Nova presidência da CNBB toma posse em Cerimônia de Encerramento da 57ª Assembleia Geral

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10 de mai de 2019

A nova presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi empossada na manhã desta sexta-feira, 10 de maio, durante a cerimônia de encerramento da 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, realizada em Aparecida desde o dia 1º de maio. O até então presidente da entidade, o arcebispo de Brasília, cardeal Sergio da Rocha, no início da celebração fez uma extensa lista de agradecimentos a todos que colaboraram com o trabalho da presidência que se despede. Ele pediu orações pela CNBB neste novo quadriênio. “Se há uma certeza, é a de que somente podemos servir com a Graça de Deus”, disse.

Ao novo presidente eleito, o Arcebispo de Belo Horizonte (MG), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, ele desejou que possa cumprir sua missão promovendo sempre mais a comunhão entre o episcopado brasileiro, entre a Igreja do Brasil e com o Santo Padre.

Na Cerimônia de Encerramento, o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’aniello, leu a correspondência enviada pelo Papa Francisco em resposta à carta que os bispos do Brasil enviaram a ele durante o evento. Na correspondência, o Papa, agradecendo a manifestação de comunhão da conferência brasileira, fez votos de que os compromissos assumidos durante a assembleia ajudem os bispos a ser mais fieis à sua missão evangelizadora.

Simbolicamente, o cardeal Sergio da Rocha entregou ao novo presidente eleito, dom Walmor, o texto das Novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora 2019-2023, aprovado na 57ª Assembleia Geral, e trocaram de lugar na mesa. Dom Walmor sentou na cadeira onde estava sentado o presidente, assumindo o cargo. O arcebispo primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, até então vice-presidente da CNBB, entregou a nova Bíblia com tradução oficial da CNBB ao vice-presidente eleito, o arcebispo de Porto Alegre (RS), dom Jaime Spengler. E o até então secretário-geral, bispo auxiliar de Brasília (DF), dom Leonardo Steiner, entregou ao novo secretário-geral, o bispo-auxiliar do Rio de Janeiro (RJ), dom Joel Portela o Diretório de Liturgia da Igreja no Brasil.

Em seu primeiro discurso como empossado, no mesmo dia em que comemora 21 anos de sua ordenação episcopal, Dom Walmor Oliveira saudou a Dom Giovanni D’Aniello, assumindo o compromisso de buscar a comunhão com o Santo Padre e de ser uma Igreja em saída, missionária e hospitaleira.

O novo presidente da CNBB disse que não há nada melhor a oferecer à sociedade que o Evangelho de Jesus. Ele saudou e agradeceu a presidência que fez a transmissão do cargo, aos bispos, a quem enalteceu a riqueza do exercício da fraternidade nos dias da assembleia. Ele falou da beleza da vida de cada Igreja particular e das experiências dos bispos do Brasil.

Segundo ele, a nova presidência assume consciente das dificuldades imensas e das complexidades quase indescritíveis mas com a certeza de que é o Evangelho que ajuda a não só dar novas respostas para dentro da Igreja mas também à sociedade. “Assumimos o compromisso de ser uma presença solidária. O que de fato vale é a fé desdobrada em amor”, disse.

Para no novo presidente, o coração da CNBB não é a sede em Brasília, mas a colegialidade efetiva entre seu episcopado. “O nosso plano mais importante é sermos discípulos de Cristo. Nosso programa é nos tornar discípulos e fazer discípulos o tempo todo, aprendendo no diálogo. Só faz discípulo quem também é discípulo”, disse.

Dom Walmor ressaltou que todo o trabalho a ser feito, nas diversas frentes, tenha como fonte Jesus Cristo que é, segundo ele, o fundamento da colegialidade na Igreja no Brasil. “É hora de uma resposta nova porque o Senhor da vida nos envia e nos conduz. O Evangelho de Jesus Cristo é o ouro de nossa vida e de nosso trabalho missionário”, disse.

Os 12 presidentes eleitos para as Comissões Episcopais Pastorais da CNBB também compuseram a mesa e foram empossados simbolicamente. Após a cerimônia de encerramento e posse, a nova presidência concedeu entrevista aos jornalista em Coletiva de Imprensa.

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Evangelizar e despertar para a beleza das vocações

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10 de mai de 2019

A 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Aparecida (SP), termina nesta sexta-feira, 10. Ao longo dos últimos dias, o Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Cardeal Scherer, e alguns bispos auxiliares da Arquidiocese estiveram unidos a Igreja paulistana e de muitos outros lugares, por meio de transmissões pelo Facebook, momento em que os internautas tinham a oportunidade ouvir dos seus pastores a respeito das decisões tomadas no grande encontro do episcopado brasileiro.

Na última transmissão no contexto da Assembleia Geral, no fim da tarde desta quinta-feira, 9, Dom Devair Araújo da Fonseca, Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação, e Dom José Roberto Fortes Palau, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga, falaram sobre os últimos momentos em Aparecida.

