Liturgia e Vida

‘Bendito o homem que confia no Senhor’

Em momentos muito difíceis, pode ocorrer que, mesmo a um homem de fé, insinuem-se dúvidas sobre se vale a pena confiar e permanecer fiel a Deus. A doença, a ruína financeira, a frustração ao se ver o resultado do trabalho profissional, da dedicação à família ou à Igreja podem contribuir para isso. O quadro fica ainda mais negativo se olharmos ingenuamente para a enganosa felicidade de pessoas que não seguem a Deus, ou que O rejeitam e praticam a injustiça.

Para nos livrar dessas dúvidas, a Escritura faz muitas vezes o contraste entre o destino dos justos e o dos maus. Já no primeiro Salmo, lemos: “Feliz o homem que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados (...) mas encontra seu prazer na lei de Deus” (cf. Sl 1,1-2). Para acalmar o coração do fiel, o Salmo, garante que, apesar da aparência de felicidade, “os ímpios não resistem no juízo nem os perversos. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte” (cf. Sl 1,5-6).

E, vendo que os israelitas O abandonavam, o Senhor os advertiu: “Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor” (Jr 17,5). Confiar “no homem” e “na carne” aqui tem o sentido de apoiar-se em “seguranças” que não são Deus: ídolos, bens, saúde, beleza, dinheiro, conforto, influência, poder, admiração dos homens. Tudo isso possui valor relativo e passará; nada disso poderá nos salvar! Ao contrário, é “bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor” (Jr 17,7).

Também o Evangelho faz um contraste semelhante: Jesus enfatiza a necessidade de se confiar somente n’Ele: “Felizes vós, os pobres (...) Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação!”; “Felizes vós que tendes fome (...) Ai de vós, que agora tendes fartura, porque passareis fome!”; “Felizes vós que chorais (...) Ai de vós, que agora rides, porque tereis luto e lágrimas!”; “Felizes sereis quando vos insultarem, expulsarem e amaldiçoarem por causa de Mim (...), mas ai de vós quando todos vos elogiam! Era assim que tratavam os falsos profetas” (cf. Lc 6,21-26).

Evidentemente não é uma condenação aos bens, à comida, à alegria e à boa fama, que não são maus em si mesmos. O Senhor quer apenas nos lembrar, uma vez mais, que “a figura deste mundo passa” (1Cor 7,31) e que a felicidade e a salvação não podem estar nos critérios de felicidade e sucesso da maioria. Aliás, como é vulgar o modelo de felicidade proposto hoje pela TV, pela publicidade e por grande parte dos “famosos”! Quem vive em busca dessas ilusões “é como palha seca espalhada e dispersada pelo vento” (Sl 1,4).

Portanto, diante dos desânimos e das dúvidas, aumentemos a confiança no Senhor! Ele dará a cada um segundo a justiça de suas mãos e de seu coração. Quem tiver confiado e feito o bem, não se arrependerá! Que digamos com o Apóstolo: “Eu sei em quem pus a minha confiança” (2Tm 1,12).

 

LEIA TAMBÉM: Católico pode crer na reencarnação?

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.