Papa: Jesus Cristo, o único que nos justifica e nos faz renascer, nenhum outro

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28 de março de 2018

O anúncio de que Cristo ressuscitou é o centro de nossa fé!

O Papa Francisco dedicou a catequese da Audiência Geral desta quarta-feira ao Tríduo Pascal, “para aprofundar um pouco” o que representam para nós, crentes,  os dias “mais importantes do ano litúrgico”, que constituem “a memória celebrativa de um único grande mistério: a morte e a ressurreição do Senhor Jesus”.

O Papa começou perguntando aos 12 mil fiéis presentes na Praça São Pedro qual era a festa mais importante da nossa fé, a Páscoa ou o Natal?

E recordou, que até aos 15 anos, ele acreditava que fosse o Natal, “mas todos erramos”, pois é a Páscoa, “porque é a festa da nossa salvação, a festa do amor de Deus por nós, a festa, a celebração da sua morte e ressurreição”.

 

Tríduo Pascal

“O Tríduo – explicou  o Pontífice  - começa amanhã com a Missa  da Ceia do Senhor e se concluirá com as vésperas do Domingo da Ressurreição, depois vem a “Pasquetta” para celebrar esta grande festa”, mas estes dias constituem a memória celebrativa de um grande único mistério: a morte e a ressurreição do Senhor Jesus.

Estes dias marcam as etapas fundamentais de nossa fé e da nossa vocação no mundo, e todos os cristãos são chamados a viver os três dias Santos como, por assim dizer, a “matriz” de sua vida pessoal e comunitária, como viveram os nossos irmãos judeus o êxodo do Egito.

Estes três dias, de fato –frisou o Papa – “repropõe ao povo cristão os grandes eventos da salvação operados por Cristo, e assim o projetam no horizonte de seu destino futuro e o fortalecem no seu compromisso de testemunha na história”.

O Canto da Sequência anuncia solenemente que “Cristo, nossa esperança, ressuscitou e nos precede na Galileia”. Aqui,  Tríduo Pascal encontra seu ápice, disse Francisco, que explica:

Ele contém não somente um anúncio de alegria e de esperança, mas também um apelo à responsabilidade e à missão. E não acaba com a “colomba” (especiaria pascal italiana, ndr), os ovos, as festas. Isto é bonito, é bonito porque é a festa de família, mas não fica nisto. Começa ali com o caminho à missão, ao anúncio: Cristo ressuscitou”.

E este anúncio, ao qual o Tríduo conduz preparando-nos para acolhê-lo, é o centro de nossa fé e da nossa esperança, é o cerne, é o anúncio, é o kerigma que continuamente evangeliza a Igreja e que esta, por sua vez, é convidada a evangelizar”.

 

Batismo

"O Cordeiro que foi imolado". Assim São Paulo fala de Cristo, e com Ele “as coisas velhas passaram, eis que tudo se fez novo”.  No Tríduo Pascal “a memória deste acontecimento fundamental se faz celebração plena de reconhecimento e, ao mesmo tempo, renova nos batizados o sentido de sua nova condição”:

“E por isto, no dia de Páscoa, desde o início se batizava as pessoas. Também na noite deste sábado eu batizarei aqui, em São Pedro, oito pessoas adultas que começam a vida cristã. E começa tudo: nasceram de novo”.

 

Cristo, o único que nos justifica

São Paulo também nos recorda que Cristo “foi entregue à morte por causa de nossas culpas e ressuscitou para nossa justificação”:

“O único, o único que nos justifica; o único que nos faz renascer de novo é Jesus Cristo. Nenhum outro. E por isto não se deve pagar nada, porque a justificação – o fazer-se justos – é gratuita. E esta é a grandeza do amor de Jesus: dá a vida gratuitamente para nos fazer santos, para nos renovar, para nos perdoar. E isto é o cerne deste Tríduo Pascal”.

No Tríduo Pascal é renovado nos batizados o sentido de sua nova condição, como diz São Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto":

“Olhem para o alto. Olhar, olhar o horizonte, ampliar os horizontes: esta é a nossa fé, esta é a nossa justificação, este é o estado de graça”.

“Um cristão, se verdadeiramente deixa-se lavar por Cristo, se verdadeiramente deixa-se despojar por Ele do homem velho para caminhar em uma vida nova, mesmo permanecendo pecador - porque todos o somos - não pode ser corrupto: a justificação de Jesus nos salva da corrupção – somos pecadores, mas não corruptos -, não pode viver com a morte na alma e muito menos ser causa de morte”.

 

Falsos cristãos

O Papa então, diz que “deve dizer uma coisa triste e dolorosa”:

“Existem cristãos fingidos, aqueles que dizem “Jesus ressuscitou”, “eu fui justificado por Jesus”, estou na vida nova, mas vivo uma vida corrupta. E estes falsos cristãos acabarão mal. O cristão – repito, é pecador – todos o somos, eu sou. O corrupto finge ser uma pessoa honrada, mas no final, no seu coração existe a podridão. Jesus nos dá uma vida nova. O cristão não pode viver com a morte na alma e nem ser causa de morte.”