EVANGELIZAÇÃO NAS GRANDES CIDADES

O objetivo central da Assembleia Geral em 2019 foi decidir sobre as novas diretrizes para a evangelização da Igreja no Brasil nos próximos quatros anos, atentando-se para a o crescimento dos grandes centros urbanos.

Dom Devair salientou que hoje 80% da população brasileira vive nas grandes cidades e, por isso, torna-se necessário que a Igreja descubra novas formas de evangelizar e despertar as novas vocações em meio a tantos ruídos.

TESTEMUNHO QUE DESPERTA PARA A VOCAÇÃO

Em junho deste ano, acontecerá a assembleia do Regional Sul 1 da CNBB. Neste encontro, os bispos farão o aprofundamento das novas diretrizes da Assembleia Geral que passa por sua finalização e dentro de poucos dias estará disponível nas edições da Conferência Episcopal.

Dom José Roberto contou que será realizado, de 5 a 8 de setembro, o 4º Congresso Vocacional do Brasil, também em Aparecida, para o qual são esperadas cerca de 600 pessoas. Já estão confirmadas a presença dos Padre Amedeo Cencini, Sacerdote Italiano Canossiano, Padre Ângelo Mezzari, Rogacionista e do Padre Zezinho, cantor e escritor.

Dom José Roberto, ao falar das vocações, enfatizou a importância do testemunho: “Mostrar a beleza da vida consagrada”. Um dos aspectos que serão trabalhos ao longo do congresso será a atenção para o chamado: “Deus chama, mas por que muitos não estão escutando”, disse.

Um internauta perguntou a idade mínima para a entrada no seminário, aos prelados, que responderam que na Arquidiocese de São Paulo são aceitos os jovens a partir da conclusão do ensino médio.

Dom José Roberto destacou que os escândalos envolvendo o celibato não são o único fator para a diminuição da procura dos jovens no seminário. Mas um aspecto que a Igreja vem buscando respostas é para falta de vida em comunidade no contexto familiar.

IGREJA NA AMAZÔNIA

Outra internauta questionou se as novas diretrizes contemplaram a realidade amazônica. Dom Devair respondeu que sim, pois a Amazônia faz parte da Igreja no Brasil e, por isso, os bispos precisam estar dispostos a contribuir para sua evangelização: “Somos um corpo, se uma parte sofre, o corpo sofre”, disse.

O Vigário para a Comunicação lembrou do Sínodo para a Pan-Amazônia, que será realizado em outubro, e explicou que o fato da reunião acontecer em Roma evidencia a relevância do tema para a Igreja universal.

DIÁLOGO

Ao fim da transmissão, os bispos agradeceram a participação dos internautas ao longo dos dias de Assembleia, e afirmaram que este encontro com o episcopado espalhado por todo o Brasil foi um momento de compreender uma mensagem de esperança, pois mesmo com as divergências e opiniões diferentes, prevaleceu o diálogo.

Dom Devair encerrou sua participação convidando a todos a estar dispostos ao diálogo, afim de enaltecer a comunhão como Igreja.

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Presidente eleito da CNBB celebra missa de encerramento

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10 de mai de 2019

Dirigindo-se ao povo de Deus, saudando o Papa Francisco e manifestando seu apoio ao trabalho do Sumo Pontífice na tarefa de ser uma Igreja misericordiosa, hospitaleira e em saída, no enfrentamento dos muitos e complexos desafios e na preparação para o Sínodo para a Amazônia, o Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente eleito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, que presidiu a Santa Missa de enceramento da 57ª Assembleia Geral da Conferência, nesta sexta-feira (10), no Santuário Nacional em Aparecida (SP), deu início à sua homilia.

“Queremos que chegue ao coração do Santo Padre o quanto nós, Bispos do Brasil, a nossa Conferência e todo amado povo de Deus que tanto o ama da nossa profunda comunhão neste caminho missionário”, disse.

Dom Walmor também saudou e pediu ao povo uma salva de palmas aos bispos que estiveram à frente da Presidência da CNBB no último quadriênio, na pessoa do arcebispo de Brasília (DF), Cardeal Sergio da Rocha, o Arcebispo de Salvador (BA), Dom Murilo Krieger, e o bispo auxiliar de Brasília (DF), Dom Leonardo Steiner, aos presidentes das Comissões Episcopais Pastorais e a todos os colaboradores da Conferência.

E continuou: “quero saudar de modo muito especial aos irmãos que compõem agora a Presidência nessa nossa tarefa missionária, mas também muito amorosa de continuarmos esse caminho bonito, na importância grande, incontestável de credibilidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil com todos aqueles que presidirão as Comissões, neste caminho bonito nosso quando enfrentamos, é verdade, enormes desafios. Talvez até enchendo um pouco e medo ou de não clareza no caminho, mas como uma oportunidade de ouro de darmos uma resposta nova porque nós temos uma reserva que não é nossa, é do coração Deus na força de sua Palavra e na fortaleza da sua graça para ajudar o mundo a abrir-se ao amor de Deus e para ajudar a nossa sociedade brasileira pelo diálogo para encontrar um novo caminho”, destacou.

