Começam trabalhos em grupos no Sínodo para a Amazônia

Por
10 de outubro de 2019

Terminou nesta quarta-feira, 9, o primeiro bloco de intervenções individuais do Sínodo dos Bispos para a Amazônia. Nessas sessões, chamadas de Congregações gerais, presididas pelo Papa Francisco, cada participante inscrito apresenta, em até quatro minutos, suas reflexões a respeito dos principais temas do Sínodo a partir de suas experiências locais e do que é destacado no Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho), texto que serve de base para as discussões sinodais.

Nesta quinta-feira, 10, e na sexta-feira, 11, acontecem os círculos menores, nos quais grupos linguísticos para aprofundarem os temas apresentados. São quatro grupos de língua portuguesa, cinco grupos de língua espanhola, dois de italiano e um grupo de inglês e francês. Cada grupo possui um moderador e um relator.

ASSUNTOS

O Prefeito do Dicastério para a Comunicação e Presidente da Comissão para Informação do Sínodo, Paolo Ruffini, explicou aos jornalistas, nesta manhã, que as discussões das congregações gerais giraram em torno dos seguintes temas:

- A questão ecológica e o grande risco para o planeta do desenvolvimento predatório e não sustentável;

- O valor que da Amazônia para todo o planeta;

- A violência nos confrontos por terra e dos povos originários;

- A necessidade de mudar paradigmas em relação ao cuidado do meio ambiente;

- A necessidade de se respeitar os direitos humanos e a relação entre o ser humano e a criação;

- O diálogo com as culturas;

- A evangelização, inculturação, interculturalidade;

- O modo de ser Igreja na Amazônia;

- A missionariedade;

- A escassez de sacerdotes na região;

- A possibilidade de novos ministérios ordenados;

- O papel e a responsabilidade dos leigos por meio dos ministérios não ordenados;

- O papel das mulheres, bem como sua defesa de qualquer forma de violência;

- A importância dos sacramentos para a comunidade;

- A formação dos leigos;

- A formação de sacerdotes e diáconos;

- O papel das congregações religiosas;

- A atenção para que não haja uma visão muito clerical da Igreja e da comunidade.

CONEXÃO

Padre Giacomo Costa, secretário da Comissão para a Comunicação, chamou a atenção para a conexão existente entre os temas. “É um verdadeiro exercício de articulação entre o local e o universal, de como manter o foco sobre a região amazônica e entrar em profundidade nessa experiência e, ao mesmo tempo, perceber o quanto isso influencia sobre toda a Igreja para que ela possa contribuir em uma região tão particular”, disse. 

PRÓXIMOS PASSOS

No sábado, 12, retomam-se as congregações gerais, que seguem até terça-feira, 15. Depois, haverá nova oportunidade de intervenções públicas, agora, a partir das reflexões feitas em grupos. Nos dias 16 e 17, os círculos menores se reunirão novamente para a conclusão dos relatórios de cada grupo.

A última semana do Sínodo será dedicada a apresentação do projeto de documento final do sínodo e a discussão em torno do texto para, enfim, ser votado pelos padres sinodais.

Recordando que o Sínodo é um organismo consultivo do Pontifice, esse documento não tem caráter deliberativo, mas indicações resultantes do discernimento e trabalhos realizados durante a assembleia.

O Documento Final será entregue ao Papa Francisco, para que ele possa discernir e tomar suas decisões e orientações, podendo escrever uma exortação pós-sinodal.

(Foto: Daniel Ibanez / ACI Stampa)

LEIA TAMBÉM:

Papa: coragem e prudência devem orientar os trabalhos do Sínodo

'O Espírito Santo é o protagonista do Sínodo', afirma Papa

Dom Odilo: o foco do Sínodo é a missão da Igreja na Amazônia

Comente

Dom Odilo: o foco do Sínodo é a missão da Igreja na Amazônia

Por
11 de outubro de 2019

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, ressaltou que o Sínodo dos Bispos para a Amazônia tem como foco a missão evangelizadora da Igreja na região amazônica.

No programa “Encontro com o Pastor” desta quarta-feira, 9, na rádio 9 de Julho, Dom Odilo enfatizou que os bispos não estão reunidos com o Papa no Vaticano pra tomar decisões políticas ou que cabem aos governos, “mas para fazer uma reflexão sobre aquilo que é a missão da Igreja em relação às questões da Amazônia”.

Em viagem a Roma para a participação do Consistório para criação de 13 novos cardeais, celebrado no sábado, 5, e para a Canonização da Beata Dulce dos Pobres, que acontecerá no próximo domingo, 13, o Cardeal Scherer, também participou da missa de abertura do Sínodo, presidida pelo Papa Francisco no domingo, 6, na Basílica de São Pedro.

POVOS E MEIO AMBIENTE

Dom Odilo explicou aos ouvintes que neste momento acontecem no Sínodo os debates sobres os vários temas que estão relacionados com as questões da Amazônia e a sua região nesse território que compreende, além do Brasil, mais oito países da América do Sul.

