Editorial

Finados e o sufrágio pelos fiéis falecidos

A Igreja Católica celebra em 2 de novembro o Dia de Finados, dedicado à oração pelos nossos parentes e entes queridos que já faleceram. Eis o porquê de essa memória ser liturgicamente chamada “Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos”: comemoramos a esperança que, para os que creem em Jesus, já é dada como certeza antecipada, na vida eterna. A esse respeito, o Apóstolo São Paulo, em sua Carta aos Tessalonicenses, ensinou aos cristãos, em tom de exortação, a “não estar tristes como os outros que não têm esperança (1Ts 4,13).
A “Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos” é propositalmente celebrada no dia seguinte à Festa de Todos os Santos. Dessa maneira, vivenciamos o mistério da Comunhão dos Santos, em que a Igreja peregrina (os cristãos batizados aqui na Terra e que estão a caminho) se une, primeiramente aos santos, cuja almas já participam da alegria do Céu e estão à espera da ressurreição da carne (Igreja triunfante) e, depois, às almas dos fiéis que estão no purgatório a se purificar das penas e manchas dos pecados cometidos nesta vida, antes de verem a Deus face a face (Igreja padecente). Por meio dessas celebrações, também anunciamos a todos as verdades de fé que nos foram reveladas e transmitidas sobre a vida após a morte. Vale dizer: a promessa da ressurreição e a existência  do céu, purgatório e inferno. 
Hoje, talvez mais do que nunca, se faz necessário evangelizar e iluminar a realidade da morte, ensinando a doutrina de Jesus Cristo sobre as realidades últimas (a doutrina católica sobre o que nos espera após a morte), pois a falta de conhecimento e entendimento sobre este assunto leva muitas pessoas a práticas e crenças supersticiosas e de sincretismos. Os cristãos creem, como se reza na oração do Credo, na “ressurreição da carne” e na “vida eterna”. A crença das religiões espiritualistas que pregam a reencarnação, portanto, é incompatível com a fé católica e não pode ser chamada de cristã.  
E por que rezamos pelos falecidos? Por que se diz que devemos orar e praticar boas obras em sufrágio pelos fiéis que morreram?
O sufrágio é a súplica em forma de oração e de práticas de boas obras, oferecidas em benefício dos fiéis falecidos, cujas almas se encontram no purgatório. Essa prática cristã está centrada no desejo e na procura do Reino dos Céus, de acordo com o ensinamento de Jesus (Mt 6,10-34). O sufrágio como intercessão é uma oração de pedido que nos une e conforma com a oração e o coração de Jesus Cristo;  Ele é o único Intercessor junto de Deus Pai em favor de todos os homens, dos pecadores sobretudo. 
Ajudamos as almas dos fiéis defuntos que estão se purificando com orações, boas obras, indulgências e, especialmente, com a Santa Missa. As missas aplicadas aos falecidos têm um valor perene, pois oferecemos a eles não uma “homenagem” ou um “culto ao homem”, mas o valor infinito do sacrifício redentor de Cristo na Eucaristia. 
A piedade cristã e a esperança na ressurreição da carne nos convidam, no Dia de Finados, a ir aos cemitérios para rezar pelas pessoas queridas que nos deixaram. Também nos incentivam a realizar e oferecer boas obras na intenção de alcançar indulgências para os nossos falecidos (remissão das penas temporais dos pecados), pois tal como ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC), “todo pecado tem uma consequência prejudicial às criaturas, a qual exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado de purgatório” (CIC, 1472). Assim, a indulgência é um auxílio espiritual e colabora para o bem da alma que está no purgatório num processo de purificação para poder se apresentar e viver com Deus eternamente. 
Para aplicarmos a indulgência neste dia, precisamos realizar o que a Igreja no pede e nos ensina. 1º: Praticar uma boa obra, como, por exemplo, rezar no cemitério ou numa igreja próxima pelo falecido que você pretende rezar e oferecer esta intenção diante de Deus; 2º: Confessar-se bem – o sacramento da Confissão é indispensável; 3º: Comungar a Eucaristia na Santa Missa em estado de graça; 4º: Fazer oração pelas intenções do Papa. 
Uma vez no Céu, os redimidos em Cristo, por sua vez, intercedem continuamente por nós.

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