Ao refletir sobre as leituras de hoje, o arcebispo, trouxe a trajetória missionária do apóstolo Paulo narrada na leitura do livro do Atos dos Apóstolos, que destaca as três grandes viagens missionárias, os desafios enfrentados, as perseguições e que foram vencidos e superados em nome de Deus.

“Se quisermos dar ao nosso humano a força que ele precisa, se quisermos ter a força para estarmos de pé para não nos faltar a sabedoria, não nos deixar pender em polarização alguma. É preciso cultivar essa profunda intimidade com Ele [Jesus]. Esse é o nosso caminho, não há outro. Esse é o serviço que queremos prestar para que todos os outros serviços que prestarmos se desbordem na verdade do amor, na promoção da justiça e na alegria de sermos irmãos e irmãs uns dos outros. Essa é a lógica que somos chamados a aprender, a lógica que o apóstolo Paulo aprendeu e, por isso, se tornou essa grande referência”, ressaltou.

Antes de encerrar sua homilia, Dom Walmor rogou a Deus que o trabalho na CNBB seja o ponto de encontro da colegialidade que é o voltar em primeiro a Ele, Cristo e cultivar a partir Dele a alegria do respeito fraterno, do respeito das diferenças fazendo delas uma grande riqueza.

E finalizou declamando um poema de Cecilia Meireles.

“’Renova-te.

Renasce em ti mesmo.

Multiplica os teus olhos, para verem mais.

Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.

Destrói os olhos que tiverem visto.

Cria outros, para as visões novas.

Destrói os braços que tiverem semeado,

Para se esquecerem de colher.

Sê sempre o mesmo.

Sempre outro. Mas sempre alto.

Sempre longe.

E dentro de tudo’”.

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Dom Devair e Dom Carlos comentam assuntos dos últimos dias da Assembleia Geral

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09 de mai de 2019

Na tarde da quarta-feira, 8, o Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação realizou mais uma transmissão ao vivo pelo Facebook da Arquidiocese de São Paulo, com a presença do Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação, Dom Devair Araújo da Fonseca, e Dom Carlos Lema Garcia, Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade.

FRATERNIDADE E COMUNHÃO

Dom Carlos recordou o clima no decorrer do encontro que se inicia todos os dias com a reza do Terço no Santuário Nacional de Aparecida, seguida de missa, que a cada dia tem um tema para reflexão e todos os bispos concelebram. 

“Isso é importante para que todos saibam que o clima em que se desenvolve a assembleia é de fraternidade e oração. Os bispos invocam a luz de Deus, porque são responsáveis pela evangelização em suas dioceses de todo o Brasil. É muito consolador ver todos unidos em oração”, disse Dom Carlos.

DIÁLOGO E ORAÇÃO

Em relação aos ataques que a CNBB vem sofrendo nas redes sociais, Dom Devair e Dom Carlos reforçaram que a Igreja está sempre unida, e que o clima dos bispos durante a assembleia é de comunhão. “Esses comentários são muitas vezes preconceituosos e superficiais. É um erro você querer julgar uma instituição da Igreja com critérios políticos e humanos”, disse Dom Carlos.

Dom Devair afirmou que o melhor caminho é o diálogo, a oração e comunhão com os bispos e com a Igreja: “Tentar acertar sem a Igreja é um grande erro. Nós precisamos permanecer unidos e se existem fatos que precisam ser revistos e atualizados, é melhor que isso seja feito junto com os pastores da igreja reunidos.”

COLOCAR EM PRÁTICA

Um internauta perguntou: “Como será colocado em prática essas diretrizes da Assembleia no contexto da Arquidiocese de São Paulo?”

“Essas diretrizes vem ao encontro do sínodo arquidiocesano e do trabalho que já estamos fazendo”. Dom Devair disse ainda que o trabalho pastoral da Arquidiocese valoriza aquilo que já tem sido feito, sempre buscando atualizações.

TODOS OS DETALHES DA ASSEMBLEIA

Diariamente, acompanhe os detalhes sobre a 57ª Assembleia Geral da CNBB no site do jornal O SÃO PAULO e nos noticiários da rádio 9 de Julho.

Nesta quinta-feira, 8, participarão da transmissão ao vivo pelo Facebook da Arquidiocese de São Paulo, Dom Devair e Dom José Roberto Fortes Palau, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga.

(Com informações da CNBB)

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Dom Roque Paloschi, presidente do CIMI, fala da realidade dos povos indígenas no Brasil

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09 de mai de 2019

O arcebispo de Porto Velho (RO), dom Roque Paloschi, apresentou na Coletiva de Imprensa desta quarta-feira, 08 de maio, um relatório sobre a situação da população indígena no Brasil. O bispo, que é presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), também falou ao episcopado brasileiro, reunido em Aparecida (SP), sobre a grave realidade política e social enfrentada pelos povos originários.

