Editorial

À espera do Salvador

Na Igreja Católica do mundo todo tem início, no dia 2 de dezembro, o Tempo Litúrgico do Advento, tempo de preparação para o Natal, de espera do Emanuel, “Deus conosco”. O Papa Emérito Bento XVI, em homilia no dia 1º de dezembro de 2008, resumia o mistério da vinda do Senhor: “Advento significa, portanto, fazer memória da primeira vinda do Senhor na carne, pensando já em sua volta definitiva e, ao mesmo tempo, significa reconhecer que Cristo presente entre nós se faz nosso companheiro de viagem na vida da Igreja que celebra este mistério”. 

Esse período de quatro semanas em que preparamos a comemoração da primeira vinda de Cristo, na carne, nos faz pensar, consequentemente, na sua segunda vinda, anunciada pelo próprio Jesus no capítulo 24 do Evangelho segundo Mateus. Sua primeira vinda, humilde e pobre em Belém, abre a humanidade para a Graça divina, enquanto sua segunda, em Glória e poder, busca recolher aqueles que, abertos à novidade da salvação, acolheram o Evangelho em suas vidas. 

O Tempo do Advento, porém, ainda nos abre para uma terceira vinda, intermediária, marcada pela vigilância com que os discípulos esperam a definitiva volta do Senhor. Jesus, que no Natal veio entre nós e voltará glorioso no fim dos tempos, não se cansa de nos visitar, continuamente, nos acontecimentos de cada dia. O mistério do Advento não só nos relembra vindas pontuais de Nosso Senhor, mas nos abre à realidade de que Deus permanece entre nós todos os dias, esperando uma resposta de amor.

Deus se faz presente em sua Criação e espera de suas criaturas a atitude de vigilância que os primeiros cristãos possuíam; sua oração “Maranathá! - Vem, Senhor Jesus!” é o pedido claro daqueles que, prontos para o julgamento do Senhor, querem a todo momento encontrar-se com Ele. O Papa Francisco comentava essa vigilância numa homilia de 2014: “Tenho temor de que o Senhor passe! Temor de não perceber e O deixar passar. É justamente o Senhor que bate. Ele te faz sentir isso: a vontade de ser melhor, a vontade de permanecer mais próximo aos outros e a Deus.” É o Senhor que vem no irmão que passa necessidade; é o Senhor que vem todos os dias sobre o altar, na Eucaristia; é o Senhor que vem ao nosso encontro nos nossos deveres de justiça e caridade! 

Dom Odilo Pedro Scherer, em carta aos fiéis da Arquidiocese, de 25 de novembro passado, define o Advento como “tempo de esperança e de alegria, de certeza no cumprimento das promessas de Deus, que é fiel a si mesmo e a nós. Tempo de conversão e de empenho operoso pelo Reino de Deus dentro do ‘já, mas ainda não’, da provisoriedade do tempo e da história. Tempo de vigilância e de boas obras, como frutos da nossa fé.” 

O que fazer, então, neste tempo? Compreender que o Senhor quer que não nos deixemos absorver pelas realidades e preocupações materiais até o ponto de sermos por elas seduzidos; e que devemos viver sob o olhar do Senhor, na convicção de que Ele pode tornar-se presente todos os dias em nossas vidas.

 

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