Audiência Geral: Deus é amante da vida. Não desprezá-la

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10 de outubro de 2018

O Papa Francisco se reuniu com milhares de fiéis e peregrinos na Praça São Pedro para a tradicional Audiência Geral das quartas-feiras.

O Pontífice prosseguiu seu ciclo sobre os Mandamentos, falando hoje sobre a Quinta Palavra: não matar.

“Este mandamento, com a sua formulação concisa e categórica, é como uma muralha em defesa do valor basilar das relações humanas: o valor da vida.”

Desprezo

Para Francisco, poderia-se dizer que todo o mal existente no mundo se resume no desprezo pela vida. “A vida é agredida pelas guerras, pelas organizações que exploram o homem, pelas especulações sobre a criação e pela cultura do descarte, e por todos os sistemas que submetem a existência humana a cálculos de oportunidades, enquanto um número escandaloso de pessoas vive num estado indigno do homem.”

Aborto

Neste contexto, o Papa citou também o aborto, praticado no ventre materno em nome da salvaguarda de outros direitos. “Mas como pode ser terapêutico, civil ou simplesmente humano um ato que suprime a vida inocente e inerme no seu germinar? É justo tirar uma vida humana para resolver um problema? É justo alugar um assassino para resolver um problema? ”

Acolhimento: desafio ao individualismo

A violência e a rejeição da vida nascem do medo, afirmou Francisco. “O acolhimento, de fato, é um desafio ao individualismo.” Quando os pais descobrem que o filho é portador de deficiência, logo recebem conselhos para interromper a gravidez, quando na verdade eles necessitam de verdadeira proximidade.

Uma criança doente, um idoso ou os pobres são, na realidade, um dom de Deus, que podem me tirar do egocentrismo e fazer-me crescer no amor. A este ponto, o Papa agradeceu aos muitos voluntários italianos, “o mais forte voluntariado que conheci”.

Amor, única medida autêntica

O homem rejeita a vida quando aposta nos ídolos do mundo: no dinheiro, no poder e no sucesso. “Estes são parâmetros errados para avaliar a vida. A única medida autêntica é o amor, o amor com o qual Deus a ama!”

De fato, explicou o Papa, o sentido positivo da Palavra “não matar” é que Deus é “amante da vida”. Ama a vida a ponto de dar o seu Filho unigênito, que assumiu sobre a cruz a rejeição, a fraqueza, a pobreza e a dor.

“Em cada criança doente, em cada idoso fraco, em cada migrante desesperado, em cada vida frágil e ameaçada, Cristo está nos buscando, está buscando o nosso coração para desfechar a alegria do amor.”

Homem, obra de Deus

Vale a pena acolher cada vida, concluiu o Papa, porque cada homem vale o sangue de Cristo. “Não se pode desprezar aquilo que Deus tanto amou!"

Não se pode desprezar a vida dos outros nem a própria vida, disse ainda Francisco, em referência aos inúmeros jovens que optaram pelo suicídio. “Pare de rejeitar a obra de Deus! Você é uma obra de Deus! Não se despreze com as dependências.”

“Deus é amante da vida”, disse por fim o Papa, convidando todos os fiéis na Praça a repetirem esta frase com ele.

Oração do Terço

No final da audiência, o Papa recordou que o mês de outubro è dedicado às missões e à oração do Terço.

“Caríssimos, rezando o Terço, invoquem a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria sobre suas necessidades e sobre a Igreja, para que possa ser sempre mais santa e missionária, unida em percorrer as estradas do mundo e concorde em levar Cristo a cada homem.

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Na Audiência Geral, Papa Francisco relembra viagem a países bálticos

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27 de setembro de 2018

O Papa retornou na noite de terça-feira (25/09) de uma viagem aos três países europeus da região báltica e esta missão apostólica foi o tema da catequese aos peregrinos na audiência geral desta primeira quarta-feira de outono.

Lituânia, Letônia e Estônia passaram metade do último século sofrendo a ocupação de nazistas e soviéticos, e a viagem de Francisco teve precisamente a missão de anunciar àqueles povos a alegria do Evangelho e a revolução da misericórdia e da ternura, porque a liberdade (conquistada pelos três países há 100 anos com a independência) não é suficiente para dar sentido e plenitude a uma vida sem amor, pois este provém de Deus.