“Nuvens perigosas estão pairando sobre a causa, a saúde e a vida dos povos indígenas”, disse dom Roque se referindo aos clamores sobre a violação dos direitos e os frequentes ataques com requintes de crueldade às diversas formas de vivência da população indigenista. “Falar sobre a questão indígena é um grande desafio, sobretudo em um país onde não se quer respeitar a Constituição Federal. Essa realidade nos traz um grande sofrimento”, disse. O bispo destacou, que, “a retirada das demarcações das terras indígenas do comando do Ministério da Justiça e tranferindo parte para o Ministério das Mulheres e Direitos Humanos e outra parte para o Ministério da Agricultura que é onde se concentra os grandes grupos econômicos que são contra os direitos constitucionais e originários dos povos indígenas”.

Dom Roque também apresentou dados do CIMI, copilados em parceria com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), onde diz que o Brasil possui 3.015 povos indígenas que falam mais 274 línguas. Os dados ainda citam que existem 104 povos em situação de isolamento voluntário. São contabilizadas 1285 terras indígenas, porém somente 401 terras estão demarcadas e 304 em processo de regularização.

Citando o Documento Base elaborado pelo Acampamento Terra Livre 2019, realizado no mês abril em Brasília (DF), o bispo relatou alguns clamores dos indigenistas. “O governo tem assumido publicamente um discurso que reitera a visão de que os povos indígenas não precisam de terras, a não ser que assumam o viés produtivista do agronegócio e disponibilizem os seus espaços de vida para o mercado. O clamor dos povos por vida e justiça vem diretamente da boca e do coração das lideranças”, disse. O Acampamento Terra Livre teve o apoio do CIMI e reuniu representantes de aproximadamente 200 povos indígenas de todo o país.

Sínodo para a Amazônia 

De acordo com dom Roque, neste momento extremamente crítico, a voz do Papa Francisco, através do Sínodo para a Amazônia, vem ao encontro dos indígenas em apoio à defesa de seus direitos e territórios. “O que acontece na Amazônia, é política, econômica, ecológica e pastoralmente relevante ao mundo inteiro. De fato, precisamos aprofundar o tema do Sínodo: ‘Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral’. É preciso perguntar quais são os critérios para assumir esses novos caminhos”, declarou.

O arcebispo disse ainda, que, “assumir o rosto amazônico da Igreja local significa descolonizar a Igreja. O Sínodo para a Amazônia coloca, com novo rigor, os desafios da assunção da realidade sociocultural e da enculturação na pauta pastoral hoje”.

Por Franklin Machado

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Missa do penúltimo dia da Assembleia dos Bispos foi em ação de Graças pelo Regional Sul 4 da CNBB

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09 de mai de 2019

O altar central do Santuário Nacional de Aparecida (SP), recebeu nesta quinta-feira (09), os bispos do Regional Sul 4 (Santa Catarina) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para a penúltima celebração eucarística da 57ª Assembleia Geral dos Bispos.

A Santa Missa foi presidida pelo bispo de Tubarão (SC) e presidente do Regional Sul 4, dom João Francisco Salm, que iniciou sua homilia refletindo sobre o regional, que compreende todo o estado Santa Catarina e a província eclesiástica de Florianópolis.

Composto por uma Arquidiocese e dez dioceses, segundo o bispo, o regional que completará 50 anos em janeiro de 2020 já doou muitos filhos e filhas para a vida sacerdotal, religiosa consagrada e missionária, entre eles os santos que por lá viveram como Santa Paulina, a bem-aventurada Albertina, padre Aloísio e frei Bruno.

A região de cerca de 7 milhões de habitantes, que vai do Atlântico a fronteira da Argentina, possui belas cidades praianas rios e lagos, serras, planalto e campos com quatro estações bem definidas: “altas temperaturas e frio rigoroso com geada e neve”, descreveu o bispo.

Dom Francisco lembrou ainda dos desafios que a região enfrenta por causa dos efeitos das alterações climáticas, dos projetos de mineração de carvão, fosfato e xisto.

O chamado a Santidade feito pelo Senhor e tão recordado pelo papa Francisco também esteve presenta na homilia do bispo de Tubarão (SC) que refletiu ainda sobre o amor de Deus, a partilha do pão e da conivência fraterna.

“Todos sentam em torno do pão. O pão nos une, nos torna amigos e nos faz mais irmãos. Dá-nos a oportunidade de conversar, de sorrir, de falar e de ouvir. Maravilhas que nos alimentam tanto. O pão reúne e ensina a conviver. A falta de pão distancia, dispersa, cria rupturas e conflitos”, ressaltou.

Ao finalizar a homilia, Dom Francisco salientou ainda que por meio do amor do Pai, como filhos de Deus pela Eucaristia “somos levados viver aqui na terra os valores do reino de Deus. O grande valor é o da boa convivência, o amor recíproco que Jesus nos quis fazer entender e mandou que praticássemos quando lavou os pés dos discípulos, ícone da Eucaristia e do mandamento novo do amor”.

