Papa: "Diante da morte, conservar a chama da fé"

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18 de outubro de 2017

Na audiência geral desta quarta-feira, 18, o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses que vem fazendo sobre a esperança cristã, refletindo sobre o tema ‘Felizes os mortos que morrem no Senhor’.

Cerca de 30 mil pessoas participaram do encontro na Praça São Pedro. Deficientes visuais, enfermos e muitos peregrinos idosos vieram de várias cidades da Itália, tomando parte do ‘Dia dos avós’.

O Papa saudou especialmente os grupos vindos do Brasil, em particular os fiéis da arquidiocese de Natal com o bispo, Dom Jaime, e os da arquidiocese de Londrina, convidando todos a permanecer fiéis a Cristo Jesus, como os Protomártires do Brasil.

“O Espírito Santo vos ilumine para poderdes levar a Bênção de Deus a todos os homens. A Virgem Mãe vele sobre o vosso caminho e vos proteja”.

“Hoje eu gostaria de fazer uma relação entre a esperança cristã e a realidade da morte, uma realidade que a nossa civilização moderna tende cada vez mais a cancelar. Assim, quando chega a morte de alguém que nos é querido, ou a nossa própria morte, nos encontramos despreparados”, disse o Papa, iniciando a catequese.

Francisco mencionou o trecho do Evangelho de João, quando a Marta, que chora pela morte de seu irmão Lázaro, Jesus assegura: “Teu irmão ressuscitará, pois quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido, viverá”. “Eu não sou a morte; Eu sou a ressurreição e a vida. Crês nisto?” – pergunta ele a Marta.

O Papa lembrou que Jesus faz a mesma pergunta a cada um de nós, sempre que a morte dilacera o tecido da vida e dos afetos. Com a morte, a nossa existência toca o ápice, tendo diante de nós a vertente da fé ou o precipício do nada.

 

A filha de Jairo e a dor do pai

O desafio que então nos lança Jesus é continuar a crer. Assim fez Ele com Jairo, a quem acabam de comunicar que a sua filha morreu, não há mais nada a fazer... de que serve incomodar o Mestre?! Jesus ouve e apressa-se a tranquilizar Jairo: “Não tenhas receio; crê somente!”.

O Senhor sabe que aquele pai é tentado a deixar-se cair na angústia e no desespero, e recomenda-lhe que conserve acesa a chamazinha que arde no seu coração: a fé.

“Não tenhas medo! Continua a manter acesa a chama da fé!” E valeu? Sim; Jesus, chegando na casa dele, ressuscita a menina e entrega-a viva aos pais. No caso de Lázaro, ressuscita-o quatro dias depois de ele ter morrido; já estava sepultado. E Jesus manda-o sair do túmulo”.

Concluindo, o Papa afirmou que a esperança cristã se apoia e se alimenta desta posição que Jesus assume contra a morte. Por nós, nada podemos; ficamos indefesos perante o mistério da morte.

“Não tenhas receio – diz-nos Jesus –; crê somente!”. A graça de que necessitamos naquele momento – uma graça imensa! – é conservar acesa no coração a chama da fé. Porque Jesus há de vir, tomar-nos-á pela mão, como fez com a filha de Jairo, e ordenar-nos-á: “Levanta-te, ressuscita”.

(cm)

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A renovação da fé e as vocações dependem de padres bem formados

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13 de outubro de 2017

O Papa Francisco concluiu sua série de audiências, na manhã do sábado, 7, recebendo 268 participantes do Congresso Internacional sobre a Formação Sacerdotal, promovido pela Congregação para o Clero. O encontro, que teve início no dia 4, concluiu-se com a audiência do Papa sobre o tema “Norma fundamental para a formação sacerdotal”

Na ocasião, o Santo Padre afirmou: “O tema da formação sacerdotal é determinante para a missão da Igreja; a renovação da fé e o futuro das vocações só será possível se tivermos padres bem formados. A formação sacerdotal depende, em primeiro lugar, da ação de Deus na nossa vida e não das nossas atividades. É uma obra que requer a coragem de deixar-se plasmar pelo Senhor, para que transforme o nosso coração e a nossa vida”

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“A formação - explicou o Pontífice - não se resolve apenas com a atualização cultural ou com iniciativas locais. É Deus o artesão paciente e misericordioso da nossa formação sacerdotal. A sua obra dura por toda a vida: Ele nos plasma e nos transforma como o oleiro. Assim, o sacerdote mantém o entusiasmo no coração e o frescor do Evangelho.”

