Fé e Cidadania

34ª Semana do Migrante

De 16 a 23 de junho de 2019, celebramos em todo o Brasil a 34ª Semana do Migrante. Mais do que um evento, trata-se de um processo que envolve manifestações, romarias, cursos, encontros, seminários, celebrações – em que são convidados os migrantes de todos os povos e nações.

Seguindo de perto os debates em torno da Campanha da Fraternidade 2019, a Semana é promovida pelo Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), vinculado à comissão sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Tem como tema “Migração e políticas públicas” e como lema “Acolher, proteger, promover, integrar e celebrar. A luta é todo dia”.

A reflexão e ação partem dos quatro verbos propostos pelo Papa Francisco diante do drama de milhões e milhões de migrantes, acrescentando o valor da celebração, seja como ponto de chegada, seja como ponto de partida. Na celebração, ao mesmo tempo que fazemos a memória da resistência, do compromisso e da solidariedade para com os estrangeiros, renovamos as energias para a luta de todo dia.

Às vésperas de completar 35 anos, o Serviço Pastoral dos Migrantes, como indica o próprio nome, presta o serviço de articular, em nível nacional, os trabalhos de acolhida, de assistência jurídica e psicológica, de documentação, de defesa dos direitos humanos, do resgate histórico-cultural de suas vidas, da inserção nos novos lugares de chegada e de estabelecer a ponte entre os polos de origem e de destino.

De acordo com os dados da ONU, a mobilidade humana envolve atualmente cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais dezenas de milhões são refugiadas. Entre elas, destacam-se os jovens entre 14 e 25 anos, enquanto vem crescendo o número de mulheres, como também o de crianças não acompanhadas. Fogem da violência, de conflitos armados, da pobreza e da falta de condições mínimas de vida. Escapam, tentando fazer da fuga uma travessia em busca de um solo que possa ser chamado de pátria, de uma cidadania digna e justa.

O que fazer diante de tamanha “crise humanitária”? – como vêm sendo chamados esses gigantescos deslocamentos humanos. A Semana do Migrante, por meio de seu cartaz, texto-base, círculos bíblicos e outros materiais, procura responder a essa pergunta. Não apenas o Estado, as Igrejas, as congregações, as organizações não governamentais, os movimentos populares e as entidades em geral podem fazer algo. Cada pessoa, família, comunidade, paróquia e diocese é chamada a uma ação em prol do “outro, diferente, estrangeiro” que erra pelas estradas do êxodo.

Não raro, o migrante encontra portas fechadas por toda parte. Visto às vezes como problema, ameaça ou perigo, acaba sofrendo rejeição, discriminação e até hostilidade. Como navegar na contramão dessas atitudes, políticas e leis antimigratórias? “Era migrante e me acolheste”, diz o Evangelho (Mt 25,35), indicando que para a Igreja não existem estrangeiros, apenas irmãos e irmãs.

Somos chamados a ser uma porta aberta àquele que chega de fora, começando por abrir o coração e o espírito ao pluralismo cultural tão próprio do mundo urbano. Mais que isso: somos chamados, como no episódio dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35), a fazer do forasteiro um irmão que senta à mesa conosco.

 

Padre Alfredo José Gonçalves, CS, integra o Serviço Pastoral dos Migrantes 34ª Semana do Migrante

PADRE ALFREDO JOSÉ GONÇALVES, CS Em sintonia com as assembleias regionais do sínodo arquidiocesano Espiritualidade Fé e Cidadania www.arquisp.org.br 

19 a 25 de junho de 2019 | Fé e Vida |5 As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem,

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