E completou: “ Eis então, o milagre da Eucaristia. Comer a carne e beber o sangue eucarístico nos faz solidários. Nos compromete, nos faz viver, nos predispõe amar, a dar a vida. Tornamo-nos novas criaturas capazes de pelo testemunho e pelo anúncio forjar uma nova sociedade”, finalizou Dom Francisco pedindo a intercessão de Santa Paulina, da bem-aventurada Albertina e da Virgem Maria.

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Dom Edmar Peron é eleito Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia

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08 de mai de 2019

Dom Edmar Peron, Bispo de Paranaguá (PR), foi eleito em primeiro escrutínio na primeira sessão da tarde desta quarta-feira, 8, na 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. “Agradeço a votação e espero que Deus me ajude a cumprir aquilo que a CNBB deseja e que minha Diocese entenda as muitas saídas. Eu aceito”, disse.

Dom Edmar Peron nasceu em uma família de migrantes que, em busca de melhores condições de vida, no início da década de 1950, desceu do oeste paulista para Maringá – PR.  Ali seus pais – Leonildo Peron e Aparecida Besagio Peron – cresceram, se casaram e vivem. É o primeiro dos quatro filhos do casal. Foi batizado no mesmo ano que nasceu, na Paróquia Santo Antônio de Pádua, e recebeu, das mãos de Dom Jaime Luiz Coelho, o Sacramento da Crisma, na Catedral Nossa Senhora da Glória, de Maringá, no ano seguinte.

Fez os estudos do ensino básico nos colégios Duque de Caxias e Rodrigues Alves e o ensino médio no Instituto de Educação de Maringá. Terminado o ensino médio, aos 18 anos, entrou no Seminário Maior Arquidiocesano Nossa Senhora da Glória – Instituto de Filosofia, em Maringá, onde cursou Filosofia (1983–1985), seguindo depois para o Seminário Paulo VI – Instituto Teológico Paulo VI, em Londrina (1986–1989), para os estudos de Teologia.

Depois dos sete anos de seminário, no dia 23 de julho de 1989, foi ordenado diácono, pelo mesmo Dom Jaime Luiz Coelho, Arcebispo Metropolitano, que também o ordenou Padre para a Arquidiocese de Maringá no dia 21 de janeiro de 1990. Desde então serviu a aquela Arquidiocese, realizando trabalhos em diversas Paróquias e assessorias, além de atuar na formação dos seminaristas.

Foi vigário da Paróquia Santo Antônio de Pádua, em Maringá, em 1990 e 1991 e pároco das Paróquias: Nossa Senhora do Rosário, em Floresta, de 1991 a 1994; Santa Rosa de Lima, em Iguatemi, de 1996 a 1997; Sagrado Coração de Jesus, em Nova Esperança, em 1998 e 1999; e Cristo Ressuscitado, em Maringá, de 2002 a 2006. Foi Administrador Paroquial na Paróquia Nossa Senhora Rainha, em Atalaia, em 1998 e 1999. Colaborou com outras paróquias, especialmente no período em que participou da equipe de formadores dos seminaristas da Arquidiocese de Maringá, por 10 anos.

No 2000, foi enviado a Roma, por Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, para realizar estudos, em nível de Mestrado, em Teologia Dogmática, especialização em Teologia dos Sacramentos, até 2002.

Desde seu retorno, em 2002, foi professor de Teologia Dogmática e de Liturgia, inicialmente no Instituto Teológico Paulo VI e, posteriormente, na PUCPR – Campus Londrina. Durante seu sacerdócio atuou como membro do Colégio de Consultores e, em períodos alternados, também do Conselho Presbiteral da Arquidiocese de Maringá.

Dedicou grande parte de seu trabalho pastoral, durante nove anos, à Pastoral de Liturgia e Canto da Arquidiocese de Maringá. Desde 2007 tem escrito para a Revista de Liturgia, em São Paulo. Foi vigário da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Marialva, de 2007 a 2009.

Na formação dos seminaristas, atuou por sete anos como Diretor Espiritual do Seminário de Filosofia Nossa Senhora da Glória, de 1991 a 1997, onde ele mesmo havia feito a sua formação filosófica. De 2007 a 2009 foi Reitor do Seminário de Teologia Santíssima Trindade, em Londrina.

No dia 30 de dezembro de 2009 foi nomeado pelo Papa Bento XVI para Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, sendo-lhe conferida a sede titular de Mattiana. Foi ordenado Bispo, no dia 28 de fevereiro de 2010, em Maringá. A sua ordenação episcopal aconteceu na Catedral Basílica menor de Nossa Senhora da Glória, sendo Bispo ordenante Dom Jaime Luiz Coelho, 93 anos, Arcebispo Emérito de Maringá. Dom Anuar Battisti (arcebispo de Maringá) e o cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, foram os bispos coordenandes. Uniram-se a eles outros 19 bispos, 12 do Paraná e 7 de São Paulo.

