Espiritualidade

A alegria de um cristão: a ressurreição de Jesus

“ Ele viu e acreditou” (Jo 20,8b). Queridos irmãos, prezados leitores. A afirmação do evangelista São João, quando narra o episódio da ressurreição de Jesus testemunhada pelos discípulos João e Pedro ao chegarem a seu túmulo vazio, precedidos de Maria Madalena, é esta: “Ele viu e acreditou”(cf. Jo 20,1-9).

O cenário do túmulo vazio, as faixas de linho no chão e os panos mortuários dobrados à parte levaram os discípulos a acreditar que Jesus estava vivo. Viram e acreditaram. Acreditaram na vitória de Jesus sobre a morte. Acreditaram Nele, pois “de fato, ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,9).

A Páscoa é o evento da ressurreição de Jesus: da sua vitória sobre o pecado e a morte, sua passagem da morte para a vida. É também o motivo da alegria do cristão e ponto de partida da sua vida de fé, do seu compromisso com a vida na prática da justiça, da caridade, da fraternidade, do perdão e da paz.

Foi também motivada pela caminhada sinodal, neste terceiro ano de sínodo arquidiocesano – caminho de comunhão, conversão e renovação missionária –, que a Arquidiocese de São Paulo iniciou com entusiasmo os trabalhos pastorais deste ano de 2020. Sua alegria tomou maior vigor com o início do tempo quaresmal e a abertura da Campanha da Fraternidade, cujo tema é “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”, apoiado no lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34), em preparação para a Páscoa da Ressurreição do Senhor. Dois modos bem concretos de vivenciar a Páscoa e o compromisso pastoral na Igreja em São Paulo.

Paróquias, comunidades eclesiais, instituições religiosas, novas comunidades, movimentos, pastorais e inúmeras outras expressões da vida de fé na Arquidiocese, assim como todos os fiéis leigos e leigas, foram motivados a se preparar como igrejas vivas para celebrar alegremente a Páscoa da Ressurreição do Senhor. A certeza da ressurreição de Jesus, o Filho de Deus que vence a morte e permanece vivo no nosso meio, é a alegria do ser cristão.

Numa caminhada de vida e testemunho, há também os desafios. Entre tantos outros, surgiu também em nosso meio a pandemia de COVID-19, causada pelo novo coronavírus. Fechando fronteiras, baixando as portas de instituições comerciais, de templos religiosos (igrejas), confinando pessoas e famílias inteiras em seus lugares de origem, em suas casas, postas em quarentena, para com isso evitar a proliferação do vírus, que já fez milhares de vítimas aqui e pelo mundo afora.

Estamos em isolamento social. Não esperávamos e nunca sonhamos com uma situação como esta. Nunca se pensou numa Semana Santa igual à deste ano: igrejas fechadas, compromissos suspensos, adiados, cancelados, pessoas impedidas de sair de casa, de ir ao trabalho, de circular livremente. Foram assim o nosso Tríduo Pascal e o nosso Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor. Quanta saudade do povo nas ruas, nos mercados, nos transportes, nas igrejas abertas e cheias de fiéis e de expressões da fé em Deus. Tudo diferente, muito diferente e inimaginável. Diante de tudo isso, porém, onde está a nossa alegria de cristãos? Pela nossa fé está a vitória de Jesus sobre o poder do mal, sobre a morte. Está na alegria de sermos cristãos, testemunhas de Cristo em todos os cantos e situações.

Que a caminhada sinodal, este tempo pascal e a quarentena por causa do novo coronavírus nos ajudem numa profunda reflexão sobre o valor e o sentido primeiro de nossas vidas, de nossas instituições e de sua missão no mundo. Que nos ajude a “ver e acreditar”, como cristãos, na força da comunhão, da conversão e da renovação missionária. Feliz Oitava da Páscoa.

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