Dentre as questões que interessam a Igreja na região Amazônica está a situação dos povos que ali vivem – indígenas, ribeirinhos e caboclos –, seja no interior como nas cidades. “A Igreja tem uma missão em relação ao homem da Amazônia”, afirmou Dom Odilo.

Por outro lado, recordou o Arcebispo, o Sínodo também discute temas relacionados ao meio ambiente e o cuidado necessário para preservar o que o Papa Francisco chama de “casa comum”, tema de sua Encíclica Laudato si’. Tal cuidado da natureza, acrescentou o Cardeal, é importante para os que hoje vivem da natureza, como para que as futuras gerações.

MISSÃO

Dom Odilo salientou, ainda, que o foco do Sínodo é a missão da Igreja, sua presença na Amazônia, carências, e os desafios par aa evangelização nessa região. Ele chamou a atenção, por exemplo, para o avanço dos movimentos neopentecostais nas comunidades amazônicas, apontando que umas das causas seja o fato de a Igreja Católica não estar suficientemente presente.

“Precisamos encontrar modos e meios de nos fazer presentes de maneira mais eficaz na grande Amazônia. Esta é a questão que o Papa Francisco está colocando: a Igreja na Amazônia precisa encontrar novos caminhos para a evangelização”, reforçou o Cardeal.

Novos caminhos, enfatizou Dom Odilo, serão os que partem sempre da fé profunda renovada em Jesus Cristo, no Evangelho, a dedicação missionária, “a caridade ardente” e a vida cristã cultivada pessoalmente, nas famílias e nas comunidades. “É assim que a Igreja consegue cumprir a sua missão e tornar-se presente”, disse.

RENOVAÇÃO INTERIOR

O Cardeal acrescentou que a renovação missionária que se busca na Amazônia não é tanto em relação às estruturas, mas uma renovação do espírito, da maneira de estar presente nessa região.

“Como o Papa Francisco tem dito, é preciso que haja evangelizadores novos, com espírito novo. Só assim a Igreja vai se renovar. Simplesmente trocar estruturas não dá muita certeza de que vão acontecer as mudanças”, afirmou Dom Odilo, recordando que Jesus, no Evangelho, diz que o vinho novo deve ser colocado em odres novos. “Portanto, os vinhos novos que nós devemos ser, deverão produzir novidade, novas formas de estarmos presentes como cristãos”.

OUÇA O PROGRAMA "ENCONTRO COM O PASTOR"

 

LEIA TAMBÉM: 

Sínodo para a Amazônia: reavivar a chama do dom recebido

Cardeal Scherer ressalta que preocupação da Igreja com a Amazônia não é recente

Comente

Direitos humanos, migração e formação são destaques do 2º dia do Sínodo

Por
08 de outubro de 2019

Os trabalhos da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia tiveram continuidade nesta terça-feira, 8, no Vaticano. Durante a manhã, houve a 3ª Congregação Geral, com a presença do Papa Francisco, na qual foram apresentadas as intervenções dos participantes sobre os temas abordados no Instrumento de Trabalho.

Esse é o momento em que o Papa escuta tudo aquilo que foi resultado das consultas e encontros pré-sinodais realizados nas comunidades dos nove países que abrangem a região pan-amazônica. Os participantes inscritos têm a oportunidade de se manifestar sobre a realidade local. Cada interessado em fazer uso da palavra tem quatro minutos para apresentar o seu ponto de vista. A cada quatro intervenções há uma pausa para meditação.

As congregações gerais são fechadas e, periodicamente, a Sala de Imprensa da Santa Sé divulga sínteses oficiais dos assuntos discutidos.

A violação de direitos humanos e a criminalização dos líderes das comunidades e dos movimentos sociais estiveram entre os principais assuntos tratados. Também foi tratado o fenômeno migratório na região amazônica, apontou-se a urgência de formação de sacerdotes, consagrados e leigos, além de refletirem sobre caminhos possíveis para os diferentes ministérios em vista de uma vida eclesial que tenha a Eucaristia como centro.  

ORAÇÃO

A oração inicial foi conduzida pelo Arcebispo de Belém (PA), Dom Alberto Taveira, que, recordando as palavras do Salmo do dia (118), que ressalta que a plenitude da lei é o amor. “Somos convidados a proclamar que a Palavra do Senhor é mais doce do que o mel silvestre abundante em nossas terras, e afirmamos a certeza de que da lei de Deus recebemos a inteligência necessária para os trabalhos a serem empreendidos, comprometendo-nos a rejeitar todos os caminhos da mentira”, afirmou.

DIREITOS HUMANOS

Segundo o que foi apresentado, entre 2003 e 2017, morreram 1.119 indígenas por defenderem seus próprios territórios. Muitas vezes, os líderes sociais são vítimas da impunidade e da insuficiência dos poderes estatais que não garantem sua segurança.