 

Ecumenismo, jovens, idosos e a esperança

A Lituânia é o único dos três países com maioria católica, enquanto na Letônia e Estônia prevalecem luteranos e ortodoxos e o ateísmo é bastante comum. De fato, a dimensão ecumênica foi intrínseca à viagem. O desafio era reforçar a comunhão entre os cristãos de tal modo que o Evangelho pudesse se confirmar como força libertadora no tempo de opressão, luz que ilumina o caminho no tempo da liberdade, e sal que preserva a vida da corrupção do egoísmo e da mediocridade.

Aos fiéis na Praça São Pedro, o Papa explicou o sentido de sua mensagem aos povos bálticos: encorajá-los na contribuição em valores humanos e sociais que oferecem à Europa, no diálogo entre as gerações, e no conúbio entre liberdade, solidariedade e acolhimento.

Lembrando cada etapa principal, ressaltou os encontros com os jovens e idosos em Vilnius e Riga, com a esperança e a paciência como temas principais: 

“ O desafio de quem envelhece é não se endurecer dentro, mas permanecer aberto e doce, na mente e no coração. E isto é possível com a seiva do Espírito Santo, na oração e na escuta da Palavra. ”

A esperança também foi o fulcro do evento com os sacerdotes, consagrados e seminaristas da Lituânia: “Que grande testemunho deram e ainda dão tantos padres, religiosos e religiosas idosos, que sofreram calúnias, prisões e deportações... mas permaneceram firmes na fé! Eu os exortei a não se esquecerem, mas a guardarem seus mártires na memória e seguirem seus exemplos”.

 

A recordação mais dolorosa

Em Vilnius Francisco também homenageou as vítimas do genocídio, quando dezenas de milhares de judeus foram eliminados, e visitou o Museu das Ocupações e Lutas pela Liberdade, detendo-se em oração nas salas em que eram presos, torturados e mortos os opositores do regime.

“ É comovente ver até que ponto chega a crueldade humana. Pensemos nisso. ”

Passados os anos, passados os regimes, mas – lembrou o Papa – sobre a Porta da Aurora, na capital lituana, Maria, Mãe da Misericórdia, continua a zelar por seu povo em sinal de segura esperança e consolação. “E mesmo em lugares onde a secularização é mais forte, Deus fala com a linguagem do amor, do cuidado, do serviço gratuito a quem necessita. E aí, os corações se abrem e acontecem milagres: nos desertos, germina vida nova”.

Sobre as três celebrações eucarísticas presididas, uma em cada país, o Papa disse que o santo Povo fiel de Deus renovou o seu ‘sim’ a Cristo, nossa esperança; e o renovou com Maria, sempre Mãe, especialmente dos que mais sofrem, como povo escolhido, sacerdotal e santo, em cujo coração desperta a graça do Batismo.

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Audiência Geral: "a verdadeira liberdade é o amor verdadeiro"

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12 de setembro de 2018

O amor verdadeiro é a verdadeira liberdade. A escravidão do próprio ego aprisiona mais do que uma prisão, mais do que uma crise de pânico, mais do que uma imposição de qualquer gênero. Assim, o terceiro mandamento nos convida a celebrar no repouso a libertação, trazida por Jesus.

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco voltou a refletir sobre os dez mandamentos, retomando o terceiro, sobre o repouso,  sobre o qual havia começado a falar na semana precedente.

Dirigindo-se aos 12 mil presentes na Praça São Pedro, Francisco começou explicando “uma preciosa diferença” existente entre o Decálogo publicado no Livro do Êxodo e aquele publicado no Livro do Deuteronômio. Enquanto no primeiro o motivo do repouso “é a bênção da criação”, no segundo é comemorado “o fim da escravidão”. “Neste dia – observa -  o escravo deve repousar como o patrão, para celebrar a memória da Páscoa da libertação”, e acrescenta:

“Os escravos, na verdade, por definição, não podem descansar. Mas existem tantos tipos de escravidão, quer exteriores como interiores. Existem restrições externas como  as opressões, as vidas sequestradas pela violência e por outros tipos de injustiça. Existem depois, as prisões interiores, que são, por exemplo, bloqueios psicológicos, os complexos, os limites de caráter e outros mais”.

