Cultura

Quero ver a Deus

DICA DE LEITURA

Henri Grialou, que se tornaria Frei Maria-Eugênio, nasceu em 1894, em uma família bastante pobre. Órfão de pai aos 10 anos, Henri pôde estudar de graça com os padres da Congregação do Espírito Santo. Seminarista aos 17 anos, ele escreveu a um amigo de seminário: “Na nossa idade, não estamos habituados a calcular e a mergulhar em combinações, nós nos lançamos, com o amor de Deus no coração. Durante o seminário, é preciso fazer provisões de força e coragem, acendendo em nossos corações um lar de amor que nada possa apagar”.

Henri interrompeu sua formação para ir à 1ª Guerra Mundial. Com o fim do conflito, ele retornou ao seminário e, em retiro antes de sua ordenação a subdiácono, percebeu claramente que Deus o queria no Carmelo, apesar da oposição de seus próximos. Ordenado sacerdote em 1922, Frei Maria-Eugênio dedicou sua vida ao apostolado, foi eleito prior duas vezes, membro do Conselho Geral da Ordem do Carmelo e criou um instituto de vida consagrada, o Instituto Nossa Senhora da Vida. Ele morreu em 1967 e foi beatificado em 2016.

“Quero ver a Deus” é a obra-prima do Frei Maria-Eugênio. O livro foi traduzido em uma dezena de línguas e já vendeu mais de 100 mil exemplares em todo o mundo. Nele, o Frei explica a vida espiritual segundo os grandes mestres da tradição carmelita, especialmente Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz e Santa Teresa de Lisieux.

O livro segue a estrutura do “Castelo Interior”, ou o livro das “Moradas”, de Santa Teresa de Ávila, no qual a Santa procura explicar o caminho da vida espiritual na oração por meio de uma analogia: nossa alma é como um castelo, no qual existem muitos e muitos quartos ou moradas; no centro do castelo vive o Rei, Deus; e a oração se torna cada vez mais intensa e profunda à medida que nos aproximamos desse centro.

No início do livro, Frei Maria-Eugênio explica como Deus está presente em todas as coisas e na alma humana. Como Deus é infinito e criador de tudo o que existe, não há nem pode haver nada no universo que exista por si mesmo. Tudo o que Deus cria depende dele para continuar existindo. Por isso, Ele está presente em todas as coisas, sustentando-as na existência. A alma humana não é diferente: Deus também está presente nela, primeiro para criá-la e mantê-la na existência; depois, pelo Batismo e pela graça, que é uma participação da vida divina. Todo o progresso da vida espiritual e da santidade consiste em cultivar e aumentar essa participação e tornar-se cada vez mais semelhante e unido a Deus.

“Quero ver a Deus” é um bom meio de ingressar na escola dos maiores mestres de espiritualidade de toda a história da Igreja, com um sacerdote que foi recentemente beatificado.

 

FICHA TÉCNICA:

Autor: Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus

Páginas: 1536

Editora: Vozes

 

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.