Encontro com o Pastor

Viver sabiamente

O Domingo de Cristo Rei marca o fim do Ano Litúrgico, durante o qual fazemos memória das grandes obras de Deus na história de salvação e nos inserimos também nessa história, acolhendo e celebrando com fervor esses “Mistérios da fé”, aderindo a eles mediante a “vida crente”.

Na aproximação do final do Ano Litúrgico, a Liturgia da Igreja traz textos preciosos, para nos ajudar a ter sempre diante de nós os “Mistérios da fé” que se referem às realidades futuras da nossa existência e da ação salvadora de Deus. De fato, nós não cremos apenas para esta vida, mas ansiamos pela plenitude da salvação e da vida eterna feliz, conforme promessa de Deus. Isso é parte importante da nossa fé católica.

Afinal, temos futuro? E qual será nosso futuro? E o que devemos fazer no presente? Essas perguntas acompanham a existência humana desde sempre e, de alguma forma, nos angustiam. E as leituras da Palavra de Deus do 33º Domingo do Tempo Comum trazem uma resposta iluminadora para o futuro da existência do homem e do mundo. E, em vista desse futuro, também nos convidam a ter atitudes coerentes em relação ao presente.

Em linguagem apocalíptica, que é figurativa e não deve ser tomada ao pé da letra, mas interpretada pelo seu significado simbólico próprio, o Profeta Daniel fala da chegada de um “tempo de angústia jamais visto”, de combate e de convulsão social e dos elementos cósmicos (cf. Dn 12,1-3). No trecho do Evangelho lido nesse Domingo (Mc 13,24-32), Jesus também fala de um tempo de “grande tribulação”, quando o sol, as estrelas e os elementos cósmicos serão abalados. A linguagem apocalíptica emprega essas descrições para dizer que a ordem presente é instável e provisória e está para ser mudada. Na verdade, essa é uma característica do tempo presente e de cada época da história; e não são precisos muitos argumentos para admitir que “a aparência deste mundo passa”, como dizia São Paulo (cf. 1Cor 7,31). E nós também não somos eternos. Neste mundo, passamos, e muito rapidamente!

A “angústia” e o “combate”, mencionados pelos textos apocalípticos, já acontecem agora e na vida de cada pessoa. Mas Deus não nos deixa sucumbir na angústia e nas batalhas da vida, sem respostas e sem ação diante do presente complicado e diante do futuro. Ambos os textos acima referidos falam que esse tempo de angústia e de grande tribulação também é tempo de graça e de manifestação do poder e da salvação de Deus. “Mas nesse tempo teu povo será salvo e todos os que estiverem inscritos no livro da vida” (Dn 12,1). Jesus confirma: “então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória” (Mc 13,26). O Filho do Homem é Jesus Cristo, Salvador da humanidade.

Para confirmar que isso é verdadeiro e tem a chancela da veracidade do próprio Filho de Deus, Jesus afirma: “passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13,31). Portanto, Deus não nos chama a uma existência sem sentido nem nos deixa num caminho sem saída, mas nos dá esperança. Não estamos presos aos nossos problemas e às estreitezas do mundo e da vida presente. Temos futuro!

Como viver durante esse tempo da “grande tribulação” e o que devemos fazer? Jesus convida à vigilância, que é a atitude própria de quem está acordado e dos vigias noturnos: eles estão sempre atentos para perceber tudo e para interpretar quaisquer sinais ao seu redor. O contrário disso seria a dissipação, a sonolência e a desorientação na vida, sem rumo e sem a preocupação de tomar o caminho bom e de fazer a coisa certa. Jesus convida a estarmos atentos para conhecer e interpretar os sinais de Deus na vida. Viver conforme os mandamentos é uma atitude vigilante. Viver num mundo de fantasias, vaidades e vícios, deixando-se levar pelas paixões e impulsos cegos da natureza: isso seria o contrário da vigilância que Jesus recomenda. O profeta Daniel ensina que os “sábios” e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da verdadeira sabedoria brilharão como as estrelas do céu.

Viver com sabedoria e esperança deve ser traduzido no serviço a Deus, de coração fiel, humilde e alegre, todos os dias da vida. Somente isso nos pode assegurar a superação feliz deste tempo de “grande angústia” e a recompensa de uma eternidade feliz. A segunda leitura do 33º Domingo do Tempo Comum convidava, por isso, a voltarmos nosso olhar a Jesus Cristo, sacerdote, intercessor e mediador entre os homens e Deus (Hb 10,11-14). Ele é a nossa esperança e assegura o nosso futuro. Não somos nós mesmos que nos salvamos; é por meio Dele que somos salvos.

 

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