Uma receita de empatia

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01 de mai de 2020

O fluxo acrescido de moradores de rua em busca de refeição no restaurante “Duas Terezas”, localizado no número 514, da Alameda Lorena, no Jardim Paulista, zona Oeste da capital, com o início da quarentena na cidade de São Paulo, há pouco mais de um mês, chamou a atenção da proprietária e chef de cozinha Mariana Pelozio.

A primeira atitude tomada por ela foi estabelecer que todos os que fossem ao seu restaurante pedir por comida recebessem alimentação. Contudo, ela sentia o desejo de contribuir de outras maneiras.

Paroquiana do Santuário São Judas Tadeu, na Região Episcopal Ipiranga, juntamente com o marido, Diego Ciarrocchi, Mariana tem tido contato com a população de rua desde que conheceu o Arsenal da Esperança.

Em 2014, ao participar do curso de expressão viva, da Oficina Viva Produção, da cantora Ziza Fernandes, ela fez parte do elenco do musical “Caminhos da Esperança”, que contou a história da entidade.

A chef de cozinha soube, por seu esposo, que a sede do Arsenal da Esperança, no bairro da Mooca, desde o dia 23 de março se tornou o local onde mil moradores de rua permanecem em quarentena ininterruptamente, como forma de protegê-los dos riscos de contágio pelo novo coronavírus.

“O Arsenal da Esperança está fazendo algo inimaginável, um milagre. Se nós pensarmos em um café da manhã, falamos de mil pães e mil copos de café com leite, mas isso cresce e, em uma conta rápida, por refeição, são gastos 280kg de arroz, fora o jantar”, comentou em entrevista ao O SÃO PAULO.

INGREDIENTES

Mariana sabia que não conseguiria fazer uma doação suficientemente capaz de atender as necessidades atuais: “Eu tinha que fazer com que outras pessoas também ajudassem  [o Arsenal da Esperança]. Precisava de um mutirão, mas como fazer um na quarentena? Foi quando eu pensei em juntar as pessoas na internet”, contou.

Inspirada nas lives de outros profissionais da Gastronomia e áreas diversas, ela decidiu utilizar sua influência nas redes sociais e ministrar uma aula de culinária on-line, em que os futuros alunos pagam o quanto podem pelo ingresso e todo valor angariado será destinado ao centro de acolhida.

A oficina gastronômica “Cozinha e Solidariedade” acontecerá no sábado, 2, às 20h, e não ficará disponível posteriormente: “A ideia é cozinhar com o que as pessoas têm em casa, para que possam fazer comigo”, explicou a chef, completando que o propósito da aula, além, das doações, é ensinar como utilizar os alimentos em sua totalidade.

Ela adiantou, ainda, que o prato principal da live terá panqueca de berinjela e arroz temperado com o talo do legume para que nada seja desperdiçado.

Os interessados devem acessar o site do restaurante “Duas Terezas” e preencher um formulário. Os organizadores farão o contato com a confirmação da inscrição e informando os ingredientes que serão usados no preparo das receitas. O pagamento deve ser feito pelo aplicativo Ame Digital (disponível para Androide e IOS). Com o aplicativo instalado, basta escanear o QR code e pagar no débito ou crédito o valor desejado.

QUEM DIVIDE MUTIPLICA

“Eu sei que nenhum valor será suficiente para bancar o Arsenal, são mil pessoas, precisa de muito dinheiro. O que eu espero conseguir é que mais pessoas se sensibilizem, saibam que o Arsenal existe, que tem mil pessoas que estariam nas ruas, sendo contaminadas e contaminando, mil pessoas que não teriam o que comer e que estão sendo alimentados e têm um teto para dormir”, manifestou Mariana.

Com a aula, ela deseja que mais pessoas se perguntem: ‘eu estou em casa de quarentena e quem não tem casa, onde dorme essa noite?’ E que com este questionamento transformem o pensamento de suas prioridades: “Se cada um faz um pouco, nós conseguiríamos mudar tudo. Esse é o pouco que eu posso fazer”.

A cantora Ziza Fernandes, diretora-geral da Oficina Viva Produções, apoiadora do projeto e que apresentou o Arsenal da Esperança a chef de cozinha, afirmou: “como um corpo docente, nunca teremos noção sobre o impacto do que nós fazemos se amplifica dentro das pessoas. É um privilégio ver como a Mariana multiplica em amor, em atos concretos, em compromisso com a humanidade em um momento tão delicado, em que precisamos cada vez mais entender que nossa missão é sermos pontes uns para os outros”.

O ARSENAL DA ESPERANÇA

Transformar a casa de acolhida em um espaço de quarentena, significou um grande desafio institucional, de acordo com Padre Simone Bernardi, atual administrador do Arsenal. Atualmente, são oferecidas 3 mil refeições diárias. Acrescenta-se a isso o crescimento com os gastos de água, luz e outros insumos.

“O Arsenal tentou responder desta forma a população de rua que é muito grande. A nossa parte foi tentar preservar uma parcela de mil pessoas e até agora parece que esse esforço serviu, pois não tivemos casos graves de adoecidos. Eu considero isso um pequeno milagre, pois são pessoas com a saúde muitas vezes precária e uma história de vida difícil, com dependências. O fato de termos oferecido essa quarentena protegeu essas pessoas até agora e espero que continue assim”, celebrou Padre Simone.