O Papa propôs um segundo aspecto para a reflexão sacerdotal: “Cada um de nós, sacerdotes, é chamado a colaborar com o Oleiro divino. Não somos somente argila, mas colaboradores do Oleiro, da sua graça. Na formação sacerdotal, podemos reconhecer pelo menos três protagonistas, que se encontram na olaria: nós mesmos, os formadores e/ou os bispos e o povo de Deus”

Francisco passou, então, a esclarecer cada um dos protagonistas da formação sacerdotal: “Nós mesmos, porque somos os primeiros e principais responsáveis da própria formação permanente, deixando-nos plasmar por Deus.”

O segundo protagonista, formadores ou bispos, também exerce papel essencial: “A nossa vocação nasce, cresce e se desenvolve na Igreja. Com as mãos do Senhor, que modelam o vaso de argila, trabalham para a formação dos candidatos ao sacerdócio. Se eles não colaborarem com a obra de Deus, não haverá sacerdotes bem formados.”

Sobre o terceiro protagonista na formação, o povo de Deus, disse o Papa: “O povo é confiado ao sacerdote, mas o sacerdote também é confiado ao povo. Trata-se de uma verdadeira escola de formação humana, espiritual, intelectual e pastoral. O padre é o intermediário entre Deus e o povo.”

Francisco concluiu seu discurso propondo algumas reflexões aos sacerdotes: “Que tipo de padre quero ser? Um padre tranquilo e assegurado em suas comodidades ou um discípulo missionário que trabalha pelo Mestre e pelo Povo de Deus? Um padre cômodo em seu bem estar ou um discípulo a caminho?”

(Com informações da Rádio Vaticano)

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A memória da vocação reaviva a esperança

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30 de agosto de 2017

“A memória da vocação reaviva a esperança”. Com este tema de sua catequese, o Papa Francisco voltou a realizar a Audiência Geral na Praça São Pedro, que esta quarta-feira teve a presença de sacerdotes do Colégio Pio Brasileiro e da equipe da Chapecoense, que na noite de sexta-feira disputará um amistoso no Estádio Olímpico contra o Roma.

"Recordar-se de Jesus, do fogo de amor com o qual um dia concebemos a nossa vida como um projeto de bem e reavivar com esta chama a nossa esperança" é "uma dinâmica fundamental da vida cristã".

O Papa Francisco concentrou sua catequese da Audiência Geral desta quarta-feira – que voltou a ser realizada na Praça São Pedro -na relação entre memória e esperança, com particular referência à memória da vocação.

E para ilustrar isto, usou como exemplo o chamado dos primeiros discípulos de Jesus, uma experiência que ficou de tal forma impressa em suas memórias, que João já idoso chegou até mesmo a precisar a hora: "Eram cerca de 4 horas da tarde".

Após a frase pronunciada às margens do Jordão por João Batista "Eis o Cordeiro de Deus", Jesus ganha dois novos jovens seguidores, a quem pergunta: "Que procurais?".

"Jesus - observou o Papa - aparece nos Evangelhos como um especialista de coração humano. Naquele momento, havia encontrado dois jovens que estavam buscando, com uma saudável inquietude":

"Com efeito, que juventude é uma juventude satisfeita, sem uma busca de sentido? Os jovens que não buscam nada não são jovens, estão aposentados, envelheceram antes do tempo. É triste ver jovens aposentados. E Jesus, em todo o Evangelho, em todos os encontros que lhe acontecem ao longo do caminho, aparece como um "incendiário" dos corações".

Por isso faz a pergunta "o que procurais?", justamente para “fazer emergir o desejo de vida e de felicidade que cada jovem traz dentro”.

