Liturgia e Vida

‘Com o rosto por terra, agradeceu-lhe’ (Lc 17,16)

28º Domingo do Tempo Comum – 13 de outubro

Na passagem da “Cura dos Dez Leprosos”, Nosso Senhor Jesus Cristo faz um elogio e uma crítica. Um elogio implícito a um samaritano, o único dentre aqueles pobres homens que, “ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu” (Lc 17,16). E uma crítica aos demais nove que, libertos da doença incurável, não Lhe agradeceram: “Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” (Lc 17,18).  

Olhando com compaixão aquele homem, o Senhor disse: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou” (Lc 17,19). Poderia ter dito por analogia “a tua gratidão te salvou”. A fé, neste caso, manifestou-se pela gratidão; confundiu-se com a gratidão. No Novo Testamento, a prostração com o rosto por terra é um ato de reconhecimento do Senhor e de adoração. Mas esse samaritano se prostrava “eucharistōn”, isto é, “agradecendo”. Não à toa, nosso principal ato de culto, a Santa Missa, é chamada Eucaristia (“ação de graças”): a verdadeira adoração a Deus requer a gratidão. 

Se verdadeiramente cremos Nele e aceitamos o Seu Filho, somos gratos! Por isso, na Santa Missa, dizemos: “Demos graças ao Senhor Nosso Deus; É nosso dever e nossa salvação”. A ingratidão, reprovável até humanamente (como são repugnantes as pessoas ingratas!), impede também a união com Deus. Os ingratos não se unem a Ele! Ao contrário, os que são gratos ao Senhor compreendem que a existência, a fé e a salvação são bens totalmente gratuitos e imerecidos. Assim, mesmo diante de seus pecados e dificuldades, conseguem viver com a atitude de “pequeninos”, como filhos de Deus.

Devemos agradecer por quais coisas? Por tudo! Pela existência, pela vida, pela fé recebida no Batismo, por pertencer à Igreja, pela graça santificante, pela Eucaristia, pelo perdão dos pecados nas Confissões, por nossa família, por nossos bens, por nosso trabalho, pelo bem de nosso próximo… Enfim, por tudo o que somos e possuímos; pois tudo veio de Deus e tudo retornará para Ele. É preciso agradecer até mesmo as coisas que consideramos ruins, as que não entendemos, as que nos fazem sofrer e as que ainda não conseguimos mudar. Pois “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28). Deus tirará um bem de todas as coisas.   

A gratidão é verdadeiramente “terapêutica” para a alma! Por isso Paulo diz: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus para vós” (1Ts 5,18). Se conseguirmos viver constantemente em ação de graças, encontraremos alegria, mesmo em meio a grandes dificuldades; alegrar-nos-emos com a felicidade do próximo; livrar-nos--emos da inveja; seremos curados de muitos desânimos; encontraremos remédio para o egocentrismo. A gratidão nos leva a viver as palavras do Salmo: “Tenho sempre o Senhor ante os olhos, por isso minha alma se alegra” (Sl 15,8-9). 

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