Pensemos – para não ir muito longe – pensemos em casa, pensemos nos assim chamados “cristãos mafiosos”. Mas eles, de cristão, não têm nada. Dizem-se cristãos, mas levam a morte na alma, e aos outros. Rezemos por eles, para que o Senhor toque as suas almas”.

 

Lavar os olhos das crianças

O Papa recorda que em muitos países, no dia de Páscoa, quando tocam os sinos, as mães, as avós, lavam os olhos das crianças com água, com a água da vida, em um sinal para que possam ver as coisas de Jesus, as coisas novas.

“Deixemo-nos nesta Páscoa – foi o convite de Francisco – nos lavar a alma, nos lavar os olhos da alma, para ver as coisas belas, e fazer  coisas belas. E isto é maravilhoso! Esta é justamente a Ressurreição de Jesus após a sua morte, que foi o preço para salvar todos nós”.

 

Presença da Virgem Maria

O Papa convida a nos dispormos a viver bem este Tríduo Santo já iminente  “para estar sempre mais profundamente inseridos no mistério de Cristo, morto e ressuscitado por nós” e pede que a Virgem Maria nos acompanhe neste itinerário espiritual:

Ela, “que seguiu Jesus na sua paixão, ela estava lá, olhava, sofria, esteve presente e unida a Ele aos pés da cruz, mas não se envergonhava do filho. Uma mãe nunca se envergonha do filho. Estava lá, e recebeu em seu coração de mãe a imensa alegria da ressurreição. Que ela nos obtenha a graça de estarmos interiormente envolvidos pelas celebrações dos próximos dias, para que o nosso coração e a nossa vida sejam realmente transformados por elas”.

O Santo Padre conclui, desejando a todos “os mais cordiais votos de uma feliz e santa Páscoa, juntamente com as comunidades de vocês e os seus queridos”.

E dou um conselho a vocês, disse o Santo Padre concluir: ”Na manhã de Páscoa, levem as crianças até a torneira e lavem os olhos delas. Será um sinal de como ver Jesus Ressuscitado”.

 
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Papa: Eucaristia nos fortalece e nos faz dar frutos

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21 de março de 2018

O Papa Francisco iniciou a Audiência Geral falando fora do texto sobre o primeiro dia de primavera. "Boa primavera!" desejou a todos, para então recordar que, à exemplo do que acontece com as plantas nesta estação,  "a vida cristã deve ser uma vida que deve florescer nas obras de caridade, no fazer o bem", e que se não temos raízes, "não poderemos florescer", e Jesus é a raiz. 

"Se não tens Jesus na raiz, ali, não florescerás. Se tu não regas a tua vida com a oração e os sacramentos,  haverá flores cristãs?", pergunta. "Não! Porque a oração e os sacramentos regam as raízes e a nossa vida floresce. Faço votos de que esta primavera seja para vocês uma primavera florida, como será a Páscoa florida. Flores de boas obras, de virtudes, de fazer o bem aos outros.

 

Eucaristia

"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue verdadeiramente uma bebida".

Em sua reflexão, Francisco inspirou-se no Evangelho de São João (6,54-55) para falar sobre a Comunhão, dando continuidade assim a sua série de catequeses sobre a Santa Missa, que é toda "ordenada para a Comunhão sacramental", não a espiritual que posso fazer em casa dizendo: "Jesus, eu gostaria de te receber espiritualmente".

"Celebramos a Eucaristia para nos nutrirmos de Cristo, que doa a si mesmo quer na Palavra como no Sacramento do altar, para conformar-nos a Ele", disse o Santo Padre dirigindo-se aos cerca de 15 mil fiéis de diversos países presentes na Praça São Pedro, a uma temperatura de 8°C.

"O gesto de Jesus que deu aos seus discípulos o seu Corpo e o seu Sangue na última Ceia - explicou - continua ainda hoje pelo ministério do sacerdote e do diácono, ministros ordinários da distribuição aos irmãos do Pão da vida e do Cálice da salvação".

"Depois de ter partido o Pão consagrado, isto é, o Corpo de Jesus, o sacerdote o mostra aos fiéis, convidando-os a participar do banquete eucarístico", dizendo as palavras: "Felizes os convidados para a Ceia do Senhor: eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo".

Este convite inspirado em uma passagem do Apocalipse - recordou o Santo Padre - "nos chama a experimentar a íntima união com Cristo, fonte de alegria e de santidade":

"É um convite que alegra e ao mesmo tempo impele a um exame de consciência iluminado pela fé. Se por um lado, de fato, vemos a distância que nos separa da santidade de Cristo, por outro acreditamos que o seu Sangue é "derramado pela remissão dos pecados". Todos nós fomos perdoados no batismo e todos nós somos e seremos perdoados todas cada vez que nos aproximarmos do Sacramento da Penitência. E não esqueçam, Jesus perdoa sempre. Jesus não se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir perdão”.

