Fé e Cidadania

A educação católica

As primeiras comunidades cristãs, nascidas no meio do povo mais simples, sempre valorizaram a educação, que se tornou até hoje uma preocupação primária da Igreja, não só na teoria, mas também na prática, como se pode ver pelo volume de pessoas, instituições e recursos consagrados à educação. 

Talvez se possa até dizer que, dentre os muitos serviços que a fé efetivamente presta à cidadania, a educação, sob todas as suas formas, esteja no foco de um dos maiores desafios que os cristãos hoje enfrentam, desde o seio da família até as mais altas esferas políticas e econômicas da sociedade, sem esquecer o âmbito dos meios de comunicação e das redes sociais.

Até que ponto, como cristãos, podemos efetivamente contribuir para desenvolver e melhor qualificar a ação educadora na sociedade? 

Na história do Ocidente, há pelo menos duzentos anos, a participação dos cristãos na educação se fez sobretudo institucionalmente, no quadro quase sempre tenso das relações entre Igreja e Estado, segundo o falso modelo privado-público, resultante da laicização da sociedade. 

No Concílio Vaticano II (1962-1965), voltando ao Novo Testamento e às primeiras comunidades cristãs, projetou-se um outro relacionamento da Igreja com o Mundo, inclusive com o Estado não apenas institucional, mas antropológico. 

Nesse modelo Igreja-Mundo, as relações interpessoais são mais importantes do que as relações institucionais. Os cristãos, empenhados como tais no cumprimento da missão de Jesus, sobretudo se educadores, devem agir segundo os princípios da educação católica, tal como o Papa Francisco o estabelece num dos documentos importantes e mais recentes, a Constituição Apostólica Veritatis Gaudium, sobre os estudos na Igreja.

Na Igreja todas as instituições de educação, a começar pelas Universidades e Faculdades Católicas, bem como Colégios e Escolas de todos os níveis, são hoje chamadas a seguirem as indicações propostas pela recente Constituição Apostólica e os educadores católicos a interiorizarem e colocarem em prática os princípios enumerados no nº 4 do seu proêmio: partindo da fé na pessoa de Jesus e em diálogo transdisciplinar com todos os saberes, respeitada a diversidade de cada disciplina no que tem de próprio, quanto a seu método e conteúdo, iniciar o educando numa vida que ponha acima de tudo a fraternidade e a paz a que todos somos chamados, como o próprio Papa Francisco o lembra na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, que já apresentamos neste jornal.  

Francisco Catão, teólogo com doutorado pela Universidade de Estrasburgo (França), foi professor no Instituto Pio XI e na Faculdade São Bento, autor de vários livros, tais como “O que é a Teologia da Libertação”, “Em busca do sentido da vida” e “Espiritualidade cristã”.
 
Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.