“Existe repouso nessas condições?”, pergunta o Papa. “Pode um homem preso ou oprimido permanecer livre? E pode uma pessoa atormentada por dificuldades internas ser livre?”.

 

Misericórdia traz liberdade interior

Francisco responde dizendo que existem pessoas que, mesmo no cárcere, “vivem uma grande liberdade de espírito”. Para ilustrar sua afirmação, cita São Maximiliano Kolbe e o cardeal Van Thuan, “que transformaram obscuras opressões em locais de luz. Assim como pessoas marcadas por grandes fragilidades interiores, que porém conhecem o repouso da misericórdia e sabem transmitir isso”:

"A misericórdia de Deus nos liberta e quando você se encontra com a misericórdia de Deus tem uma grande liberdade interior e tem capacidade de transmiti-la. Por isso é importante ser aberto à misericórdia de Deus para deixar de ser escravo de si mesmo".

 

A verdadeira liberdade

O que é então a verdadeira liberdade?

A liberdade de escolha, fazendo aquilo que se deseja, “não basta para ser realmente livres, e tampouco felizes. A verdadeira liberdade é muito mais”, afirma, explicando:

De fato, há uma escravidão que aprisiona mais que uma prisão, mais do que uma crise de pânico, mais do que uma imposição de qualquer tipo: a escravidão do próprio ego.  Aquelas pessoas que parece que durante todo o dia estão se refletindo no espelho para ver o ego. E o próprio ego tem uma estatura mais alta que o próprio corpo. São escravas do ego".

 

O ego, um torturador

"O ego - observa Francisco -  pode se tornar um torturador que tortura o homem onde quer que esteja e lhe causa a mais profunda opressão, aquela que se chama "pecado", que não é uma simples violação de um código, mas fracasso da existência e condição de escravos”.

O pecado, no final das contas - explica - é dizer e fazer ego: "Eu quero isto, isto, isto e não me importa se existe um limite, se existe um mandamento, nem mesmo me importa se existe amor. Ego! Este é o pecado." Pensemos nas paixões humanas:

"O guloso, o lascivo, o avarento, o zangado, o irascível, o invejoso, o preguiçoso, o soberbo, e assim por diante,  são escravos de seus vícios, que os tiranizam e os atormentam. Não há trégua para o guloso, porque a gula é a hipocrisia do estômago, que nos faz acreditar que está vazio. O estômago hipócrita nos faz gulosos, somos escravos do estômago hipócrita. Não há trégua para o guloso".

E o lascivo, que deve viver de prazer, a ânsia de possuir destroi o avarento, sempre acumulando dinheiro, fazendo mal aos outros.  O fogo da ira e o caruncho da inveja arruínam as relações; a preguiça que evita qualquer esforço torna incapazes de viver; o egocentrismo soberbo escava um fosso profundo entre si e os outros.”

E as pessoas invejosas. "Os escritores dizem que a inveja deixa amarelo o corpo e a alma. Como quando uma pessoa tem hepatite fica amarela, os invejosos tem amarela a alma, porque nunca podem ter o frescor da saúde da alma. A inveja destroi".

 

Celebrar no repouso a libertação em Jesus Cristo

“Queridos irmãos e irmãs, quem é, portanto, o verdadeiro escravo? Quem é aquele que não conhece repouso? Quem não é capaz de amar!”

O Senhor Jesus nos liberta da escravidão do pecado, tornando o homem capaz de amar. Assim, o terceiro mandamento nos convida a celebrar no repouso esta libertação.

 

O verdadeiro amor

O verdadeiro amor, portanto,  é a resposta para a pergunta “o que é a verdadeira liberdade?”:

O amor verdadeiro é a verdadeira liberdade: desapega da posse, reconstrói as relações, sabe acolher e valorizar o próximo, transforma todo esforço em um dom alegre e torna-o capaz de comunhão. O amor  torna livres mesmo na prisão, ainda se fracos e limitados”.

Esta é a liberdade – disse o Santo Padre ao concluir -  que recebemos de nosso Redentor, Jesus Cristo.

