Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos- -missionários”. 

Entre os objetivos da Semana, pretende-se compreender a Catequese com inspiração catecumenal, buscando novos caminhos para a transmissão da fé no contexto atual. Dom Leomar Antônio Brustolin, Bispo Auxiliar de Porto Alegre (RS), falou sobre a vivência da fé no cotidiano da vida.

“Cresce mais entre nós o espírito do fazer, organizar e planejar que o ser cristão. Testemunhar a fé é viver a gratuidade, a esperança e a dor de quem segue a Jesus. Os cristãos de amanhã perceberão a fé como elemento da graça que favorecerá o desenvolvimento humano em meio à sociedade plural”, afirmou.  

Dom José Antônio Peruzzo, Arcebispo de Curitiba (PR) e Presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, recordou que a liturgia deve estar afinada com a Iniciação à Vida Cristã, pois as celebrações levam as pessoas ao encontro com Deus e à transformação de vida e conversão. “Esperamos que muitas pessoas possam conhecer e acolher com alegria a Boa Notícia da parte de Deus. Os tempos são difíceis, mas as promessas de Deus são generosas. Tudo passa, mas a fidelidade dEle é permanente. E todos nós, catequistas, vivemos a emocionante alegria de ser testemunhas deste anúncio do qual o mundo tanto precisa”, disse. 

O conteúdo da 4ª Semana Brasileira de Catequese já está em parte disponível no site.  A íntegra, com todas as oficinas, será publicada pela CNBB.

(Com informações do Padre Marcelo  Delcin, Assistente Eclesiástico para  a Animação Bíblico-Catequética  da Arquidiocese de São Paulo).
 

LEIA TAMBÉM: Pontifícias Obras Missionárias comemoram 40 anos no Brasil

 

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Audiência Geral: os mandamentos levam o homem a abrir o coração a Deus

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21 de novembro de 2018

Não cobiçar o cônjuge do próximo e as coisas alheias: a catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (21/11) foi dedicada ao último mandamento.

Diante de cerca de 15 mil fiéis na Praça S. Pedro, o Pontífice explicou que aparentemente estas palavras não acrescentam um novo conteúdo, podendo ser exaurido nos mandamentos sobre o adultério e sobre o furto.

Mas todos os mandamentos têm como finalidade assinalar a fronteira da vida, isto é, o limite para além do qual o homem destrói a si mesmo e ao próximo, arruinando a sua relação com Deus.

O coração do homem

O décimo mandamento evidencia o fato de que todas as transgressões nascem de uma raiz interior comum: os desejos malévolos que saem do coração do homem.

“Todos os pecados nascem de um desejo malévolo e acabam numa transgressão não formal, mas que fere a si mesmo e aos outros”, disse o Papa, que repetiu duas vezes a “bela lista” que o Senhor faz descrita no Evangelho de Marcos: impuridades, furtos, homicídios, adultérios, cobiças, maldades, enganos, devassidão, inveja, calúnia, arrogância e insensatez.

Por isso, o percurso feito através do Decálogo não teria alguma utilidade se não chegasse a tocar este nível, o coração do homem. O ponto de chegada desta viagem é o coração e, se este não for libertado, o resto vale pouco. Este é o desafio, apontou o Papa: “Libertar o coração de todas essas coisas malévolas”.

Estes mandamentos sobre os desejos mostram a nossa pobreza e nos conduzem a uma santa humilhação, disse Francisco, convidando os fiéis a se questionarem sobre qual desejo malévolo sentem com mais frequência.

Abrir-se à relação com Deus

O Papa recordou que é em vão o homem pensar que pode se libertar sozinho, somente com um esforço titânico da própria vontade. Ele necessita do dom do Espírito Santo, abrir-se à relação com Deus, na verdade e na liberdade: somente assim as fadigas podem produzir fruto, “porque tem o Espírito Santo que nos leva avante”.

O homem não pode se iludir de que uma obediência literal ao Decálogo o levará à salvação. A função dos mandamentos é levar o homem à sua verdade, isto é, à sua pobreza, que se torna abertura autêntica e pessoal à misericórdia de Deus, que nos transforma e nos renova. “Deus é o único capaz de renovar o nosso coração, com a condição de que abramos o coração a Ele.”

Somos mendicantes

As últimas palavras do Decálogo nos educam a nos reconhecermos mendicantes.

“Deixemo-nos ajudar, somos mendicantes. Peçamos esta graça”, acrescentou Francisco, que concluiu:

“«Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus» (Mt 5,3). Sim, bem-aventurados os que deixam de se iludir acreditando que podem se salvar da própria fraqueza sem a misericórdia de Deus, que é a única que pode curar o coração.”

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Audiência Geral: a grande verdade é que Deus é Pai e Nele podemos confiar

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14 de novembro de 2018

“Não levantarás falso testemunho contra teu próximo”: a catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (14/11) foi dedicada ao oitavo mandamento.

Aos milhares de fiéis e peregrinos na Praça São Pedro, o Pontífice explicou o significado profundo da verdade. Este mandamento ensina que não podemos falsificar a verdade nas nossas relações com os outros.

Frágil equilíbrio entre a verdade e a mentira

“Viver de comunicações não autênticas é grave, porque impede as relações e, portanto, o amor. Onde há mentira, não pode haver amor. E quando falamos de comunicação entre as pessoas não entendemos somente as palavras, mas também os gestos, as atitudes e até mesmo os silêncios e as ausências. “Uma pessoa fala com tudo aquilo que é e o que faz. Todos nós vivemos comunicando e estamos continuamente num frágil equilíbrio entre a verdade e a mentira.”

Que significa dizer a verdade?, perguntou Francisco. É algo que vai além do nosso ponto de vista ou a revelação de fatos pessoais ou reservados. É um modo de manifestar o amor.

“As fofocas matam”, recordou o Papa. “É o que disse o apóstolo Tiago na sua carta. Os fofoqueiros são pessoas que matam os outros porque a língua mata como uma faca. Fiquem atentos. O fofoqueiro é um terrorista, porque com a sua língua lança a bomba e vai embora e esta bomba destrói a fama dos outros. Fofocar é matar, não esqueçam.”

Testemunhar a verdade

Francisco prosseguiu explicando que as palavras “Não levantarás falso testemunho contra teu próximo” pertencem à linguagem jurídica. Os Evangelhos culminam com a narração do processo, da execução da sentença contra Jesus e sua consequência inaudita.

Jesus, quando interrogado por Pilatos, disse que veio a este mundo para dar testemunho da verdade.

A verdade, portanto, encontra sua plena realização na própria pessoa de Jesus, no seu modo de viver e de morrer, fruto da sua relação com o Pai. E esta existência como filho de Deus Jesus a doa também a nós. Em cada ato, o homem afirma ou nega esta verdade. “Eu sou uma testemunha da verdade ou sou um mentiroso fantasiado de verdadeiro? Cada um se questione”, recomendou o Papa.

Amor sem limites

A verdade não se limita a discursos, mas é um modo de existir, de viver. A verdade é a revelação maravilhosa de Deus, do seu rosto de Pai, do seu amor sem limites. Esta verdade corresponde à razão humana, mas a supera infinitamente.

Francisco então concluiu:

“ Não levantar falso testemunho quer dizer viver como filhos de Deus, que jamais desmente a si mesmo, jamais mente, deixando emergir em cada ato a grande verdade: que Deus é Pai e é possível confiar Nele. Eu confio em Deus, esta é a grande verdade. E dessa nossa confiança em Deus Pai, de que Ele nos ama, nasce a minha verdade e o ser verdadeiro e não mentiroso. ”

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