O responsável define que a inciativa da chef de cozinha beneficiará a entidade de duas formas: a primeira, concretamente, por meio dos valores que irão custear parte das despesas. A segunda, com a inspiração de novos gestos de fraternidade: “Isso mostra que a solidariedade é possível em qualquer circunstância, isto é um grande sinal!”

Segundo o sacerdote, a população de rua sempre esteve, de certa forma, isolada socialmente e, por isso é louvável a atitude da chef de cozinha, “que poderia estar pensando apenas nos problemas que vem enfrentando, pois é evidente de que quem tem uma atividade está sofrendo também, mas está pensando nos outros mais desfavorecidos. Por meio da comida que ela ensina, está fazendo com que pessoas que não teriam comida também possam se alimentar. Em tempos tão difíceis, isso um sinal de bondade muito grande”, concluiu.

Acompanhe o trabalho do Arsenal da Esperança

 

 

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‘Nós estamos aqui por vocês, lutem por nós’

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22 de abril de 2020

Irmã Rosane Ghedin, Diretora Presidente da Rede de Saúde e Cultura Santa Marcelina, falou ao O SÃO PAULO sobre a Campanha “ComVida-20 Santa Marcelina – ‘Nós estamos aqui por vocês, lutem por nós’”, que busca arrecadar R$ 20 milhões para ampliar o número de leitos destinados à assistência prestada aos pacientes identificados como suspeitos ou portadores da COVID-19.

São diferentes ações focadas na prospecção de doadores e parcerias para apoiar a instituição na abertura dos novos leitos e estruturação de um hospital campanha para os cuidados recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde diante das vítimas da atual pandemia.

No Hospital faltam subsídios para ofertar atendimento. Assim, os recursos captados servirão para ampliar os leitos de UTI, bem como continuar o atendimento aos pacientes em tratamento. A Irmã Rosane Ghedin fala mais sobre o assunto nesta entrevista

O SÃO PAULO - Como o Hospital tem se preparado para a COVID-19?

Irmã Rosane Ghedin - O Hospital está reorganizando os leitos de UTI e retaguarda das enfermarias. A Instituição busca aumentar 50 leitos de unidades de terapia intensiva e 80 leitos de enfermarias por meio da campanha “Com Vida 20” e parcerias para viabilizar a implantação e custeio.

E em relação ao fluxo de pacientes com a COVID-19?

Diante da fácil transmissão da COVID-19, destinamos um prédio totalmente isolado para a triagem geral e acolhimento dos casos respiratórios, com toda a estrutura exclusiva para o combate do vírus. Foram reorganizadas as filas cirúrgicas priorizando os procedimentos oncológicos, porém com diminuição das cirurgias eletivas para destinar os leitos para o atendimento do novo coronavírus. Bem como a reformulação das escalas médicas e de enfermagem para o atendimento seguro dos pacientes e colaboradores.

O Hospital Santa Marcelina está custeando testes de COVID-19 para os pacientes. Quais são os critérios? Qualquer pessoa pode ter acesso a este serviço?

Os testes são realizados em pacientes internados, seguindo os protocolos institucionais e diretrizes do Ministério da Saúde. Os mesmos são realizados em laboratórios de apoio e custeados pela Instituição e com tempo de resposta de aproximadamente três dias. Com relação ao acesso, o Hospital Santa Marcelina de Itaquera é o maior hospital da região leste de São Paulo e referência em alta complexidade.

Qual o diferencial do Hospital por se tratar de uma instituição com inspiração católica?

O diferencial do Santa Marcelina é a união da técnica com a fé. Buscamos colocar em um plano transcendente todos os colaboradores, prestadores de serviço, pacientes e acompanhantes e pedir para que Deus cuide e guarde cada um que ali está em tratamento ou trabalho. Colocamos tudo em um plano de fé e nas mãos de Deus. Não há diferencial técnico, o Hospital segue com a mesma terapêutica das demais unidades de saúde.

No local, há missas diárias para os médicos e profissionais da saúde. Poderia falar mais sobre esta iniciativa?

O Hospital sempre promoveu e proporcionou todos os dias assistência espiritual aos pacientes, acompanhantes e colaboradores. Neste momento de pandemia, mais do que nunca, vimos a necessidade de continuar proporcionando isso, pois percebemos que as pessoas buscam mais a fé e a aproximação com Deus. No entanto, reformulamos a maneira de realizar as missas durante esse período atípico. As celebrações passaram a ser realizadas com transmissão pelos meios de comunicação interna do hospital para evitar a aglomerações.

‘QUE O MEDO SEJA SUBSTITUÍDO PELA FORÇA DE DEUS’

Irmã Luceni das Mercês, da Congregação de Santa Marcelina, afirma que como religiosa está enfrentando a pandemia “com serenidade, fé e esperança”.

“Peço a Deus sua sabedoria para orientar todos. Estou em constante oração pelos pacientes infectados, para que sintam a presença e a força de Deus, neste momento em que estão privados de estar com o que é precioso, a família”, disse a Irmã. 

 Ela está junto aos profissionais do Hospital, orientando-os para o correto dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e os demais cuidados necessários para evitar a contaminação.

