Editorial

Fraternidade e perdão contra a violência

A violência está espalhada pela sociedade brasileira. Acontece de formas diferentes, nas cidades e no campo, no interior das famílias, nas relações institucionais, entre sexos, etnias e religiões, no trânsito etc. 

Como quer nos mostrar a Campanha da Fraternidade deste ano, “Fraternidade e a superação da violência”, o combate à violência implica em construir uma cultura de paz, um ambiente de respeito mútuo, concórdia, perdão e fraternidade. Essa cultura está na base de um combate radical à violência. 

A violência está associada à impunidade, tão comum no Brasil. Contudo, essa impunidade não é combatida pelo 
aumento da violência dos órgãos de segurança, nem a injustiça por ações meramente punitivas. Isso só aumenta ainda mais a violência. A impunidade é superada apenas na medida em que os responsáveis pelos ilícitos são encontrados e recebem punições adequadas – nem maiores, nem menores – aos crimes cometidos. 

Mas são as injustiças e desigualdades sociais que funcionam como um grande caldeirão no qual se fermenta a violência. A violência só cresce em lugares como a periferia de nossas grandes cidades, onde o tecido social vem esgarçado, onde as pessoas estão mais sozinhas, as famílias mais vulneráveis, as condições de vida mais difíceis. Além disso, as pressões e o estresse da vida moderna colaboram para aumentar essa violência, particularmente em situações como o trânsito e a família. 

Por isso, como lembrou o Papa Francisco, em sua mensagem ao povo brasileiro por ocasião da abertura da Campanha, o combate à violência implica num desenvolvimento humano integral, que abarca a todos, em todas as dimensões de sua humanidade.

A construção de uma cultura de paz é atribuição não só dos cristãos, mas de todos na sociedade – e o Estado tem uma responsabilidade própria nessa questão. Contudo, os cristãos têm uma contribuição específica, da qual não podem se furtar. 

Na já citada mensagem ao povo brasileiro, Francisco nos lembra que “Jesus veio para nos dar a vida plena (cf. Jo 10, 10). Na medida em que Ele está no meio de nós, a vida se converte num espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos (cf. Evangelii gaudium , nº 180)”. 

Lembra, ainda, que “o perdão das ofensas é a expressão mais eloquente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir [...] Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança é condição necessária para se viver como irmãos e irmãs e superar a violência”.

Criar espaços de fraternidade e mostrar a força do perdão são contribuições fundamentais que os cristãos devem dar para a superação da violência.
 

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