Nesse sentido, reafirmou-se que a Igreja deve atuar na defesa daqueles que lutam pela preservação das suas próprias terras por meio da criação de, aonde ainda não existem, redes específicas de proteção ou, em âmbito diocesano, ações permanentes de solidariedade de promoção da justiça social.

De acordo com a síntese publicada pela Sala de imprensa da Santa Sé, foi afirmado várias vezes nas intervenções que a tarefa da Igreja deve ser a de “levantar a voz contra os projetos que destroem o ambiente”.

Ao mesmo tempo, os Padre Sinodais evidenciaram a importância de promover uma política mais participativa e uma economia afastada da “cultura do descarte”, apostando, antes de tudo, em experiências de economia alternativa, como as das pequenas cooperativas que comercializam produtos da floresta, sem passar pela grande produção.

MODELOS DE EXTRATIVISMO 

Também fio abordada a questão da contaminação do rios, nos quais são despejados os resíduos das atividades minerárias, e do desmatamento, ameaça cada vez mais concreta na Amazônia, devido à venda de madeira ou pela cultivação de coca, “mas favorecida por uma legislatura ambiental frágil que não tutela as riquezas e as belezas naturais do território”.

Sobre este aspecto, houve padres sinodais que afirmaram que a Igreja é chamada a denunciar as distorções de modelos de extrativismo predatório, ilegais e violentos, porque o grito de dor da terra depredada é o mesmo dos povos que a habitam. A defesa das populações nativas foi recordada também através do martírio de muitos missionários que deram sua vida pela causa indígena e pela tutela dos que são explorados e perseguidos por ameaças ocultas sob a farsa de “projetos de desenvolvimento”.

MIGRAÇÕES

As intervenções também deram destaque para o tema das migrações, tanto das populações indígenas para as grandes cidades, quanto das populações que atravessam a Amazônia para chegar em outros países.

Foi apontada a necessidade de uma “nova frente missionária no sentido intereclesial”, para uma maior colaboração entre as Igrejas e outros organismos comprometidos, levando em conta os recentes fluxos migratórios da região.

Recordou-se, ainda, que o fenômeno migratório também atinge a juventude da Amazônia, obrigada a deixar suas cidades de origem por causa de desemprego, violências, tráfico de seres humanos, narcotráfico, prostituição e exploração. Nesse sentido, indicou-se que a Igreja reconheça, valorize, sustente e reforce a participação da juventude da Amazônia nos espaços eclesiais, sociais e políticos, enfatizando que os jovens “profetas de esperança”.

FORMAÇÃO

A formação dos responsáveis pela evangelização nas comunidades também foi destacada na Congregação Geral. Salientou-se que diante dos numerosos desafios da atualidade – entre os quais secularismo, indiferença religiosa, proliferação incontrolável de igrejas pentecostais – a Igreja deve aprender a consultar e escutar a voz do laicato.

Indicou-se: uma formação básica nas paróquias, com leitura e meditação da Palavra de Deus; uma formação intensiva em tempo integral, destinada a animadores e animadoras das comunidades, e uma formação teológica sistemática para os candidatos aos ministérios ordenados e para os homens e as mulheres que desejam se comprometer nos ministérios leigos.

Ainda sobre os futuros padres, foi destacado que a formação dos seminaristas seja reconsiderada e se torne mais próxima da vida das comunidades.

 ‘VIRI PROBATI’

A discussão sobre a proposta de ordenação de homens casados das comunidades amazônicas, chamados de “viri probati”, novamente foi trazida por alguns padres sinodais nesta manhã. Nas intervenções, foi lembrado o que o Instrumento de Trabalho destaca sobre a falta de sacerdotes e a dificuldade de levar a Eucaristia aos fiéis: a necessidade de passar de uma “pastoral de visita” a uma “pastoral de presença”, fazendo referência à possibilidade de as comunidades não dependerem apenas dos missionários para terem acesso aos sacramentos da vida cotidiana dos cristãos.

Contudo, houve padres sinodais que alertaram para o fato de que tal proposta baseada apenas no argumento da falta da Eucaristia nas comunidades poderia levar o sacerdote a ser um simples “funcionário da missa” e não, como deveria ser, um pastor da comunidade, um mestre de vida cristã, uma presença concreta da proximidade de Cristo.  

Diante da urgência de pastores para a evangelização da Amazônia, destacou-se a necessidade de maior valorização da vida consagrada, e também uma forte promoção das vocações sacerdotais autóctones ou de ordenar diáconos permanentes que, acompanhados por pastores, possam administrar os sacramentos próprios desse grau da Ordem (Batismo e Matrimônio), celebrar a Palavra de Deus e levar a comunhão eucarística aos fiéis.