“Rezo junto a eles para que o medo seja substituído pela força de Deus, para continuarmos cuidando das pessoas que precisam de nós”, continuou a Religiosa. “Que possamos aprender – diante de tudo isso – a importância da família e das pessoas para nossas vidas”, afirmou Irmã Luceni.

MAIOR HOSPITAL DA ZONA LESTE DE SÃO PAULO

O Santa Marcelina, maior serviço de saúde da zona Leste de São Paulo, é um dos quatro hospitais de grande porte da cidade. Filantrópico, mantém 85% de seu atendimento dedicado ao SUS.

Possui mais de 700 leitos para atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS), particular e convênios, sendo 111 voltados à terapia intensiva. Atualmente, tem um quadro funcional com mais de 4,5 mil profissionais, com aproximadamente 900 médicos. Diariamente passam pelo complexo, entre funcionários, pacientes e prestadores de serviços, cerca de 10 mil pessoas.

Realiza prestação de Assistência médico hospitalar em regime de emergência e internação nas áreas de Clínica Médica, Clínica Pediátrica, Clinica Cirúrgica (Ortopedia, Buco Maxilo-Facial, Plástica, Oftalmologia Transplante de Órgãos e de Medula Óssea dentre outros) Clínica Ginecológica e Obstétrica, Unidade de Terapia Intensiva (Adulto, Infantil, Neonatal e Semi Intensiva).

A instituição, desenvolve ainda Programas de Ensino que contempla diversas modalidades de aprendizagem e aprimoramento técnico em Saúde: Internato Médico, Residência Médica e Especialização e ainda conta com um Serviço de Emergência preparado para receber casos graves e referenciados.

Atualmente, o Hospital Santa Marcelina é classificado como um serviço de Referência Quartenária, apto a realizar atendimentos de alta complexidade em diversas áreas da medicina.

Como ajudar:

Pessoa Física

- Doação em dinheiro (qualquer quantia)

- Trabalho Voluntário

- Doação de Sangue

Pessoa Jurídica

- Doação em dinheiro (qualquer quantia)

- Doação de Materiais (gerais) e insumos hospitalares

- Força de Trabalho

- Alimentos

Dados Bancários:

Banco do Brasil
Agência: 1911-9

Conta Corrente: 8560-x
CNPJ.: 60742.616/001-60

Banco Itaú
Agência: 1732|Conta Corrente: 13350-7
CNPJ: 60.742.616/0001-60

Banco Santander

Agência: 3809

Conta Corrente: 13000370-2

CNPJ: 60742.616/001-60

Central de Atendimento: 11 5555-7050

SERVIÇO

Hospital Santa Marcelina Itaquera

Local: Rua Santa Marcelina, 177, Itaquera

Informações: www.santamarcelina.org ou (11) 2070-6000

 

 

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A Igreja está a serviço dos pobres

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20 de abril de 2020

Uma idosa de 90 anos caminhava ao lado de inúmeras pessoas que seguiam pela extensa fila formada no Largo São Francisco, no centro de São Paulo. A cada novo passo, a mulher de idade se via mais próxima de um recurso distante de sua realidade havia quase sete dias. Quando chegou, ela recebeu das mãos de um frade franciscano o que buscava e, olhando em seus olhos, disse: “Eu quero louvar e agradecer a Deus, pois faz quase uma semana que não me alimento com comida”.

O agradecimento da idosa foi lembrado pelo Frei José Francisco dos Santos, da Ordem dos Frades Menores e diretor presidente do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), em entrevista ao O SÃO PAULO.

A organização administrada pela ordem franciscana, que há mais de 20 anos tem seu trabalho voltado à população em situação de rua, por meio do “Chá do Padre”, viu na escassez de recursos em tempos de COVID-19 a necessidade de ampliar seu atendimento aos mais vulneráveis.

EM PRAÇA PÚBLICA

No fim de março, para evitarem aglomeração na sede da entidade, localizada na Rua Riachuelo, no centro, os religiosos propuseram a montagem de uma tenda no Largo São Francisco, para a distribuição de refeições diárias.

Na linha de frente, atuam dez frades e sete religiosas das congregações das Irmãs Franciscanas da Terceira Ordem Seráfica, Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus e Irmãs Catequistas Franciscanas, além de inúmeros voluntários.

Imaginava-se, a princípio, uma média de 700 atendimentos por dia, contudo, somente no Domingo de Páscoa, 12, compareceram mais de 4,2 mil pessoas à tenda de atendimento.

Uma explicação provável para o rápido crescimento, na opinião do Frei José Francisco, é que a vulnerabilidade social já não atinge somente a população de rua: “Nós temos um grande número de pessoas vindas dos prédios ocupados, de trabalhadores informais. São os famintos da cidade, os primeiros atingidos pela crise da pandemia”.

Diante da inevitável aglomeração causada pelo fluxo de pessoas que frequentam a tenda, os frades, as religiosas e os voluntários tiveram que se adaptar ao uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e intensificar os cuidados com a higiene.

“Neste momento, fazemos a experiência de uma Igreja em saída, que não está reclusa, embora saibamos do risco. Assim como os governantes estão montando hospitais para atender à saúde do povo, nós, como uma pequena porção da Igreja, estamos também nos colocando em praça pública como instrumentos da solidariedade. Nas mãos de Deus não fazemos a nossa vontade, mas a Dele, nessa relação de cuidado com os que mais precisam”, manifestou o Frade.