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Papa: Domingo é dia de fazer as pazes com a vida

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05 de setembro de 2018

O verdadeiro sentido do repouso. Dando continuidade a sua série de catequeses sobre o Decálogo, o Papa falou nesta quarta-feira aos mais de 13 mil fiéis presentes na Praça São Pedro sobre o repouso como “momento de contemplação e louvor”, “é a bênção da realidade”. Francisco recordou ainda a necessidade de nos reconciliarmos com nossa própria história, pois a verdadeira paz, não é mudá-la, mas dar as boas-vindas e valorizá-la.”

“O dia do repouso” de que fala o Livro do Êxodo “parece um mandamento fácil de ser cumprido – observa - mas é uma impressão errada”, pois “existe o repouso falso e o repouso verdadeiro. Como reconhecê-los?”, pergunta o Papa.

“A sociedade de hoje está sedenta por entretenimento e férias. A indústria da distração – escutem bem, a indústria da distração - é muito florescente e a publicidade desenha o mundo ideal como um grande parque de diversões onde todos se divertem. O conceito de vida dominante hoje não tem o centro de gravidade em atividade e compromisso, mas na evasão. Ganhar dinheiro para divertir-se, satisfazer-se. A imagem-modelo é a de uma pessoa de sucesso que pode permitir-se amplos e diversos espaços de prazer”.

 

Divertimento que não é repouso

“Mas essa mentalidade – chama a atenção o Santo Padre -  desliza para a insatisfação de uma existência anestesiada pelo divertimento que não é repouso, mas alienação e fuga da realidade. O homem nunca repousou tanto quanto hoje, e ao mesmo tempo o homem nunca experimentou tanto vazio como hoje! As possibilidades de divertir-se, sair, cruzeiros, viagens. Tanta coisa...não te dão a plenitude do coração, mais ainda, não te dão repouso.”

Neste sentido, as palavras dos Decálogo lançam uma luz sobre o que é o repouso. “O mandamento – explica o Papa – tem um elemento peculiar: fornece uma motivação. O repouso no nome do Senhor tem um motivo preciso”. Depois de ter trabalhado por seis dias, no sétimo repousou, “por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou”.

 

Dia da contemplação e da bênção

Ou seja, no sétimo dia, “inicia o dia do repouso, que é a alegria de Deus por aquilo que criou. É o dia da contemplação e da bênção”. Assim, o repouso segundo este mandamento é “o momento da contemplação, do louvor, não da evasão. É o tempo para olhar a realidade e dizer: como é bela a vida!”. Assim, “ao repouso como fuga da realidade, o Decálogo opõe o repouso como bênção da realidade”:

“Para nós, cristãos, o centro do Dia do Senhor, o domingo, é a Eucaristia, que significa "ação de graças". É o dia para dizer a Deus: obrigado, obrigado Senhor, obrigado pela vida, pela sua misericórdia, por todos os seus dons. O domingo não é o dia para esquecer os outros dias, mas para recordá-los, abençoá-los e fazer as pazes com a vida, fazer as pazes com a vida. Tantas pessoas, tantas, que têm a possibilidade de divertir-se, e não vivem em paz com a vida. Domingo é dia de fazer as pazes com a vida dizendo: a vida é preciosa! Não é fácil, às vezes é doloroso, mas é preciosa”.

 

Reconciliar-se com a própria história

Ser introduzido no repouso autêntico é uma obra de Deus em nós, afirma o Papa,  mas exige que nos afastemos da maldição e do seu encanto. Inclinando o coração para a infelicidade, de fato, enfatizar as razões do descontentamento é muito fácil. Bênção e alegria implicam uma abertura para o bem que é um movimento adulto do coração. O bem é afável e nunca se impõe. Deve ser escolhido:

“A paz se escolhe, não pode ser imposta e não pode ser encontrada por acaso. Afastando-se das dobras amargas de seu coração, o homem tem necessidade de fazer as pazes com aquilo de que ele foge. É necessário reconciliar-se com a própria história, com fatos que não se aceitam, com as partes difíceis da existência. A verdadeira paz, de fato, não é mudar a própria história, mas dar as boas-vindas e valorizá-la, assim como aconteceu.”

O Pontífice recorda que muitas vezes encontramos cristãos doentes e que nos consolam “com uma serenidade que não é encontrada nos alegres e hedonistas”.

Da mesma forma, “vimos pessoas humildes e pobres alegrarem-se por pequenas graças, com uma felicidade que sabia de eternidade”.