(Com informações de Vatican News)

LEIA TAMBÉM:

Papa: coragem e prudência devem orientar os trabalhos do Sínodo

'O Espírito Santo é o protagonista do Sínodo', afirma Papa

Papa Francisco abre Sínodo para a Amazônia

Cardeal Scherer: Sínodo da Amazônia

Comente

Papa: coragem e prudência devem orientar os trabalhos do Sínodo

Por
08 de outubro de 2019

O primeiro dia de trabalhos da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônica, nesta segunda-feira, 7, contou com a presença do Papa Francisco, que em sua saudação inicial, destacou que o Espírito Santo é o protagonista do Sínodo.

O Pontífice pediu coragem para falar com liberdade e prudência para não se criar a impressão de que exista um “Sínodo dentro, que segue um caminho da Igreja Mãe, de cuidado dos processos”, e um “Sínodo fora”, que, por uma informação dada com rapidez e imprudência, “move os jornalistas a equívocos”.  

O Santo Padre também ressaltou que é preciso rezar muito, além de refletir, dialogar, escutar com humildade e discernimento.

INTERESSE DE TODA A IGREJA

Ao abrir a 1ª Congregação Geral da Assembleia, o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, ressaltou a orientação desse caminho sinodal convocado pelo Papa é “identificar novos caminhos para a evangelização daquela parte do Povo de Deus, especialmente os indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro sereno, também por causa da crise da floresta Amazônica, pulmão de suma importância para o nosso planeta”.

Nesse sentido, o Dom Lorenzo afirmou que, mesmo se referindo a uma área geográfica específica, este Sínodo interessa à Igreja universal. “Por este motivo, a participação foi ampliada a Bispos provenientes de outras Igrejas particulares e organismos eclesiais regionais e continentais. Em outras palavras, é toda a Igreja universal que quer dirigir o olhar à Igreja na Amazônia e assumir no coração os seus desafios, as suas preocupações e os seus problemas, porque no fundo todos nós devemos nos sentir parte desta aldeia global na qual vive e palpita a única Igreja de Jesus Cristo”, disse. 

NOVOS CAMINHOS PARA EVANGELIZAÇÃO

O Relator-Geral do Sínodo, Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo e Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), fez um pronunciamento no qual destacou que o tema da assembleia ressoa grandes linhas pastorais características do Papa Francisco.

Ressaltando o conceito de “Igreja em saída” propagado pelo Santo Padre, Dom Cláudio afirmou que a Igreja não pode “ficar sentada em casa, cuidando de si mesma, cercada de muros de proteção”, muito menos, olhando para trás com certa nostalgia de tempos passados”. “Ela precisa abrir as portas, derrubar muros que a cercam e construir pontes, sair e pôr-se a caminho na história, nos tempos atuais de mudança de época, caminhando sempre próxima de todos, principalmente de quem vive nas periferias da humanidade”, sublinhou.

DESAFIOS MISSIONÁRIOS

Dom Cláudio recordou, ainda, que, na história da evangelização da Amazônia, a Igreja sempre contou com missionários, de ordens e congregações religiosas e padres diocesanos. “Ao lado dos missionários, houve também sempre numerosas lideranças leigas e indígenas que deram testemunho heroico”, reiterou.

“Por outro lado, a história da Igreja na Pan-amazônia mostra que sempre houve grande carência de recursos materiais e de missionários para um desenvolvimento pleno das comunidades, destacando-se a ausência quase total da Eucaristia e de outros sacramentos essenciais para a vivência cristã cotidiana”, acrescentou o Relator-Geral, ressaltando a carência de sacerdotes a serviço das comunidades locais. 

MINISTÉRIOS

Nesse sentido, Dom Cláudio lembrou que, durante a fase preparatória de escuta às comunidades locais, missionários e comunidades indígenas pediram que, “reafirmando o grande valor do carisma do celibato na Igreja, contudo, diante da gritante necessidade da imensa maioria das comunidades católicas na Amazônia, ali se abra caminho para ordenação presbiteral de homens casados, que residam nas comunidades”.

Ao mesmo tempo, ouviu-se nas consultas contidas no Instrumento de Trabalho do Sínodo, que, diante do grande número de mulheres que hoje dirigem comunidades na Amazônia, busque-se caminhos para o reconhecimento desse serviço e se procure consolidá-lo com “um ministério adequado” para essas mulheres, sem, no entanto, afirmar que se trate de um ministério ordenado.

ALTERNATIVAS

A respeito do tema dos ministérios, o Prefeito do Dicastério da Comunicação e presidente da Comissão para Informação deste Sínodo, Paolo Ruffini, explicou, durante a Conferência de imprensa desta segunda-feira, que essa “não é a única possibilidade”, ou seja, que não significa que essa seja a resposta a ser dada para o desafio da carência sacramental. No entanto, ele afirmou que seria errôneo da parte dos padres sinodais não considerar nas reflexões da assembleia um pedido proveniente da comunidade católica da Amazônia.

