VATICANO

SÁBADO SANTO

A Vigília Pascal vivenciada com a ajuda dos Papas

Por Flavio Rogério Lopes
11 de abril de 2020

O SÃO PAULO apresenta trechos de homilias dos papas Francisco, Bento XVI e João Paulo II para este momento central da Semana Santa

Vatican Media

A celebração da Vigília Pascal é o centro da Semana Santa. Todo o período quaresmal é uma preparação para esta Liturgia que celebra a Ressurreição de Jesus Cristo. Este ano, os fiéis acompanharão este grande momento de suas casas, pelos meios de comunicação, respeitando as medidas de isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus.

Durante o Sábado Santo, os cristãos são convidados a realizar uma oração silenciosa, contemplando a descida de Jesus à mansão dos mortos. E à noite, a Igreja se mantém em vigia à espera da Ressurreição do Senhor e todos são convidados a renovar a fé a esperança em Cristo, luz do mundo que vence as trevas.

DA ANTIGA A NOVA ALIANÇA

Para auxiliar no aprofundamento do sentido dessa celebração, O SÃO PAULO recorda alguns trechos de homilias dos três últimos papas.

Em sua ultima Vigília Pascal, antes de partir para casa no Pai, no dia 10 de Abril de 2004, São João Paulo II, recordou que esta solene Liturgia nos convida a estarmos vigilantes em comunhão, com a Igreja em cada canto terra.

“Nesta Noite Santa, a Igreja enquanto está a vigiar, debruça-se sobre os textos da Sagrada Escritura, que descrevem o desígnio divino do Gênesis ao Evangelho e que, graças aos ritos litúrgicos do fogo e da água, conferem a esta celebração singular uma dimensão cósmica. Nesta noite, todo o universo criado está chamado a vigiar, junto ao túmulo de Cristo. Diante dos nossos olhos, descortina-se a história da salvação, da criação à redenção, do êxodo à Aliança no Sinai, da antiga à nova e eterna Aliança.”

MANTER A ESPERANÇA

O Papa Francisco, na homilia da Vigília Pascal do ano passado, em 20 de abril de 2019, falou sobre a renovada esperança a partir da Palavra de Deus:

“Como podemos alimentar a nossa esperança? A Liturgia desta noite dá-nos um bom conselho. Ensina-nos a recordar as obras de Deus. Com efeito, as leituras narraram-nos a sua fidelidade, a história de seu amor por nós. A Palavra viva de Deus é capaz de nos envolver nesta história de amor, alimentando a esperança e reavivando a alegria.”

Na ocasião, o Pontífice acrescentou: “Não esqueçamos a sua Palavra e as suas obras, senão perderemos a esperança e nos tornaremos cristãos sem esperança; por isso, façamos memória do Senhor, da sua bondade e das suas palavras de vida que nos tocaram; recordemo-las e façamo-las nossas, para sermos sentinelas da manhã que sabem vislumbrar os sinais do Ressuscitado.”

MORTE E RESSURREIÇÃO

Na homilia da primeira Vigília Pascal de seu pontificado, em 14 de Abril de 1979 , São João Paulo II enfatizou que a palavra Ressurreição se tornou a pronuncia central e fundamental para a missão dos discípulos. Já a palavra morte, sempre foi pronunciada por todos com um nó na garganta.

“Embora a humanidade, durante tantas gerações, se tenha de algum modo habituado à realidade da morte e à sua inevitabilidade, ela é, todavia, cada vez alguma coisa que perturba. A morte de Cristo entrara profundamente nos corações dos que lhe estavam mais próximos, na consciência de Jerusalém inteira. O silêncio, que desceu a seguir a ela, encheu a tarde de sexta-feira e todo o dia seguinte do sábado.”

A VITÓRIA SOBRE O PECADO

São João Paulo II reiterou que por meio do Batismo, podemos morrer pelo pecado e termos acesso a água que jorra para a vida eterna (Jo 4,14). Mas, para isso, é necessário mergulhar nesta água que nos tornar novas criaturas.

“Esta Água torna-se, no sacramento do Batismo, o sinal da vitória sobre Satanás, sobre o pecado; o sinal da vitória que obteve Cristo por meio da Cruz, por meio da Morte e que transfere depois para cada um de nós: o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que fosse destruído o corpo do pecado e deixássemos de ser escravos dele (Rm 6,6).”

Também o Papa Bento XIVI, na homilia de 7 de Abril de 2012, afirmou que “Por meio do sacramento do Batismo e da profissão da fé, o Senhor construiu uma ponte até nós, pela qual o novo dia nos alcança. No Batismo, o Senhor diz a quem o recebe: Fiat lux – faça-se a luz. O novo dia, o dia da vida indestrutível chega também a nós. Cristo toma-te pela mão. Daqui para a frente, serás sustentado por Ele e assim entrarás na luz, na vida verdadeira. Por isso, a Igreja antiga designou o Batismo como «photismos – iluminação».”