O Papa recordou Santo Ambrósio quando exclama: "Eu que peco sempre, devo sempre dispor de remédio!", e nesta fé "também nós voltamos o nosso olhar ao Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo e o invocamos" com as palavras: "Ó Senhor, não sou digno que entreis em minha morada, mas dizeis uma palavra e sereis salvo". Isso dizemos em cada Missa”:

"Se somos nós a nos mover em procissão para fazer a Comunhão, nós vamos em direção ao altar em procissão para fazer a comunhão,  na realidade é Cristo que vem em nosso encontro para assemelharmo-nos a Ele. Há um encontro com Jesus! Nutrir-se da Eucaristia, significa deixar-se transformar enquanto recebemos".

“ Cada vez que nós comungamos, mais nos assemelhamos a Jesus, mais nos transformamos em Jesus. ”

"Como o pão e o vinho são convertidos no Corpo e Sangue do Senhor, assim aqueles que os recebem com fé são transformados em Eucaristia viva."

Ao responder "Amém" ao sacerdote que diz "Corpo de Cristo", se reconhece "a graça e o empenho que comporta tornar-se Corpo de Cristo. Pois quando tu recebes o Corpo de Cristo, tu te tornas Corpo de Cristo. É belo isto, é muito belo!"

"Enquanto nos unimos a Cristo, separando-nos de nossos egoísmos, a Comunhão nos abre e une a todos aqueles que são um só n'Ele. Eis o prodígio da Comunhão: nos tornamos aquilo que recebemos!"

O Papa reforça que a Igreja deseja que os fiéis recebam o Corpo do Senhor "com hóstias consagradas na mesma Missa" e que "o sinal do banquete eucarístico se expressa com maior plenitude se a santa Comunhão é feita sob duas espécies, ainda que a doutrina católica ensine que sob uma espécie somente se recebe o Cristo inteiro".

O fiel se aproxima e comunga em pé com devoção ou de joelhos, como estabelecido pela Conferência Episcopal, recebendo o sacramento na boca ou, onde é permitido, na mão, como preferir.

O Santo Padre recorda que após a Comunhão, para custodiar no coração o dom recebido, "nos ajuda o silêncio,  a oração silenciosa. Prolongar um pouco aquele momento de silêncio, falando com Jesus no coração, nos ajuda tanto, como também cantar um Salmo ou um hino de louvor, que nos ajude a estar com o Senhor”.

A Oração após a Comunhão conclui a Liturgia Eucarística. "Nela, em nome de todos, o sacerdote dirige-se a Deus para agradecê-lo por nos fazer seus convidados e pedir que o que foi recebido transforme a nossa vida.

“A Eucaristia nos torna fortes para dar frutos de de boas obras para viver como cristãos”.

Significativa - disse o Papa ao concluir - é a oração de hoje, em que pedimos ao Senhor que "a participação ao seu sacramento seja para nós remédio de salvação, nos cure do mal e nos confirme na sua amizade".

"Aproximemo-nos da Eucaristia: receber Jesus nos transforma nele, nos faz mais fortes. É tão bom e tão grande o Senhor!" 

 

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Papa: é pouca a nossa oferta, mas Cristo tem necessidade deste pouco

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01 de março de 2018

A Cruz foi o primeiro altar cristão, e “quando nós nos aproximamos do altar para celebrar a Missa, a nossa memória vai ao altar da Cruz, onde foi feito o primeiro sacrifício”.

Na Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco deu continuidade a sua série de catequeses sobre a Santa Missa, falando sobre a Liturgia Eucarística, em particular, a apresentação das oferendas.

Com a temperatura de -2°C, o tradicional encontro das quartas-feiras realizou-se na Sala Paulo VI.  Como os 12 mil fiéis presentes superavam a capacidade da Sala Paulo VI de 7 mil pessoas, parte deles teve de ser deslocada até a Basílica de São Pedro, de onde acompanharam por um telão. Ao final do encontro, o Papa Francisco foi até eles saudá-los. 

A Liturgia eucarística segue a Liturgia da Palavra, recordou o Santo Padre. "Nela, por meio dos santos sinais, a Igreja torna continuamente presente o Sacrifício da nova aliança sigilada por Jesus no altar da cruz", que "foi o primeiro altar cristão, o da Cruz, e quando nos aproximamos do altar para celebrar a Missa, a nossa memória vai ao altar da Cruz, onde foi feito o primeiro sacrifício”.

O Papa explicou que o sacerdote, na Missa, “representa Cristo, cumpre aquilo que o próprio Senhor fez e confiou aos discípulos na Última Ceia: tomou o pão e o cálice, deu graças, os deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai e comei...bebei: este é o meu corpo... este é o cálice de meu sangue. Fazei isto em memória de mim”.

Obediente ao mandato de Jesus, a Igreja dispôs a Liturgia eucarística “em momentos que correspondem às palavras e aos gestos realizados por Ele, por Jesus, na véspera de sua Paixão. Assim – explicou o Papa – na preparação dos dons são levados ao altar o pão e o vinho, isto é, os elementos que Cristo tomou em suas mãos”.

“Na oração eucarística damos graças a Deus pela obra da redenção e as ofertas se tornam o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo. Seguem a fração do Pão e a Comunhão, mediante a qual revivemos a experiência dos Apóstolos que receberam os dons eucarísticos das mãos do próprio Cristo”.