De igual modo, a Sala de Imprensa da Santa Sé esclareceu que o tema da falta de sacramentos nas comunidades amazônicas foi tratado durante a Assembleia, reconhecendo que se trata de uma nessesidade legítima, mas que não pode ser condicionada ao fato de repensar substancialmente a natureza do sacerdócio e sua relação com o celibato, previsto para a Igreja de rito latino. “Em vez disso, sugeriu-se uma pastoral vocacional entre os jovens indígenas, a fim de favorecer a evangelização até mesmo das regiões mais remotas da Amazônia, de modo que não sejam criados ‘católicos de primeira classe’ que possam se aproximar facilmente da Eucaristia, e ‘católicos de segunda classe’, destinados a permanecer sem o Pão da vida, por até dois anos consecutivos”, informou o comunicado.  

INSTRUMENTUM LABORIS

Sobre o Instrumento de Trabalho, o Cardeal Baldisseri lembrou que esse se constituirá “o ponto de referência e a base necessária da reflexão e do debate sinodal e não um texto para fazer emendas”.

Isso também foi ressaltado pelo próprio Papa Francisco, que o definiu como um texto “mártir, destinado a ser destruído”, pois é o ponto de partida para os trabalhos da Assembleia. 

PARTICIPANTES

O Sínodo conta com a participação de 185 padres sinodais, seis delegados fraternos, 12 enviados especiais, 25 especialistas, 55 auditores (homens e mulheres), entre os quais especialistas e agentes pastorais provenientes de todo o território pan-amazônico. “Entre eles, destaca-se a presença de 16 representantes de diversas etnias indígenas e povos originários que trazem a voz, o testemunho vivo das tradições, da cultura e da fé das suas populações”, frisou o Secretário-Geral. 

METODOLOGIA

A assembleia sinodal se realizará por meio das congregações gerais, dos círculos menores – que terão início em 10 de outubro, dos pronunciamentos dos participantes, da troca de opiniões “no espírito da comunhão fraterna”, até a elaboração do projeto do documento final que será apresentado à assembleia em 21 de outubro. No dia 26 será feita a votação do documento e a conclusão dos trabalhos. Esse Documento Final será entregue ao Papa que, posteriormente, poderá redigir uma exortação pós-sinodal, com suas decisões feitas a partir da escuta daquilo que foi refletido no Sínodo.

(Com informações de Vatican News - Fotos: Vatican Media)

 

LEIA TAMBÉM:

'O Espírito Santo é o protagonista do Sínodo', afirma Papa

Papa Francisco abre Sínodo para a Amazônia

Cardeal Scherer: Sínodo da Amazônia

Comente

'O Espírito Santo é o protagonista do Sínodo', afirma Papa

Por
07 de outubro de 2019

Os trabalhos da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia começaram na manhã desta segunda-feira, 7, com um momento de oração diante do túmulo de São Pedro, na Basílica Vaticana, com a presença do Papa Francisco, seguido de uma procissão dos participantes do sínodo até a sala sinodal.

Na saudação inicial da Assembleia, o Santo Padre destacou que o Sínodo para a Amazônica tem quatro dimensões: pastoral, cultural, social e ecológica.

“A primeira [dimensão] é essencial porque abarca tudo e vemos a realidade da Amazônia com olhos dos discípulos, porque não existem hermenêuticas neutras, ascéticas, sempre estão condicionadas a uma opção prévia, e a nossa opção prévia é a dos discípulos. Mas também com olhos missionários, porque o amor que o Espírito Santo colocou em nós nos impulsiona ao anúncio de Jesus Cristo”, disse o Papa.

PERIGO DAS IDEOLOGIAS

O Pontífice advertiu para o que chamou de “colonizações ideológicas” que destroem ou reduzem os costumes e identidades dos povos originários.  “As ideologias são uma arma perigosa”, afirmou, porque levam a visões redutivas, a entender sem admirar, sem assumir, sem compreender.

Contra o risco de medidas pragmáticas, o Papa propõe a contemplação dos povos, a capacidade de admiração e um pensamento paradigmático. “Se alguém veio com intenções pragmáticas, converte-se para atitudes paradigmáticas, que nasce da realidade dos povos”, destacou.

ESPÍRITO SANTO

O Sando Padre reiterou que não se reuniram em sínodo para “para inventar programas de desenvolvimento social ou custódia de culturas, do tipo museu, ou de ações pastorais com o mesmo estilo não contemplativo com o qual se estão levando adiante as ações de sentido oposto: desmatamento, uniformização, exploração”. “Viemos para contemplar, compreender, servir os povos e fazemos percorrendo um caminho sinodal, não numa mesa-redonda, em conferências ou em discursos, mas em sínodo. Porque um Sínodo não é um parlamento, um locutório, é um caminhar juntos sob a inspiração do Espírito Santo e o Espírito Santo é o protagonista do Sínodo”, afirmou.