Tomou posse do Ofício de Bispo auxiliar de São Paulo no dia 14 de março de 2010, sendo imediatamente nomeado Vigário Episcopal para a Região Belém. Assumiu outros encargos em nível arquidiocesano, dentre os quais, bispo referencial para a liturgia e a formação dos futuros presbíteros e Vigário Geral da Arquidiocese.

Junto Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, é membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia desde 25 de junho de 2011.

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Igrejas cristãs dão sinal de unidade em celebração ecumênica

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08 de mai de 2019

Um grupo formado por seis lideranças de diferentes confissões religiosas cristãs junto ao episcopado deu um sinal de unidade nesta terça-feira, 7, na Celebração Ecumênica na 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. Juntos, na celebração, as diferentes religiões expressaram que têm como horizonte comum o fortalecimento da unidade entre os cristãos. A celebração foi aberta à imprensa.

A pastora Silvia Genz, presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), disse crer muito no caminho da unidade dos cristãos. “Ao rezarmos em conjunto e ouvirmos a palavra de Deus junto nos fortalecemos para enfrentar as situações de morte que o mundo hoje apresenta”, disse.

O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da CNBB, Dom Francisco Biasin acolheu os irmãos de outras igrejas em nome da presidência da CNBB. “Damos as boas vindas a cada uma das irmãs e irmãos. Não apenas se sintam em casa, mas em família”, disse.

Dom Biasin afirmou que a fraternidade deve ser a base de qualquer relacionamento ecumênico. Padre Marcus Barbosa, assessor da Comissão para o Ecumenismo da CNBB, ressaltou, na abertura da celebração, que ao “orar juntos recordarmos que, como membros do corpo de Cristo, somos chamados a buscar e tornar visível a justiça”. A unidade em Cristo, segundo o padre, capacita as Igrejas a tomar parte na luta mais ampla pela justiça e a promover a dignidade da vida.

Participaram da celebração, além dos bispos da 57ª Assembleia Geral da CNBB, a pastora Silvia Genz, presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), padre Gregório Teodoro, da Igreja Ortodoxa Antioquena, o pastor luterano Inácio Lemke, presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), a pastora Anita Wright, moderadora da Igreja Presbiterana UnIda (IPU), a pastora da Igreja Presbiterana Unida (IPU), Sônia Mota, secretária executiva da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese) e o pastor Paulo César Pereira, presidente da Aliança Batista do Brasil (ABB).

A presidência da CNBB e o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da CNB, dom Francisco Biasin também participaram. Os bispos que também integram a comissão também estiveram presentes: dom Manoel João Francisco, dom Zanoni Deettiino Castro e o assessor padre Marcus Barbosa Guimarães.

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Bispos emitem 'Mensagem da CNBB ao povo brasileiro'

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08 de mai de 2019

O episcopado brasileiro, reunido em sua 57ª Assembleia Geral, de 1º a 10 de maio, em Aparecida (SP), emitiu na terça-feira, 7, a “Mensagem da CNBB ao povo brasileiro”. No documento, os bispos alertam que a opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres.

O documento chama a atenção para os graves problemas vividos pela população do país, como o crescente desemprego, “outra chaga social, ao ultrapassar o patamar de 13 milhões de brasileiros, somados aos 28 milhões de subutilizados, segundo dados do IBGE, mostra que as medidas tomadas para combatê-lo, até agora, foram ineficazes. Além disto, é necessário preservar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”.

A violência, conforme aponta a mensagem, atinge níveis insuportáveis. “Aos nossos ouvidos de pastores chega o choro das mães que enterram seus filhos jovens assassinados, das famílias que perdem seus entes queridos e de todas as vítimas de um sistema que instrumentaliza e desumaniza as pessoas, dominadas pela indiferença. O feminicídio, o submundo das prisões e a criminalização daqueles que defendem os direitos humanos reclamam vigorosas ações em favor da vida e da dignidade humana”, diz o texto.

Segundo o documento, “o verdadeiro discípulo de Jesus terá sempre no amor, no diálogo e na reconciliação a via eficaz para responder à violência e à falta de segurança, inspirado no mandamento “Não matarás” e não em projetos que flexibilizem a posse e o porte de armas”.

Sobre as necessárias reformas política, tributária e da previdência, os bispos afirmam, na mensagem, que elas só se legitimam se feitas em vista do bem comum e com participação popular de forma a atender, em primeiro lugar, os pobres. “O Brasil que queremos emergirá do comprometimento de todos os brasileiros com os valores que têm o Evangelho como fonte da vida, da justiça e do amor”, afirma o texto.

Veja, abaixo, a mensagem na íntegra:

MENSAGEM DA CNBB AO POVO BRASILEIRO

“Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5)

Suplicando a assistência do Espírito Santo, na comunhão e na unidade, nós, Bispos do Brasil, reunidos na 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, no Santuário Nacional, em Aparecida-SP, de 1 a 10 de maio de 2019, dirigimos nossa mensagem ao povo brasileiro, tomados pela ternura de pastores que amam e cuidam do rebanho. Desejamos que as alegrias pascais, vividas tão intensamente neste tempo, renovem, no coração e na mente de todos, a fé em Jesus Cristo Crucificado-Ressuscitado, razão de nossa esperança e certeza de nossa vitória sobre tudo que nos aflige.