O primeiro desses gestos de Jesus – observou Francisco - foi tomar o pão e o vinho, o que corresponde, na celebração da Eucaristia, à apresentação das ofertas:

É bom que sejam os fiéis a apresentar ao sacerdote o pão e o vinho, porque eles significam a oferta espiritual da Igreja ali recolhida pela eucaristia. Não obstante hoje os fiéis não levem mais, como em um tempo, o próprio pão e vinho destinados à Liturgia, todavia o rito da apresentação destes dons conserva o seu valor e significado espiritual”.

“Nos sinais do pão e do vinho o povo fiel deposita a própria oferenda nas mãos do sacerdote, o qual a coloca sobre o altar ou banquete do Senhor, que é o centro de toda a liturgia eucarística”.

Desta forma, no “fruto da terra e do trabalho do homem” é oferecido o compromisso dos fiéis em fazerem de si mesmos, obedientes à palavra de Deus, um “sacrifício agradável a Deus, Pai todo poderoso”, “para o bem de toda a Santa igreja”.

Assim, “a vida dos fiéis, seus sofrimentos, a sua oração, o seu trabalho, são unidos àqueles de Cristo e a sua oferta total, e neste modo assumem um novo valor”:

É pouca a nossa oferta, mas Cristo tem necessidade deste pouco. O Senhor nos pede pouco, e nos dá tanto. Nos pede pouco: nos pede, na vida ordinária, boa vontade; nos pede coração aberto, nos pede desejo de ser melhores e para dar-se ele mesmo a nós na Eucaristia, nos pede estas ofertas simbólicas que depois se tornam o corpo e o sangue”.

Uma imagem deste movimento oblativo de oração é representada pelo incenso que, consumido no fogo, libera uma fumaça perfumada que sobe:

Incensar as ofertas, como se faz nos dias de festa, incensar a cruz, o altar, o sacerdote e o povo sacerdotal manifesta visivelmente o vínculo ofertorial  que une todas estas realidade ao sacrifício de Cristo”.

E não esquecer: existe o altar que é Cristo, mas sempre em referência ao primeiro altar que é a Cruz, e sobre o altar que é Cristo levamos o pouco de nossos dons – o pão e o vinho – que depois se tornarão o muito – Jesus mesmo – que se dá a nós”.

Isto é expresso também na “oração sobre as ofertas”, quando “o sacerdote pede a Deus para aceitar os dons que a Igreja lhe oferece, invocando o fruto da mirável troca entre a nossa pobreza e a sua riqueza.

No pão e no vinho apresentamos a ele a oferta de nossa vida, para que seja transformada pelo Espírito Santo no sacrifício de Cristo e torne com Ele uma única oferta espiritual agradável ao Pai. Enquanto se conclui a preparação dos dons, se dispõe à Oração Eucarística”.

Que a espiritualidade do dom de si, que este momento da Missa nos ensina, possa iluminar os nossos dias, as relações com os outros, as coisas que fazemos, os sofrimentos que encontramos, ajudando-nos a construir a cidade terrena à luz do Evangelho.

 

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Papa: ouvido, coração e mãos: o itinerário da Palavra de Deus

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31 de janeiro de 2018

"Como poderíamos enfrentar a nossa peregrinação terrena, com as suas dificuldades e as suas provas, sem ser regularmente nutridos e iluminados pela Palavra de Deus que ressoa na liturgia?"

Ao dar continuidade a sua série de catequeses sobre a Santa Missa, o Papa Francisco falou na Audiência Geral desta quarta-feira, a 4ª de 2018 e a 213ª de seu Pontificado, sobre a Liturgia da Palavra, "que é uma parte constitutiva porque nos reunimos justamente para escutar o que Deus fez e pretende ainda fazer em nós".

"É uma experiência que acontece "ao vivo" e não por ouvir dizer - explicou o Santo Padre aos fiéis presentes na Praça São Pedro - porque quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é Deus mesmo que fala ao seu povo e Cristo, presente na sua palavra, anuncia o Evangelho".

O Papa alertou então, que muitas vezes enquanto se lê a Palavra de Deus, se fazem comentários sobre como o outro se veste ou se comporta. Ao invés disto, "devemos escutar, abrir o coração porque é o próprio Deus que nos fala e não pensar em outras coisas ou em falar de outras coisas. Entenderam? Não acredito que aconteça muito, mas explicarei o que acontece nesta Liturgia da Palavra":

"As páginas da Bíblia deixam de ser um escrito para tornarem-se palavra viva, pronunciada por Deus. É Deus que por meio do que se lê nos fala e interpela a nós que escutamos com fé (...). Mas para escutar a Palavra de Deus, é preciso ter também o coração abertopara receber a palavra no coração. Deus fala e nós nos colocamos em escuta, para depois colocar em prática o que ouvimos. É muito importante ouvir. Algumas vezes não entendemos bem porque existem algumas leituras um pouco difíceis. Mas Deus nos fala o mesmo em outro modo: em silêncio e ouvir a Palavra de Deus. Não esqueçam isto. Na Missa, quando começam as leituras, ouçamos a Palavra de Deus".