INSTRUMENTO DE TRABALHO

Sobre o Instrumento de Trabalho do Sínodo, documento feito pelo conselho pré-sinodal, fruto das consultas às comunidades amazônicas, o Papa o definiu como um texto “mártir”, destinado a ser destruído, pois é o ponto de partida para os trabalhos da Assembleia. “Vamos caminhar sob a guia do Espírito Santo, deixar que Ele se expresse nesta assembleia, entre nós, conosco, através de nós e se expresse apesar da nossa resistência”, destacou.

Para assegurar que a presença do Espírito Santo seja fecunda, Francisco indicou antes de tudo a oração: “Rezemos muito”. “É preciso também refletir, dialogar, escutar com humildade, sabendo que eu não sei tudo e falar com coragem, com paresia, “mesmo que tenha que passar vergonha”, discernir e tudo isso dentro, custodiando a fraternidade que deve existir aqui dentro”, enfatizou.

ORAÇÃO

Para favorecer a atitude de reflexão, oração, discernimento, depois das intervenções haverá um espaço de quatro minutos de silêncio. “Pois estar no Sínodo é entrar num processo, não é ocupar um espaço na sala, e os processos eclesiais têm necessidade de ser custodiados, cuidados com delicadeza, com o calor da Mãe Igreja”, reiterou o Papa.

O Pontífice, então, indicou prudência ao falar com os jornalistas, para não se criar a impressão de que exista um “Sínodo dentro, que segue um caminho da Igreja Mãe, de cuidado dos processos”, e um “Sínodo fora que, por uma informação dada com rapidez, dada com imprudência,  que move os jornalistas a equívocos”.  “Uma informação imprudente leva a equívocos”, alertou.

Por fim, Francisco agradeceu a todos pelo trabalho. “Obrigado por rezar uns pelos outros e ânimo”.

LEIA TAMBÉM:

Papa Francisco abre Sínodo para a Amazônia

'Toda a Igreja mostra a sua solicitude pela Amazônia'

Um Sínodo que se desenvolve em torno da vida dos povos, da Igreja e do planeta

Cardeal Scherer: Sínodo da Amazônia

Comente

Papa Francisco abre Sínodo para a Amazônia

Por
06 de outubro de 2019

O Papa Francisco presidiu a missa de abertura da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica na manhã deste domingo, 6, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Entre os concelebrantes estavam os 185 padres sinodais, 58 do Brasil. Também estavam na Eucaristia os 13 novos cardeais, criados no Consistório presidido pelo Pontífice no sábado, 5. Na assembleia,  havia, ainda, representantes de comunidades indígenas.

O evento eclesial que se realizará até o dia 27 deste mês, tem como tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

CAMINHAR JUNTOS

Na homilia, dirigindo-se aos padres sinodais, bispos provenientes não só da região Pan-Amazônica, mas também de outras regiões, o Papa partiu da leitura da a Segunda Carta de São Paulo a Timóteo para ressaltar que o apóstolo Paulo, o maior missionário da história da Igreja os ajudará a “fazer Sínodo”, a “caminhar juntos”.

O Santo Padre chamou a atenção para o dom que cada um recebeu para serem dons na vida dos outros. “Um dom não se compra, não se troca nem se vende: recebe-se e dá-se de prenda. Se nos apropriarmos dele, se nos colocarmos a nós no centro e não deixarmos no centro o dom, passamos de pastores a funcionários: fazemos do dom uma função, e desaparece a gratuidade; assim acabamos por nos servir a nós mesmos, servindo-nos da Igreja”, afirmou.

REACENDER O DOM DA MISSÃO

Francisco ainda ressaltou que para serem fiéis à missão, São Paulo recorda a necessidade de se reacender o dom recebido. “O dom que recebemos é um fogo, é amor ardente a Deus e aos irmãos. O fogo não se alimenta sozinho; morre se não for mantido vivo, apaga-se se a cinza o cobrir”, disse.

“Se tudo continua igual, se os nossos dias são pautados pelo ‘sempre se fez assim’, então o dom desaparece, sufocado pelas cinzas dos medos e pela preocupação de defender o status quo. Mas ‘a Igreja não pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de “manutenção” para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo’, acrescentou o Papa, afirmação do Papa Emérito Bento XVI, de que “o ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial”.

O Pontífice convidou os participantes do Sínodo a pedirem a graça de serem “fiéis à novidade do Espírito”. “Ele, que faz novas todas as coisas, nos dê a sua prudência audaciosa; inspire o nosso Sínodo a renovar os caminhos para a Igreja na Amazônia, para que não se apague o fogo da missão”, reiterou.

FOGO DO EVANGELHO

O Santo Padre enfatizou que o fogo de Deus, como no episódio da sarça ardente, arde mas não consome. “Quando sem amor nem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo de Deus, mas do mundo. Contudo quantas vezes o dom de Deus foi, não oferecido, mas imposto! Quantas vezes houve colonização em vez de evangelização! Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos”, alertou.

“O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros”, completou Francisco.