Então, Francisco pergunta aos jovens que estão na Praça São Pedro e aqueles que acompanham pela mídia:

“Tu, que és jovem, o que procuras? O que procuras no teu coração?”

E foi assim que começou a vocação de João e de André, dando início a uma amizade com Jesus tão forte, que criou uma comunhão de vida e de paixão com Ele. E esta convivência com Jesus, transformou-os logo em missionários, tanto que seus irmãos Simão e Tiago também passam a seguir Jesus.

"Foi um encontro tão tocante, tão feliz, que os discípulos recordarão para sempre aquele dia que iluminou e orientou a juventude deles", ressaltou o Papa.

Francisco diz a seguir que a própria vocação neste mundo pode ser descoberta de diferentes maneiras, "mas o primeiro indicador é a alegria do encontro com Jesus":

"Matrimônio, vida consagrada, sacerdócio: cada vocação verdadeira inicia com um encontro com Jesus que nos dá alegria e uma esperança nova; e nos conduz, mesmo em meio às provações e dificuldades, a um encontro sempre mais pleno, cresce, aquele encontro, maior, o encontro com Ele e à plenitude da alegria".

O Papa observa então, que "o Senhor não quer homens e mulheres que o sigam de má vontade, sem ter no coração o vento da alegria", perguntando aos presentes: “Vocês, que estão na praça, vocês têm o vento da alegria? Cada um se pergunte: Eu tenho dentro de mim, no coração, o vento da alegria?”:

"Jesus quer pessoas que tenham experimentado que estar com Ele traz uma felicidade imensa, que pode ser renovada a cada dia da vida. Um discípulo do Reino de Deus que não é alegre, não evangeliza este mundo,  é um triste. Nos tornamos pregadores de Jesus, não aperfeiçoando as armas da retórica: tu podes falar, falar, falar, mas se não existe uma outra coisa, como pode se tornar pregador de Jesus? Tendo nos olhos o brilho da verdadeira felicidade. Vemos tantos cristãos, também entre nós, que com os olhos te transmitem a alegria da fé: com os olhos!”.

Por isto o cristão - assim como o fez a Virgem Maria - deve proteger "a chama de seu enamoramento":

"Certamente, existem provações na vida, existem momentos em que é necessário seguir em frente não obstante o frio e os ventos contrários. Porém os cristãos conhecem o caminho que conduz àquele fogo sagrado que os acendeu uma vez para sempre".

O Papa por fim, alerta para não darmos atenção à quem nos tira o entusiasmo e a esperança, mas a sonharmos com um mundo diferente e cultivarmos sãs utopias:

"Mas por favor, recomendo: não demos ouvidos às pessoas desiludidas e infelizes; não escutemos quem recomenda cinicamente para não cultivar esperanças na vida; não confiemos em quem apaga ao nascer cada entusiasmo, dizendo que nenhuma empresa vale o sacrifício de toda uma vida; não escutemos "velhos" de coração que sufocam a euforia juvenil.  Procuremos os velhos que têm os olhos brilhantes de esperança! Cultivemos, pelo contrário, sãs utopias: Deus nos quer capazes de sonhar como Ele e com Ele, enquanto caminhamos bem atentos à realidade. Sonhar um mundo diferente. E se um sonho se apaga, voltar a sonhá-lo de novo, indo com esperança à memória das origens, aquelas brasas que, talvez, depois de uma vida não tão boa, estão escondidas sob as cinzas do primeiro encontro com Jesus". 

Antes de saudar os peregrinos de língua italiana, o Papa Francisco fez um apelo pelo Dia de Oração pelo Cuidado da Criação:

“Depois de amanhã, 1º de setembro, recorre o Dia de Oração pelo cuidado da criação. Nesta ocasião, eu e meu querido irmão Bartolomeu, Patriarca ecumênico de Constantinopla, preparamos juntos uma Mensagem. Nela convidamos todos a assumir uma atitude respeitosa e responsável com a criação. Fazemos, além disto, um apelo àqueles que desempenham papeis influentes, para escutar o grito da terra e o grito  dos pobres, que são os que mais sofrem pelos desequilíbrios ecológicos”.

(JE)

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