 

A vida torna-se bela quando começamos a pensar bem dela

Maria fez a escolha pela vida, que tornou-se o seu “fiat”, “uma abertura ao Espírito Santo que nos coloca nas pegadas de Cristo, Aquele que se entrega ao Pai no momento mais dramático e assim segue o caminho que leva à ressurreição.

A vida se torna bela – disse o Papa ao concluir – “quando se começa a pensar bem dela, seja qual for a nossa história (...) quando o coração está aberto à Providência e o que o Salmo diz é verdade: "Somente em Deus repousa a minha alma".

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Papa recorda viagem à Irlanda: o ideal é a família unida, não a separação!

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30 de agosto de 2018

A Praça São Pedro voltou a acolher os peregrinos para a Audiência Geral, passados os dias mais tórridos do verão.

Como faz habitualmente depois de uma viagem apostólica, o Papa Francisco dedicou sua catequese aos principais momentos de sua visita à Irlanda, realizada nos dias 25 e 26 de agosto.

O sonho de Deus

O motivo que o levou a Dublin foi o Encontro Mundial das Famílias: “A minha presença era, sobretudo, confirmar as famílias cristãs em sua vocação e missão”, disse Francisco.

O sonho de Deus para toda a família humana é a unidade, a harmonia e paz, recordou o Papa, e Ele chama as famílias a participar deste sonho, fazendo do mundo uma casa onde ninguém se sinta “sozinho, indesejado ou excluído”.

Pontos de luz

O Pontífice definiu como “pontos de luz” os testemunhos de amor conjugal oferecidos por casais de todas as idades. Foi assim na Catedral, no centro dos frades capuchinhos que acolhe casais em situação de vulnerabilidade, na vigília no estádio Dublin, em que falaram famílias que sofreram com as guerras, os vícios, inclusive tecnológicos, e foram renovadas pelo perdão. Foram ressaltados o valor da comunicação entre as gerações e o papel específico que cabe aos avós para consolidar os laços familiares e transmitir a fé.

“Hoje, é difícil dizer, parece que os avós incomodam. Nessa cultura do descarte, eles são deixados de lado. Mas eles são a sabedoria, a memória das famílias. Por favor, não descartem os avós, que sejam sempre próximos aos netos.”

Irlanda do Norte

Na programação da visita, estava prevista também uma etapa no Santuário mariano de Knock. “Ali, na capela construída no local da aparição de Nossa Senhora, confiei à sua proteção materna todas as famílias, em especial as irlandesas. Embora a minha viagem não incluísse uma visita à Irlanda do Norte, dirigi uma saudação cordial ao seu povo e encorajei o processo de reconciliação, pacificação, amizade e cooperação ecumênica.”

Dor e amargura

Mas além da alegria, a visita à Irlanda enfrentou um elemento de “dor e amargura” pelo sofrimento causado no país por várias formas de abusos na Igreja.

“O encontro com alguns sobreviventes deixou um sinal profundo; e várias vezes pedi perdão ao Senhor por esses pecados, pelo escândalo e o sentimento de traição provocado.”, disse o pontíficie.

O Papa louvou o percurso de purificação e de reconciliação empreendido pelos bispos irlandeses com aqueles que sofreram abusos, e as normas severas adotadas com a ajuda das autoridades nacionais.

Renovação

No encontro com os Bispos, o Papa pediu a eles que, com a honestidade e a coragem, inaugurem uma estação de renovação da Igreja na Irlanda.

“Na Irlanda há fé, são pessoas de fé, com grandes raízes. Mas há poucas vocações ao sacerdócio”, disse Francisco, rezando uma Ave-Maria com os fiéis na Praça para pedir a Nossa Senhora que envie “sacerdotes santos” à Irlanda.

Ideal da família

Francisco então concluiu definindo o Encontro Mundial das Famílias uma experiência profética.

“Nós esquecemos as muitas famílias que vão avante com fidelidade, pedindo perdão recíproco quando há problemas. Hoje é moda ver nas revistas, nos jornais, os casais que se divorciaram, se separaram. Por favor, isso é ruim! Eu respeito cada um, devemos respeitar todas as pessoas, mas o ideal não é o divórcio, a separação, a destruição da família, mas a família unida. Esse é o ideal!”

O Papa exortou então os fiéis a se prepararem para o próximo Encontro Mundial das Famílias, que se realizará em Roma em 2021.