“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20)

Enche-nos de esperançosa alegria constatar o esforço de nossas comunidades e inúmeras pessoas de boa vontade em testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo, comprometidas com a vivência do amor, a prática da justiça e o serviço aos que mais necessitam. São incontáveis os sinais do Reino de Deus entre nós a partir da ação solidária e fraterna, muitas vezes anônima, dos que consomem sua vida na transformação da sociedade e na construção da civilização do amor. Por essa razão, a esperança e a alegria, frutos da ressurreição de Cristo, hão de ser a identidade de todos os cristãos. Afinal, quando deixamos que o Senhor nos tire de nossa comodidade e mude a nossa vida, podemos cumprir o que ordena São Paulo: ‘Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!’ (Fl 4,4) (cf. Papa Francisco, Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, 122).

“No mundo tereis aflições, mas tende coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Longe de nos alienar, a alegria e a esperança pascais abrem nossos olhos para enxergarmos, com o olhar do Ressuscitado, os sinais de morte que ameaçam os filhos e filhas de Deus, especialmente, os mais vulneráveis. Estas situações são um apelo a que não nos conformemos com este mundo, mas o transformemos (cf. Rm 12,2), empenhando nossas forças na superação do que se opõe ao Reino de justiça e de paz inaugurado por Jesus.

A crise ética, política, econômica e cultural tem se aprofundado cada vez mais no Brasil. A opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres, conforme já lembrava o Papa João Paulo II na Conferência de Puebla (1979). Nesse contexto e inspirados na Campanha da Fraternidade deste ano, urge reafirmar a necessidade de políticas públicas que assegurem a participação, a cidadania e o bem comum. Cuidado especial merece a educação, gravemente ameaçada com corte de verbas, retirada de disciplinas necessárias à formação humana e desconsideração da importância das pesquisas.

A corrupção, classificada pelo Papa Francisco como um “câncer social” profundamente radicada em inúmeras estruturas do país, é uma das causas da pobreza e da exclusão social na medida em que desvia recursos que poderiam se destinar ao investimento na educação, na saúde e na assistência social, caminho de superação da atual crise. A eficácia do combate à corrupção passa também por uma mudança de mentalidade que leve a pessoa compreender que seu valor não está no ter, mas no ser e que sua vida se mede não por sua capacidade de consumir, mas de partilhar.

O crescente desemprego, outra chaga social, ao ultrapassar o patamar de 13 milhões de brasileiros, somados aos 28 milhões de subutilizados, segundo dados do IBGE, mostra que as medidas tomadas para combatê-lo, até agora, foram ineficazes. Além disto, é necessário preservar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. O desenvolvimento que se busca tem, no trabalho digno, um caminho seguro desde que se respeite a primazia da pessoa sobre o mercado e do trabalho sobre o capital, como ensina a Doutrina Social da Igreja. Assim, “a dignidade de cada pessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a política econômica, mas às vezes parecem somente apêndices adicionados de fora para completar um discurso político sem perspectivas nem programas de verdadeiro desenvolvimento integral” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 203).

A violência também atinge níveis insuportáveis. Aos nossos ouvidos de pastores chega o choro das mães que enterram seus filhos jovens assassinados, das famílias que perdem seus entes queridos e de todas as vítimas de um sistema que instrumentaliza e desumaniza as pessoas, dominadas pela indiferença. O feminicídio, o submundo das prisões e a criminalização daqueles que defendem os direitos humanos reclamam vigorosas ações em favor da vida e da dignidade humana. O verdadeiro discípulo de Jesus terá sempre no amor, no diálogo e na reconciliação a via eficaz para responder à violência e à falta de segurança, inspirado no mandamento “Não matarás” e não em projetos que flexibilizem a posse e o porte de armas.

Precisamos ser uma nação de irmãos e irmãs, eliminando qualquer tipo de discriminação, preconceito e ódio. Somos responsáveis uns pelos outros. Assim, quando os povos originários não são respeitados em seus direitos e costumes, neles o Cristo é desrespeitado: “Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes mais pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer” (Mt 25,45). É grave a ameaça aos direitos dos povos indígenas assegurados na Constituição de 1988. O poder político e econômico não pode se sobrepor a esses direitos sob o risco de violação da Constituição.

A mercantilização das terras indígenas e quilombolas nasce do desejo desenfreado de quem ambiciona acumular riquezas. Nesse contexto, tanto as atividades mineradoras e madeireiras quanto o agronegócio precisam rever seus conceitos de progresso, crescimento e desenvolvimento. Uma economia que coloca o lucro acima da pessoa, que produz exclusão e desigualdade social, é uma economia que mata, como nos alerta o Papa Francisco (EG 53). São emblemático exemplo disso os crimes ocorridos em Mariana e Brumadinho com o rompimento das barragens de rejeitos de minérios.