"Temos necessidade de escutá-lo!", enfatizou o Papa. "É de fato uma questão de vida, como bem recorda a incisiva expressão «nem só de pão o homem viverá, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus»".

Neste sentido, "falamos da  Liturgia da Palavra como da "mesa" que o Senhor prepara para alimentar a nossa vida espiritual".

A mesa litúrgica é abundante, "abre mais largamente os tesouros da Bíblia", do Antigo e no Novo Testamento, porque neles é anunciado pela Igreja o único e idêntico mistério de Cristo:

"Pensemos na riqueza das leituras bíblicas oferecidas pelos três ciclos dominicais que, à luz do Evangelhos Sinóticos, nos acompanham no decorrer do ano litúrgico, uma grande riqueza".

O Papa chamou a atenção para a importância do Salmo responsorial, "cuja função é favorecer a meditação do que foi escutado na leitura que o precede".

"É bom que o Salmo seja valorizado com o canto, ao menos  do refrão", observou Francisco, acrescentando que também as leituras dos dias feriais constituem "um grande nutrimento para a vida cristã".

O Santo Padre explicou então que "as leituras da Missa, variadamente ordenadas segundo as diferentes tradições do Oriente e Ocidente, estão contidas nos Lecionários":

"A proclamação litúrgica das mesmas leituras, com os cantos deduzidos da Sagrada Escritura, exprime e favorece a comunhão eclesial, acompanhando o caminho de todos e de cada um".

Neste sentido - explica - "se entende porque escolhas subjetivas, como a omissão de leituras e a sua substituição com textos não bíblicos são proibidas":

"Isto de fato empobrece e compromete o diálogo entre Deus e o seu povo em oração. Pelo contrário, a dignidade do ambão e o uso do lecionário, a disponibilidade de bons leitores e salmistas. Mas procurem bons leitores, eh!, aqueles que sabam ler, não aqueles que leem e não se entende nada, eh! é assim, eh! Bons leitores, eh! Devem se preparar e ensaiar antes da Missa para ler bem. E isto cria um clima de silêncio receptivo".

A Palavra do Senhor é uma ajuda indispensável para não nos perdermos, nos nutre e nos ilumina, nos ajudando assim a enfrentarmos as dificuldades e as provas de nossa peregrinação terrena.

Mas "não basta ouvir com os ouvidos, sem acolher no coração a semente da divina Palavra, permitindo a ela de dar fruto":

"A ação do Espírito, que torna eficaz a resposta, tem necessidade de corações que se deixem trabalhar e cultivar, de modo que aquilo que é ouvido na Missa passe para a vida cotidiana, segundo a advertência do apóstolo Tiago: «Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós mesmos»."

"A Palavra de Deus faz um caminho dentro de nós. A escutamos com os ouvidos, passa pelo coração, não permanece nos ouvidos, deve ir ao coração e do coração passa às mãos, às boas obras. Este é o percurso que faz a Palavra de Deus: dos ouvidos ao coração e às mãos. Aprendamos estas coisas. Obrigado.”

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Papa: "Missa, uma escola de oração para os fiéis"

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10 de janeiro de 2018

Nesta quarta-feira, 10 de janeiro, o Papa recebeu os fiéis na Sala Paulo VI, no Vaticano, para o encontro semanal aberto ao público. Cerca de 7 mil pessoas participaram da audiência, durante a qual o Pontífice fez uma catequese sobre o canto do Glória e a oração da coleta no âmbito da missa.  

O Papa explicou que depois do Ato Penitencial, quando nos despojamos de nossas presunções na esperança de sermos perdoados, expressamos gratidão a Deus cantando o hino do Glória, que assim como os Anjos cantaram no nascimento de Jesus, é um glorioso abraço entre o céu e a terra.

Logo após o ‘Glória’, na missa, temos a oração denominada ‘do dia’ ou ‘coleta’.

Com o convite ‘Oremos’, o sacerdote nos exorta a unirmo-nos a ele em um momento de silêncio para tomarmos consciência de estar diante de Deus e deixar emergir, de nossos corações, as nossas intenções pessoais

O sacerdote diz ‘Oremos’ e depois vem um momento de silêncio e cada um pensa nas coisas de que precisa ou quer pedir na oração”.

 

Rezar pelo silêncio em silêncio

Antes desta oração inicial, o silêncio nos ajuda no recolhimento, a pensarmos no porquê estamos ali: para invocar ajuda ao Senhor, pedir a sua proximidade nos momentos de fadiga, alegrias e dores; por familiares ou amigos doentes, ou ainda, para confiar a Deus o futuro da Igreja e do mundo.

“A isto serve o breve silêncio antes que o sacerdote, reunindo as preces de cada um,  expressa em voz alta em nome de todos a comum oração que conclui os ritos de introdução com a ‘coleta’ das intenções dos fiéis. Eu recomendo vivamente aos sacerdotes que observem este momento de silêncio e não terem pressa".