Rezar pela Criação

No final da Audiência, o Pontífice saudou os estudantes do Colégio Pio Brasileiro de Roma e recordou que no próximo sábado, 1° de setembro, celebra-se o quarto Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, realizado em união com os ortodoxos e a adesão de outras comunidades cristãs.

“Na mensagem deste ano, desejo chamar a atenção para a questão da água, bem primário a ser tutelado e colocado à disposição de todos”, disse Francisco, convidando todos os fiéis a se unirem em oração pela nossa casa comum.

 

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A dança e o colorido de grupo folclórico mexicano na Praça São Pedro

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29 de agosto de 2018

Na Audiência Geral desta quarta-feira, chamou a atenção pelo colorido e a exuberância das vestimentas a presença do grupo folclórico mexicano “Manos del mundo”.

Os participantes são descendentes dos antigos maias, do Estado mexicano de Quintana Roo (Yucatán). Eles estavam acompanhados por Dom Pedro Pablo Elizondo Cárdenas, L.C., bispo dede Cancún-Chetuma.

O grupo dançou diante do Papa seguindo uma antiga coreografia maia, evocando a história da aparição da Virgem de Guadalupe ao índio São Juan Diego.

"Manos del Mundo" está presente em Roma nestes dias para participar de eventos culturais de promoção do Estado mexicano de Yucatán.

 

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Audiência Geral: invocar o nome de Deus sem hipocrisias

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22 de agosto de 2018

A Sala Paulo VI acolheu cerca de sete mil peregrinos para a Audiência Geral desta quarta-feira (22/08). Dando continuidade às catequeses sobre os Dez mandamentos, o Papa comentou o segundo: “não pronunciarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão”. Trata-se de um convite a não ofender o nome de Deus e evitar um uso inoportuno, superficial, vazio ou hipócrita.

 

Nome é missão

Na Bíblia, o nome representa a verdade íntima das coisas e, sobretudo, das pessoas. Alguns personagens bíblicos recebem um novo nome ao serem chamados por Deus para realizar uma missão, como Abraão e Simão Pedro.

Em concreto, conhecer o nome de Deus significa experimentar a transformação da própria vida: pensemos no Batismo, onde recebemos uma vida nova, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.

O Pontífice então deu uma “tarefa” aos adultos: que ensinem as crianças a fazer bem o sinal da cruz. “É o primeiro ato de fé de uma criança”, reiterou.

 

 

Sem hipocrisias

Todavia, advertiu o Papa, é possível viver uma relação falsa com Deus, como faziam os doutores da lei. Portanto, esta Palavra do Decálogo é justamente o convite a uma relação com Deus sem hipocrisias, a uma relação na qual entregamos a Ele tudo aquilo que somos.

É preciso deixar de lado a teoria e tocar o coração, como fazem os santos e as pessoas que dão um testemunho de vida coerente. Assim, o anúncio da Igreja será mais ouvido e resultará mais crível.

 

Deus jamais diz "não"

A partir da cruz de Cristo, prosseguiu, ninguém pode desprezar si mesmo e pensar mal da própria existência. “Ninguém e nunca! Porque o nome de cada um de nós está sobre os ombros de Cristo.”

Francisco então concluiu: “Qualquer pessoa pode invocar o santo nome do Senhor, que é Amor fiel e misericordioso, em qualquer situação se encontre. Deus jamais dirá ‘não’ a um coração que O invoca sinceramente”.

 

Irlanda

Ao final da Audiência, ao saudar os peregrinos de língua italiana, o Papa manifestou sua solidariedade aos familiares dos excursionistas que perderam a vida numa enchente na região da Calábria nos dias passados.

O Pontífice pediu ainda orações para sua próxima viagem, nos dias 25 e 26 de Agosto, a Dublin, na Irlanda, para o Encontro Mundial das Famílias. “Que seja um momento de graça e de escuta da voz das famílias cristãs de todo o mundo.”

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Papa: "Sucesso, poder e dinheiro são ídolos que escravizam"

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08 de agosto de 2018

Dando continuidade às catequeses sobre os Dez mandamentos, nesta quarta-feira (08/08) o Papa Francisco aprofundou o tema da idolatria, refletindo sobre o bezerro de ouro, narrado no Livro do Êxodo.