OLHAR PARA O CRUCIFICADO

Por fim, o Papa convidou todos a olharem para Jesus crucificado e para seu coração aberto. Muitos irmãos e irmãs na Amazônia carregam cruzes pesadas e aguardam pela consolação libertadora do Evangelho, pela carícia de amor da Igreja. Por eles, com eles, caminhemos juntos”.

 

LEIA TAMBÉM:

'Toda a Igreja mostra a sua solicitude pela Amazônia'

Um Sínodo que se desenvolve em torno da vida dos povos, da Igreja e do planeta

Novos caminhos para a Igreja na Amazônia

Há tempos, Papa planeja Sínodo para Amazônia, diz Cardeal Baldisseri

Cardeal Scherer: Sínodo da Amazônia

Comente

'Toda a Igreja mostra a sua solicitude pela Amazônia', diz Cardeal Baldisseri

Por
03 de outubro de 2019

Faltando três dias para o início da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, aconteceu na manhã desta quinta-feira, 4, a coletiva de imprensa de apresentação do evento.

A Sala de Imprensa da Santa Sé, no Vaticano, ficou lotada para a conferência que contou com a participação do Secretário-geral, Cardeal Lorenzo Baldisseri, o Relator-geral, Cardeal Cláudio Hummes, e o Sub-secretário, Dom Fabio Fabene.

O Cardeal Baldisseri explicou que essa assembleia convocada pelo Papa Francisco em 2017, é “especial”, isto é, diz respeito a uma área geográfica específica e, portanto, irá reunir todos os bispos da região pan-amazônica, que compreende nove países.

Participarão 184 padres sinodais, dentre os quais, prelados de outras regiões, chefes de dicastérios da Cúria Romana, representantes de congregações religiosas e membros de nomeação pontifícia. Do Brasil, serão 57 participantes. Entre os participantes, dos quais 35 mulheres, há também representantes de outras comunidades cristãs, de povos originários e especialistas, como consultores e ouvintes.

“É toda a Igreja que mostra a sua solicitude pela Amazônia: pelas dificuldades, os problemas, as preocupações e os desafios que encontra”, afirmou Dom Lorenzo.

MISSÃO EVANGELIZADORA

O Secretário-geral destacou, ainda, o foco deste Sínodo, contido já no tema – “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Os padres sinodais, portanto, se concentrarão em dois aspectos: a missão evangelizadora da Igreja na Amazônia, tendo no centro o anúncio da salvação em Jesus Cristo, e a questão ecológica.

O Cardeal Hummes ressaltou que o contexto amplo do Sínodo é a grave e urgente crise socioambiental de que fala a Encíclica do Papa Francisco Laudato si’: “a) A crise climática, ou seja, o aquecimento global pelo efeito estufa; b) a crise ecológica em consequência da degradação, contaminação, depredação e devastação do planeta, em especial na Amazônia; c) e a crescente crise social de uma pobreza e miséria gritante que atinge grande parte dos seres humanos e, na Amazônia, especialmente os indígenas, os ribeirinhos, os pequenos agricultores e os que vivem nas periferias das cidades amazônicas e outros.”

“Trata-se de cuidar e defender a vida, tanto de todos os seres humanos, quanto da biodiversidade. Jesus disse: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância (Jo, 10,10)”, acrescentou Dom Cláudio.

O Relator-geral citou mais de uma vez a Laudato si’ e o seu convite a uma conversão. “É importante o que o Papa Francisco chama de ‘ecologia integral’, para dizer que tudo está interligado, os seres humanos, a vida comunitária e social, e a natureza. O que se faz de mal à terra, acaba fazendo mal aos seres humanos e vice-versa. Há necessidade de uma conversão ecológica, inspirada em São Francisco de Assis”, afirmou.

SOBERANIA É INTOCÁVEL

Respondendo às perguntas dos jornalistas, o Cardeal brasileiro ressaltou a “presença heroica” da Igreja no território amazônico há quatro séculos. “Não se pode falar da Amazônia sem falar da história da Igreja na região”., disse Dom Cláudio, reivindicando a bagagem eclesial acumulada no decorrer dos séculos. “A Igreja não é competente em determinações técnicas, mas apresentará princípios para orientar os que buscam essas soluções”.

O Cardeal Hummes falou das críticas recebidas do governo brasileiro, afirmando que “em parte foram superadas” depois de encontros com membros governamentais. E reiterou: “Para a Igreja, a soberania da Amazônia é intocável”.

Outro ponto questionado foi quanto ao Instrumento de Trabalho. Dom Cláudio recordou que não se trada de um documento do Sínodo, mas para o Sínodo, que contém “a voz do povo local”.  O Cardeal Baldisseri complementou que não se trata de um “documento pontifício”, mas de uma coleta das expressões do povo da Amazônia. “É o ponto de partida para começar a trabalhar.”

METODOLOGIA

Já o Sub-secretário do Sínodo dos Bispos, Dom Fabio Fabene, explicitou as fases de elaboração da Assembleia, com ênfase no andamento dos trabalhos durante o Sínodo. Tratando-se de uma Assembleia Especial, a metodologia em relação aos Sínodos precedentes foi parcialmente renovada.