SOLIDARIEDADE PLURAL

Outro desafio citado por ele foi o de manter a sustentabilidade institucional diante da nova demanda, o que tem sido possível graças ao apoio de muitas pessoas que enviam mantimentos e refeições prontas para distribuição. Das 3,5 mil refeições oferecidas diariamente, 3 mil chegam por meio de grupos que atuavam na região antes da pandemia.

Além da tenda, o serviço de solidariedade continua a acontecer na sede do “Chá do Padre” e em mais um espaço erguido em parceria com as secretarias municipais de Direitos Humanos e de Assistência Social, na Baixada do Glicério. Para as famílias carentes que não vivem em situação de rua, está sendo feito um cadastro para a distribuição de cestas básicas. Até o momento, já foram entregues 3,5 mil kits com mantimentos.

‘QUE EU LEVE A ESPERANÇA’

A ordem franciscana tem como princípio a atenção para com os mais pobres: “São Francisco vai dizer que estar entre os mais necessitados é fazer com que eles nos evangelizem e nos desafiem a um despojamento pessoal, fazendo-nos perceber que todos estamos sujeitos à fragilidade”, ressaltou o Frade.

Frei José refletiu, ainda, que o fato de o espaço ter se transformado em uma rede de solidariedade é motivo de grande emoção e revela a ação do Espírito Santo, que age em prol dos que precisam, por meio dos que se colocam a serviço da paz, da necessidade emergencial e da vontade de Deus. Ele fez memória, ainda, do que disse o Papa Francisco na Exortação Evangelii gaudium, sobre a necessidade de se edificar uma igreja aberta e a serviço dos pobres, atuando, assim, como “um hospital de campanha para, dessa forma, ajudar, defender e cuidar, mas que não veio para se estabelecer, pois o que deve ser estabelecido é o Reino de Deus, o Evangelho e Jesus”.

O Frade manifestou, também, seu agradecimento às muitas comunidades e pessoas que se solidarizam com o serviço à população de rua, com doações ou orações, sobretudo os padres e bispos que têm demonstrado especial atenção ao atendimento oferecido neste momento.

ESCLARECIMENTO

O Frei José Francisco dos Santos desmentiu as informações de que frades que atuam na linha de frente do serviço à população em situação de rua teriam contraído o novo coronavírus. Ele assegurou que nenhum dos religiosos ou voluntários envolvidos apresentou qualquer sintoma da doença até então, mas explicou que dois frades que residem no Convento São Francisco tiveram diagnóstico confirmado. Outro também desenvolveu os sintomas, mas não foi submetido ao teste e continua em isolamento social.

Leia a nota de esclarecimento do Serviço Franciscano de Solidariedade.

 

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A verdadeira fraternidade nasce no encontro com Cristo

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21 de fevereiro de 2020

No Brasil, a Quaresma é marcada pela realização da Campanha da Fraternidade, que convida os católicos a prestar uma maior atenção à solidariedade, ao próximo e à transformação da sociedade, no âmbito do espírito de conversão e mudança de vida próprio desse tempo litúrgico da Igreja. 
Para uma vivência autenticamente cristã da fraternidade, é necessário compreender esse termo a partir do mandamento divino do amor ao próximo. Nesse sentido, também deve ser entendido o espírito cristão da caridade e da solidariedade.
Outro aspecto a ser considerado é o da filiação divina, uma vez que a fraternidade é um termo derivado da palavra latina frater, que significa “irmão”. É Jesus que ensina todos a chamarem Deus de Pai e afirma: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). 

‘ONDE ESTÁ O TEU IRMÃO?’
O compromisso para com o irmão aparece já no início da Sagrada Escritura, no episódio do assassinato de Abel por Caim. A pergunta feita por Deus a Caim –  “Onde está o teu irmão?” (Gn 4,9) – confirma essa corresponsabilidade pelo bem do próximo. 
O amor ao próximo tem como fundamento o amor ao próprio Deus. “Pela caridade, amamos a Deus sobre todas as coisas e a nosso próximo como a nós mesmos por amor a Deus. Ela é o ‘vínculo da perfeição’ (Cl 3,14) e a forma de todas as virtudes”, ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC 1844). A doutrina cristã também ensina que o Decálogo deve ser interpretado à luz desse duplo e único mandamento da caridade, plenitude da lei.
“Jesus fez da caridade o novo mandamento. Amando os seus ‘até o fim’ (Jo 13,1), manifesta o amor do Pai que Ele recebe. Amando-se uns aos outros, os discípulos imitam o amor de Jesus que eles também recebem”, ressalta o Catecismo (CIC 1823).

UNIDADE DO AMOR
Outro aspecto que ilumina a vivência da fraternidade cristã é a compreensão de que todas as pessoas são chamadas ao mesmo fim: o próprio Deus. “Existe certa semelhança entre a unidade das pessoas divinas e a fraternidade que os homens devem estabelecer entre si, na verdade e no amor. O amor ao próximo é inseparável do amor a Deus” (CIC 1878).
O Papa Francisco confirmou isso quando salientou que as duas dimensões do amor, para com Deus e para com o próximo, em sua unidade, caracterizam o discípulo de Cristo. “Amar a Deus quer dizer investir nossas energias todos os dias para ser seus colaboradores no serviço ao próximo sem reservas, no buscar perdoar sem limites e no cultivar relações de comunhão e de fraternidade”, exortou o Pontífice, durante a oração do Angelus em 4 de novembro de 2018.   