A tradicional audiência geral foi realizada na Sala Paulo VI, onde o ar condicionado aliviou o calor do Papa e das 7 mil pessoas participantes. Ilustrando o trecho bíblico do Êxodo, apresentado no início do encontro, o Papa disse que o Povo de Israel estava no deserto, angustiado sem água e alimentos, esperando Moisés que subira ao monte para encontrar o Senhor.

Assim como o deserto é uma imagem da vida humana incerta e sem garantias, a natureza humana, para fugir da precariedade, procura uma religião com a qual se orientar: é a eterna tentação de fazer um ‘deus sob medida’.

 

As tentações de sempre!

Araão não sabe dizer ‘não’ e cria o bezerro de ouro, que tinha um duplo sentido no Oriente antigo: por um lado, representava fecundidade e abundância; por outro, energia e força. 

“São as tentações de sempre! O bezerro de ouro é o símbolo de todos os desejos que oferecem a ilusão da liberdade, mas acabam por escravizar”.

“Tudo isso – completou Francisco – nasce da incapacidade de confiar antes de tudo em Deus, de depositar Nele nossas inseguranças, de deixar que seja Ele a dar a verdadeira profundidade aos anseios de nosso coração. Sem o primado de Deus, facilmente cai-se na idolatria e contenta-se de poucas seguranças”.

 

A escravidão do pecado

O bezerro de ouro representa, desse modo, a falta de confiança em Deus, deixando-se levar pelas tentações que conduzem à escravidão do pecado: poder, liberdade, riqueza, etc.
“Quando acolhemos o Deus de Jesus Cristo, descobrirmos que reconhecer a nossa fragilidade não é a desgraça da vida humana, mas a condição para abrir-se Àquele que é realmente forte. A liberdade do homem nasce justamente permitindo que o verdadeiro Deus seja o único Senhor. Isto nos faz aceitar nossa fragilidade e rechaçar os ídolos do nosso coração”.

 

Reconhecer a nossa fragilidade e receber a força do Alto

Terminando a catequese, o Pontífice concluiu que “como nos mostrou Jesus, o Deus verdadeiro é Aquele que se faz pobre para nos tornar participantes da sua riqueza. É um Deus que se mostra fraco, pregado na Cruz, para nos ensinar que devemos reconhecer a nossa fragilidade, pois é ali onde encontramos a força do Alto que nos enche com o seu amor misericordioso”.

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Papa: os Mandamentos são um caminho de libertação

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27 de junho de 2018

Cerca de 15 mil fiéis enfrentaram o calor do verão romano para participar da Audiência Geral na Praça S. Pedro.

A primeira etapa da Audiência foi na Sala Paulo VI, onde os doentes foram acomodados justamente devido ao sol e ali puderam saudar o Pontífice. “O Senhor reserva um lugar especial no seu coração para quem apresenta qualquer tipo de deficiência e assim é para o Sucessor de São Pedro”, disse o Papa.

Já na Praça, Francisco deu continuidade ao ciclo sobre os Mandamentos, falando do texto inicial do Decálogo. Os Dez Mandamentos começam com a seguinte frase: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair do Egito, da casa da servidão” (Ex, 20,2).

 

Deus salva, depois pede

O Decálogo, explicou o Papa, começa com a generosidade de Deus. “Deus jamais pede sem dar antes. Primeiro salva, depois pede. Assim é o nosso Pai”, afirmou.

“Eu sou o Senhor teu Deus.” Há um possessivo, uma relação. Deus não é um estranho: é o teu Deus. Isso ilumina todo o Decálogo e revela também o segredo do agir cristão, porque é a mesma atitude de Jesus, que diz: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei” (Gv 15,9). Ele não parte de si, mas do Pai.

 

Quem parte de si mesmo….chega a si mesmo!

“Nossas obras podem ser uma falência quando partimos de nós mesmos e não da gratidão. E quem parte de si mesmo….chega a si mesmo! É incapaz de progredir, volta para si, é uma atitude egoísta.”

Antes de tudo, prosseguiu Francisco, a vida cristã é a resposta grata a um Pai generoso. Os cristãos que somente seguem “deveres” mostram que não têm uma experiência pessoal daquele Deus que é “nosso”. O fundamento deste dever é o amor de Deus Pai, que antes dá e depois manda. Colocar a lei antes da relação não ajuda o caminho de fé.

