NACIONAL

ALIMENTAÇÃO

A alimentação pode ajudar na fertilidade

Por Nayá Fernandes (Especial para O SÃO PAULO)
06 de março de 2020

Alimentos que ajudam na fertilidade

A maior parte das mulheres, ao descobrir a gravidez, procura dicas de nutricionistas, sites e outros meios para compreender como ter uma alimentação saudável durante a gestação. Médicos aconselham diminuir o consumo de açúcar e sal e ingerir em maiores quantidades verduras e carnes que contenham ferro, por exemplo. O que muitas pessoas não sabem, porém, é que a ingestão de alguns alimentos específicos é fundamental para a melhoria da saúde reprodutiva e essencial para a fertilidade.
Em entrevista ao O SÃO PAULO, Nayara Massunaga Okazaki, nutricionista doutoranda em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional e Fitoterapia Funcional, explicou que a fertilidade envolve sistemas reprodutores, tanto masculino quanto feminino, que devem funcionar de forma saudável. 
“Esses sistemas são responsáveis pela produção de hormônios, que, por sua vez, atuam na produção de óvulos e espermatozoides. Para que tais processos aconteçam, são extremamente necessários alguns nutrientes, como zinco, magnésio e vitamina D, especialmente. A alimentação anti-inflamatória também é indicada, uma vez que o estresse oxidativo atrapalha o bom funcionamento destes sistemas”, disse. 
Nayara recordou que existe, ainda, um contexto de alimentação que pode não ser saudável e dificulta a atuação dos hormônios envolvidos na fertilidade. Essa foi a experiência vivida por Rachel Terra Costa Rosatti, que, aos 30 anos, está grávida do segundo filho. 

FORÇA E FOCO
Formada em Educação Física e Fisioterapia, Rachel contou à reportagem que, embora esteja ligada ao universo da saúde desde jovem, nunca cuidou da própria saúde e chegou a pesar 142kg.  
“Sempre fui mais gordinha. Depois que entrei na faculdade e comecei a trabalhar, engordei ainda mais. Embora sonhasse em formar uma família e ter filhos, percebi tarde o quanto o estilo de vida que levava até então poderia dificultar a gestação”, contou.
Casada e após meses sem usar nenhum tipo de método para impedir a gravidez, Rachel percebeu que a obesidade era, realmente, um causador de infertilidade. 
“Nunca fiz uso de anticoncepcionais e não usava nenhum tipo de dispositivo para evitar a gravidez nas relações com meu esposo. Com 142kg eu me considerava uma pessoa infértil. Tentei emagrecer, sem sucesso. Então, decidi fazer cirurgia bariátrica. O pós-operatório foi extremamente difícil para mim e, em dezembro de 2016, comecei o processo de emagrecimento. Em julho de 2017, descobri que estava grávida. No entanto, a orientação era que a gestação ocorresse somente dois anos após a cirurgia, devido aos déficits alimentares e, por isso, fiquei muito preocupada. Foi uma gravidez acompanhada, e, como eu ainda estava em processo de emagrecimento, perdi 17kg, que não foram só de gordura, mas também de músculos, o que me deixou muito fraca”, contou.
Internada, Rachel passou por uma cirurgia cesariana de emergência com 38 semanas de gestação.
“Graças a Deus, meu filho nasceu bem e agora já estou no quarto mês de uma segunda gestação. Hoje, tenho uma alimentação muito melhor e procuro, cada vez mais, mudar os hábitos, cotidianamente. Já estamos até pensando em um terceiro filho”, disse Rachel, sorridente. 

HÁBITOS SAUDÁVEIS
Thatiana Galante, nutricionista funcional, com amplos conhecimentos em medicina tradicional chinesa com foco em saúde da mulher, afirmou à reportagem que a alimentação não é apenas uma aliada, mas essencial para a fertilidade do casal. 
“Todas as nossas células necessitam de nutrientes, e não é diferente com os óvulos e espermatozoides. Células pobres em nutrientes produzem óvulos de baixa qualidade, e assim também acontece com os espermatozoides. Por exemplo, para a cauda do espermatozoide se movimentar rapidamente, é necessária a presença de zinco. Na minha prática, é muito comum avaliar homens com baixa quantidade de zinco no organismo. Isso é apenas um exemplo de falta de um nutriente que afeta diretamente a fertilidade”, explicou Thatiana.
A nutricionista salientou que todos os alimentos não industrializados são aliados quando o assunto é gravidez e que cada pessoa deve ser vista especificamente. O mesmo ocorre durante a gestação, cuja avaliação deve ser feita a cada trimestre. 
Acerca dos alimentos que prejudicam a fertilidade, Thatiana ressaltou que “existem hábitos alimentares que afetam a fertilidade, tais como o consumo de café, bebidas alcoólicas, fumo e frituras. Esses são exemplos de hábitos que devem desaparecer da rotina de quem quer engravidar”. 

CURA PELA NATUREZA
Priscila Coelho de Oliveira, 36, está muito feliz em seu quinto mês de gestação. Em janeiro de 2019, ela começou um processo de mudança de hábitos, mas não sabia que isso seria tão importante nos meses que seguiriam. 
“Quando meu esposo e eu decidimos tentar engravidar, fomos juntos à ginecologista. Fiz exames de sangue, e, fisicamente, tudo parecia estar bem. Após o segundo mês de tentativas, a médica sugeriu fazer um acompanhamento da ovulação com ultrassom. Foi então que descobrimos que eu não estava ovulando. Ela falou sobre as possibilidades de tratamento médico, e eu perguntei se antes poderia tentar um tratamento natural. Então, priorizei isso e comecei a cozinhar mais e cuidar melhor dos alimentos que consumíamos, tentando aumentar a quantidade de orgânicos e eliminar ao máximo os agrotóxicos. Além disso, fiz o acompanhamento com uma terapeuta integrativa”, contou Priscila.
Foram vários meses com uma dieta específica e uso de elementos como argila, óleos medicinais, tinturas e outros compostos para ajudar a regular a produção de hormônios e estimular a ovulação. “Além disso, comecei a consumir sementes como linhaça e girassol, que são adequadas para cada fase do ciclo. Sabemos, no entanto, que os tratamentos naturais são mais demorados e, por isso, em setembro, a médica me deu um ultimato e falou sobre opções medicamentosas. Após conversar com meu esposo, decidimos que começaríamos com os remédios em outubro”, recordou. 
O casal, porém, fez ainda um último tratamento, com ingestão, em jejum, de um composto que continha canela e mel. Foi grande a surpresa quando, em outubro, na consulta médica seguinte, receberam a notícia de que a ovulação de Priscila tinha se normalizado. “A gravidez veio em novembro e não precisamos de nenhum outro medicamento”, contou, feliz.

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