MISTÉRIO DA LUZ

Na homilia de 11 de Abril de 2009, o Papa emérito também refletiu sobre  Círio Pascal, mistério da luz de Cristo:

“O círio pascal arde e deste modo se consuma: cruz e ressurreição são inseparáveis. Da cruz, da autodoacção do Filho nasce a luz, provém o verdadeiro resplendor sobre o mundo. No círio pascal, todos acendemos as nossas velas, sobretudo as dos neobatizados, aos quais, neste sacramento, a luz de Cristo é colocada no fundo do coração.”

Bento XVI ainda enfatizou que a importância da luz, presente na criação do mundo «Haja luz!» (Gn 1,3), e lembrou que onde existe luz, existe vida.

“A Ressurreição de Jesus é uma irrupção de luz. A morte fica superada, o sepulcro escancarado. O próprio Ressuscitado é Luz, a Luz do mundo. Com a Ressurreição, o dia de Deus entra nas noites da história. A partir da Ressurreição, a luz de Deus difunde-se pelo mundo e pela história”.

NÃO ESTAMOS SOZINHOS

Na homilia do Sábado Santo do ano de Jubilar, em 22 de Abril de 2000, São João Paulo II falou sobre a passagem do segundo para o terceiro milénio e enfatizou a presença amorosa de Maria:

“Ao lado de cada um de vós permanecerá sempre Maria, como esteve presente entre os Apóstolos amedrontados e desconcertados na hora da prova. E, com a sua fé, Ela vos indicará, para além da noite do mundo, a aurora gloriosa da ressurreição.”

“Se, às vezes, esta missão vos aparecer difícil, recordai as palavras do Ressuscitado: ‘Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo" (Mt 28,20). Assim, na certeza da sua presença, não temereis qualquer dificuldade nem obstáculo. A sua Palavra vos iluminará; o seu Corpo e o seu Sangue servirão de alimento e amparo no caminho cotidiano para a eternidade”, disse São João Paulo II.

Francisco em sua primeira homilia como sucessor de Pedro em uma Vigília Pascal, em 30 de março de 2013, recordou:

“Aceita, então, que Jesus Ressuscitado entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é a vida! Se até agora estiveste longe d’Ele, basta que faças um pequeno passo e Ele te acolherá de braços abertos. Se és indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece difícil segui-Lo, não tenhas medo, entrega-te a Ele, podes estar seguro de que Ele está perto de ti, está contigo e dar-te-á a paz que procuras e a força para viver como Ele quer.”

AS MULHERES DO TÚMULO

Os pontífices também falaram em suas reflexões sobre as mulheres que vão ao encontro do corpo de Jesus e se deparam com o túmulo vazio.

Francisco, em 30 de Março de 2013, disse:

“Elas tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No até ao fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz. Podemos imaginar os sentimentos delas enquanto caminham para o túmulo: tanta tristeza, tanta pena porque Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou. Agora se tornava à vida que levavam antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira a irem ao sepulcro.”

O Papa Bento XVI, na homilia do dia 15 de Abril de 2006, na primeira vez que celebrou a Vigília Pascal como Sumo Pontífice, também recordou o anuncio do mensageiro às mulheres que foram até o túmulo:

“Na Páscoa, alegramo-nos porque Cristo não ficou no sepulcro, o seu corpo não conheceu a corrupção; pertence ao mundo dos vivos, não ao dos mortos; alegramo-nos porque – como proclamamos no rito do Círio Pascal – Ele é o Alfa e simultaneamente o Ómega, e portanto a sua existência é não apenas de ontem, mas de hoje e por toda a eternidade (cf. Hb 13,8). 

A CORRIDA ATÉ O SEPULCRO

O Papa Francisco, em sua homilia de 26 de março de 2016, lembra o apóstolo Pedro, que mesmo sem acreditar nas mulheres, correu até o sepulcro, apesar de ter o coração cheio de dúvida e tristeza por ter negado o Mestre.

“Mas há um detalhe que assinala a sua transformação: depois que ouvira as mulheres sem ter acreditado nelas, Pedro ‘pôs-se a caminho’(v. 12). Não ficou sentado a pensar, não ficou fechado em casa como os outros. Não se deixou enredar pela atmosfera pesada daqueles dias, nem aliciar pelas suas dúvidas; não se deixou absorver pelos remorsos, o medo e as maledicências sem fim que não levam a nada. Procurou Jesus; não a si mesmo.”

E concluiu:

“Preferiu a via do encontro e da confiança e, assim como era, pôs-se a caminho e correu ao sepulcro, donde voltou depois ‘admirado’ (v. 12). Isto foi o início da ‘ressurreição’ de Pedro, a ressurreição do seu coração. Sem ceder à tristeza nem à escuridão, deu espaço à voz da esperança: deixou que a luz de Deus entrasse no seu coração, sem a sufocar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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