CARIDADE 
O Catecismo reforça, ainda, que o princípio da solidariedade, enunciado sob o nome de “caridade social”, é uma exigência direta da fraternidade humana e cristã. “Um erro, ‘hoje amplamente difundido, é o esquecimento desta lei da solidariedade humana e da caridade, ditada e imposta tanto pela comunidade de origem e pela igualdade da natureza racional em todos os homens, seja qual for o povo à qual pertençam, como também pelo sacrifício redentor oferecido por Jesus Cristo no altar da cruz a seu Pai celeste, em prol da humanidade pecadora’” (CIC 1939). 
Desse modo, a fraternidade cristã não se resume à “simpatia” que se tem pelas pessoas do mesmo grupo, mas extrapola esse parâmetro e abrange especialmente os mais necessitados. 
“O amor do próximo, radicado no amor de Deus, é um dever antes de mais nada para cada um dos fiéis, mas o é também para a comunidade eclesial inteira”, afirma o Papa Emérito Bento XVI na Encíclica Deus Caritas Est (2005). 
“A Igreja é a família de Deus no mundo. Nesta família, não deve haver ninguém que sofra por falta do necessário. Ao mesmo tempo, porém, a caritas-ágape estende-se para além das fronteiras da Igreja; a parábola do bom samaritano permanece como critério de medida, impondo a universalidade do amor que se inclina para o necessitado encontrado ‘por acaso’ (cf. Lc 10,31), seja ele quem for”, acrescenta Bento XVI. 

COMUNHÃO 
Outro princípio que ilumina a compressão da fraternidade é a comunhão, destacada na experiência dos primeiros cristãos. “Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um” (At 2, 44-45).
Contudo, nesse mesmo capítulo, o livro dos Atos dos Apóstolos explica onde estava alicerçada essa vida fraterna: “Perseverantes e bem unidos, frequentavam diariamente o templo, partiam o pão pelas casas e tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração” (At 2,46). 

ENCONTRO COM CRISTO
Ao longo da História, foram muitos os homens e mulheres que compreenderam o princípio cristão da fraternidade e serviram aos irmãos a partir de um verdadeiro encontro pessoal com Cristo. 
Um dos célebres exemplos é o de São Francisco de Assis, cuja biografia conta que, em 1026, quando estava passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, que, pelo aspecto físico, sempre lhe causava repugnância. De repente, Francisco decidiu parar e colocar algumas moedas nas mãos do leproso e lhe deu um beijo, movido pelas palavras de Jesus: “Tudo o que fizerdes ao menor de meus irmãos, é a mim que o fazeis” (Mt 10,42).
O amor e a doação de São Francisco aos mais pobres partia de uma experiência profunda com Deus, que lhe permitia enxergar o próprio Cristo em cada pessoa, sobretudo os mais pobres. 

VER O SENHOR
Experiência semelhante de encontro com Deus por meio do próximo foi vivida por Santa Teresa de Calcutá, quando, em 1946, durante uma viagem de trem, se deparou com um irmão pobre de rua que lhe disse: “Tenho sede!”. 
A Santa contou que ouviu do fundo de seu coração o próprio Cristo que a chamava. 
“Eu vejo Jesus em cada ser humano. Eu digo para mim mesma: este é Jesus com fome, eu tenho que alimentá-lo. Este é Jesus doente. Este tem lepra ou gangrena; eu tenho que lavá-lo e cuidar dele. Eu sirvo porque eu amo Jesus”, afirmou a Santa.

DOAÇÃO 
Outro exemplo contemporâneo de amor ao próximo é o do Bem-Aventurado Pier Giorgio Frassati, jovem estudante italiano que nasceu em 1901. Aos 17 anos, ingressou na Sociedade São Vicente de Paulo (Vicentinos) e dedicou a maior parte do seu tempo livre ao serviço dos doentes e necessitados e à difusão da Doutrina Social da Igreja entre estudantes e trabalhadores. 
Em sua biografia, relata-se que sua caridade consistia em uma entrega de si mesmo, sustentada diariamente pela Eucaristia, com frequentes adorações noturnas, a meditação do hino à caridade, de São Paulo, e as palavras de Santa Catarina de Sena. “Jesus me visita a cada manhã na Comunhão e eu lhe respondo da pobre maneira que posso fazê-lo: visitando os pobres”, dizia Frassati.  
Em 1923, ele afirmou a um grupo de estudantes: “Sintamos em nós a íntegra força do nosso amor cristão que nos torna irmãos para além dos confins de todas as nações”.

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Em Moçambique, a vivência de um caminho de fraternidade

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16 de outubro de 2019

Desde que ingressou na Fraternidade O Caminho, há 16 anos, Frei Boaventura dos Pobres de Jesus Cristo, PJC, cultivou “um grande ardor de poder sair em missão” no Brasil ou no exterior.