 

Caminho de libertação

“Como um jovem pode desejar ser cristão se o ponto de partida são obrigações, empenhos, coerência e não a libertação?”, questionou o Papa. Ser cristão é um caminho de libertação e os Mandamentos nos libertam do nosso egoísmo. A formação cristã não está baseada na força de vontade, mas no acolhimento da salvação. Primeiro salva no Mar Vermelho, depois liberta no Monte Sinai. A gratidão é um elemento característico do coração visitado pelo Espírito Santo, disse o Papa, propondo um “pequeno exercício em silêncio”.

“ Quantas coisas belas Deus fez por mim? Em silêncio, cada um responda. Essa é a libertação de Deus! ”

 

Clamar para ser socorrido

Todavia, pode acontecer que um cristão dentro de si encontre somente o sentido do dever, uma espiritualidade de servos e não de filhos. Neste caso, é preciso fazer como fez o povo eleito: devem clamar para que sejam socorridos.

A ação libertadora de Deus no início do Decálogo é a resposta a este clamor. Nós não nos salvamos sozinhos, mas de nós pode partir um pedido de ajuda. “Senhor, salve-me, indique-me o caminho, acaricie-me, dê-me um pouco de alegria.” Isso cabe a nós: pedir para sermos libertados.

O Papa então concluiu:

“Deus não nos chamou à vida para permanecer oprimidos, mas para ser livres e viver na gratidão, obedecendo com alegria Àquele que nos deu tanto, infinitamente mais daquilo que jamais poderemos dar a Ele. Isso é belo. Que Deus seja abençoado por tudo aquilo que fez, faz e fará em nós.”

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Papa: confiança, anúncio e fraternidade para ser missionário

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22 de junho de 2018

O Papa Francisco concluiu sua série de audiências, na quarta-feira, 22, recebendo os participantes do Capítulo Geral da Sociedade do Verbo Divino, conhecidos como Verbitas.

Em seu discurso, o Pontífice comentou o lema do Capítulo “O amor de Cristo nos impele: enraizados na Palavra, comprometidos com a sua missão”.

 

Confiança

Com base neste tema, Francisco propôs uma reflexão sobre três palavras: confiança, anúncio e fraternidade.

Na vida de cristãos e consagrados, afirmou o Papa, é essencial saber abandonar-se nas mãos de Deus.

“Não deixemos que entre nós haja medo e fechamento e nem mesmo sejamos nós a colocar obstáculos e empecilhos à ação do Espírito”, disse Francisco, encorajando os verbitas a renovarem a confiança no Senhor e a sair sem temor para anunciar a alegria do Evangelho.

 

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Sobre a segunda palavra, anúncio, o Papa recordou que no coração dos verbitas devem arder como fogo as palavras de São Paulo: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho”.

“Este foi o empenho de tantos missionários e missionárias que os precederam, este é o testemunho que lhes deixaram e o desafio que os aguarda. O mandato missionário não conhece nem confins nem culturas, porque todo o mundo é terra de missão.”

 

Fraternidade

A terceira palavra proposta por Francisco é fraternidade. “Quanto é belo ver uma comunidade que caminha unida e onde os seus membros se amam; esta é a maior evangelização.”

Unidos, acrescentou o Papa, será possível enfrentar todas as dificuldades e a tarefa de sair para encontrar os irmãos excluídos da sociedade.

“Também ali vocês são convidados a realizar o espírito das bem-aventuranças através das obras de misericórdia: ouvindo e respondendo ao clamor de quem pede pão e justiça; levando paz e promoção integral a quem busca uma vida mais digna; consolando e oferecendo motivos de esperança às tristezas e aos sofrimentos de tantos homens e mulheres do nosso tempo... Que esta seja a bússola que guia seus passos de irmãos missionários”, concluiu Francisco.

 

Brasil no Capítulo

O 18º Capítulo Geral da Congregação do Verbo Divino teve início em dia 17 de junho e se encerra no dia 14 de julho, na localidade de Nemi, perto de Roma.

São 151 participantes dos cinco continentes, superiores e delegados de 58 Províncias, Regiões e Missões, representando mais de 6.000 missionários do Verbo Divino, que trabalham em 84 países.

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