“ Oremos para que se faça silêncio; sem este silêncio, corremos o risco de subestimar o recolhimento da alma ”
 

O sacerdote faz um gesto como o de Cristo

O sacerdote a reza com os braços abertos, um gesto que os cristãos realizam desde os primeiros séculos para imitar Cristo com os braços abertos no lenho da Cruz. No Crucifixo reconhecemos o sacerdote que oferece a Deus a obediência final.

Concluindo, Francisco afirmou que as orações do Rito Romano são breves, mas ricas de significado; e meditar sobre seus textos, também fora da missa, pode nos ajudar a aprender como falar com Deus, o que  pedir, que palavras usar.

“ Que a liturgia possa se tornar para nós uma verdadeira escola de oração ”

No final do encontro, o Papa concedeu a todos a sua bênção apostólica.

 

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Papa na Audiência: Jesus é o centro contra a desnaturalização do Natal

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27 de dezembro de 2017

Na última Audiência Geral do ano, Francisco falou aos fiéis sobre o verdadeiro significado do Natal, que é Jesus. Com Ele, devemos aprender a ser dom para os outros, sobretudo para os mais necessitados

Em sua catequese, Francisco aprofundou o significado do Natal, isto é, o nascimento de Jesus. Para o Pontífice, estamos vivendo uma espécie de desnaturalização do Natal: em nome do falso respeito por quem não é cristão, elimina-se da festa toda referência ao nascimento de Jesus. “Sem Jesus não há Natal”, recordou.

Deus se fez homem de maneira surpreendente: nasceu de uma pobre jovem desconhecida, que dá à luz numa estrebaria, somente com a ajuda do marido.

O mundo não se deu conta de nada, mas os anjos exultaram no Céu! E é assim que o Filho de Deus se apresenta também hoje a nós: como o dom de Deus para a humanidade, que está imergida na noite e no torpor da sonolência.

 

“ E ainda hoje assistimos ao fato de que com frequência a humanidade prefere a escuridão, porque sabe que a luz desvelaria todas aquelas ações e aqueles pensamentos que nos fariam envergonhar. Assim, se prefere permanecer nas trevas e não reverter os próprios hábitos errados. ”

 

Jesus é um dom de Deus para nós, que deve ser acolhido como Ele nos ensinou: tornando-nos diariamente um dom para as pessoas que cruzam nossa vida. Por isso mesmo, no Natal, trocamos presentes entre nós. Mas, para nós, o verdadeiro dom é Jesus.

E, por fim, um último aspecto importante: no Natal, podemos ver que a história humana, aquela movida pelos poderosos deste mundo, é visitada pela história de Deus.

“Com os pequeninos e os desprezados, Jesus estabelece uma amizade que continua no tempo e que nutre a esperança por um futuro melhor”. Com eles, em todos os tempos, prosseguiu Francisco, Deus quer construir um mundo novo, um mundo em que não existam mais pessoas rejeitadas, maltratadas e indigentes.

“Queridos irmãos e irmãs, nesses dias abramos a mente e o coração para acolher esta graça. Jesus é  dom de Deus para nós e, se O acolhermos, também nós podemos nos tornar dom para os outros, antes de tudo para aqueles que jamais experimentaram atenção e ternura. E quantas pessoas em suas vidas nunca sentiram um carinho, uma atenção de amor, um gesto de ternura... O Natal nos leva a fazer isso. Assim, Jesus vem nascer na vida de cada um de nós e, através de nós, continua a ser dom de salvação para os pequeninos e os excluídos.”

Como na semana passada, no final da Audiência o Papa assistiu a um espetáculo circense, desta vez do Golden Circus de Liana Orfei.

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Papa explica os ritos introdutórios da missa

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20 de dezembro de 2017

 Papa Francisco conduziu a Audiência Geral desta quarta-feira, 20, realizada na Sala Paulo VI em clima natalino.

Dando prosseguimento ao ciclo sobre a eucaristia, em sua catequese o Pontífice recordou as duas partes que compõem a missa: a liturgia da Palavra e a Liturgia eucarística. Para explicar melhor cada uma delas, nesta ocasião explicou os ritos introdutórios: a entrada, a saudação, o ato penitencial, o Kyrie eleison, o Glória e a oração chamada Coleta, das intenções de todo o povo de Deus.

“A finalidade destes ritos introdutórios é fazer com que os fiéis congregados formem comunidade e se disponham a escutar com fé a Palavra de Deus e a celebrar dignamente a Eucaristia”, afirmou o Papa.

 

“ Não é um bom hábito ficar olhando o relógio, ‘ainda estou em tempo’, o cálculo. Com o sinal da cruz, com esses ritos, começamos a adorar a Deus, por isso é importante não chegar atrasado, mas sim com antecedência, para preparar o coração a este rito. ”

Na procissão de entrada, o celebrante chega ao presbitério, saúda o altar com uma inclinação e, em sinal de veneração, beija-o e incensa-o, porque o altar é sinal de Cristo, que, oferecendo o seu corpo na cruz, tornou-Se altar, vítima e sacerdote. “Quando olhamos o altar, vemos onde Cristo está. O altar é Cristo”, explicou.