Após vivenciar diferentes realidades missionárias nos Estados do Pará, Maranhão, Bahia, Pernambuco, Paraná, São Paulo, Piauí e Rio de Janeiro, e também no Paraguai, Bolívia, Chile e Argentina, o Frei está, há 16 meses, na Diocese de Pemba, em Moçambique. Sua ida aconteceu após um convite do Regional Sul 1 para que a Fraternidade O Caminho ficasse responsável por um dos projetos da Missão África-Pemba, mantida pelas dioceses do Regional em resposta a um apelo de Dom Luís Fernando Lisboa, Bispo de Pemba.


Formada por consagrados, sacerdotes e leigos, a Fraternidade surgiu em 2001, na periferia da zona Sul de São Paulo, com o propósito de resgatar jovens entregues às drogas. “Sempre foi um sonho da Fraternidade poder servir em terras distantes e dialogar com culturas diferentes. E, também, como missionário, era o meu grande sonho”, contou, ao O SÃO PAULO, o Frade paulistano de 35 anos de idade. 

De coração aberto e sempre confiante na providência divina 


Em Moçambique, a Fraternidade O Caminho tem sua base de missão na aldeia de Nangade, distante 400km de Pemba. Frei Boaventura e a Irmã Hadasse coordenam as atividades, que incluem a responsabilidade por uma paróquia com 63 comunidades e a manutenção de uma escola de educação infantil para crianças de 4 a 5 anos e de um centro de nutrição, criados por causa dos altos índices de analfabetismo e de desnutrição infantil. Esses ambientes foram inaugurados pelo Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, em 16 de agosto, durante a visita missionária pastoral que realizou a Pemba. 


“Os desafios foram diversos no início da missão, uma vez que estávamos indo para um lugar onde seríamos os primeiros a morar como missionários, além de ser uma zona de risco, devido aos muitos ataques que enfrentamos nesta região. Não dispúnhamos de nenhuma estrutura. Iniciamos do zero”, contou o Frade. Ele assegurou que os missionários sempre mantiveram plena confiança na Providência Divina e no “grande amor que temos pelos pobres e pelo Reino de Deus”. 

Realidade social e religiosa


As orações, a Liturgia das Horas, a realização dos serviços domésticos e os momentos de convivência em comunidade são parte das atividades diárias dos dois frades e das quatro irmãs da Fraternidade O Caminho em Moçambique.


“Não existe uma rotina, pois estamos vivendo em uma missão na África, em uma aldeia. A cada momento, somos surpreendidos com uma situação diferente”, relatou o Frade. “Encontramos o rosto de Cristo em um povo que sofre a pobreza, a precariedade na saúde, no estudo, sem contar os grandes desafios sociais que tudo isso permite à população”, comentou.

Um povo feliz e que deseja assumir a fé 


Em Nangade, como assegurou Frei Boaventura, os missionários não têm encontrado resistências aos trabalhos que realizam, “mas no restante do continente, é de conhecimento de muitos que existem muitas realidades resistentes, como a perseguição religiosa”. O Frade afirmou que em Moçambique “existe um povo sedento de Deus e que deseja assumir a fé. Porém, há poucos recursos, o que nos impede de avançar. A messe é grande, mas os operários são poucos”.


As adversidades, porém, não desmotivam os missionários. “Não há como estar aqui e viver junto com o povo e não amar e querer doar a sua vida por aqueles que o Senhor nos confia”, comentou o Frade.


No dia que regressar ao Brasil, ele está certo que voltará “com um coração grato a Deus por tudo o que Ele me possibilitou viver e aprender de um povo feliz, as mais belas riquezas humanas”, entre as quais, “que não precisamos de coisas para ter a felicidade, mas é necessário somente ter um ao outro e desfrutar das possibilidades que temos”. 
 

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A inclusão é um ato de amor e de fraternidade com o que é diferente

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12 de junho de 2019

O dicionário Aurélio traz para a palavra inclusão diferentes significados. Um deles exprime o próprio verbo incluir, transformando a palavra em uma ação efetiva de envolvimento e aproximação. Mais do que buscar no volumoso livro de significados um sentido para este termo, o que de fato é essencial sobre o assunto é utilizar-se do verbo, agindo para a envoltura de relações com quem nasceu especialmente incomum.

UMA CONTRUÇÃO A VÁRIAS MÃOS

Foi a partir do projeto de mestrado da pesquisadora Elaine Seiffert, sob orientação do professor Doutor Douglas Paulesky Juliani, que nasceu o portal educaçãoinclusiva.org. em Florianópolis (SC). A plataforma on-line prevê agrupar diferentes práticas educacionais inclusivas.

Após a concepção do site, foram convidados outros membros para compor o projeto, que ainda precisou de um ano para a finalização de seu desenvolvimento. Atualmente, o projeto passa pela fase de coleta de experiências educacionais inclusivas, quando educadores que atuam nesta abordagem podem acessar a plataforma e relatar os trabalhos desenvolvidos, explorando a metodologia, quantidade de alunos que participaram, a temática e conteúdo da aula e materiais utilizados.

“O projeto nasceu de uma dissertação de mestrado, mas depois nós temos um trabalho orgânico, muitas pessoas têm se colocado como voluntários, pessoas de fora de Florianópolis. É muito gratificante ver o projeto se tornar um movimento da sociedade”, reiterou Douglas.