As necessárias reformas política, tributária e da previdência só se legitimam se feitas em vista do bem comum e com participação popular de forma a atender, em primeiro lugar, os pobres, “juízes da vida democrática de uma nação” (Exigências éticas da ordem democrática, CNBB – n. 72). Nenhuma reforma será eticamente aceitável se lesar os mais pobres. Daí a importância de se constituírem em autênticas sentinelas do povo as Igrejas, os movimentos sociais, as organizações populares e demais instituições e grupos comprometidos com a defesa dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito. Instâncias que possibilitam o exercício da democracia participativa como os Conselhos paritários devem ser incentivadas e valorizadas e não extintas como estabelece o decreto 9.759/2019.

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça” (Mt 6,33)

O Brasil que queremos emergirá do comprometimento de todos os brasileiros com os valores que têm o Evangelho como fonte da vida, da justiça e do amor. Queremos uma sociedade cujo desenvolvimento promova a democracia, preze conjuntamente a liberdade e a igualdade, respeite as diferenças, incentive a participação dos jovens, valorize os idosos, ame e sirva os pobres e excluídos, acolha os migrantes, promova e defenda a vida em todas as suas formas e expressões, incluído o respeito à natureza, na perspectiva de uma ecologia humana e integral.

As novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que aprovamos nesta 57ª Assembleia da CNBB, e o Sínodo para a Pan-Amazônia, a se realizar em Roma, em outubro deste ano, ajudem no compromisso que todos temos com a construção de uma sociedade desenvolvida, justa e fraterna. Lembramos que “o desenvolvimento tem necessidade de cristãos com os braços levantados para Deus em atitude de oração, cristãos movidos pela consciência de que o amor cheio de verdade – caritas in veritate -, do qual procede o desenvolvimento autêntico, não o produzimos nós, mas nos é dado” (Bento XVI, Caritas in veritate, 79). O caminho é longo e exigente, contudo, não nos esqueçamos de que “Deus nos dá a força de lutar e sofrer por amor do bem comum, porque Ele é o nosso Tudo, a nossa esperança maior” (Bento XVI, Caritas in veritate, 78).

A Virgem Maria, mãe do Ressuscitado, nos alcance a perseverança no caminho do amor, da justiça e da paz.

Aparecida - SP, 7 de maio de 2019.

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A mineração no Brasil e os desafios na atuação da Igreja

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08 de mai de 2019

“A mineração no Brasil e os desafios na atuação da Igreja” foi tema do meeting point que aconteceu na segunda-feira, 6, durante 57ª Assembleia Geraldo dos Bispos do Brasil, que ocorre em Aparecida (SP) até o dia 10 deste mês. Os convidados foram Dom Sebastião Lima Duarte, Bispo de Caxias (MA) e Dom Vicente de Paula Ferreira, Bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG).

Segundo dom Vicente, a voz da Igreja deve ser uma voz profética, que ajude a sociedade a refletir sobre a questão da mineração no país. “A Igreja não faz política partidária, mas a voz da Igreja precisa ser escutada pela nossa sociedade. A voz da Igreja em Brumadinho, por exemplo, é a que o povo mais acredita”, disse.

O auxiliar de Belo Horizonte acredita, porém, que no Estado de Minas Gerais essa reflexão tem que ser feita imediatamente. “Se não dermos um basta, o que vai ser de Minas? São situações de uma calamidade, de um cenário desolador. Que tipo de mineração e onde ela pode ser autorizada? Tem coisa mais importante que minério. Matar gente não vale, destruir rios não vale, matar pessoas não vale”, afirmou.

Sobre os desafios da Igreja nesta realidade, dom Vicente disse que em Brumadinho, que há mais de cem dias foi devastada pela lama da Vale, a Igreja tem sido essa presença acolhedora. “Nós somos, hoje, nessa região de Brumadinho, uma referência. A Igreja tem credibilidade numa crise política e social. As pessoas confiam na gente. Testemunhando o Evangelho, desapegados de qualquer pretensão, de donos da verdade, mas abraçado àqueles que estão sofrendo”, disse.

O bispo de Caxias (MA) e presidente do Grupo de Trabalho da Mineração, dom Sebastião Lima Duarte, explicou sobre a realização dos trabalhos. “Nosso objetivo é conhecer melhor a realidade e os impactos da mineração no Brasil. Neste sentido, o grupo traçou um conjunto de ações. Uma delas é dar continuidade ao levantamento das áreas, no Brasil, impactadas por projetos de mineração, bem como identificar quais são os grupos e organizações que atuam nesta pauta”.

Leia mais em http://www.osaopaulo.org.br/noticias/brumadinho-temos-que-cobrar-justica-e-a-responsabilizacao-dos-agentes-desta-catastrofe

Por padre Andrey Nicioli/CNBB

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