Em seguida, o sacerdote e restantes membros da assembleia fazem o sinal da cruz: com este sinal, não só recordamos o nosso Batismo, mas afirmamos também que a oração litúrgica se realiza ‘em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’, desenrola-se no espaço da Santíssima Trindade, que é espaço de comunhão infinita; toda a oração tem como origem e fim o amor de Deus Uno e Trino que se manifestou e nos foi doado na Cruz de Cristo. 

E mais uma vez Francisco pediu aos pais e aos avós que ensinem bem as crianças a fazer o sinal da cruz.  

Depois o sacerdote dirige a saudação litúrgica à assembleia: “O Senhor esteja convosco!”. ‘Ele está no meio de nós’: responde-lhe o povo de Deus. Assim se expressa a fé comum e o mútuo desejo de estar com o Senhor e viver em união com toda a comunidade.

Estamos no início da missa e devemos pensar no significado de todos esses gestos e palavras. Estamos  entrando numa ‘sinfonia’, na qual ressoam várias tonalidades de vozes, inclusive momentos de silêncio, com a finalidade de criar o ‘acordo’ entre todos os participantes, isto é, de se reconhecer animados por um único Espírito e para um mesmo fim.”

Esta sinfonia apresenta logo um momento tocante, que é o ato penitencial, isto é, o momento de reconhecer os próprios pecados. “Todos somos pecadores. Talvez alguns de vocês não”, brincou o Papa com fiéis, pedindo que o “não pecador” levantasse a mão para ser reconhecido pela multidão. “Vocês têm uma boa fé”, disse Francisco, já que ninguém se manifestou.

“Não se trata somente de pensar nos pecados cometidos, mas é muito mais: é o convite a confessar-se pecadores diante de Deus e dos irmãos, com humildade e sinceridade, como o publicano no templo”, concluiu o Papa, acrescentando que devido à sua importância, a próxima catequese será dedicada justamente ao ato penitencial.

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Papa Francisco pede prudência em decisões sobre Jerusalém

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15 de dezembro de 2017

Após a decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, o Papa Francisco manifestou “preocupação” com a cidade santa para judeus, cristãos e muçulmanos. “Que prevaleçam sabedoria e prudência para evitar adicionar novos elementos de tensão em um panorama mundial já complicado”, afirmou, no dia 6. 

Na mesma data, Trump anunciou que “Israel é um Estado soberano que tem o direito de decidir a sua capital”. Ele vai transferir a embaixada norte-americana de Tel-Aviv para Jerusalém. A complexidade da questão está em que, embora Israel considere a cidade sua capital, a parte Oriental de Jerusalém é disputada pelos palestinos, que também a têm como capital do Estado que almejam. 

Israel elogiou Trump, mas a Organização das Nações Unidas e alguns líderes internacionais condenaram a decisão unilateral. Ela despertou uma onda de protestos de grupos palestinos, como o Hamas, um dos mais violentos. No domingo, 10, o Vaticano reiterou: “Expressando dor pelos conflitos dos últimos dias, que deixaram vítimas. O Santo Padre renova seu apelo por sabedoria e prudência de todos.” 

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Papa: o futuro da Ásia é de quem semeia fraternidade

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06 de dezembro de 2017

Quarta-feira é de dia de Audiência Geral no Vaticano. Devido ao frio, os cerca de 8 mil peregrinos foram acomodados na Sala Paulo VI, e do corredor central Francisco saudou os fiéis.

O Papa dedicou a catequese à sua recente viagem a Mianmar e Bangladesh, que definiu como um “grande dom de Deus”. E agradeceu às autoridades e bispos dos dois países que permitiram esta visita.

 

Mianmar

A primeira etapa da 21° viagem apostólica foi Mianmar, que pela primeira vez recebeu o sucessor de Pedro. “Quis expressar a proximidade de Cristo e da Igreja a um povo que sofreu por causa de conflitos e repressões, e que agora está lentamente caminhando rumo a uma nova condição de paz e liberdade”, disse o Papa.

Num país de maioria budista, os cristãos estão presentes como pequeno rebanho e fermento do Reino de Deus. Francisco recordou o encontro com os Bispos e as suas celebrações eucarísticas. A primeira foi no campo esportivo no centro de Yangun, e o Evangelho daquele dia recordou que as perseguições por causa da fé em Jesus são normais para os seus discípulos. Já a segunda missa foi dedicada aos jovens. “Nos rostos daqueles jovens vi o futuro da Ásia: um futuro que não será de quem constrói armas, mas de quem semeia fraternidade.”

Francisco comentou ainda os encontros com as autoridades de Mianmar, às quais encorajou os esforços de pacificação e auspiciando que todos os membros da nação, ninguém excluído, possam cooperar neste processo no respeito recíproco. O Papa mencionou ainda o diálogo inter-religioso, de modo especial quando se reuniu com o Conselho Supremo dos monges, ao qual manifestou a confiança de que cristãos e budistas possam juntos ajudar as pessoas a amar Deus e o próximo, rejeitando toda violência e opondo-se ao mal com o bem.

 

Bangladesh

Ao deixar Mianmar, o Pontífice visitou Bangladesh, país de maioria muçulmana. “Nas pegadas do Beato Paulo VI e de São João Paulo II, a minha visita marcou um passo ulterior em favor do respeito e do diálogo entre o cristianismo e o islamismo."