DIFICULDADES EM AVANÇAR COM O TEMA

O professor falou à reportagem, que mesmo que existam avanços quanto a educação inclusiva, e que uma legislação garanta esse direito, os profissionais ainda apresentam uma certa dificuldade: “É uma temática recente, até certo ponto, um tanto quanto polêmica e, culturalmente, a nossa sociedade tem um certo desconhecimento em lidar com as singularidades presentes nos espaços formativos”, continuo.

Para ele, a manutenção desta plataforma é também motivada para construir uma mudança cultural na sociedade, quanto ao preconceito, até mesmo dos próprios pais que têm filhos com necessidades especiais e, que por isso, acreditam que estas crianças não possuem condições de frequentar diferentes espaços, fomentando cada vez mais o estímulo da diferença: “Abrindo cada vez mais os nossos espaços à diversidade, a questão da empatia, em todos esses aspectos para de fato incluir os nossos estudantes”, falou.

Por fim, o professor fez um convite a todos os educadores que trabalham com educação inclusiva para disponibilizarem no site do projeto suas experiências, para que desta forma, uma grande rede de compartilhamento seja desenvolvida.

ACOLHIMENTO EM DIVERSOS IDIOMAS

A rede CNA de ensino de idiomas iniciou um trabalho de inclusão, quando em 2008, elaborou um material didático em Braile, lançado pela editora CNA. No decorrer desses nove anos, outras demandas surgiram e, por isso, no fim do mês de maio aconteceu o lançamento do primeiro volume da série “Entender para incluir”, que apresenta um material formativo sobre déficit de atenção e imperatividade, dislexia, autismo e Síndrome de Down.

Marcelo Barros, que há 30 anos é professor e diretor de educação da CNA, falou à reportagem que não se sabe, ainda, a periodicidade e quantos edições do material serão lançados.

O diretor, porém, rememorou a revista Entornos e Contornos, publicada pela primeira vez em 2007: “Nós pensamos que seria uma coisa bastante curta e para se ter uma ideia, nós já estamos no 10º volume. Acreditamos que o ‘Entender para incluir’ seguirá um caminho bastante parecido. Ele irá existir enquanto for útil para ampliar o conhecimento acadêmico e escolar sobre essas necessidades especiais”.

Para dar identidade ao projeto, foram convidados especialistas que já tenham lidado com alguma dessas necessidades na educação e, partir disso, construir os próximos volumes do guia.

O material é todo disponibilizado para download no portal público do CNA, que é o cna.com.

Barros reconheceu que este tema, é, porém, pouco trabalhado entre as escolas de idiomas, com isto, torna-se ainda mais necessário chamar a atenção para aquilo que é também um dos valores da rede de escolas, o protagonismo e a ousadia e, desta forma, estar atento para as novas demandas que surgem frequentemente.

EVANGELIZAÇÃO

O Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizará o segundo Simpósio sobre Catequese Inclusiva em 24 de agosto. O Padre Alexander Silva, Articulador da Catequese Inclusiva no Regional Sul 1 da CNBB, salientou que o encontro contará com a presença de catequistas de todo o estado de São Paulo.

Padre Alexandre explicou, ainda, que Dom Ricardo Hoepers, Bispo de Rio Grande (RS) e referencial da Comissão para Família da CNBB Nacional, é um dos convidados. Além disto, afirmou que o dia de atividades contemplará uma palestra cujo tema é “Metodologia: Aspectos Pastorais e Familiares para uma viver a Catequese Inclusiva” e oficinas sobre diferentes necessidades especiais.

As inscrições podem ser feitas pelo site da CNBB do Regional Sul 1. O valor é de R$ 25,00, incluindo café e almoço.

As atividades se iniciam às 8h e seguem até às 16h30, no Centro Pastoral São José, na Região Episcopal Belém da Arquidiocese de São Paulo.

O evento está sendo organizado pela Equipe de Catequese Inclusiva do Regional Sul 1, em parceria com a Comissão de Animação Bíblico-Catequética do regional, que tem como referencial Dom Milton Kenan Junior, Bispo de Barretos (SP). O coordenador da Comissão de Animação Bíblico-Catequética é o Padre Marcelo Machado.

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Na Romênia, Francisco faz apelo por unidade e fraternidade

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11 de junho de 2019

“Caminhemos juntos” foi o lema da 30ª Viagem Apostólica Internacional do Papa Francisco, que teve como destino a Romênia, entre os dias 31 de maio e 2 de junho. 
Durante os três dias de viagem ao País do Leste Europeu, o Pontífice teve uma intensa programação, passando por Bucareste, Sumuleu Ciuc, Iasi e Blaj. Ele encontrou-se com autoridades civis e religiosas e visitou diferentes comunidades católicas, que representam 7% da população do País de maioria cristã ortodoxa (86%).

A SERVIÇO DO BEM COMUM 
Logo após sua chegada à capital, Bucareste, na sexta-feira, 31 de maio, o Santo Padre foi recebido pelo presidente romeno, Klaus Werner Iohannis, no Palácio Presidencial. Em seu primeiro discurso, Francisco recordou a visita de São João Paulo II ao País, há 20 anos, e afirmou que a Igreja Católica quer se colocar a serviço da dignidade e do bem comum. 
O Pontífice relembrou os 30 anos da libertação da Romênia do regime comunista, que oprimia a liberdade civil e religiosa, e elogiou a reconstrução do País e o trabalho feito por meio “do pluralismo das forças políticas e sociais e do seu diálogo mútuo por meio do reconhecimento fundamental da liberdade religiosa e da plena integração do País no mais amplo cenário internacional”.
“É necessário caminhar juntos e que todos se comprometam, convictamente, a não renunciar à vocação mais nobre a que deve aspirar um Estado: ocupar-se do bem comum do seu povo”, afirmou o Papa. 

