Liturgia e Vida

Alegre-se a terra que era deserta’ (Is 35,1)

3º Domingo do Advento – 15 DE DEZEMBRO DE 2019

Milhões de pessoas vão a Jerusalém todos os anos. A geografia local é árida; o deserto é inóspito; a fauna e a flora são pobres; a água é pouca e cara… Mesmo assim, peregrinos se alegram entre os seus muros. Prorrompem em lágrimas e, indo embora, rezam com o salmo: “Se de ti, Jerusalém, eu me esquecer… ai de mim!” (Sl 137,5). Para além da aridez, enxergamos a cidade de pedras alisadas como o lugar por onde passou e onde morreu e ressuscitou o Senhor. É a cidade de Davi; a “pupila dos olhos” dos profetas; destino bimilenar de cristãos. 
A fé transforma um lugar simples e árido em santuário. Assim foi desde a vinda do Menino Jesus! A fé permitiu aos pastores ser envolvidos pela luz angélica em meio ao campo; mostrou aos Magos a estrela, levando-lhes a prostrar-se diante de um Menino; guiou Maria e José por um caminho inesperado, dando-lhes a certeza de que “para Deus, nada é impossível” (Lc 1,37). Com o nascimento do Senhor, o mundo continuou exteriormente “o mesmo”: Belém, o deserto, Jerusalém, o Jordão… Porém, para quem teve fé, não apenas a Galileia e a Judeia, mas também toda a terra jamais seria igual. 
No “Domingo Gaudete” (“Alegrai-vos”), a Igreja nos diz: “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável” (Is 35,1). É um convite para olharmos a 
realidade com os olhos da fé. Com a presença de Jesus e do Espírito Santo, nenhuma vida humana será mais “deserta e intransitável”! Se o mundo, as pessoas, o trabalho e as dificuldades parecem desinteressantes e áridos, talvez seja porque nos esquecemos do mais importante: a presença do Senhor. 
Dentre os milagres realizados por Jesus e pelos santos, vários cegos foram curados. É possível que Deus repita esse prodígio para – além de manifestar que Jesus é Seu Filho – nos lembrar que precisamos superar a “cegueira” espiritual! É necessário ver o mundo com as cores, a altura, o comprimento, a profundidade e o volume proporcionados pela fé. Já quase no Natal, lemos que “se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos” (Is 35,5). Que o Senhor nos conceda ver a realidade com os seus olhos! Esta é a alegria do Advento. 
Como água benfazeja, a fé arrefece as paixões, extingue muitos medos, dá fecundidade a obras e palavras, previne pecados e tentações. Como luz, dá a certeza do caminho a seguir, desmascara os pecados, esclarece a consciência, manifesta a presença do Senhor. Ele vem para nos salvar! Ele nos comunicará mais fé, “fortalecerá os corações” (Tg 5,8), firmará “as mãos enfraquecidas e os joelhos debilitados” (Is 35,3)!
A simplicidade e o silêncio da vinda de Jesus nos ensinam a deixar de lado o olhar mundano que nos leva a considerar apenas o que se pode tocar. Ele curará os olhos apegados às coisas terrenas e incapazes de descobrir as realidades sobrenaturais. E poderemos, então, com a Virgem, exultar: “Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar” (Is 35,4). Alegremo-nos Nele!

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