INTERNACIONAL

MISSIONÁRIOS DE PEMBA

Em Moçambique, a vivência de um caminho de fraternidade

Por Daniel Gomes
16 de outubro de 2019

Formada por consagrados, sacerdotes e leigos, a Fraternidade surgiu em 2001, na periferia da zona Sul de São Paulo, com o propósito de resgatar jovens entregues às drogas

Desde que ingressou na Fraternidade O Caminho, há 16 anos, Frei Boaventura dos Pobres de Jesus Cristo, PJC, cultivou “um grande ardor de poder sair em missão” no Brasil ou no exterior.


Após vivenciar diferentes realidades missionárias nos Estados do Pará, Maranhão, Bahia, Pernambuco, Paraná, São Paulo, Piauí e Rio de Janeiro, e também no Paraguai, Bolívia, Chile e Argentina, o Frei está, há 16 meses, na Diocese de Pemba, em Moçambique. Sua ida aconteceu após um convite do Regional Sul 1 para que a Fraternidade O Caminho ficasse responsável por um dos projetos da Missão África-Pemba, mantida pelas dioceses do Regional em resposta a um apelo de Dom Luís Fernando Lisboa, Bispo de Pemba.


Formada por consagrados, sacerdotes e leigos, a Fraternidade surgiu em 2001, na periferia da zona Sul de São Paulo, com o propósito de resgatar jovens entregues às drogas. “Sempre foi um sonho da Fraternidade poder servir em terras distantes e dialogar com culturas diferentes. E, também, como missionário, era o meu grande sonho”, contou, ao O SÃO PAULO, o Frade paulistano de 35 anos de idade. 

De coração aberto e sempre confiante na providência divina 


Em Moçambique, a Fraternidade O Caminho tem sua base de missão na aldeia de Nangade, distante 400km de Pemba. Frei Boaventura e a Irmã Hadasse coordenam as atividades, que incluem a responsabilidade por uma paróquia com 63 comunidades e a manutenção de uma escola de educação infantil para crianças de 4 a 5 anos e de um centro de nutrição, criados por causa dos altos índices de analfabetismo e de desnutrição infantil. Esses ambientes foram inaugurados pelo Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, em 16 de agosto, durante a visita missionária pastoral que realizou a Pemba. 


“Os desafios foram diversos no início da missão, uma vez que estávamos indo para um lugar onde seríamos os primeiros a morar como missionários, além de ser uma zona de risco, devido aos muitos ataques que enfrentamos nesta região. Não dispúnhamos de nenhuma estrutura. Iniciamos do zero”, contou o Frade. Ele assegurou que os missionários sempre mantiveram plena confiança na Providência Divina e no “grande amor que temos pelos pobres e pelo Reino de Deus”. 

Realidade social e religiosa


As orações, a Liturgia das Horas, a realização dos serviços domésticos e os momentos de convivência em comunidade são parte das atividades diárias dos dois frades e das quatro irmãs da Fraternidade O Caminho em Moçambique.


“Não existe uma rotina, pois estamos vivendo em uma missão na África, em uma aldeia. A cada momento, somos surpreendidos com uma situação diferente”, relatou o Frade. “Encontramos o rosto de Cristo em um povo que sofre a pobreza, a precariedade na saúde, no estudo, sem contar os grandes desafios sociais que tudo isso permite à população”, comentou.

Um povo feliz e que deseja assumir a fé 


Em Nangade, como assegurou Frei Boaventura, os missionários não têm encontrado resistências aos trabalhos que realizam, “mas no restante do continente, é de conhecimento de muitos que existem muitas realidades resistentes, como a perseguição religiosa”. O Frade afirmou que em Moçambique “existe um povo sedento de Deus e que deseja assumir a fé. Porém, há poucos recursos, o que nos impede de avançar. A messe é grande, mas os operários são poucos”.


As adversidades, porém, não desmotivam os missionários. “Não há como estar aqui e viver junto com o povo e não amar e querer doar a sua vida por aqueles que o Senhor nos confia”, comentou o Frade.


No dia que regressar ao Brasil, ele está certo que voltará “com um coração grato a Deus por tudo o que Ele me possibilitou viver e aprender de um povo feliz, as mais belas riquezas humanas”, entre as quais, “que não precisamos de coisas para ter a felicidade, mas é necessário somente ter um ao outro e desfrutar das possibilidades que temos”. 
 

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