HERANÇA COMUM
O Papa Francisco foi recebido pelo Patriarca Ortodoxo Daniel Ciobotea, com o qual teve uma reunião privada, seguida de encontro com os membros do Sínodo Permanente da Igreja Ortodoxa Romena. 
Após a saudação de boas-vindas do Patriarca, o Pontífice fez um discurso, no qual recordou que os vínculos de fé que unem as duas Igrejas remontam aos apóstolos e “lembram-nos que existe uma fraternidade do sangue que nos antecede e que, ao longo dos séculos, como uma silenciosa corrente vivificante, nunca cessou de irrigar e sustentar o nosso caminho”. 
O Papa também disse que os sofrimentos e martírios sofridos por todos “é uma herança comum, que nos chama a não nos distanciarmos do irmão que a partilha”. 

SANTUÁRIO MARIANO
No sábado, dia 1º, o Papa presidiu missa no Santuário de Șumuleu Ciuc com a participação de cerca de 100 mil pessoas. Francisco ressaltou que “se, em Caná da Galileia, Maria intercedeu a Jesus para que realizasse o primeiro milagre, em cada santuário vela e intercede não só diante do seu Filho, mas também diante de cada um de nós, para não deixarmos que nos seja roubada a fraternidade pelas vozes e feridas que alimentam a divisão e a fragmentação”.

BEATIFICAÇÃO DE MÁRTIRES
No domingo, 2, o Santo Padre beatificou sete bispos greco-católicos mártires romenos, durante a Divina Liturgia, celebrada no Campo da Liberdade, em Blaj.
Os bispos Vasile Aftenie, Valeriu Traian Frenţiu, Ioan Suciu, Tit Liviu Chinezu, Ioan Bălan, Alexandru Rosu e Iuliu Hossu derramaram sangue por resistirem à perseguição do regime comunista nas décadas de 1950 e 1960. 
Na homilia, o Pontífice sublinhou que os mártires demonstraram uma fé e um amor exemplares pelo seu povo ao suportar “a feroz opressão do regime”. “Esses pastores, mártires da fé, recuperaram e deixaram ao povo romeno uma herança preciosa que podemos resumir em duas palavras: liberdade e misericórdia”, afirmou. 

COM OS CIGANOS
O último compromisso do Papa Francisco na Romênia foi o encontro com a comunidade cigana em Blaj.
“Em nome da Igreja, peço perdão, ao Senhor e a vocês, por todas as vezes que, ao longo da história, os discriminamos, maltratamos ou os consideramos de forma errada, com o olhar de Caim em vez do de Abel, e não fomos capazes de reconhecê-los, apreciá-los e defendê-los na sua peculiaridade”, manifestou o Papa. 

PRECE PELA EUROPA 
Na coletiva com os jornalistas a bordo do voo de volta para Roma, no domingo, o Papa fez um apelo pela unidade da Europa. O Pontífice ressaltou que os políticos que fazem apologia ao medo estão ameaçando a existência da União Europeia e fazendo com que o continente perca “o objetivo de trabalhar em conjunto”.
“Estamos vendo fronteiras na Europa, e isso não é bom. É verdade que cada país tem a sua própria identidade e deve preservá-la, mas, por favor, que a Europa não se deixe vencer pelo pessimismo e pelas ideologias”, completou.

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Mostra Cultural destaca proposta da CF 2018

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22 de agosto de 2018

O Colégio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, sediou no sábado, 18, a 12ª Mostra Cultural, organizada pela Região Episcopal Lapa, com assessoria do Padre Geraldo Pereira, e a participação do Vigário Episcopal da Região Lapa, Padre Jorge Pierozan (Padre Rocha), e do Assistente Eclesiástico da Pastoral da Região, Padre Antonio Francisco Ribeiro, reunindo aproximadamente 400 pessoas. 

A atividade contou com a presença de paróquias, diversas pastorais, instituições de ensino e outras entidades. O tema da Campanha da Fraternidade deste ano, “Educando para fraternidade, superando a violência, promovendo a paz”, foi a base para exposição de trabalhos de crianças, jovens, adultos e idosos, que apresentavam nos painéis suas reflexões a respeito da proposta da CF 2018. Além da exposição, houve teatro, coral e apresentações musicais pelos participantes do evento, e a Pastoral da Comunicação da Região Lapa divulgou a realização do III Concurso de Fotografia da Região.

Em conversa com a Pastoral da Comunicação Regional presente ao evento, o Padre Antônio Francisco Ribeiro, afirmou que a “Mostra Cultural é fruto da Campanha da Fraternidade e do empenho dos cristãos que buscam mobilizar a sociedade, sendo uma oportunidade de expor o que vivemos e aprendemos em nossa vida como cristãos”. Ao final foram distribuídos troféus e certificados aos participantes.

 

 

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