Às autoridades, Francisco expressou em particular a solidariedade ao país em seu empenho em socorrer os refugiados Rohingya, que confluíram em massa ao território bengalês, onde a densidade da população já é uma das mais altas do mundo.

O Papa voltou a falar dos Rohingya na saudação em árabe, acrescentando que pediu a eles "que nos perdoem pelas nossas faltas e pelo nosso silêncio, pedindo à comunidade internacional que os ajude e socorra todos os grupos oprimidos e perseguidos no mundo".

Com a comunidade católica, o Papa recordou a missa, com a ordenação de 16 sacerdotes, “onde graças a Deus não faltam vocações”, o encontro com os bispos, sacerdotes, consagradas e consagrados, e também com os seminaristas, as noviças e os noviços. Francisco citou ainda a visita à “Casa Madre Teresa”, onde a santa residia quando se encontrava em Daca e que acolhe inúmeros órfãos e pessoas com deficiência. O Pontífice fez uma homenagem especial às irmãs “que estão sempre com o sorriso no rosto. Sempre: um belo testemunho”.

Assim como em Mianmar, o último evento em Bangladesh foi com os jovens bengaleses, rico de testemunhos, cantos e danças, “e como dançam bem os bengaleses”. “No encontro estavam presentes também jovens muçulmanos e de outras religiões: um sinal de esperança para Bangladesh, para a Ásia e para o mundo.”

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Papa: missa não é espetáculo para foto, é o encontro com Cristo

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08 de novembro de 2017

A Praça S. Pedro acolheu milhares de fiéis para a Audiência Geral desta quarta-feira ensolarada de outono, 08, no Vaticano.

Após saudar os peregrinos de papamóvel, ao se dirigir a eles o Papa Francisco anunciou um novo ciclo de catequeses depois concluir na semana passada a série sobre a esperança.

A partir de agora, o tema será dedicado ao “coração” da Igreja, isto é, a Eucaristia. Para Francisco, é fundamental que os cristãos compreendam bem o valor e o significado da missa, para viver sempre mais plenamente a relação com Deus.

“Não podemos esquecer o grande número de cristãos que, no mundo inteiro, em 2000 anos de história, resistiram até a morte para defender a Eucaristia; e quantos, ainda hoje, arriscam a vida para participar da missa dominical.”

De fato, Jesus diz aos seus discípulos: “Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6,53-54)”

O Papa então manifestou o desejo de dedicar as próximas catequeses para responder a algumas perguntas importantes sobre a Eucaristia e a Missa, para redescobrir, ou descobrir, como a fé resplende o amor de Deus através deste mistério.

Francisco citou o Concílio Vaticano II, que promoveu uma adequada renovação da Liturgia para conduzir os cristãos a compreenderem a grandeza da fé e a beleza do encontro com Cristo. Um tema central que os padres conciliares destacaram foi a formação litúrgica dos fiéis, indispensável para uma verdadeira renovação.

“E esta é justamente a finalidade do clico de catequeses que hoje iniciamos: crescer no conhecimento do grande dom que Deus nos doou na Eucaristia.”

A Eucaristia, explicou o Papa, é um acontecimento “maravilhoso”, no qual Jesus Cristo, nossa vida, se faz presente. “Participar da missa é viver outra vez a paixão e a morte redentora do Senhor. É uma teofania: o Senhor se faz presente no altar para ser oferecido ao Pai para a salvação do mundo.

“O Senhor está ali conosco, presente. Mas muitas vezes, nós vamos lá, conversamos enquanto o sacerdote celebra a eucaristia, mas não celebramos com ele. Mas é o Senhor. Se hoje viesse aqui o presidente da República, ou uma pessoa muito importante, certamente todos ficaríamos perto dele para saudá-lo. Quando vamos à missa, ali está o Senhor. Mas estamos distraídos. Mas, padre, as missas são chatas. A missa não, os sacerdotes! Então eles devem se converter.”

O Pontífice fez algumas perguntas às quais pretende responder como, por exemplo: por que se faz o sinal da cruz e o ato penitencial no início da missa? “Vocês já viram como as crianças fazem o sinal da cruz? Não se sabe bem o que é, se é um desenho... É importante ensinar as crianças a fazerem o sinal da cruz, pois assim tem início a missa, a vida, o dia.”

E as leituras, qual o seu significado? Ou por que, a um certo ponto, o sacerdote diz ‘corações ao alto? “Ele não diz celulares ao alto para tirar foto! Não! Fico triste quando celebro e vejo muitos fiéis com os celulares ao alto. Não só os fiéis, mas também sacerdotes e até bispos. A missa não é espetáculo, é ir ao encontro da paixão e ressurreição do Senhor. Lembrem-se: chega de celulares.”

“Através dessas catequeses, concluiu o Papa, gostaria de redescobrir com vocês a beleza que se esconde na celebração eucarística e que, quando desvelada, dá pleno sentido à vida de cada um de nós. Que Nossa Senhora nos acompanhe nesta nova etapa do percurso.”

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