O Secretário-geral abrirá os trabalhos ilustrando o percurso sinodal. Depois, o relator apresentará os conteúdos que emergiram na fase preparatória e traçará os argumentos principais para a discussão na Sala e nos círculos menores. As intervenções na Sala terão a duração de quatro minutos. E nos dias de congregações gerais, haverá um tempo ao final para pronunciamentos livres dos padres sinodais.

COMUNICAÇÃO

A comunicação do Sínodo será confiada ao Dicastério para a Comunicação. Diariamente, serão realizados briefings com a participação dos padres sinodais e de outros participantes. As redes sociais (Twitter, Facebook e Instagram) de Vatican News e da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos contribuirão para a difusão das notícias. Está ativa a mesma hashtag #SinodoAmazonico para todas as línguas para uma informação mais adequada sobre o Sínodo.

Os padres sinodais estarão disponíveis para entrevistas fora da sala sinodal. Como nos últimos Sínodos, as intervenções na Sala não serão publicadas oficialmente no Boletim da Sala de Imprensa. Já os pronunciamentos dos círculos serão divulgados através da Sala de Imprensa da Santa Sé.

LEIA TAMBÉM:

Um Sínodo que se desenvolve em torno da vida dos povos, da Igreja e do planeta

Novos caminhos para a Igreja na Amazônia

Há tempos, Papa planeja Sínodo para Amazônia, diz Cardeal Baldisseri

Cardeal Scherer: Sínodo da Amazônia

Comente

Andrea Tornielli: ‘O Sínodo não quer transformar a Igreja em uma ONG’

Por
26 de setembro de 2019

Dando continuidade à série “Vatican News rumo ao Sínodo da Amazônia”, o editor-chefe da agência de notícias da Santa Sé, Andrea Tornielli, esclareceu dúvidas de internautas referentes à Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, que acontecerá entre os dias 6 e 27 de outubro, no Vaticano.

No terceiro vídeo o jornalista respondeu a acusaões de críticos nas redes sociais de que "o Sínodo quer transformar a Igreja em uma ONG", além de temas relacionados à inculturação, Teologia da Libertação e a influência do marxismo na preparação e discussões da assembleia sinodal. 

Confira o terceiro vídeo da série:

VEJA TAMBÉM:

Vatican News esclarece dúvidas sobre Sínodo para a Amazônia

Andrea Tornielli: acusar a Laudato si’ de ‘herética’ é uma ‘blasfêmia’

Comente

Andrea Tornielli: acusar a Laudato si’ de ‘herética’ é uma ‘blasfêmia’

Por
26 de setembro de 2019

No segundo vídeo da série "Vatican News rumo ao Sínodo da Amazônia", o editor-chefe da agência de notícias do Vaticano, Andrea Tornielli, comenta afirmações feitas por internautas a respeito da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, que acontecerá entre os dias 6 e 27 de outubro, no Vaticano.

O jornalista explicou o conteúdo da Encíclica Laudato si’, sobre o cuidado da casa comum, rebatendo a comentários de que o documento do Papa Francisco seria “herético” e reiterou que o texto faz parte da tradição das encíclicas sociais do Magistério da Igreja.

Tornielli, citou ainda, afirmações do Papa Emérito Bento XVI contidas na Encíclica de Francisco, para reforçar que o documento é expressão do magistério não apenas do atual pontífice como também de seus predecessores. “A salvaguarda do meio ambiente, a tutela dos recursos do clima, exigem que os responsáveis internacionais ajam de forma conjunta, no respeito pela lei e pela solidariedade, principalmente em relação às regiões mais frágeis da terra. Em conjunto, podemos construir um desenvolvimento humano integral, em benefício dos povos, presentes e futuros, um desenvolvimento inspirado nos valores da caridade na verdade”.

E acrescentou: “A fim de que isto se verifique, é indispensável transformar o atual modelo de desenvolvimento global em uma tomada de responsabilidade, maior e mais compartilhada em relação à Criação: exigem-no não só as emergências ambientais, mas inclusive o escândalo da fome e da miséria”.

Por fim, o editor afirmou que chamar a Laudato si’ de herética significa dizer uma falsidade e, ao mesmo tempo “uma pequena blasfêmia”.

Confira o segundo vídeo da série:

VEJA TAMBÉM:

Vatican News esclarece dúvidas sobre Sínodo para a Amazônia

Comente

Vatican News esclarece dúvidas sobre Sínodo para a Amazônia

Por
26 de setembro de 2019

Com a proximidade da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, o Vatican News, agência de notícias da Santa Sé, iniciou uma série de vídeos nos quais o editor-chefe, Andrea Tornielli, responde e comenta questões acerca do evento que acontecerá entre os dias 6 e 27 de outubro, no Vaticano.

Confira o primeiro vídeo da série:

Comente

Páginas

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.