Liturgia e Vida

‘E ficaram escandalizados por causa d’Ele’ (Mc 6,3)

8 DE JULHO DE 2018 14º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Os parentes de Jesus se admiravam com Seus milagres e sabedoria, mas continuavam incrédulos. Seus olhos viam a Salvação, seus ouvidos ouviam a Verdade, mas não conseguiam aceitar o Senhor. “Como poderia um homem do nosso meio - pensavam - fazer todas aquelas coisas?” Por isso, São Marcos diz que ficavam “escandalizados por causa d’Ele”.

“Escandalizar” significa literalmente “fazer outra pessoa tropeçar”. Essa expressão se refere àqueles que fazem os outros pecar. Ensinar a maldade a uma criança; deformar, com maus exemplos, o caráter dos jovens; adulterar a Palavra de Deus ou enfraquecê-la por meio de uma má vida; usar a influência pessoal para difundir comportamentos contrários a Deus… Todas essas condutas são escândalos, que fazem os outros cair. 

Os escândalos são um pecado grave contra o Quinto Mandamento e o meio pelo qual o mal se perpetua. A sua força negativa é tamanha que faria o mundo inteiro ser submergido pelo pecado, se o poder de Deus não lhes superasse. Sobre eles, o Senhor nos advertiu com rigor: “É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vem! Melhor lhe seria que se lhe atasse ao pescoço uma pedra e se lhe atirasse ao mar, do que levar para o mal um só destes pequeninos” (Lc 17,1-2). 

Porém, o Evangelho neste domingo nos fala de outro tipo de “escândalo”. Ao lado desse escândalo, que leva o irmão a pecar, existe o “escândalo farisaico”, daqueles que, mesmo diante dos sinais e da evidente bondade de Deus, mantêm-se incrédulos ou hostis a Ele. São “escandalizados por Jesus” aqueles que, mesmo provando da Sua bondade, não Lhe dão crédito por razões mesquinhas; ou que, sendo aparentemente “sábios”, perdem a fé diante das exigências do Evangelho, isto é, caem.

Este é o escândalo de que fala São Marcos: o “tropeço” daqueles que desprezam a Quem deveriam amar; incomodam-se com a Palavra divina que os deveria consolar; rejeitam Quem veio para os salvar… O velho Simeão bem advertira Nossa Senhora: “Este Menino será causa de queda para muitos, um sinal de contradição” (cf. Lc 2,34). E São Paulo já se referia exatamente a isso: “nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas para os eleitos, força e sabedoria de Deus” (cf. 1 Cor 1,23s). 

Peçamos ao Senhor que nos ajude a jamais nos escandalizar com a Sua Palavra. Que aceitemos docilmente os Seus ensinamentos, mesmo quando contrariem os nossos gostos, hábitos ou critérios pessoais. Que as Suas exigências (que às vezes são altas!) não nos levem a defender-nos e a autojustificar-nos, mas sim a abrir-nos docilmente à conversão e à mudança de vida.

O Senhor fez grandes coisas em Nossa Senhora justamente por sua capacidade de adequar-se aos pensamentos de Deus. A sua Virgindade fecunda; a Encarnação do Filho; o Nascimento no presépio; o sofrimento horripilante da Cruz; a inconstância inicial dos Apóstolos… nada fez tropeçar o coração simples e dócil de Santa Maria.

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